sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Múltiplo 85: os fanzines também têm IA

Está disponível a edição de novembro do fanzine de quadrinhos Múltiplo, editado por André Carim pelo Estúdio Múltiplo, voltado à produção brasileira independente de quadrinhos de ação e aventura. 
A edição tem 95 páginas e entrevista Lancelot Martins, o Catalogador de Universos, quadrinhista que tem uma carreira inteiramente voltada aos fanzines. Também traz quadrinhos de Omar Viñole, Luiz Iório, Carecafdm, Oscar Suyama e do editor, o artigo "E se os super-heróis existissem de verdade?", por Andrej Biasic’s Corner, as colunas "Vi, Li e Gostei...", por Adalberto Bernardino, e "Múltiplos Projetos HQs BR",  pelo editor. A ilustração da capa é uma colaboração de Oscar Suyama.
Ainda podem ser apreciadas grande quantidades de pinups de diversos artistas, parte delas produzidas com o uso de IAs não creditadas, também utilizadas na arte de alguns dos quadrinhos publicados. São imagens bonitas mas de reduzido valor artístico, estilisticamente padronizadas, que empanam o brilho das criações e nada acrescentam à arte, embora certamente facilitem o trabalho do editor. Artigos e colunas em breve serão também gerados assim, se é que já não são, conduzindo a produção editorial à um território perigoso. Há alguns meses, um artigo repleto de informações falsas sobre a ficção científica brasileira foi publicado em um site produzido inteiramente por IA.
Apesar disso, o uso extensivo da IAs na indústria editorial parece inevitável, especialmente depois do episódio do Prêmio Jabuti 2023, que selecionou um trabalho produzido por IA para o certame , depois desclassificado. Ficam as perguntas: qual o sentido de investir nisso em publicações autorais alternativas? Isso é mesmo necessário?
Todas as edições do Múltiplo podem ser baixadas gratuitamente aqui.

4 comentários:

  1. "Qual o sentido de investir nisso em publicações autorais alternativas?" — ótima questão.

    ResponderExcluir
  2. "Por que ler algo que não quiseram nem se dar ao trabalho de produzir?"

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Como respondido nesta postagem, o trabalho na produção não foi por IA

      Excluir
  3. O uso de IA nas edições do Múltiplo é apenas para finalizar o processo de edição. Tudo na edição tem o devido crédito, as ilustrações finalizadas por IA são do mestre Luiz Iório, bem como as HQs produzidas por ele. Segundo o desenhista: "A técnica é um pouco trabalhosa, porque tem várias etapas:
    Eu começo fazendo um esboço manual em papel de quadro à quadro (para os quadrinhos). Depois, digitalizo cada quadro separado e faço os detalhes do desenho na tablet. Com o desenho já finalizado na tablet (inclusive as cores primárias), uso um programa de AI, para renderizar as imagens em 3D, melhorar as cores ou adicionar ou diminuir a luz, partindo do meu esboço finalizado. Uso a inteligência artificial como uma ferramenta à mais, assim como o Blender ou o Photopea, por exemplo. Quando eu termino o desenho, passo para o Photopea (que é um Photoshop gratuito), onde dou o acabamento final. No caso das ilustrações o processo acaba aí, mas quando são quadrinhos ainda vem a parte do texto, que é feito no Photopea também. Às vezes, nos quadrinhos uso o Canvas (que também é gratuito) para fazer a composição dos quadrinhos em uma página. O processo pode variar dependendo do que eu quero como produto final, mas em linhas gerais é esse."

    ResponderExcluir