quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Lançamento: Kallocaína, Karin Boye

Kallocaína
, obra-prima da escritora sueca Karin Boye (1900-1941), é um romance de ficção científica publicado originalmente em 1940, que chega agora ao Brasil pela Editora Aleph. O romance é reconhecido como influência determinante para George Orwell escrever o seminal 1984.
Diz o texto de apresentação: "um cientista partidário de um estado totalitário desenvolve uma droga que força quem a toma a revelar pensamentos e até vontades inconscientes." 
A edição brasileira tem 264 páginas, tradução de Janes Cristaldo e está em campanha de pré-venda em versões capa dura e brochura, com entrega prevista para 22 de abril.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Miragens circulares do miraculoso quadrado, Sofia Soft

Publicado ainda em 2023, Miragens circulares do miraculoso quadrado é um texto altamente experimental de contornos próximos à ficção científica, de autoria de Sofia Soft.
Diz o Soft sobre seu trabalho: "{miragens circulares do miraculoso quadrado} é a invocação mediúnica de uma espiral de livros & filmes que ressoam em mim, filtrada pela minha imaginação e esmagada por uma tonelada de inquietações sobre a natureza da Realidade."
A obra tem duas partes essenciais: a literária, chamada pela autora de "ficção-enigma", pode ser lida online ou baixada gratuitamente em vários formatos aqui. Já a parte impressa é composta de "seis gravuras digitais em papel opaline 180g, no formato 21 x 21 cm, mais doze cartões de 8 x 8 cm que, reunidos na ordem correta, contam a fabulosa história do milagroso emplastro MetaPhenomenon"; esta parte pode ser encomendada diretamente com a autora, cujo contato está aqui. Sofia Soft é um dos inúmeros heterônimos do escritor paulista Nelson de Oliveira, que é garantia de uma experiência narrativa e literária incomum.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Juvenatrix 255

Está circulando a edição de fevereiro do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti. Em dezesseis páginas, traz o conto "Mist", de Mich Graf, e o sétimo capítulo da novela de horror "Os guardiões dos escudos negros e de prata", de Caio Alexandre Bezarias. Também traz resenhas do editor aos filmes O homem gorila (The ape man, 1943), Serpent Island (1954) e para as versões de 1940 e 1944 de À meia luz (Gaslight). A edição é completada com notícias e divulgação de publicações alternativas e bandas de metal extremo. As capas exibem ilustrações de Angelo Junior.
Cópias em formato pdf podem ser obtidas pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Conto brasileiro de ficção científica é destaque nos EUA

A escritora curitibana Clara Madrigano, que participou de inúmeras publicações nacionais nos últimos anos, está construindo uma promissora carreira no mercado norte-americano. 
A nova edição do tradicional periódico Magazine of Fantasy & Science Fiction, em sua edição de inverno de 2024, traz em destaque na capa o nome da autora e o título da sua noveleta "How to care for you domestic god", cumprindo assim um sonho de inúmeros autores brasileiros do gênero de ver seus escritos  em uma grande e tradicional publicação americana. Outros escritores e escritoras lograram fazer igual em revistas menos populares e antologias, mas agora a coisa engrossou.
Diz a autora em um post nas redes sociais; "E está no mundo a edição de inverno da Magazine of Fantasy & Science Fiction. Meu nome na capa da mesma revista que já publicou Asimov, Frank Herbert, Le Guin e tantos outros. Hoje eu vou me acabar de beber (água)."
E é verdade este bilhete! Parabéns, Clara!

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Resenha do Almanaque: Bacurau

Bacurau
, Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles. 132 min. França/Brasil, 2019. 

O cinema é uma arte praticada no Brasil desde seus primeiros tempos. Mas, como todas as demais linguagens artísticas, o cinema brasileiro passou por muitos altos e baixos, com períodos produtivos historicamente localizados entre grandes espaços de menor atividade. Tais flutuações têm vários motivos, desde questões políticas como a censura, dificuldades com a distribuição e, principalmente, problemas financeiros, uma vez que fazer um filme nunca foi barato. A indústria do cinema, na verdade, nunca se instalou solidamente no país e em muitos períodos a produção nacional foi iminentemente diletante, não raro com os cineastas financiando seus filmes com dinheiro do próprio bolso. 
Mas o cinema fantástico sofre ainda mais, pois a todas essas dificuldades estruturais soma-se ainda um grande preconceito dos próprios artistas, pois o gênero acabou associado ao cinemão norte americano, de matizes comerciais e, não raro, proselitistas. Fazer ficção fantástica no Brasil é, em muias esferas, sinônimo de entreguismo cultural. Por isso, a produção cinematográfica nacional de fc&f é pequena e pouco desenvolvida. Mas, ainda assim, têm seus clássicos, como Os cosmonautas (Victor Lima, 1962), Brasil Ano 2000 (Walter Lima Jr., 1969), Quem é Beta? (Nelson Pereira dos Santos, 1972), Parada 88: Limite de alerta (José de Anchieta, 1977) e Abrigo nuclear (Roberto Pires, 1981), entre outros raros exemplos.
Contudo, a radical redução de custos de produção devido ao surgimento das filmadoras digitais, e a possibilidade de exibição dos filmes pela internet contribuiram para o surgimento de uma nova geração de produtores audiovisuais que tem se exercitado nos ambientes não comerciais e ganhado reconhecimento em festivais nacionais e internacionais. A criação da Ancine, em 2001, foi outro grande impulsionador da produção audiovisual no país pois contribuiu valiosamente para uma produção estável que ganhou ainda mais sustentação com o advento da tv a cabo e, mais recentemente, dos serviços de streaming, que resolveram de vez os insolúveis problemas de distribuição. Por contraditório que seja, o fim do cinema como sistema de exibição em salas exclusivas foi justamente o que permitiu a produção nacional finalmente desabrochar. E esse ambiente favorável alcançou também a ficção fantástica. 
Muitos filmes bons começaram a surgir nos últimos vinte anos, e Bacurau, longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, é o melhor exemplo do que é possível fazer com a ficção científica quando a oportunidade e a qualidade criativa se encontram. A dupla é responsável pelos grandes sucessos recentes, os premiados Um som ao redor (2013) e Aquarius (2016).
O filme conta a história de um pequeno vilarejo localizado em algum lugar no sertão de Pernambuco, habitado por gente simples e endurecida pelas dificuldades da vida e pela natureza áspera. O povo humilde é politicamente dominado pelo prefeito da cidade, que não o valoriza e só se lembra dele quando precisa de votos. Quando uma família de agricultores é chacinada, revela-se um tenebroso projeto comercial promovido pelos gestores da cidade: oferecer os habitantes de Bacurau como alvos para turistas estrangeiros psicopatas, mas cheios de dinheiro, darem vasão aos seus mais baixos instintos. É então que a "docilidade" dos homens e mulheres sertanejos vai se revelar em toda a sua glória. 
O elenco, em sua maioria, é composto de atores pouco conhecidos, como Bárbara Colen, Thomas Aquino, Silvero Pereira, Thardelly Lima, Rubens Santos, Wilson Rabelo, Carlos Francisco, Luciana Souza, Karine Teles e Julia Marie Peterson, entre outros. Mas conta também com dois nomes de peso: a brasileira Sonia Braga, que interpreta a médica Domingas – uma das pessoas mais proeminente da sociedade bacurauense –, e o ator alemão Udo Kier – que interpeta Michael, o líder da legião de assassinos –, cuja fisionomia dura é bastante conhecida dos filmes americanos de terror. 
A cenografia é um dos pontos altos da produção, que retrata com felicidade um panorama muito familiar aos brasileiros: mata de caatinga, casarios antigos e grandes obras de infraestrutura em ruínas, talvez nunca inauguradas, que servem como esconderijo para outsiders; criminosos, talvez, mas, mais que isso, sobreviventes de uma realidade em tudo pós-apocalíptica. As filmagens usaram como locação os municípios de Parelhas e Acari, no estado do Rio Grande do Norte. 
Bacurau teve um custo de R$ 7,7 milhões e arrecadou mais que o dobro disso. E ainda ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, onde teve sua primeira exibição em 15 de maio de 2019. No Brasil, a fita estreou algumas semanas depois, no dia 29 de agosto. 
Alguns podem argumentar que Bacurau não é um efetivamente um filme de fc, visto que o único detalhe evidente do gênero é um drone em forma de disco voador que é usado pelos assassinos para rastrear suas "presas". Mas é claro que não é só isso. O que faz de Bacurau uma boa e legítima história de ficção científica são seus aspectos sociológicos e antropológicos, algo que nem sempre é percebido como especulação científica porque não se tratam de ciências duras. Muito mais que discos voadores, interessa aqui a exploração de corpos brasileiros como atração turística. Ficção? Nem tanto. Basta lembrar das crianças prostituídas por todo o país. Se ainda não temos caçadas humanas como atrações turísticas no Brasil, não falta muito para isso. Também a maneira debochada e cruel com que o poder público trata o eleitor, algo que não está nada distante da realidade. E, enfim, a maneira natural com que os sertanejos lidam com a tecnologia, todos muito a vontade com seus aparelhos celulares, ainda que um tanto ultrapassados em comparação com os dispositivos futuristas usados pelos estrangeiros. 
Também é preciso reconhecer que não há coitadismo no tratamento dado ao sertanejo. O habitante de Bacurau é – como diria Euclides da Cunha – "antes de tudo, um forte". Como os seguidores de Antônio Conselheiro em Canudos, os bacurauenses podem ser simplórios, mas tolos certamente não são. 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Resenha do Almanaque: 3%

3%
, Pedro Aguilera.  Série de tv com 33 episódios. Produção Boutique Filmes/Netflix, 2016-2020.

A indústria audiovisual é o grande fetiche dos autores de ficção fantástica. Mal escrevem os primeiros textos, já pensam em quais seriam os atores mais indicados para representarem os seus personagens, quase sempre artistas de Hollywood porque, afinal, sonhar não custa nada. Muitas vezes vezes essa mania é movida apenas pelo sentimento de veneração ao estrangeiro, mas não devemos nos enganar: chegar a indústria audiovisual ainda é o melhor caminho para se obter reconhecimento, fama e algum dinheiro extra. Pelo menos, é assim que funciona nos EUA: os autores geralmente ganham muito mais pelo licenciamento de direitos para cinema e para a tv do que com a venda direta dos seus escritos. Portanto, se é assim que funciona na matriz, deve funcionar aqui também. 
A internet, especialmente após o advento da banda larga, pareceu ser o canal que todos estavam esperando para a distribuição de obras audiovisuais, uma vez que prescinde das salas exibidoras e de um sistema de transmissão televisiva para fazer chegar o conteúdo ao expectador. Mas, infelizmente, não emergiram projetos bem sucedidos assim, embora tenham existido tentativas, como a série Animal, produzida em 2014 para a tv a cabo. Alguma coisa ainda faltava e parece que, finalmente, temos o caminho das pedras: o serviço de conteúdo por streaming
O primeiro seriado brasileiro de fc&f a despontar nesse ambiente foi 3%, distopia futurista original criada por Pedro Aguilera, cujo episódio piloto foi lançado no Youtube em 2011. Adquirida pela Netflix em 2016, tornou-se a primeira série brasileira na plataforma, com quatro temporadas e um total de 33 episódios produzidos. Na direção, revezam-se César Charlone, Daina Giannecchini, Dani Libardi e Jotagá Crema.
Trata-se de uma produção sofisticada, com um elenco enorme que conta com atores conhecidos da teledramaturgia brasileira: João Miguel, Bianca Comparato, Zezé Mota, Michel Gomes, Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Rafael Lozano, Viviane Porto, Samuel de Assis, Cynthia Senek, Laila Garin, Bruno Fagundes, Thais Lago, Fernando Rubro e Amanda Magalhães – até Ney Matogrosso faz uma participação especial – além de uma infinidade de coadjuvantes e figurantes que formam a população de uma favela miserável chamada Continente, que parece ser a única coisa que sobrou do Brasil num futuro pós holocausto, cuja explicação não é fornecida. 
Porém, há um lugar chamado Maralto onde uma elite vive em luxo e abundância. Uma vez por ano, ao longo dos últimos cem anos, o governo (que tem contornos corporativos) promove o Processo, uma espécie de "vestibular" cujo objetivo é selecionar, entre os jovens com vinte anos completos do Continente, os novos cidadãos para Maralto. Os testes são severos, em muitos casos, mortais, e valorizam aspectos físicos, intelectuais, morais e psicológicos dos candidatos. Apenas três por cento dos inscritos serão aprovados. A concorrência é feroz e trapacear é permitido. Na verdade, uma personalidade trapaceira é até valorizada, como vamos descobrir ao longo do extenuante processo, que também vai revelar a personalidade e a motivação de cada um dos candidatos. Também vamos descobrir que há um movimento revolucionário subterrâneo, pesadamente reprimido pela administração, cujo objetivo é acabar com o Processo. Mas não são apenas os candidatos que escondem esqueletos no armário: entre aqueles que estão "do lado de lá" também há segredos comprometedores, além de intrigas e traições veladas. Ninguém está plenamente seguro, nem mesmo em Maralto.
A cenografia é elegante, com uma estética futurista econômica. Muitas sequências foram gravadas nas dependências da Arena Corinthians, em Itaquera (SP). Também foram usados como locações o Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), e a comunidade Heliópolis (SP). Os efeitos especiais são competentes, assim como o desenho de produção. O roteiro tem bons diálogos, e uma narrativa tensa, que fica ainda mais perturbadora pela lentidão com que o Processo avança.
A série está disponível em 190 países e é elogiada no exterior, com uma avaliação muito boa no site de resenhas Rotten Tomatoes: 85% de aprovação na primeira temporada. Também é muito inclusiva, com atores de todas as etnias, além de um cadeirante entre os personagens principais. 
O sucesso de 3% foi efeivamente convincente. Depois dele, parece que finalmente o campo se abriu para a produção brasileira: O escolhido (2019, Netflix), Onisciente (2020, Netflix) Spectros (2020, Netflix), Desalma (2020, Globlo Play), A todo vapor (2020, Prime) e Cidade invisível (2021, Netflix) são alguns dos exemplos que se seguiram e a tendência não arrefeceu nem durante a pandemia. Isso já é, por si, um grande mérito para 3%, que merece ser lembrado como o ponto de virada da fc&f na indústria audiovisual brasileira.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Resenha do Almanaque: Os corvos de Mana'Olana

Os poucos & amaldiçoados: Os corvos de Mana'Olana; Felipe Cagno & Fabiano Neves; minissérie em 6 edições, 204 páginas. Timberwolf, 2020.

Desde que o mercado brasileiro de quadrinhos entrou em colapso, com a quebra de distribuidoras, bancas e livrarias, não restou aos artistas nenhum outro caminho que não o da produção independente através de financiamento direto, também chamado de crowdfunding, modalidade de comercialização antecipada que se assemelha a prosaica "vaquinha" entre amigos. Várias plataformas na internet oferecem o serviço, sendo a mais popular o Cartarse, que promove campanhas para todo tipo de proposta, desde livros e quadrinhos, até jogos, brinquedos e projetos sociais. Qualquer pessoa pode propor um projeto e também apoiar os projetos ofertados. E isso parece que tem dado muito certo para os artistas, pois há ótimos trabalhos sendo publicados assim, como nunca antes se viu. Infelizmente, as tiragens são bastante limitadas, pois são voltadas apenas para atender ao conjunto específico de apoiadores que o projeto conquistou na campanha. O material não entra em circulação, portanto, e sai das mãos dos autores diretamente para seus leitores. Uma vez esgotada a tiragem, é preciso propor uma nova ação de financiamento para reimprimir o material. 
Este é o caso de Os poucos & amaldiçoados: Os corvos de Mana'Olana, série de ficção científica criada pelo roteirista Felipe Cagno e o ilustrador Fabiano Neves, ambos profissonais experientes. Cagno é cineasta, formado pela FAAP, agraciado em 2015 com o Prêmio Angelo Agostini, da AQC-SP. Neves atua desde 2000 como ilustrador nos quadrinhos estrangeiros, tendo trabalhado com personagens como Red Sonja, Xena Princess Warrior, Marvel Zoombies e outros. A eles se uniram vários outos artistas, principalmente coloristas e letristas, para viabilizar o projeto proposto em 6 episódios financiados individulamente entre 2019 e 2020, com cerca de 1000 apoiadores por edição e metas superadas em até quinhentos por cento.
A história é um faroeste futurista, que recebe influências evidentes de Apenas um peregrino, de Garth Ennis e Carlos Ezquerra, publicado no Brasil no início do século pela Devir Livraria, e também da série de romances A Torre Negra, de Stephen King – especialmente o volume Os lobos de Calla –, bem como a sua adaptação em quadrinhos publicada no Brasil pela Panini. Mas com uma importante diferença: o protagonista de Os corvos de Mana'Olana é uma mulher. Trata-se de uma pistoleira sem nome, chamada por todos de "Ruiva" devido a cor dos cabelos. Ela caça monstros num futuro em que os oceanos da Terra desapareceram e abundam feras sobrenaturais que ameaçam os poucos sobreviventes que herdaram o interminável  deserto em que o planeta se tornou. Dentre outras abominações, a Ruiva está a caça de uns corvos gigantes que sequestram crianças, e ela vai encontrá-los em Man'Omala – região que antes era conhecida como o Havaí –, não sem ter que superar muitos contratempos no caminho, entre os quais se inclui alguma traição. 
Curiosamente, o futuro de Os poucos & amaldiçoados é em tudo similar a estética do velho oeste americano, com pistoleiros cavalgando pelos desertos em busca de riqueza e aventura, passando por vilarejos de mineiros e colonos mexicanos com seus saloons e prostíbulos, ruas de terra e nenhuma lei, mas com navios abandonados aqui e ali. Até as armas que a Ruiva usa são Colts Paterson. Explica-se: o momento em que o mundo "foi adiante", como diria Stephen King, foi no século XIX. Mas, de qualquer forma, uma história de ficção científica pós-apocaliptica que ainda tem demônios e assombrações, a última coisa que se pode exigir é verossimilhança. Isso fica a cargo da capacidade do autor em construir um ambiente que sustente a suspensão de incredulidade do leitor, no que ele consegue ser razoavelmente bem sucedido. 
Cada um dos cinco primeiros episódios tem trinta e duas páginas, e o último tem quarenta e quatro. Além da história em si, cada edição traz diversas pinups da Ruiva realizadas por artistas variados. As revistas têm ilustrações em cores impressas em papel cuchê e capas cartonadas com laminação brilhante. Quando foi lançada a sexta edição, o projeto ofereceu a opção de adquirir todos os seis volumes juntos em uma caixa especial. Mais tarde, o trabalho também foi ofertado em um único volume encadernado reunindo todas as edições. 
Os corvos de Mana'Olana foi apenas o primeiro arco de histórias do universo de Os poucos & amaldiçoados. Os autores promoveram campanhas para outras história no mesmo universo, como as edições encadernadas Nação sombria (2020) e Ambição sem volta (2021), e Dilúvio, segunda minissérie com a Ruiva, ainda em publicação.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Coração de cachorro, Mikail Bulgakov

O jornal curitibano Gazeta do Povo está distribuindo pela internet um ebook com a novela de ficção científica satírica Coração de cachorro (Собачье сердце), do médico e escritor russo Mikhail Bulgakov (1891-1940), que se insere na tradição das histórias sobre animais falantes, ao lado de A ilha do Dr. Moreau, de H. G. Wells, O planeta dos macacos, de Pierre Boulle, e Ápio e Virginia, de Gertrude E. Trevelyan. 
Diz o texto de apresentação; "O médico Filipe faz experiências com o transplante de órgãos entre humanos e animais. Um de seus experimentos, no qual implanta uma glândula humana no cérebro de um cachorro, dá mais certo do que ele esperava. A nova criatura que surge da cirurgia desenvolve traços e (maus) comportamentos humanos e encontra seu espaço dentro da máquina burocrática estatal."
Originalmente escrita em 1925, Coração de cachorro só foi efetivamente publicada nos anos 1980, pois toda obra de Bulgakov sofreu com censura durante o governo soviético, do qual era forte crítico. Seu romance mais famoso, O médico e a margarida, também foi publicado postumamente, em 1966.
A novela está diagramada para ser lida em smartphones, tem 260 páginas, tradução Leialdo Pulz, e pode ser baixada gratuitamente no saite do jornal, aqui.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Lançamento: Os soldados do bode preto, Marian O'Hearn

Os soldados do bode preto
(Soldiers of the black goat) é o 16º volume da coleção Andarilhos, clube de assinaturas da Editora Andarilho dedicado à publicação mensal de livros de bolso de ficção fantástica clássica e inédita, de autores pouco conhecidos. 
Publicada originalmente em 1940, a novela é de autoria da escritora americana Marian O'Hearn. Há alguma polêmica quanto a identidade da autora que, de acordo com o Internet Speculative Fiction Database, teve pouquíssimas obras publicadas, todas no mesmo ano de 1940. Alguns pesquisadores afirmam que se trata de um psedônimo de outra escritora obscura chamada Anita Allen, que teve textos publicados nas mesmas edições que trouxeram os de O'Hearn, mas a pesquisadora Delia O'Hara afirma, em seu blogue, que O'Hearn era sua tia e que esse era seu nome real, que ela nasceu em Massachusetts, era jornalista e escreveu novelas de western.
Diz o texto da quarta capa: "A bruxa Hester Gurney decide investigar por conta própria o motivo das execuções de tantas mulheres acusadas de bruxaria em torno de Salém, e acaba entrando de cabeça em uma trama política envolvendo diversas figuras poderosas da religião."
O livro tem 196 páginas, tradução de Gustavo Terranova Aversa e, junto ao volume, os assinantes recebem, além de um marcador de páginas personalizado, algumas varetas de incenso perfumado.
Os livros do Clube Andarilhos são comercializados inicialmente por assinaturas, mas após algumas semanas são oferecido para venda no saite da editora, aqui.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Lançamento: Verões fantásticos

Verões fantásticos
é uma antologia organizada por João De Lucca para o selo Picolé de Antimatéria, que foi publicada no finalzinho de 2023, com contos que abordam a estação mais quente do ano (pelo menos era, até antes das mudanças climáticas) sob a ótica do fantástico. 
O volume reúne textos de Ana Lúcia Merege, Luiz Felipe Vasques, Liana Zilber Vivekananda, Oghan N’Thanda, Sabine Mendes Moura, Ísis Marques, Klaus Provenzano, Juliana Berlim, Rodrigo Ortiz Vinholo, Lu Evans, Gustavo Whiters, Lucas Serafim, Rodrigo Koehler, Claudia Dugim, Guilherme Dizniz, e do próprio organizador, navegando da fantasia à ficção científica e ao terror. 
Diz o texto de apresentação: "Algo inesperado acontece e entramos no Verão. Isso mesmo! Com “V” maiúsculo, pois não vamos tratar aqui de uma mera estação do ano. É sobre um momento mágico, dourado, lisérgico, surreal, no qual nossas vidas ganham contornos, cores e cheiros que pertencem a esse mundo somente. Eu desejo muitas coisas boas para todos, mas se eu pudesse escolher uma só pra te dar de presente, ah… Seria um dia de Verão! Com sorte, um Verão inteiro. Agora leve isso para outros tempos, outros mundos, planetas, reinos. Fechem os olhos, sintam a brisa do mar, ouçam as cigarras ecoando na mata, e sintam-se abraçados pelo calor apolíneo. Permitam-se delirar!"
A antologia Verões fantásticos tem 365 páginas e pode ser adquirida aqui, unicamente em formato digital.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Barbárie Fantástica 4

Está disponível o quarto número da revista Barbárie Fantástica, editada por Jean Gabriel Álamo, inteiramente dedicada à fantasia heróica, uma publicação do selo FantasticHub em parceria com o periódico Literatura Fantástica, o Fórum Conan e o canal Explorando Segredos e Mistérios.
A edição tem 316 páginas com contos de Igor Moraes, Luiz Cecanecchia, Robilam C. Jr., Oghan N'Thanda, Arthur Lopes e do editor, artigos de Domenico Gay e Marco Antonio Collares e uma nova tradução de Fernando Neeser para a novela "Pregos vermelhos" ("Red nails"), de Robert E. Howard, a última escrita pelo autor e uma das mais empolgantes aventuras de Conan, o bárbaro, com os desenhos de Harold S. Delay vistos na edição original do texto em 1936 na revista Weird Tales. A capa traz uma ilustração de Alexandre Salles.
Barbárie Fantástica é publicada unicamente em formato digital e pode ser adquirida aqui.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Lançamento: Dengue boy, Michel Nieva

"No ano de 2272, a crise climática atinge um ponto intransponível. As zonas polares derreteram por completo, a temperatura média global é de 90°C e cidades como Nova York e Buenos Aires se encontram submersas. No extremo sul do continente, os Arquipélagos Patagônicos formam o Caribe Pampiano: de um lado, um balneário com belíssimas praias artificiais; de outro, uma miserável e tépida orla. É nesse cenário devastado que cresce o dengue boy. Ninguém gosta do dengue boy. Na escola, seu aspecto bizarro e nojento o transforma no principal alvo das zombarias comandadas pelo pequeno tirano Dulce. Em casa, sua situação não é muito melhor. A mãe, exausta de seus dois empregos, não aguenta a bagunça feito pelo filho, que não possui mãos. E assim, deslocado, o esquisito mosquito humanoide vai levando sua vida, dia após dia, no mormaço insuportável do único canto ainda habitável da Terra."
Este é o texto de apresentação do romance Dengue boy: A infância do mundo (El niño dengue), do jovem escritor argentino Michel Nieva, texto ganhador em 2022 do prêmio O. Henry para ficção curta, publicado em inglês no periódico literário britânico Granta.
Graduado em Filosofia pela Universidade de Buenos Aires e atualmente atuando como professor na Universidade de Nova York, Nieva é fundador do subgênero Gauchopunk e instala toda a sua ficção nesse ambiente.
O volume tem 208 páginas, tradução do também escritor Joca Reiners Terron para o selo Amarcord da editora Record, e pode ser adquirido no site da editora, aqui.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Lançamento: Babel ou A necessidade de violência, R. F. Kuang

Houve um tempo, perdido na história, quando os livros ganhadores dos principais prêmios internacionais nunca eram publicados no Brasil ou, quando eram, vinham muito tempo depois, já quase esquecidos. Felizmente, esse tempo tenebroso ficou no passado e hoje tudo que é reconhecido é aqui traduzido quase que imediatamente! Verdade? É claro que não. Há centenas, senão milhares de títulos festejados no mundo inteiro que nunca tiveram tradução no Brasil. Isso porque quase sempre o interesse dos editores brasileiros recai não na qualidade do que pretendem publicar, mas nos apelos de eventuais adaptações audiovisuais. Assim, títulos que se sabem receber alguma atenção de Hollywood são celeremente traduzidos, na expectativa de uma "barbada". Inclusive já aconteceu de editoras anunciarem traduções de textos que haviam sido sondados para adaptações serem sumariamente cancelados com as notícias de que a adaptação não viria. 
Para nossa sorte, não é o caso da editora Intrínseca, que acaba de lançar Babel ou A necessidade de violência, da escritora sino-americana Rebecca F. Kuang, romance de fantasia originalmente publicado em 2022 e vencedor dos prêmios Locus e Nebula, mas que segue protocolos de ficção científica ao tratar do poder das palavras e sua instrumentalização política. 
Diz o texto de apresentação: "Em 1828, um menino se torna órfão pelo rastro do cólera em Cantão, na China. Sob o nome de Robin Swift, ele é levado a Londres pelo misterioso professor Lovell e por anos se dedica ao estudo de diversos idiomas, como latim e grego antigo, preparando-se para um dia ingressar no prestigiado Real Instituto de Tradução da Universidade de Oxford, conhecido como Babel. Com sua torre imponente que guarda segredos inimagináveis, Babel é o centro mundial do saber. No Instituto, Robin descobre que aprender a traduzir é também aprender a dominar a magia. Através de barras de prata encantadas, é possível manifestar as nuances e os significados perdidos na tradução – e essa arte trouxe aos britânicos uma dominância sem precedentes. Para Robin, Babel é uma utopia dedicada à busca do conhecimento. Mas o conhecimento obedece ao poder... Chinês criado na Grã-Bretanha, o jovem começa a se questionar se servir a Babel significa trair sua pátria e se vê dividido entre a Instituição e uma obscura organização destinada a impedir a expansão colonialista. Quando a Grã-Bretanha vislumbra entrar em guerra com a China motivada por prata e ópio, Robin vai precisar escolher um lado. Afinal, será possível mudar as instituições por dentro ou a violência é inerente à revolução?" 
Como se vê, trata-se de uma aventura metalinguística, que guarda alguma semelhança com a surpreendente série R.O.D.: Read ou die, de Hideyuki Kurata, publicada no Japão entre 2000 e 2016, mas cada uma original e identificada em seu próprio universo.
Kuang é mestre em Filosofia por Cambridge e doutoranda em Literatura e Línguas do Leste da Ásia em Yale. Tem em seu currículo a bem sucedida trilogia A guerra da papoula, indicada a diversos prêmios e também publicada no Brasil pela Intrínseca.
Babel tem 592 páginas, tradução de Marina Vargas e pode ser adquirido no site da editora, aqui.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Lançamento: Enfeitiçado, Edith Wharton

A Sociedade das Relíquias Literárias - SRL é um projeto da Editora Wish para viabilizar a tradução e publicação em ebook de textos raros de ficção fantástica internacional, resgatando assim obras desconhecidas de autores em domínio público, quase sempre inéditas em português. Uma assinatura mensal dá ao apoiador o direito de um novo ebook a cada mês, entre outras recompensas aditivas. 
A relíquia de fevereiro é a novela Enfeitiçado (Bewitched), da escritora novaiorquina Edith Wharton (1862-1937), originalmente publicada em 1926. A edição e acupa o número 47 da coleção SRL.
Diz o texto de apresentação da obra: "Uma pequena e preocupada comunidade rural se une para tentar entender a macabra aparição que vem assombrando um de seus membros. Uma jovem garota retornando dos mortos para encontrar seu prometido talvez não seja o único segredo que essas pessoas escondem."
Wharton foi a primeira mulher a ganhar o prestigioso prêmio Pulitzer, em 1921, e já conta com duas outras relíquias publicadas nesta celeção, as novelas Depois e A completude da vida
Enfeitiçado tem 110 páginas, tradução de Camila Fernandes e traz também a biografia da autora; a capa tem uma ilustração de Erica Nascimento. 
Para fazer parte da Sociedade, basta formalizar o apoio na página do projeto, aqui.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Psiu 11

Nova edição de Psiu, tradicional fanzine de quadrinhos editado por Edgard Guimarães, através do selo EGO da Editora Marca de Fantasia, agora em formato exclusivamente digital. A publicação recupera trabalhos antigos nunca vistos pelos leitores desta geração, mas também apresenta material inédito.
Em 66 páginas, apresenta trabalhos de Luiz Iório, Cerito, Érico San Juan, Moreno Fel, Marjulie, e trabalhos de 1931 do cartunista J. Carlos (1988-1950), reproduzidos de O Tico-Tico, além de uma variada galeria de pinups e uma especialíssima amoostra da primeira hq desenhada pelo grande mestre Jayme Cortez (1926-1987), publicada em 1941 no jornal O Mosquito, de Portugal.   
Esta edição do Psiu pode ser baixada gratuitamente aqui. Todas as edições anteriores estão também disponíveis.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Mouse guard toyart

É bastante conhecida no Brasil a série de fantasia em quadrinhos Os pequenos guardiões (Mouse guard), criação do quadrinhista americano David Petersen, vencedora do prêmio Eisner, aqui publicada pela editora Conrad. 
Para proporcionar mais imersão aos leitores em sua obra, Petersen desenvolveu uma série de toys de papel de cada um dos simpáticos personagens de sua saga, que chegaram a ser usados como brindes nas edições brasileiras. 
Agora é possível baixar a partir do saite criado pelo próprio autor aqui, todos os treze bonequinhos para imprimir e montar. O saite assim apresenta o trabalho: "Mergulhando em seu amor por histórias de animais e jogos de RPG medievais, David criou um mundo de fantasia e aventura de ratos encapuzados e empunhando espadas que protegem o rato comum contra ameaças de predadores, clima e natureza selvagem."
Um presente e tanto para todos os fãs dessa maravilhosa série em quadrinhos.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Lançamento: Postdomini, Gerson Lodi-Ribeiro

As vicissitudes do mercado editorial contemporâneo alteraram muito o modelo de negócio tradicional e hoje muitos autores entendem que publicar a si próprios é uma alternativa não apenas financeiramente mais viável, mas que lhes dá maior controle sobre suas obras. Por isso, e desde há alguns anos, o escritor carioca Gerson Lodi-Ribeiro tem investido fortemente na publicação de seus textos em forma de ebooks aproveitando as facilidades das plataformas de autoedição. Parte dos títulos que publicou assim foi antes vista em forma impressa, em diversas antologias e coletâneas ao longo de sua carreira autoral, que se iniciou ainda nos anos 1980, sendo este, portanto, um autor identificado com a Segunda Onda da ficção científica brasileira. Mas o autor continua ativo e criando novas histórias, que agora vão direto para a publicação digital.
O mais recente título de seu catálogo é a noveleta Postdomini, uma ficção científica em uma linha positivista. 
Diz o texto de apresentação: "Há quem diga que a humanidade inventou Deus para aplacar os temores relacionados à perspectiva de nossas próprias extinções pessoais. Porém, o que aconteceria se Ele realmente existisse e aparecesse um dia de forma inequívoca em nossa frente e nos afirmasse que não dá a mínima para nós e que não há vida após a morte? Poderá a civilização humana sobreviver sem Deus ou religião?"
A edição tem 45 páginas e pode ser adquirida aqui.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Lançamento: No limiar

Está disponível a antologia No limiar: Contos de sci-fi folclórica, organizada por Lu Evans para o selo Nebula, com contos que enveredam por temas e imagens folclóricas brasileiras sob o prisma da ficção científica. 
Diz o prefácio assinado por Christopher T. Dabrowski: "E se descobrisse que as criaturas míticas não usavam magia, mas eram simplesmente seres que, de fato, formavam uma civilização altamente desenvolvida? Mas como é que elas apareceriam no nosso mundo atrasado? [...] Assim, a ficção científica baseada em folclore, mitos e lendas é um caminho muito interessante na literatura especulativa, oferecendo inúmeras possibilidades."
O volume tem 150 páginas e traz textos dos escritores Simone Saueressig, Ney Alencar, Raphael Rodrigo, Rodrigo Ortiz Vinholo, Bruno Coelho, Gilson Cunha, Liana Zilber Vivekananda, Romy Schinzare, Rafael Bertozo Duarte, Nikelen Witter e da organziadora, além de um breve artigo de Osvaldo Meza contextualizando os elementos folclóricos abordados nos contos. 
O livro, que tem edição na cidade de Santa Fé (EUA), está a venda exclusivamente em formato digital aqui mas, eventualmente, pode ser disponibilizado de graça. Aproveite.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Múltiplo 88

Está disponível a edição de fevereiro do fanzine de quadrinhos Múltiplo, editado por André Carim pelo Estúdio Múltiplo, voltado à produção brasileira independente de quadrinhos de ação e aventura. 
A edição tem 84 páginas e traz os quadrinhos "Diário de guerra" e "Dieselpunk" de Oscar Suyama, e "Tumor: A origem", de José Carlos, um artigo de Andrej Biasic e as colunas "Vi, Li e Gostei..." por Adalberto Bernardino, e "Múltiplos Projetos HQs BR"  pelo editor. Completam a edição ilustrações de Luiz Iório e Oscar Suyama, que também assina a capa.
Todas as edições do Múltiplo podem ser baixadas gratuitamente aqui.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Lançamento: Contos (sobre)naturais

Está disponível a antologia Contos (sobre)naturais, organizada por Jean Pierre Chauvin (ECA-USP) e Lo-Ruama Lóring Bastos para a Editora Pedro & João, de São Carlos (SP). 
O volume tem 99 páginas e traz sete contos de horror que revivem a pandemia da Covid19. 
Diz um trecho da apresentação: "Atire a primeira calhaia, o experimentador de vazios que não tenha sublimado a loucura nossa de cada diazinho ordinário, vivido nesta pandemia de circunstâncias e consequências extraordinárias. Se antes dela, a nossa angústia estava viciada em sofrer pelas obviedades existenciais; depois da fúria viral, que se arrasta por um ano, a vida, que já não pisava devagar, resolveu pisotear a cana quebrada, fazer do bagaço pó, depois nada. Este é o contexto de escrita e produção desta coletânea, que reúne oito autores que, de tão ligados em despropósitos, acharam de escrever sete contos transpirantes deles. Materializar a ideia ou pura sublimação, o negócio deles não possui ambição no sossego. O intuito de cada causo é causar perturbação. As histórias são sobre naturais acontecimentos fantásticos, nebulosos e reflexivos, que envolvidos na fragilidade da existência, apresenta a forma como narradores e personagens exprime sua percepção sobre a vida e o mundo."
Os organziadores dividem a autoria de um dos contos da antologia, que também conta com textos  de Romy Schinzare, Pedro Marques, Manoel Herzog, Cleber V. A. Felipe, Carolina Mancini e Caio Bezarias. 
O volume foi publicado unicamente no formato digital, que pode ser baixado gratuitamente no saite da editora, aqui.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

QI 186

Está circulando o número 186 fanzine Quadrinhos Independentes-QI, editado por Edgard Guimarães, inteiramente dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos, destacando a produção independente e os fanzines brasileiros. 
A versão impressa tem 36 páginas, mas conta com uma sobrecapa interativa com a ilustração da capa, criação do editor que vem ousando cada vez mais nessas brincadeiras editoriais que só cabem mesmo nos fanzines. 
O conteúdo traz quadrinhos de Luiz Iório, Henrique Magalhães, Manoel Dama, Luiz Cláudio Lopes Faria e do editor, artigos de Alex Sampaio, Lincon Nery e José Rosa de Oliveira, além de uma ilustração de Mário Labate e uma crônica de Rosângela de Carvalho. Também traz as indefectíveis colunas "Fórum" com as cartas dos leitores, "Edições independentes" divulgando lançamentos de fanzines do bimestre anterior e "Mantendo contato", de Worney Almeida de Souza. 
Junto a esta edição do QI, os assinantes receberam diversos encartes: o quinto número de HQ além dos balões, com oito páginas em que Fábio Sales conta sua experiência como jurado no Salão de Humor de Caratinga, o terceiro volume de Papos Tais, com quatro páginas e relatos do português José Ruy sobre artes gráficas; dois números de Reflexões sobre Imagem e Cultura, com quatro páginas cada, sendo que o número dois traz um texto de Lincoln Nery sobre o pioneirismo dos fanzines, e o três um depoimento de Valdir Ramos a respeito da criação de uma capa para o fanzine Poranduba. Também acompanha o boletim Radioatividade, da Editora Atomic.
Exemplares impressos do QI e seus encartes podem ser adquiridos mediante assinatura. Mais informações, diretamente com o editor pelo email edgard.faria.guimaraes@gmail.com. Contudo, versões digitais de todas as edições, desde o primeiro número, bem como de todos os seus encartes, estão disponibilizadas no saite da editora Marca de Fantasia, aqui, além de muitas outras publicações que valem a pena conhecer.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Somniuns

Uma alma caridosa tomou a iniciativa de dispor online na página aqui todo o acervo digitalizado do fanzine Somnium, publicação interna do Clube de Leitores de Ficção Científica cujo saite oficial está indisponível há muito tempo. 
Não há identificação do editor da página, a qual todos os amigos e colaboradores do fanzine certamente agradecem, mas o trabalho foi muito bem feito, com uma interface amigável e elegante. A coleção não está completa mas também não estava no saite do CLFC, quando este ainda funcionava. 
Entre os exemplares disponíveis estão todas as edições históricas publicadas nos primeiros anos do clube, nos anos 1980, e também todas as digitais, incluindo as mais recentes. Vale uma visita.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Conexão Literatura 104

Está disponível a edição de fevereiro do periódico eletrônico Conexão Literatura, editado por Ademir Pascale, dedicado à divulgação de novos autores e obras da literatura brasileira. 
A edição tem 149 páginas e destaca em entrevista o trabalho do escritor baiano Lucas Pedrosa, que venceu o primeiro Prêmio Conexão Literatura com o romance Aurora (2023, Viseu).  Outros escritores entrevistados são Cristiane Henriques, Fábio Vinícius Primak, Fauno Mendonça, Kátia Colares Ribeiro, Monica Heinen, Renata Marinho, Simone Maryam e Silvana Marcussi. Também traz ficções de Bert Jr., Iraci J. Marin, Idicampos, Luciana Simon de Paula leite, Roberto Schima e Sellma Luanny, além de poemas, crônicas, resenhas e artigos de assuntos variados.
A revista tem distribuição gratuita e esta edição pode ser baixada aqui. Números anteriores também estão disponíveis.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Lançamento: Tehanu, Ursula K. Le Guin

A série Terramar, da multipremiada escritora americana Ursula K. Le Guin, acaba de receber um quarto episódio que ainda estava inédito em português. Trata-se de Tahanu, também pela editora Morro Branco, que já publicou a edição anterior, A última margem, e republicou os dois primeirios, O feiticeiro de Terramar e As tumbas de Atuan.
Diz o texto de apresentação: "Anos se passaram desde que Tenar e Ged escaparam juntos das Tumbas de Atuan. Agora, a Sacerdotisa é uma viúva conhecida como Goha e leva uma vida comum no campo, enquanto o feiticeiro e Senhor dos Dragões vive em depressão após perder todos os seus poderes. 
Tudo muda quando Goha adota uma garotinha queimada viva e abandonada para morrer. A viúva dá à criança o nome de Therru, e juntas elas viajam por Gont em diferentes e desafiadoras empreitadas. 
Enquanto ajuda Ged a recuperar a saúde, Tenar também deverá concentrar suas forças para atravessar uma jornada pessoal sem deixar de lado Therru, cujo destino ainda será revelado."
O volume tem 240 páginas, tradução de Heci Regina Candiani, ilustrações de Charles Vess, e está em pré-venda no saite da editora, aqui.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Escritoras Fantásticas BR

A agitadora cultural Lu Evans, em atividade intensa organizando antologias e coletâneas de ficção fantástica de autores brasileiros e estrangeiros, acaba de divulgar uma diferente e bem-vinda iniciativa: um catálogo online de autoras brasileiras que praticam o fantástico na literatura. 
Diz o texto de apresentação: 
"Escritoras Fantásticas BR é um projeto inédito de catalogação de autoras brasileiras que produzem ficção fantástica em prosa: fantasia, scifi, gótico e suas vertentes/ramificações: horror, steampunk, realismo mágico, contos de fada, fábulas, bem como as que trabalham ficção a partir de mitologias e folclore, etc. 
Coordenado pelas escritoras Lu Evans e Rozz Messias, o projeto tem como objetivo reunir as biografias, fotos e principais obras das autoras que escrevem literatura fantástica, e assim traçar um panorama desse gênero literário no Brasil a partir do ponto de vista feminino.
Ter as escritoras organizadas em um mesmo espaço não apenas contribui para que essas profissionais não caíam no esquecimento, como também facilita o trabalho de professores, estudantes e pesquisadores da área, pois muita vezes as informações são escassas e espalhadas pela internet. Esse site não tem qualquer pretensão em ter um formato acadêmico, mas sim um aspecto jornalístico de registro da produção artística das brasileiras que escrevem esse gênero.
A meta é incluir o maior número possível de autoras, tanto as que têm uma produção constante quanto as que escrevem esporadicamente; tanto as que estão vinculadas a grande editoras quanto as que são independentes; as que escrevem romances e novelas, e as que se dedicam a peças literárias mais curtas, como contos e noveletas, ou mesmo HQ; as que produzem obras literárias para crianças e jovens, e as que escrevem para adultos."
O saite já conta com uma boa quantidade de verbetes organizados por ordem alfabética dos nomes das escritoras, mas ainda está bastante incompleto. É possível contribuir com o projeto encaminhando aos editores esboços de verbetes com informações fundamentais para serem incluídos no catálogo. Confira aqui as orientações para a elaboração desses conteúdos. 
Uma iniciativa valiosa e que merece ser prestigiada.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Lançamento: Mestres da ficção científica

Está disponível a antologia digital Mestres da ficção científica, seleta com sete contos de grandes medalhões do gênero, com organização e tradução de Rubens Angelo para o selo Sci-Fi Tropical. 
Diz o texto de apresentação: "Quando pensamos em autores famosos da ficção científica, logo chegamos a um punhado de nomes que aprendemos a admirar: Isaac Asimov, Philip K. Dick, Frank Herbert, George Orwell… E por que são tão memoráveis? Possivelmente porque esses grandes mestres da ficção científica tiveram a habilidade de criar viagens únicas, capazes de nos levar para longe, para conhecer outras realidades, outros mundos, outras ideias; e ao voltarmos, nos sentimos diferentes, mais sábios ou mais esperançosos. E este é o intuito deste livro, uma coleção de histórias criadas por esses visionários que ajudaram a popularizar a literatura de ficção científica, a torná-la grande e praticamente universal."
O volume tem 184 páginas e traz sete textos: “Devemos ficar juntos”, de Isaac Asimov; “O wub está muito além”, de Philip K Dick; “Hora zero”, de Ray Bradbury; “Elo Perdido”, de Frank Herbert; “Sr. Simpson e o sobrenatural”, de George Orwell; “Solidão”, de Judith Merril; e “O homem que fez o mundo”, de Richard Matheson. Cada conto é introduzido por uma breve biografia do respectivo autor, além de muitas notas explicativas. A capa foi gerada com IA pelo próprio editor.
Angelo tem uma elogiosa trajetória como editor através do saite que emprestou o nome ao selo, pelo qual, entre outras coisas, publicou uma ótima coleção de minibooks gratuitos, com contos de fc de autores lusófonos para serem lidos em smartphones, que vale muito a pena conhecer. Li, gostei e recomendo.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Tábula Magazine: Espada & feitiçaria

Está em campanha de financiamento coletivo para a publicação do primeiro número da revista Tábula Magazine apresenta: Espada & feitiçaria, da editora Tábula. A editora afirma que se trata de uma campanha de pré-venda, pois a revista já está pronta. 
A publicação reúne contos e quadrinhos dentro do gênero da fantasia heróica, também chamada de espada e feitiçaria, popularizada pelas histórias de Conan, o bárbaro, personagem criado pelo escritor americano Robert E. Howard. 
A revista traz um mix de ficção, não-ficção e quadrinhos, contando com a editoria de Marco Antônio Collares, do Forum Conan, convidado para montar a edição. Em suas tem 128 páginas, apresenta contos de Gabriel Boareto, Aquilas Coelho, Luiz Fernando Lunardello, Washington Pereira, Warley Martins, Rodrigo Ortiz Vinhola, Carol Arguelho, Sandro Andrade, Victor Nunes Monteiro, Keli Vasconcelos, Romeu Martins, Nílbio Thé, Lucas Freitas, Rafa Bernardy, Okiro, Athur Emanuel Nascimento, Daniel Freitas, Caliel Alves, Diego Humpel, Vitor Blois, Bryan Haveroth, Daniel Baz e Luis Bonaventura; quadrinhos de Carlo Tessandro, Moacir Muziz, Coral Daia, Denilson Reis, Mathias Streb, Jader Correa, Mozart Couto, Alex Doeppre, Emir Ribeiro, Anderson ANDF, Emerson anun, Henry Morat, Okiro e Brian Malfatti, além de artigos e entrevistas. A capa traz uma ilustração de Joe Lottley. 
A campanha vai até o dia 14 de março e a editora promete fazer as remessas dos exemplares aos apoiadores logo após o seu encerramento. 
Para mais detalhes, visite a página do projeto, aqui.