Todas as histórias em quadrinhos são mudas, porque, afinal não têm som. Mas entre elas, há um tipo muito especial de narrativa, que é aquele que não tem nenhuma palavra escrita, nada que simule a função do "som" que os quadrinhos nunca tiveram. Não são comuns e nem fáceis de achar. O melhor do quadrinho que se lê apenas pelas imagens é sua universalidade, não importa qual língua o leitor fale, a história será plenamente compreendida.
Alguns cartunistas usaram esse modelo narrativo com resultados belíssimos, como os clássicos Pinduca (Henry, no original), de Carl Anderson, e O Reizinho (The Little King) de Otto Soglow, ambos dos anos 1930. Eles demonstram muito bem o fundamento que o grande cartunista Will Einser (1917-2005) batizou como Arte Sequencial, a mais nobre característica dos quadrinhos.
No Brasil, o quadrinho mudo também não é comum, mas tem muitos admiradores, porque sua execução exige maestria e virtuosismo artístico. E é justamente isso que encontramos em Mary, de Magno Costa, um pequeno álbum de apenas 40 páginas publicado dentro da coleção Zug, da Balão Editorial.
A história mostra o drama de uma mulher vitimada pela Inquisição e as consequências funestas desse ato violento. Os desenhos, apenas um por página, são em preto e branco com belos tons de aguada, e têm uma expressividade perturbadora realçada pela esqualidez das personagens. A história não chega a aterrorizar, mas deixa no leitor o gosto amargo da cumplicidade pelo destino daquela gente confusa.
Magno Costa é um autor jovem, mas que já conta com um currículo respeitável. Premiado em 2011 com o HQMix de desenhista revelação, publicou anteriormente dois trabalhos muito bem avaliados pelos leitores: Oeste vermelho e Matinê, ambos em parceria com seu irmão gêmeo, Marcelo.
A Balão Editorial tem um conceito intrigante com a coleção Zug. Com formato semelhante ao de uma caixa de cd, no tamanho 13 x 13 cm, remete a uma situação do jogo de xadrez conhecida como zugzwang. Cada número da coleção é identificado com uma peça do tabuleiro. Todo mundo é feliz, de Mateus Acioli, é o peão branco. Como na quinta série, de DW Ribatski, é o peão preto (que pode – e deve – ser lido online, aqui). Mary é o terceiro volume, o bispo branco.
O preço acessível, de apenas R$13,00, é amplamente compensado pela qualidade do trabalho, um exemplo raro e didático de até onde uma história em quadrinhos pode ir nas mãos de um artista talentoso.
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quinta-feira, 10 de outubro de 2013
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Mais lançamentos para conferir

O volume é a estreia literária de Domingues e foi apresentado ao público durante a IV FantastiCon, acontecida em agosto. É mais uma chance para os interessados em histórias fantásticas adquirirem o livro e cumprimentarem o simpático autor, que sempre se mostrou um grande incentivador do gênero.

E no mesmo local, no dia 16 de outubro, um sábado, das 15h30 às 18h30, rola o lançamento de Draculea: O retorno dos vampiros, volume II, nova antologia organizada por Ademir Pascale e publicada pela editora All Print.
O volume dá sequência ao trabalho de publicar contos inéditos nacionais de horror vampírico, tema que continua em pleno vigor.
Diz o relise de divulgação: "Ademir Pascale, no ano de 2009, teve a ideia de reunir um grupo de pessoas que revelassem os segredos dos vampiros na obra Draculea: O livro secreto dos vampiros. O livro foi um sucesso e muitos leitores se deliciaram com os segredos revelados, mas o que eles não imaginavam, era que eles poderiam retornar das tumbas, Transilvânia e dos esconderijos mais sombrios da Terra. Agora eles estão por toda parte, procuram por vingança, estão revoltados e furiosos como nunca."
Entre os autores publicados, as presenças ilustres de Adriano Siqueira e Lord A, autores amplamente identificados com o tema. Haverá coquetel para os convidados e a entrada é gratuita.
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