Mostrando postagens com marcador documentário. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador documentário. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 14 de março de 2012

Resenha: Kerouac,

Ainda vai demorar muito tempo para que os espaços da mídia dedicados aos quadrinhos brasileiros processem tudo o que foi publicado em 2011, tal a quantidade de títulos editados no ano. Por isso, enquanto aguardamos as edições de 2012, vamos comentando alguns deles.
Há poucos dias li o álbum Kerouac, (a virgula faz parte do título), de João Pinheiro, semidocumentário com a biografia de Jack Kerouac (1922-1969), importante escritor norte americano, autor da bíblia "beat" Pé na estrada (On the road), um relato de uma aventura pelas estradas dos Estados Unidos.
João Pinheiro é ainda um artista novo no ambiente dos quadrinhos, atuando na área desde 2005, quando publicou nas revistas nacionais Grafitti e Front. Como escritor, publicou em 2010 o livro infantil O monstro (nem tão monstruoso) e o menino João (Editora Noovha América).
Kerouac, é, portanto, seu segundo livro autoral, um trabalho ousado com 112 páginas sobre esse importante personagem do século 20, que hoje já não é tão lido (pelo menos até que lancem o filme que está sendo produzido sobre Pé na estrada, previsto para junho deste ano).
Como a obra de Kerouac fala por si, não foi intenção de Pinheiro fazer uma versão dela, mas sim falar sobre o autor. Não sei se foi a melhor opção, já que a vida pessoal de Kerouac não parece tão interessante sem experiências narradas em Pé na estrada.
O trabalho de arte de Pinheiro é irregular, alternando momentos brilhantes com outros ruins, de traços imprecisos e grosseiros. Também nota-se alguma dificuldade do autor em definir claramente a fisionomia dos personagens, que se confundem o tempo todo.
A parte mais interessante do álbum é a cenografia, que demonstra ser resultado de uma pesquisa apurada, com desenhos bem elaborados, especialmente os automóveis, e uma boa técnica de claro escuro.
Mesmo sem um grande trabalho de arte, o valor de Kerouac, reside no esforço em recuperar para as novas gerações a literatura deste rebelde sem causa que influenciou toda uma geração.
Kerouac, é uma publicação da Devir Livraria.

Ao mestre com carinho: Rodolfo Zalla

O registro da memória brasileira nunca foi dos melhores. Muitas vezes, só se percebe o valor do trabalho de uma pessoa quando já é tarde demais para uma conversa pessoal. Tantos artistas, editores e produtores culturais não tiveram chance de deixar para as gerações seguintes um bom depoimento de suas experiências, seus sucessos e fracassos, e por desconhecermos os seus acertos, acabamos por repetir-lhes os erros, sem falar no gigantesco prejuízo para a História.
Esses devem ter sido alguns dos motivos que levaram o cartunista Márcio Baraldi a produzir o documentário em DVD Ao mestre com carinho: Rodolfo Zalla, uma longa e detalhada entrevista com este que é um dos maiores mestres vivos do quadrinho brasileiro.
Nascido na Argentina em 1930, onde se iniciou e aperfeiçoou na carreira de ilustrador, Zalla migrou para o Brasil em 1963 e passou a produzir para diversas editoras fazendo quadrinhos de guerra, faroeste e, especialmente, terror, sua especialidade. Criou dezenas de personagens, entre as quais, Zora a Mulher Lobo, ilustrou milhares de capas e livros, e colaborou de forma decisiva para o desenvolvimento de uma linguagem brasileira na arte dos quadrinhos.
No DVD de 72 minutos, além do depoimento do mestre, há extras muito interessantes, nos quais Zalla conta curiosidades de sua carreira e sua vida pessoal. A produção é independente e artesanal, mas tem boa qualidade, com ótimos som e montagem.
O DVD é difícil de encontrar, mas pode ser adquirido nas lojas especializadas em quadrinhos.
Tomara que o exemplo de Baraldi frutifique. Ainda há muitos outros artistas que precisam ser resgatados para a História. E a hora é agora.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Fanzineiros do século passado

O ambiente dos fanzines passou por uma verdadeira revolução nos últimos dez anos. Por isso, pode parecer estranho aos fãs que hoje se reúnem em torno de saites, blogues e ezines que, um dia, tudo isso acontecia sem a grande rede, na base da correspondência postal, do xerox e de ativismo idealista que não tinha receio de investir a fundo perdido. E como tinha gente nessa.
Márcio Sno que o diga. Ele produziu um documentário de 31 minutos, muito bem realizado, sobre os fanzineiros do século XX, com o determinante título Fanzineiros do século passado – Capítulo 1: As dificuldades para botar o bloco na rua e a rede social analógica.
Não é aprimeira vez que isso acontece. Há coisa de uns seis anos, fui entrevistado por um estudante da UFMG que estava produzindo justamente um documentários sobre fanzines como trabalho de graduação, que eu nunca cheguei a ver. E ainda antes, houve quem dedicasse atenção aos fanzines em livros e ensaios acadêmicos. Com efeito, o assunto ainda desperta interesse nestes tempos virtuais, pois existem fanzines em papel circulando, produzidos exatamente como no século passado.
O documentário de Sno está disponível para ser visto online, aqui.
Aproveite para conhecer as fisionomias desses heróis anônimos que praticamente fundaram o fandom moderno e, durante anos, seguraram as suas pontas.