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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Mnemosine e os abomináveis homens de verde

O escritor paraibano Carmelo Ribeiro, autor dos romances A procura de Chã dos Esquecidos e Paxolino dos adoradores de Cristo nas terras da cafraria, já comentados por este blogue, acaba de lançar um novo livro. Trata-se de Menemosine e os abomináveis homens de verde, publicado pela editora Schoba, coletânea de 180 páginas com 14 contos de ficção especulativa inspirados na história do Brasil, muitos deles instalados no subgênero da história alternativa. E o autor tem mais do que talento literário – que já demonstrou nos seus livros anteriores – para tratar do gênero. Formado em História e mestre em Geografia, Carmelo Ribeiro brinca gostosamente com as amarras da academia quando diz, na orelha do livro: "A primeira lição do curso de história é: não existe 'se' em história. Mas como este não é um livro de história, o 'se' deu origem a muitos Brasis".
Alguns dos temas já são recorrentes no gênero, mas outros são ótimas novidades: o Brasil integralista, a volta de D. Pedro I ao Brasil, a vitória dos Balaios e Antonio Vinagre como governador de Belém, tudo embalado pela epígrafe inspirada de José Cândido de Carvalho: "As vezes penso que o Brasil não existe. É um conto de Pedro Álvares Cabral, com prefácio de Pero Vaz de Caminha".
Sem dúvida é um livro que vale a pena ser lido.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Resenha: A procura de Chã dos Esquecidos

Há um lugar, em meio a floresta brasileira do inexplorado Planalto Central, em que os homens bons e tementes a Deus podem viver em paz e segurança, sem dor ou doenças, e em abundância de alimentos da melhor qualidade. Esse paraíso terrestre, não o Édem mas muito parecido, é o Chã dos Esquecidos. Para lá, o beato Boaventura pretendia conduzir uma peregrinação, que anunciou ao povo mais pobre da Capitania da Paraíba do Norte, que se encontrava assolada pela seca, pela fome e pela violência nos idos de 1791. Os sermões bem feitos mais convenceram que converteram a plebe inculta que ansiava por uma alternativa à vida miserável que levava. Mas a pregação também despertou a ira do governador do lugar, o fidalgo português Jerônimo José de Melo e Castro, que logo solicitou ao governador geral da Capitania de Pernambuco, José Cesar de Menezes, a qual era subordinado, providências para controlar a população à beira de uma convulsão, bem como prender o beato Boaventura, para que parasse de fomentar ideias perigosas e subversivas entre ela. Mas, devido às rusgas pessoais entre os dois políticos, as providências não são tomadas e, depois que a violência explode nas ruas, tem início a peregrinação floresta adentro.
Esta é a história que nos conta o escritor Carmelo Ribeiro em seu romance A procura de Chã dos Esquecidos, publicado em 2013 pela Editora Schoba, cuja publicação anunciei aqui há alguns meses.
O autor dispõe de bons recursos técnicos para convencer o leitor da plausibilidade de sua história, com um estilo rebuscado que remete ao período histórico focalizado e uma estrutura formal criativa dividida em três partes distintas, cada qual com um estilo diferente. Na primeira parte, chamada "Os bem aventurados", a história é contada através da correspondência oficial entre os dois governadores, em que se percebe a profunda animosidade que existe entre eles. A segunda parte, chamada "Os sermões", é formada pelos sete últimos discursos exortativos de Boaventura, que antecederam a violência final e a partida dos peregrinos. A terceira parte, chamada "O caminho", é um diário de viagem escrito por um dos principais seguidores do beato, o comerciante Afonso de Vila Nova Portugal, conhecido como Afonso-sem-razão.
A narrativa não chega a ser fantástica, uma vez que não há um elemento sobrenatural efetivo em ação, mas o clima geral, composto pela tensão entre a fé e a desesperança, faz a história caminhar numa zona mítica crepuscular, tal como em João Guimarães Rosa, que leva a aceitar sua classificação pelo menos no ambiente do realismo mágico, uma vez que não se trata de uma história real.
Este é o terceiro livro de Carmelo Ribeiro que, em 2011, publicou a coletânea poética A fúria e a mágoa (Ed. Livronovo) e o romance Paxolino dos adoradores de Cristo nas terras da cafraria, também pela Editora Schoba. Antes disso, Ribeiro, que é professor de História e Geografia, publicou contos nas antologias Moedas para um barqueiro (2010, Andross), Bandeira negra (2010, Multifoco) e Espectra (2011, Literata).
A procura de Chã dos Esquecidos tem 176 páginas e a produção gráfica, incluindo da capa, é creditada a Camila Gonçalves.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A procura de Chã dos Esquecidos

O professor e escritor Carmelo Ribeiro, de quem já comentei o livro Paxolino dos adoradores de Cristo nas terras da cafraria, está com um novo romance na praça. Trata-se de A procura de Chã dos Esquecidos, que retorna ao cenário de um Brasil colonial no qual o fantástico insinua-se constantemente entre a realidade dos homens.
Diz a orelha do livro: "O ano é o de 1791 e o cenário a Paraíba do Norte, cujo governo é exercido pelo Tenente-Coronel Jerônimo José de Melo e Castro, homem terrível, constantemente desafiado pelos grandes da terra e esmagado pela obediência que deve ao seu desafeto, José César de Menezes, Capitão-General de Pernambuco. Mas, como tudo que está ruim pode piorar ainda mais, o turbulento governador se vê na obrigação de alimentar o rebotalho dos sertões, que chega à cidade para escapar dos rigores da seca e combater uma seita de heréticos, comandados por um negro forro, Boaventura, e um comerciante que todos dizem louco, Afonso Sem-razão. O negro e o louco prometem levar os verdadeiramente puros para o paraíso terreal, cuja incerta localização seria o alto de uma serra vista do Brejo da Madre de Deus, que os heréticos chamam de Chã dos Esquecidos. Resta, então, a Jerônimo José de Melo e Castro cumprir com as suas altas responsabilidades e pôr fim em todo o desmantelo que toma conta da capitania que governa, nem que pra isso tenha que tocar fogo no mundo".
A respeito do curioso título, explica o autor: "Chã, é uma povoação construída em um lugar plano, no alto de uma serra ou no vale de um rio, ou seja, uma aldeia ou vilazinha. No caso do livro, seria o lugar abençoado por Deus, o 'paraíso terreal' profetizado pelo negro Boaventura e o monge Benedito/Vicente de Luca na grande seca de 1791".
A procura de Chã dos Esquecidos tem 176 páginas em acabamento sofisticado, e é uma publicação da Editora Schoba.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Paxolino dos adoradores de Cristo nas terras da cafraria

O escritor Carmelo Ribeiro enviou o seu romance de estreia Paxolino dos adoradores de Cristo nas terras da cafraria que, além do título invulgar, tem uma sinopse animadora, avançando por um filão promissor para o estabelecimento de uma fantasia tipicamente brasileira.
Não que seja de todo original porque, nestes tempos de globalização, originalidade é quase uma impossibilidade prática, mas tem o mérito de dialogar com uma porção de trabalhos importantes da FC&F brasileira, com humor e despretensão.
Diz a sinopse: "Na época em que os navegadores portugueses conquistaram boa parte do mundo, desembarcaram na costa da terra, depois chamada Brasil, e se depararam com um universo para eles incompreensível. Entre esses navegadores estava o capitão Matias Souto Maior, único entre seus iguais, que ao deparar-se com prodígios incomuns, mesmo para aquelas terras selvagens, resolveu seguir adiante, acompanhado por uma tribo de índios brutos, assustados com a aparição de um menino de pele escura, pássaros de luz, monstruosidades gentis e um bêbado, que pareciam oriundos de outros tempos. 
Os bugres acreditavam que aqueles homens barbudos e fedidos talvez pudessem salvá-los da calamidade que se abatia sobre a terra e o capitão Matias e os seus marujos acreditavam que estes poderiam guiá-los para o país dos pássaros de luz que excretavam ouro. 
Partiram, então, com o fito de por termo ao desconcerto do mundo, mas acabaram por se perderem em um espaço feérico em que todos os tempos e todos os lugares se confundiam para desespero do jesuíta que os acompanhava, o padre Jerônimo Cadena, que a um minuto da loucura passou a acreditar que tudo aquilo, todo aquele mundo em desmazelo não passava de uma armadilha do demônio, o macaco de Deus, a confundir os homens naquelas terras da cafraria".
O romance foi publicado pela editora Schoba, de Salto/SP, tem 268 páginas e uma elegante capa assinada por Francis Manolio.
Carmelo Ribeiro é professor de História e Geografia, e publicou contos nas antologias Moedas para um barqueiro (2010, Andross), Bandeira negra (2010, Multifoco) e Espectra (2011, Literata), sendo assim mais um contista da Terceira Onda a chegar ao romance, engrossando uma tendência que se configura desde o ano passado.