O escritor Carmelo Ribeiro enviou o seu romance de estreia Paxolino dos adoradores de Cristo nas terras da cafraria que, além do título invulgar, tem uma sinopse animadora, avançando por um filão promissor para o estabelecimento de uma fantasia tipicamente brasileira.
Não que seja de todo original porque, nestes tempos de globalização, originalidade é quase uma impossibilidade prática, mas tem o mérito de dialogar com uma porção de trabalhos importantes da FC&F brasileira, com humor e despretensão.
Diz a sinopse: "Na época em que os navegadores portugueses conquistaram boa parte do mundo, desembarcaram na costa da terra, depois chamada Brasil, e se depararam com um universo para eles incompreensível. Entre esses navegadores estava o capitão Matias Souto Maior, único entre seus iguais, que ao deparar-se com prodígios incomuns, mesmo para aquelas terras selvagens, resolveu seguir adiante, acompanhado por uma tribo de índios brutos, assustados com a aparição de um menino de pele escura, pássaros de luz, monstruosidades gentis e um bêbado, que pareciam oriundos de outros tempos.
Os bugres acreditavam que aqueles homens barbudos e fedidos talvez pudessem salvá-los da calamidade que se abatia sobre a terra e o capitão Matias e os seus marujos acreditavam que estes poderiam guiá-los para o país dos pássaros de luz que excretavam ouro.
Partiram, então, com o fito de por termo ao desconcerto do mundo, mas acabaram por se perderem em um espaço feérico em que todos os tempos e todos os lugares se confundiam para desespero do jesuíta que os acompanhava, o padre Jerônimo Cadena, que a um minuto da loucura passou a acreditar que tudo aquilo, todo aquele mundo em desmazelo não passava de uma armadilha do demônio, o macaco de Deus, a confundir os homens naquelas terras da cafraria".
O romance foi publicado pela editora Schoba, de Salto/SP, tem 268 páginas e uma elegante capa assinada por Francis Manolio.
Carmelo Ribeiro é professor de História e Geografia, e publicou contos nas antologias Moedas para um barqueiro (2010, Andross), Bandeira negra (2010, Multifoco) e Espectra (2011, Literata), sendo assim mais um contista da Terceira Onda a chegar ao romance, engrossando uma tendência que se configura desde o ano passado.
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