sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Resenha: O zen e arte da escrita

Possivelmente um dos lançamentos mais importantes de 2011, O zen e a arte da escrita, de Ray Bradbury, é uma pequena joia.
Bradbury dispensa apresentações, visto ser um dos mais expressivos nomes da literatura norte americana contemporânea. Hoje com 81 anos, é autor de Farenheit 451, O vinho da alegria, O país de outubro, Crônicas marcianas, Algo de sinistro vem por aí, Os frutos dourados do Sol e muitos outros títulos entre romances, coletâneas, peças de teatro e poemas, navegando pela ficção científica, a fantasia, o horror e o mistério e o realismo com igual talento e desenvoltura, sendo respeitado pelo mainstream. Sua ficção continua atual e impactante, e influencia autores em todo o mundo. Então devemos prestar muita atenção nos seus conselhos.
O livro, de apenas 168 páginas, reúne onze ensaios deste mestre, alguns deles originalmente apresentações ou prefácios de outros livros. São eles: "A alegria da escrita", "Corra, pare, ou a coisa no topo da escada, ou novos fantasmas de mentes antigas", "Como manter e alimentar a Musa", "Bêbado e no comando de uma bicicleta", "Investindo moedas: Fahrenheit 451", "Apenas este lado de Bizâncio: O vinho da alegria", "Sobre os ombros de gigantes", "Crepúsculo nos museus de robô: o renascimento da imaginação", "A mente secreta", "O zen e arte da escrita" e "Sobre criatividade", este último um conjunto de sete poemas. A certa altura, um pequeno bônus: um trecho alternativo inédito para Farenheit 451, a cereja deste bolo bradburiano.
Diz o relise: "Neste livro exuberante, o incomparável Ray Bradbury compartilha sua sabedoria, experiência e estímulo de uma vida de escritor. Aqui estão dicas sobre a arte da escrita dadas por um mestre do ofício. Um livro que reúne tudo, desde encontrar ideias originais até desenvolver a própria voz e o estilo, bem como leituras, impressões da infância e os bastidores da notável carreira de Bradbury como um autor fecundo de romances, contos, poemas, roteiros de filmes e peças de teatro. O zen e a arte da escrita é mais do que um simples manual para o aspirante a escritor, é uma celebração do ato da escrita, que vai encantar, exaltar e inspirar o escritor em você".
O livro é quase uma autobiografia, já que Bradbury trabalha o conteúdo a partir de sua própria vida, contando o modo como funciona a sua mente - ele lembra detalhes de sua mais tenra infância, quando ainda sequer sabia falar - e as experiências traumáticas pelas quais passou e que o levaram a se tornar o poeta que aprendemos a apreciar.
Em tese, é um manual de escrita criativa que orienta a escrever melhor. Mas vai muito além disso, discutindo questões filosóficas de grande profundidade que podem melhorar não apenas a forma como se escreve, mas o modo como vivemos.
Uma frase do autor resume brilhantemente o conselho de Bradbury para os leitores: “Toda manhã, pulo da cama e piso num campo minado. O campo minado sou eu. Depois da explosão, passo o resto do dia juntando os pedaços. Agora é a sua vez. Pule!”.
Não entendeu? Então não perca mais tempo e leia o livro.

Um comentário:

  1. Muito legal, esse lançamento. Seu colega no "Anuário", Marcello Simão Branco, resenhou o livro para o "Terra Magazine", em http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5443624-EI6622,00-Comentario+convidado+Escrever+com+o+coracao.html

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