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quinta-feira, 18 de maio de 2023

Resenha do Almanaque: Time out – Os viajantes do tempo

Time out: Os viajantes do tempo, Ademir Pascale, org. 120 páginas. Apresentação de André Carneiro. Belo Horizonte: Estronho, 2011.

Seguindo a tendência iniciada em 2009, 2011 continuou a trazer à luz uma grande quantidade de antologias temáticas, que não deixam de ser uma tradição na fc&f brasileira. Algumas editoras têm de fato se especializado nisso, produzindo antologias em quantidade, embora de tiragens pequenas e memória ainda menor. A maior parte das dezenas de antologias publicadas no período receberam pouquíssimas resenhas e já nem são mais lembradas. Mesmo assim, o ambiente de antologias continua aquecido, com muitos projetos em fase de montagem por diversas editoras, apresentando novos autores, ao lado de veteranos que também precisam de espaço para mostrar seus escritos. Afinal, a quantidade de lançamentos não significa que os mais experientes já tenham estabilidade editorial – pelo contrário, tudo continua incerto e imprevisível, e é preciso aproveitar as oportunidades.
A mineira Estronho é uma das editoras que têm trabalhado fortemente no segmento das antologias temáticas, e em 2011 investiu alguns cartuchos na ficção científica, mas exatamente no subgênero da viagem no tempo, com a antologia Time out: Os viajantes do tempo.
Organizada pelo escritor Ademir Pascale, um dos campeões em organização de antologias temáticas em todos os tempos, Time out reúne oito contos de autores brasileiros, complementados por um ensaio sobre o tema e a apresentação do veterano escritor André Carneiro, uma autoridade no que se refere a ficção especulativa no Brasil.
O conto que abre a antologia é “Déjà-vu: O forte”, de Roberto de Sousa Causo, o texto de ficção mais elaborado do livro. Conta a história de uma mulher diagnosticada com doença terminal, que faz uma viagem sentimental pelo Brasil. Durante visita a um forte histórico, ela tem sua consciência arremessada para o passado, incorporando um soldado naquele mesmo lugar, durante o ataque de uma frota naval.
“A velha canção do marinheiro do futuro”, do próprio organizador, relata a situação incomum de um marinheiro que ficou preso num fenômeno espaço-temporal depois do navio em que estava ter sido usado em uma experiência mal-sucedida: o famoso experimento do USS Philadelphia, integrante da mitologia ufológica. Durante um de seus surtos, ele observa a distopia do mundo de 2075.
O melhor conto da antologia é “A difícil arte de lidar com os patrulheiros do tempo”, de Miguel Carqueija (autor de Farei meu destino; Giz, 2009), devido ao viés cômico que o autor manuseia muito bem. Um cientista meio maluco recebe, em pleno processo criativo, a visita de um jovem que se diz patrulheiro de uma polícia do futuro, que anuncia que vai matá-lo para evitar que invente alguma coisa muito ruim. Sem perder a fleuma, o cientista argumenta de forma a confundir seu assassino e mandá-lo de volta para onde veio.
“Pelas badaladas do tempo”, de Luciana Fátima, é o texto mais curto da antologia. Em clima de poesia, conta as visões de uma mulher ao escutar os sons de um sino.
Álvaro Domingues (autor de Sombras e sonhos; Balão, 2010) também envereda pelo humor em tons farsescos em “Modelo do ano”, em que dois amigos “nerds” que, quando jovens, sonhavam em construir uma máquina do tempo, reencontra-se depois de um afastamento de alguns anos. Um texto leve, mas com um travo machista que certamente não vai agradar as mulheres.
Ecos de Carl Sagan e H. P. Lovecraft se apresentam em “A máquina da insanidade”, de Estevan Lutz (o autor de O voo de Icarus, Novo Século, 2010), no qual um cientista enlouquecido que testou sua própria máquina do tempo, tenta contar sua história para a psicóloga do sanatório onde está internado.
Em “O último trem para as Plêiades”, de Allan Pitz (que escreveu A morte do cozinheiro, Above, 2010), um rapaz conta ao amigo incrédulo o sonho que teve no qual alienígenas o conduziram a uma viagem pelo espaço e pelo tempo, para mostrar-lhe que o fim do mundo está próximo. Texto pessimista e desesperançado, que contrasta com o tom galhofeiro da narrativa.
O último conto da antologia é “Contra o apagar das luzes”, de Mariana Albuquerque (autora de Coração de demônio, Writers, 1999), no qual um grupo de astronautas que testemunhou o fim do mundo cria uma máquina do tempo para voltar cinco anos no passado e tentar impedir a tragédia. Trata-se da mesma premissa do seriado de televisão Odyssey 5; uma fanfic, portanto.
Fecha a edição o breve ensaio “Viagens no tempo na ficção científica brasileira”, de autoria do pesquisador acadêmico Edgar Indalécio Smaniotto, que cita Monteiro Lobato, Erico Verissimo e Jerônymo Monteiro, destaca a noveleta “A ética da traição” (1993), de Gerson Lodi-Ribeiro, e a antologia Intempol, além de outros textos de menor expressão, o que revela a pouca intimidade da fcb com o tema, embora o ensaísta afirme o contrário.
Da mesma forma, a antologia Time out: Os viajantes do tempo é tão leve e despretensiosa que mal arranha o tema. De suas 120 páginas, apenas 80 realmente têm texto, o restante é ocupado por imagens e vinhetas em uma apresentação gráfica sofisticada que merecia a companhia de mais conteúdo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ebooks grátis

Este início de ano está sendo um verdadeiro boom para as edições virtuais. Entre muitos títulos à venda por preços que vão do acessível ao absurdo, também podem ser encontrados alguns de distribuição gratuita, como a novela de fantasia científica A batalha do poder, do conhecido escritor Miguel Carqueija, publicada pelo saite Entretextos, no qual também pode ser lida uma resenha à obra, assinada por Edgar Indalécio Smaniotto. Anteriormente apresentada em forma de folhetim, a novela foi reunida integralmente num arquivo pdf de 66 páginas, que conta ainda com uma série de depoimentos, uma entrevista com o autor e uma longa introdução assinada por Flávio Araujo Lima Bittencourt. Não coloco aqui uma imagem da capa porque o arquivo realmente não a tem.
A Estronho é mais uma editora que começou a investir no formato digital. Entre os primeiros títulos de seus catálogo virtual, disponibiliza para download gratuito o conto inédito de ficção científica Adam, do mineiro Marcelo Amado, e o conto de terror Tinta vermelho sangue, de Bruna Caroline, visto primeiro na antologia Insanas: Elas matam.
O diferencial da Estronho é a publicação em formatos mais adequados para os dispositivos móveis de leitura, sendo que o superado formato pdf sequer está disponível entre as opções. Mas mesmo o leitor que não tenha uma dessas moderninhas traquitanas, pode ler o arquivo no computador convencional fazendo uso do Adobe Digital Editions, que pode ser instalado gratuitamente a partir do saite da Adobe, aqui.

domingo, 21 de agosto de 2011

Lançamento múltiplo

No próximo sábado, dia 27 de agosto, as editoras Tarja e Estronho promovem juntas o lançamento de nada menos do que cinco títulos: Tempo de Algória, de Richard Diegues, Reino das névoas, de Camila Fernandes, A bondade dos estranhos, de João Barreiros, e as antologias Time Out: Os viajantes do tempo e Sociedade da sombras. O evento acontece no Bar Pier, Rua Joaquim Távora, 1327, em São Paulo.
Aproveite para comprar e conhecer os autores, que estarão circulando por lá ente as 16 e as 22 horas. É um bocado de gente e vai parecer uma mini-convenção de FC&F, sem dúvida. Mais um sinal da robustez do fandom que, aos poucos, vai descolando das iniciativas centralizadas, com cada grupo e editora ganhando autonomia.
Em tempos não tão distantes, nem mesmo um ano inteiro de atividades em conjunto garantia tanta vitalidade.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Lançamentos reais

Dia 27 de agosto, no bar e restaurante Pier 1327 (R. Joaquim Távora 1327, São Paulo) acontece o 3.o Encontro das editoras Traja e Estronho, quando serão lançados vários títulos das duas editoras.
Um deles é a coletânea Reino das névoas: Contos de fadas para adultos, de Camila Fernandes. Trata-se de uma releitura das histórias de fadas sob um caráter mais maduro e violento, como elas devem ter sido contadas originalmente. A coletânea é formada por sete contos, ilustrados pela própria autora.
Diz o relise: "O que nossos pais esconderam sutilmente de nós enquanto liam à cabeçeira de nossas camas? Agora que somos adultos, porcuramos por essas respostas. E aqui, neste livro, elas estão em cada linha".
Camila que teve contos publicados nas antologias Necrópole, Paradigmas, Visões de São Paulo, Extraneus: Quase inocentes e o recente A fantástica literatura queer. Esta é sua primeira coletânea e vem chancelada pelo Governo do Estado de São Paulo com o financiamento do Proac.

Outro lançamento do evento será a antologia Time out: Os viajantes do tempo, organizado por Ademir Pascale para a editora Estronho, com histórias de Roberto de Sousa Causo, Álvaro Domingues, Luciana Fátima, Estevan Lutz, Allan Pitz, Edgar Indalécio Smaniotto, Mariana Albuquerque e Miguel Carqueija, além do próprio Pascale. O volume é apresentado pelo decano escritor André Carneiro e traz ainda um texto do jornalista Jorge Luiz Calife. Enquanto espera a data do evento, a editora disponibilizou uma amostra aqui, com o conto "A máquina da insanidade", de Estevan Lutz. Aproveite.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Aos olhos da morte


A Bienal do Livro e a FantastiCon estão chegando com inúmeros lançamentos de livros, uma festa editorial de FC&F brasileiras como nunca se viu. Não tenho a pretensão de relacionar tudo
aqui, então vou falar aos poucos, conforme as divulgações de cada título chegarem a mim, se chegarem.
Mas também há coisas acontecendo "off-Bienal", em vários pontos da cidade, e hoje vou falar do lançamento da coletânea Aos olhos da morte, editado pela Editora Literata, com 21 contos de terror do escritor mineiro M. D. Amado. Trata-se do primeiro título do selo Estronho que deve lançar muitos outros nos próximos meses.
O relise anuncia o volume assim: "Quem nunca teve medo da morte? Ou estremeceu a simples menção dessa palavra? Descubra, através destas páginas, o quanto você teme o inevitável. Está preparado para enfrentar a morte? Se vista de coragem, familiarize-se com ela, mergulhe nestes parágrafos e descubra a dor e a beleza em cada conto. Sinta o hálito gélido da morte, encare seus olhos e deixe-se beijar."
O autor edita, desde 1996, o saite Estronho e Esquésito, através do qual publica o fanzine de terror Read In Peace. Participou de várias antologias e publicou, em 2009, a coletânea virtual Empadas e mortes.
O lançamento está anunciado para o dia 14 de agosto a partir da 18 horas, no restaurante Bardo Batata (R. Bela Cintra, 1333), que já é um ponto de referência em São Paulo no que se refere a livros de FC&F.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

De fanvistas e rezines



O frenesi autoral dos escritores brasileiros de literatura fantástica continua rendendo itens. A bola da vez são as revistas virtuais, que estão pipocando aqui e ali, retomando uma atividade que em 2009 esteve praticamente interrompida. Entre algumas promessas que são esperadas para as próximas semanas, já foi disponibilizado o primeiro número de R.I.P. - Read In Peace, revista literária editada por M. D. Amado e patrocinada pelo página Estronho, cujo objetivo assumido no editorial é proporcionar ao internauta uma interface mais confortável que a do próprio saite. Mas é claro que a publicação serve também como peça promocional para a coleção Extraneus, uma série de antologias temáticas que o Estronho pretende publicar a partir de 2010. R.I.P. apresenta ficções curtas de Camila Fernandes, Glaucia Piazzi, Luciana Fátima, M. D. Amado, Richard Diegues, Rita Maria Felix, Shirlei Massapust e Marius Arthorius, além de causos e lendas publicadas no saite e uma promoção com prêmio em livros. A revista é bem feitinha, simples e sem firulas, mas não descola do formato de fanzine de terror. De fato, é mesmo um fanzine.

Não que isso seja ruim, fanzines são ótimos, mas parece que a ideia era dar um tom profissional na coisa, mais mainstream, digamos assim. Não deu, ainda falta estofo para que a ficção fantástica brasileira consiga escapar da forte influência gravitacional do fandom, além do que não há nenhuma garantia de que isso vá realmente gerar resultados melhores. Mas é uma tentativa muito bem vinda.
Flores do Lado de Cima, editado por Rosana Raven, mergulha de cabeça fanzinagem sem medo de ser feliz. A nova edição é um número especial dedicado a publicar os primeiros colocados no 2º Concurso de Minicontos do Estronho e Esquésito, vencido por Luiz Ehlers com "Sou eu o monstro?". O visual do fanzine é meio pesado, por conta de uns frisos que se apresentam em todas as páginas, emoldurando as três dezenas de minicontos publicadas mas, já que é um fanzine de terror, tem tudo a ver.