terça-feira, 16 de março de 2010

Walter Martins (1932-2010)




Há alguns dias, eu lia a coluna de Roberto de Sousa Causo no Terra Magazine e me deparei com a notícia da morte, aos 77 anos, do escritor brasileiro Walter Martins, que o próprio articulista confessou ter lhe pegado de surpresa pois, apesar da coluna ter sido publicada em 27 de fevereiro, o passamento havia se dado semanas antes, mais exatamente em 12 de janeiro, sem que nada tivesse aparecido na imprensa. Mesmo hoje, buscando por mais informações sobre Martins, nada encontrei além do artigo de Causo. Walter Martins certamente merece bem mais que isso.
Não posso, contudo, ser mais detalhado que Causo foi, pois ele esteve mais próximo de Martins, relacionou-se com ele em vida e até herdou dele alguns documentos importantes sobre a história do fandom brasileiro.
Então, o que posso dizer é o que tenho de mais caro a respeito do trabalho de Martins, a sua noveleta "Tuj", publicada na antologia Além do tempo e do espaço, da editora Edart.

A história conta sobre um cientista envolvido com experimentos nucleares que, durante um deles, vê-se transportado para uma dimensão estranha, um terreno árido abrasado pro três sois, repleto de árvores secas e espinhosas e um povo desgraçado e desesperançado. Depois de algum tempo, durante o qual aprendeu-lhes a língua, o homem veio a saber que eram marcianos, igualmente perdidos naquele lugar depois de uma experiência com viagens no tempo. A maior parte do conto é dedicada à um diálogo revelador entre o homem e um desses marcianos, que lhe conta o seu drama e a incontornável natureza daquele lugar.
Quando li este texto pela primeira vez, experimentei uma intensa epifania literária, que deixou-me profundamente perturbado. Até hoje, é uma de minhas histórias prediletas na FC brasileira.
Além desse conto de Martins, li apenas mais dois: "A volta de Adalbeu" publicado no Magazine de Ficção Científica, da Editora Globo e "De trunfas e fanfruinhas", publicado pelo Terra Magazine.
Na minha opinião, a antologia da Edart é uma das melhores da história da FC nacional e bem merece ser republicada. Mas enquanto ninguém se interessa em fazê-lo, o blogue O Sebo Digital, de Carlos Rela, que digitaliza livros e revistas de FC&F fora de catálogo, coloca a disposição dos interessados as duas publicações citadas neste texto.
Aproveite e lamente comigo que este grande escritor tenha produzido tão pouco na ficção fantástica.

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