As comemorações natalinas ficarão para sempre marcadas com um fato triste para os fãs da ficção científica brasileira. No último dia 25 de dezembro, aos 78 anos, deixou-nos o escritor e jornalista Marien Calixte, conhecido como o inovador da imprensa capixaba.
Filho de uma professora primária e de um jardineiro francês, Calixte nasceu no dia 20 de outubro de 1935, no bairro do Méier, no Rio de Janeiro. Aos dez anos de idade, mudou-se para o estado do Espírito Santo, onde passou toda a vida.
Autodidata, iniciou-se profissionalmente nos anos 1950, como radialista na Rádio Espírito Santo, apresentando o programa Cinelândia Capixaba, sobre cinema e trilhas sonoras, mas seu programa mais conhecido foi O Som do Jazz, que comandou por mais de cinquenta anos.
Em 1955, um contrato no periódico A Tribuna inaugurou sua carreira no jornalismo. Atuou também nos jornais O Diário e A Gazeta, onde chegou a ser diretor de Redação, e foi correspondente do Jornal do Brasil e das revistas Senhor, O Cruzeiro e Visão. Também desenvolveu trabalhos como publicitário e tinha interesse especial pelas artes, que praticou intensamente. Foi poeta, diretor de teatro, músico, pintor e escritor. Publicou dezenas de livros, entre biografias, poemas e prosa. Nos anos 1970, ao lados dos escritores Milson Henriques e Celso Mathias, criou uma coleção de livros infantis para a editora Sem Fronteiras. No final dos anos 1960, ocupou a cadeira de Secretário de Turismo de Vitória, durante a gestão de Setembrino Pelissari.
Interessado por ficção científica, venceu um concurso literário com o conto "O visitante", depois publicado a revista Ficção e na sua primeira coletânea Alguma coisa no céu – originalmente publicada em 1985 pela editora Riomarket. A respeito dela, disse o escritor Renato José Costa Pacheco no prefácio à sua primeira edição: "vejo que seus textos têm duas notas comuns: a presença dos chamados OVNI e, pela primeira vez em nossa literatura, a paisagem capixaba – nossas praias, o interior, Meaípe, Manguinhos, Rio Novo do Sul e Cachoiero do Itapemirim. Todos de uma leitura agradável de enredo simples, prontos a conquistar a afeição da maioria dos leitores, que buscam num livro suas horas de prazer, mais que um profundo diálogo filosófico-telúrico." Dez anos depois, a coletânea recebeu uma segunda edição pela editora GRD. Apesar de ser o único livro de Calixte inequivocamente ligado a ficção científica, o autor escreveu pelo menos mais um livro de textos fantásticos: Contos desiguais, publicado em 2003.
Teve alguns de seus contos traduzidos para o alemão e o italiano, e recebeu a atenção também no seu país, aparecendo nas antologias Estranhos contatos (1998) e Melhores contos brasileiros de ficção científica (2010).
Vítima do Mal de Parkinson, Calixte faleceu devido a um súbito agravamento da doença. Seu corpo foi enterrado no Cemitério Jardim da Paz, no município de Serra, no Espírito Santo.
Mais sobre a vida e a obra do autor no blogue Memória Marien Calixte.
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