Criado em 1985, o Clube de Leitores de Ficção Científica publicou em 2005 a antologia de contos 20 voltas ao redor do Sol em comemoração aos seus vinte anos de fundação, com trabalhos coletados entre seus sócios e com a tiragem totalmente distribuída entre seu corpo social.
Até agora, essa tinha sido a única publicação do tipo patrocinada pelo Clube que, geralmente, investe seus recursos na produção do fanzine Somnium e do Prêmio Argos. Porém, há tempos circula internamente a ideia de publicar uma série de antologias anuais sob o selo do CLFC, o que nunca aconteceu embora seja o sonho de muitos dos associados.
Talvez não seja ainda o caso mas, há poucos dias, surgiu de surpresa a antologia digital Voltas ao redor do Sol, de intenções similares aquela de 2005 pois se apresenta como uma edição comemorativa aos 38 anos da instituição.
Organizado por Rubens Angelo e com prefácio de Carlos Orsi, o volume tem 164 páginas com contos de Gerson Lodi-Ribeiro, Simone Saueressig, Alexey Dodsworth, Clinton Davisson, Jorge Luiz Calife, Romy Schinzare, Octavio Aragão, Ataide Tartari, Israel Neto, JM Beraldo e Lu Evans, time que mistura veteranos presentes na antologia anterior com escritores da chamada Terceira Onda, ou seja, surgidos já no era da internet.
Organizado por Rubens Angelo e com prefácio de Carlos Orsi, o volume tem 164 páginas com contos de Gerson Lodi-Ribeiro, Simone Saueressig, Alexey Dodsworth, Clinton Davisson, Jorge Luiz Calife, Romy Schinzare, Octavio Aragão, Ataide Tartari, Israel Neto, JM Beraldo e Lu Evans, time que mistura veteranos presentes na antologia anterior com escritores da chamada Terceira Onda, ou seja, surgidos já no era da internet.
Diz o texto de divulgação: "Nestas páginas você poderá saborear histórias de alguns dos grandes nomes da ficção científica nacional, narrativas essencialmente fantásticas que extravasam as fronteiras da ciência, explorando com humor, horror ou ironia os mais diversos temas: horror cósmico, engenharia genética, crimes, religião, mitologia, conspirações…"
Firulas a parte, é estranho que um clube de especialistas em FC tenha explicitado na capa de um livro por ele chancelado o termo "sci-fi", reconhecido pelos fãs no mundo inteiro como pejorativo em relação ao gênero; mesmo nos EUA, a abreviação usada por autores, editores e fãs sérios é "SF", ficando "sci-fi" reservado às manifestações da FC em outras mídias, especialmente audiovisuais e quadrinhos. Tenho para mim que as pretensões comerciais que hoje norteiam as ações do fandom brasileiro tentem se apropriar do "sci-fi" de forma a evitar o preconceito histórico contra a FC (assim como desde há alguns anos e ainda hoje se usa o termo "distopia") e atrair um público menos familiarizado com a produção literária do gênero, mas é um tiro que pode sair pela culatra, afastando os leitores maduros receosos de que se trate de novelizações.
Outra estranheza, não tão misteriosa mas igualmente lamentável, foi a opção por uma imagem gerada em IA para a capa. Talvez este seja um indicativo de que a antologia não é assim tão singular. Como não parece haver motivo particular para se comemorar de modo tão especial a efeméride de 38 anos, talvez seja esta a primeira da tão acalentada série de antologias anuais, afinal, todos os anos haverá aniversários.
Firulas a parte, é estranho que um clube de especialistas em FC tenha explicitado na capa de um livro por ele chancelado o termo "sci-fi", reconhecido pelos fãs no mundo inteiro como pejorativo em relação ao gênero; mesmo nos EUA, a abreviação usada por autores, editores e fãs sérios é "SF", ficando "sci-fi" reservado às manifestações da FC em outras mídias, especialmente audiovisuais e quadrinhos. Tenho para mim que as pretensões comerciais que hoje norteiam as ações do fandom brasileiro tentem se apropriar do "sci-fi" de forma a evitar o preconceito histórico contra a FC (assim como desde há alguns anos e ainda hoje se usa o termo "distopia") e atrair um público menos familiarizado com a produção literária do gênero, mas é um tiro que pode sair pela culatra, afastando os leitores maduros receosos de que se trate de novelizações.
Outra estranheza, não tão misteriosa mas igualmente lamentável, foi a opção por uma imagem gerada em IA para a capa. Talvez este seja um indicativo de que a antologia não é assim tão singular. Como não parece haver motivo particular para se comemorar de modo tão especial a efeméride de 38 anos, talvez seja esta a primeira da tão acalentada série de antologias anuais, afinal, todos os anos haverá aniversários.
E isso realmente valeria comemorar.
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