Divulgada na internet em janeiro de 2011 e lançada em julho, no 14º Festival do Japão, finalmente chegou às bancas de São Paulo a revista Ação Magazine, da Editora Lancaster.
Anunciada como efusividade no ambiente dos fãs, principalmente através da internet, a editora prometia implementar no Brasil o mesmo sistema editorial usado no Japão, que investe na publicação de semanários volumosos, com vários seriados em cada edição e ampla relação com os leitores.
A edição 1 é ousada, com 160 páginas, muitas das quais em cores e papel especial. O conteúdo é de boa qualidade, com três histórias de 45 páginas cada, todas muito bem feitas. "Madenka", aventura de fantasia com toques de mitologia brasileira, é desenhada e escrita por Will Walbr; "Jairo", com histórias sobre lutas, tem roteiros de Michele Lys e Renato Csar, e desenhos de Altair Messias; e "Tunado", de Maurílio DNA e Victor Strang, trata do mundo dos carros envenenados. Especialmente esta última é de uma originalidade bem vinda, com os desenhos caprichados de automóveis que podem ser reconhecidos pelos brasileiros. A revista ainda publica artigos curtos sobre games, literatura, internet e tecnologia. O preço de capa é R$9,99.
Antologias de quadrinhos não são uma novidade por aqui. Revistas como a Vertigo, da Editora Panini, por exemplo, fazem isso há algum tempo. Nem mesmo com "mangaijim" a ideia é nova, uma vez que, em 1999, a Editora Escala distribuiu uma publicação similar, a Manga X, com ótimas histórias de veteranos na arte dos quadrinhos, cancelada na terceira edição.
Ao que tudo indica, o projeto da Ação Magazine não decolou como se pretendia. Afinal, um periódico lançado em agosto não pode demorar quatro meses para chegar às bancas de São Paulo. Mas isso era previsível. Produzir uma revista dessas a cada mês é, por si, um desafio hercúleo para o desanimado mercado brasileiro de quadrinhos; períodos tão estreitos quanto os praticados no Japão são impraticáveis aqui.
É bom lembrar que o Japão está fazendo isso há décadas e o modelo está sedimentado no imaginário popular japonês. Além disso, os artistas japoneses sabem que, se o sucesso vier, ganharão muito dinheiro com a produção de animes, brinquedos e jogos eletrônicos, algo que aqui não tem muita chance de acontecer.
Difícil elaborar um diagnóstico dessa aventura editorial, mas está claro que, sem um capital avantajado à mão, não dá para fazer funcionar o modelo japonês por aqui. Seriam necessárias tantas correções e adaptações que, no final das contas, o resultado seria completamente diferente. Talvez uma revista menor e mais barata, com histórias mais curtas e mais variedade, mas realmente não dá para ter certeza de nada.
A editora Lancaster anunciou em seu twitter o lançamento da segunda edição em 30 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro. Também lamentou problemas enfrentados com a distribuição: é o Custo Brasil, que derruba qualquer planejamento, por melhor que ele seja.
De qualquer forma, vale a pena conferir a edição 1 que está nas bancas e dar uma olhada também no número zero, disponibilizado virtualmente aqui.
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