Até então, o que aparecia por aqui era coisa dos anos 1950 e 1960. As poucas novidades vinham de Portugal, mas eram difíceis de encontrar e comprar.
Havia pouquíssima FC&F nacional para ser lida e praticamente nenhum estudo de análise, exceção feita a um poucos e raros títulos, como o valioso Introdução ao estudo da science-fiction, de André Carneiro que, de qualquer forma, se refere muito mais a literatura estrangeira.
Então, o que referendava a qualidade da FC&F naqueles tempos – e ainda hoje – eram os principais prêmios norte americanos, o Hugo – o "Oscar" da FC&F votado pelos fãs e entregue durante as convenções mundiais – e o Nebula, prêmio da SFWA, que tem perfil mais acadêmico.
O que tirou um pouco do nosso atraso histórico foi, em 1990, a publicação no Brasil da Isaac Asimov Magazine, pela editora Record. Nela pudemos ler muitos dos contos e novelas indicados aos prêmios, bem como alguns ganhadores, e fizemos contato com os autores da mais moderna FC&F que se produzia nos EUA. Mas a IAM durou pouco mais de dois anos e desapareceu para nunca mais voltar. A partir daí, ficamos novamente sem referencial.
Quem lê em inglês ainda pode ter a possibilidade de comprar os livros e revistas originais e ficar mais ou menos atualizado, mas os demais dependem da boa vontade e do gosto das editoras.
Pelo menos neste século tivemos sorte. Alguns dos romances vencedores do Hugo foram aqui publicados no mesmo ano, ou quase, de seu lançamentos nos EUA.
A partir de 2001, quando a editora Rocco publicou Harry Potter e o cálice de fogo, de J. K. Rowling, ganhador do Hugo de melhor romance naquele ano, tivemos uma boa sequência de lançamentos simultâneos.
Em 2002, foi a vez da editora Conrad trazer ao Brasil o ganhador do ano, Deuses americanos, de Neil Gaiman. No anos seguinte, a Rocco traduziu a novela Coraline, também de Gaiman, vendecedora da categoria em 2003.
Voltamos a um romance vencedor em 2005, Jonathan Strange & Mr, Norrel, de Susanna Clarke, publicado pela Companhia das Letras. A mesma editora também publicou em 2009 o surpreendente Associação Judaica de Polícia, de Michael Chabon que, além do Hugo 2008, ganhou o Nebula da SFWA.
Em 2010, a Rocco reassumiu a dianteira publicando O livro do cemitério, de Neil Gaiman, vencedor do Hugo em 2009.
2010 teve dois vencedores empatados no Hugo: The city & the city, de China Miéville e The windup girl, de Paolo Bacigalupi, este também vencedor do Nebula. Até poucos dias não havia notícias da tradução de qualquer um deles, e parecia que os melhores romances de FC&F do ano não iam aparecer por aqui.
Mas a editora Devir Livraria acabou de anunciar que está traduzindo o romance de Bacigalupi para ser lançado em 2011, ainda sem título em português. Uma notícia excelente, que coloca a Devir na linha de frente da vanguarda editorial da FC&F e já garante o título nas resenhas do Anuário 2011. Que beleza!
Mas há muitos outros títulos interessantes a disposição das editoras, também chancelados por esses prêmios. Para uma visão mais completa, veja todos os vencedores do Hugo aqui, e do Nebula, aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário