Como gostei sobremaneira da primeira parte, a princípio planejei comprar a edição na livraria, e talvez o fizesse apesar do preço salgado: R$43,00. Mas com outras prioridades adiante, fui postergando a compra até que, por acaso, dei de cara com o título na Submarino pela bagatela de R$10,00. Uma oferta imperdível.
A Submarino tem frequentes iniciativas promocionais desse tipo, nas quais oferece títulos de seu estoque a preços muito baixos, e já aproveitei várias delas (aliás, o primeiro volume de Coisas frágeis também estava disponível pelo mesmo preço). O que surpreendeu é que se tratava de um livro muito recente.
Quando comentei o fato com meus colegas, fiquei sabendo que a edição vendida na Submarino era graficamente mais simples que a das livrarias. E, de fato, isso se confirmou.
Mas as diferenças são apenas cosméticas, como o papel do miolo, que é off set alta alvura, e não o pólem amarelado da edição oficial. A encadernação não é costurada, mas fresada e colada, e a capa não tem orelhas, não tem relevo seco nem reserva de verniz no título, embora mantenha a laminação fosca. Um selo "Edição especial" no canto inferior direito da capa, identifica a edição que, inclusive, tem outro ISBN. A edição normal é 9788576163985, e a esta, mais barata, é 9788576164456.
Contudo, longe de me incomodar, fiquei esperançoso, porque é a primeira vez, em muito tempo, que uma editora brasileira produz uma edição popular simultaneamente a um lançamento importante de seu catálogo.
Sou um entusiasta dos livros populares, pois a literatura não deve ser um produto elitista, de luxo, mas uma arte ao alcance de todos. Não que não se possam fazer edições de luxo. Há mercado também para esse tipo de tiragem, com capa dura e outras sofisticações. Afinal, um livro impresso em um papel durável e bem encadernado pode durar centenas de anos numa estante e é certamente o tipo ideal de exemplar para se ter numa biblioteca pública, por exemplo, onde há muita rotatividade. O custo elevado será diluído pela durabilidade e pela quantidade de vezes que o exemplar será lido e relido ao longo dos anos.
Nos EUA, um mesmo título é disponibilizado em várias apresentações: bolso, paperback, hardcover, em pano, em couro, embalados em caixa de madeira, numerados e autografados pelo autor etc, cada produto dirigido a um nicho de mercado específico. Seria bom se as editoras brasileiras adotassem esses mesmo critérios. Pelo menos a novata editora Underworld tem anunciado seus lançamentos sempre em duas versões: com e sem capa dura. Mas parece ser apenas uma promoção de lançamento para fãs e colecionadores.
A única coisa estranha é que as diferenças entre as duas edições de Coisas frágeis 2 são muito discretas para justificar a gritante diferença de custo final. Fico imaginando se a Conrad fizesse edição de bolso em papel de polpa e capa em cuchê, como os livros da saudosa Coleção Argonauta, da editora portuguesa Livros do Brasil, talvez pudesse vender os exemplares por menos de R$5,00. Este é um sonho improvável, infelizmente.
Enfim, apesar de ser uma das editoras que mais esfolou seus leitores nos últimos anos, a Conrad agora fez por merecer os parabéns por essa iniciativa. Tomara que continue a fazê-lo.
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