terça-feira, 7 de setembro de 2010

Universo Fantástico


Outra publicação que teve sua base editoral apoiada na FantastiCon deste ano foi a supreendente revista Universo Fantástico, editada por Silvio Alexandre e publicada pela Giz Editorial, que se propõe a ser uma base de discussão teórica dos gêneros fantásticos, ou seja, dedicada a prática da não-ficção. Acredito que nunca houve, no Brasil, um periódico de FC&F nesse molde, a não ser em edições especiais. O que mais se aproxima é o Anuário que, contudo, tem objetivos diversos e segue uma linha editorial bem diferente.
No formato gráfico, Universo Fantástico lembra a última fase da extinta revista Quark, editada pela MB Editora até 2001, apresentada em forma de livro com lombada quadrada, capa cartonada em cores e miolo em preto em branco. Porém, o conteúdo da Quark trazia pouca não-ficção e investia especialmente na publicação de contos e novelas.
Universo Fantástico, neste seu número zero, não publicou uma única página de ficção. Toda ela é voltada a ensaios e artigos, alguns em tom popular, outros acadêmicos. Pelo texto de apresentação, a proposta editorial da revista é realmente voltar-se para a discussão acadêmica de FC&F, que vem se estruturando nas universidades, embora ainda sejam poucos os pesquisadores em ação.
A revista tem 127 páginas e publica os seguintes textos:
"Tolkien e Guimarães Rosa", por Bráulio Távares;
"Conde Drácula e Vlad Tepes: duas pessoas diferentes", por Humberto Moura Neto e Martha Argel;
"Escolha um futuro", por Nelson de Oliveira;
"A potência do imaginário de Neuromancer nas origens da cibercultura", por Adriana Amaral;
"O que é steampunk?", por Bruno Accioly;
"(Pós) Steampunk latino-americano?", por Rodolfo Rorato Londero;
"Neoburroughsianas: Sistemas solares alternativos"; por Gerson Lodi-Ribeiro;
"De Baker Street ao Sítio do Picapau Amarelo", por Octavio Aragão;
"China Miéville: Este é o cara (que você não conhece)", por Fábio Fernandes;
"Merlin, o encantador"; por Roberto de Souza Causo;
"Relações de sangue", por Giulia Moon;
"Summa vampirológica", por Lúcio Manfredi;
"A presença de Edgar Allan Poe nos quadrinhos", por Carlos Patati;
"Comentários sobre a invasão do cinema na literatura fantástica", por Alfredo Luiz Suppia;
"Viagem no tempo no cinema e na TV", por Gilberto Schoereder; e
"A primeira novela de ficção científica brasileira", por Silvio Alexandre.
Quem acompanha a produção de não-ficção do fandom há algum tempo, vai reconhecer alguns temas que causaram interesse nas listas de discussão da internet num passado recente. Mas também há textos inéditos para temperar os pratos frios.
Há poucas resenhas de livros, talvez as únicas sejam a que Giulia Moon fez para o romance Relações de sangue de Martha Argel, publicado em 2002 pela editora Novo Século e recentemente republicado pela própria Giz, e outra assinada por Lucio Manfredi para Anno Drácula, de Kin Newman, traduzido em 2008 pela Editora Aleph. Nada muito recente, portanto.
Como edição de ensaio – uma vez que é para isso que servem os números zeros – Universo Fantástico é uma boa promessa. O editor não garantiu periodicidade, mas disse-me que é possível que seja pelo menos semestral, dependendo do resultado comercial da edição de estreia.
Para adquirir, acesse o saite da Livraria Moonshadow, aqui.

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