Quem é mais jovem não pode imaginar como era comprometedor gostar de quadrinhos há uns 60 anos. Os gibis formavam então um mercado pujante e forravam as bancas, mas ninguém que quisesse ser levado a sério podia ser pego lendo quadrinhos. Nenhum acadêmico brasileiro se prestaria ao papel de elaborar estudos sobre a arte a não ser que fosse para desqualificá-la. Afinal, a cultura de massa era, e ainda é em algumas escolas, o símbolo maior do imperialismo capitalista no mundo.
Mas as coisas mudaram. Agora que o mercado de quadrinhos literalmente morreu no Brasil, a academia parece ter superado o antigo trauma e as livrarias recebem continuamente novos ensaios sobre a arte.É o caso da coletânea Revolução do gibi: A nova cara dos quadrinhos no Brasil, de autoria do jornalista e professor universitário Paulo Ramos, que compila artigos e entrevistas publicados pelo autor no Blog dos Quadrinhos, saite de divulgação que tem acompanhado atentamente a indústria das hqs no Brasil nos últimos anos. Dividido em vinte capítulos, cada um deles analisa um momento da evolução recente do mercado dos quadrinhos, tal como o jogo das cadeiras nas bancas, a migração dos quadrinhos brasileiros para as livrarias, o crescimento do mangá, a evolução dos quadrinhos na internet, e por aí vai.
Ramos também é autor de A leitura dos quadrinhos (Contexto, 2009) e Bienvenido: Um passeio pelos quadrinhos argentinos (Zarabatana, 2010), ambos premiados com o Troféu HQMix.
Revolução do gibi tem 520 páginas e é uma publicação da Devir Livraria.
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