terça-feira, 18 de maio de 2010

Alvíssaras!


Ainda que os autores brasileiros de FC já estejam comemorando, há algum tempo, os bons ventos editoriais, finalmente as editoras começam a pensar também nos leitores.
Depois de um festival de republicações nos últimos anos, ficção estrangeira inédita escrita por grandes autores começa a desembarcar no Brasil. As novidades que chegam são meio antigas, mas isso é o de menos. Se começaram a chegar, talvez agora não parem mais.
Já recebemos, em 2009, Anno Drácula (Anno Dracula), de Kim Newman e Guerra sem fim (Forever war), de Joe Haldeman. Agora é a vez de mais dois clássicos inéditos no Brasil.
A princesa de Marte (A princess of Mars) é uma aventura pulp originalmente publicada em 1917, escrita por Edgard Rice Burrougs, autor dos populares romances de Tarzan. John Carter, veterano da guerra civil americana, adormece em uma caverna e desperta em Marte - ou Barsoon como é lá chamado - mundo estranho e violento, habitado por ameaçadores seres de seis membros e mulheres lindíssimas, como a Dejah Thoris, princesa de uma nação beligerante por quem Carter se apaixona. Burrougs foi muito influente na história da ficção científica e da fantasia, mas seus romances de FC estavam inacreditavelmente inéditos em língua portuguesa. Uma princesa de Marte está cotado para se tornar longa metragem no cinema, o que deve ter sido o motivo de sua tradução. Talvez com a publicação deste romance as portas se abram para os demais trabalhos de ficção científica que Burrougs escreveu.
Xenocídeo (Xenocide!), do escritor americano Orson Scott Card, é o terceiro volume da saga de Ender, iniciado com O jogo do exterminador (Ender´s game) e Orador dos mortos (Speaker for the dead), ambos ganhadores dos prêmios Hugo e Nebula, publicados ainda nos anos 1980 pela editora Aleph e recentemente republicados pela própria Devir Livraria.
Quando a Devir anunciou o relançamento dos volumes anteriores, eu fui um dos que torceu o nariz. Afinal de contas, com tantos títulos inéditos à mão, eu considerava uma perda de tempo publicar títulos já lançados. Ainda bem que o mercado absorveu bem esses relançamentos e permitiu, finalmente, a chegada do volume inédito.
Nos episódios anteriores, o jovem Ender tornou-se, a contra gosto, o assassino de toda uma civilização alienígena e sua culpa o levou a se tornar um peregrino, o Orador dos Mortos. Lusitânia, um planeta onde diversas raças sensientes convivem, torna-se um risco de saúde pública para a civilização galáctica, por isso uma frota de extermínio foi enviada para varrer a vida nele, e mais um doloroso xenocído (genocídio alienígena) pode ter lugar na galáxia.
As editoras nacionais já estão, há alguns anos, suprindo o mercado com clássicos e novidades de fantasia e horror, mas a FC ficou abandonada por muito tempo. O que está chegando agora ainda é pouco frente a enorme defasagem entre o que se publica no mercado angloamericano de FC e o que se traduz aqui. Décadas de silêncio que escondem muitos clássicos premiados. Vamos ver até onde a gente chega agora.

2 comentários:

  1. Lembrando apenas, Cesar, que a Devir publicou recentemente "Tempo Fechado" (Heavy Weather), de 1994, uma ficção científica cyberpunk muito substancial, escrita por Bruce Sterling e com tradução de Carlos Angelo. É um romance que aborda de maneira instigante as questões muito atuais da mudança climática e degradação ambiental.

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  2. Bem lembrado. A propósito, um dos primeiros posts deste blogue foi exatamente a resenha desse romance fabuloso, publicado em 2008: http://mensagensdohiperespaco.blogspot.com/2009/04/tempo-fechado-bruce-sterling.html

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