Como eu dizia no último post, parece que a mais nova estratégia da FC&F nacional é mesmo investir em material promocional, já que se depender das editoras não vai rolar nada mesmo.
Acaba de ser publicada mais uma revista que se apresenta dedicada à literatura fantástica e, não por acaso, chamada exatamente Fantástica. Trata-se, de fato, de um saite com interface de revista, que podemos manipular através do mesmo engine usado por outra revista digital que comentei aqui há poucos dias, a mainstream Machado.
Fantástica é uma publicação de boa aparência, ainda que com um indisfarçável toque amadorístico na edição de arte. Mesmo assim, eu ficaria bastante feliz se ela tivesse sido publicada em papel, mas sei que isso seria impossível.
Editada por Luiz Ehlers, Felipe Pierantoni e Dhyan Shanasa, tem 86 páginas em cores, com resenhas de alguns livros (coincidentemente, dos próprios editores), entrevistas e artigos sobre o estado da arte fantástica. Alguns autores destacados são Nelson Magrini, André Vianco e Victor Maduro, entre outros.
Confesso que fiquei um pouco constrangido com a seção "E se fosse filme", em que a revista sugere um elenco de atores reais para uma imaginária versão filmada do romance Filhos de Galagah, de Leandro Reis, mais ou menos como a extinta revista Wizard fazia com os super-heróis.
Contudo, a grande falha da revista é não tratar o ambiente editorial com isenção. Percebe-se claramente a intenção de estabelecer um perímetro defensivo, fixado num grupo de influência bem específico, uma óbvia estratégia de mercado para se fazer visível num fandom que tem hoje, se muito, dois mil consumidores regulares e não consegue absorver a expansão voluptuosa de títulos lançados nos últimos dois anos.
Apesar de todos dizerem que isso é natural e que o próprio mercado vai separar o joio do trigo, coisa e tal, ninguém quer arriscar ficar no lado perdedor. Então, podemos nos preparar para a estreia de outras revistas nos próximos meses, cada uma erguendo suas próprias bandeiras.
Não é a primeira vez que isso acontece. Há alguns anos, duas editoras nacionais disputaram nas bancas os leitores de FC&F, um mercado que sequer existia, e o resultado dessa briga foi o desaparecimento instantâneo das duas propostas, seguido de um longo período de decadência geral do fandom. Tomara que, desta vez, as coisas sejam realizadas com mais responsabilidade.
"Mesmo assim, eu ficaria bastante feliz se ela tivesse sido publicada em papel, mas sei que isso seria impossível." (risos), sinceramente, não compreendo sua felicidade em tê-la impressa, já que depreciou a iniciativa equivocando-se em tantos pontos que não os citarei para não me tornar enfadonho. Você espera uma editora abraçar a FANTÁSTICA para que ela dê certa? Pessoas com sua mentalidade é que fazem de nossa literatura fantástica ter o pequeno prestígio que tem hoje em dia. Aprenda a prestigiar uma iniciativa sem colocar seu brio em contra peso, e não se sinta constrangido, pois seu constrangimento não melhora em nada sua moléstia. Sorria.
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