terça-feira, 19 de julho de 2011

Ficção estrangeira em destaque

Durante muito tempo, as editoras brasileiras esqueceram que FC&F existia. E não estou falando da nacional, pois essa continua esquecida, mas da estrangeira mesmo, escrita por autores consagrados do gênero. De vez em quando vinha um Clarke, um Asimov, ou em Bradbury temporão. Com um pouco de insistência, a gente até achava um Dick ou um Ballard, mas quase sempre o que aparecia eram edições do tipo "veja o filme e leia o livro". Ainda há editoras que pautam seus lançamentos conforme a bola da vez do cinema, mas as coisas estão melhorando.
Nas últimas semanas, quatro lançamentos interessantes foram anunciados. Da pequena editora Hedra, que tem feito um ótimo trabalho editorial com textos clássicos, chegam dois títulos do mestre do horror H. P. Lovecraft: A cor que caiu do espaço e Nas montanhas da loucura. Ambos foram editados antes por outras editoras, mas os volumes da Hedra vêm acompanhados de textos complementares inéditos, que valem a edição.
Já a Editora Suma das Letras traduziu Ao cair da noite (Just after sunset), coletânea de 400 páginas com treze contos inéditos de Stephen King.
Nos últimos anos, King tem publicado principalmente romances, mas sabendo da grande qualidade de sua ficção curta, é um volume recomendadíssimo.
A poderosa Editora Record resolveu traduzir Pequeno irmão (Little brother), ficção cyberpunk de Cory Doctorow, autor conhecido por liberar seus textos na internet, inclusive tendo ganhado, em 2010, uma edição em português pelo blogue Capacitor Fantástico.
Não sei como fica a questão comercial agora, já que a Record não pode exigir exclusividade de uma obra que tem copyleft, e talvez seja por isso que liberou o primeiro capítulo do livro na internet, aqui.
Desta forma, fica comprovada a teoria de Doctorow que liberar livros na internet não é um entrave para convencer grandes editoras estrangeiras a traduzirem seus livros.
Assim, o leitor escolhe: se quiser ler sem pagar, pode, mas se quiser ler no formato elegante com que os livros se tornaram tão populares, a Record ficará feliz em ser paga por isso.

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