Uma das coisas mais difíceis de acontecer na FC&F brasileira é a republicação de clássicos esgotados. Por isso é importante registrar a iniciativa da editora Infinitum em resgatar para os leitores de hoje, ainda que em edição virtual, o romance Esfinge, de Coelho Neto (1864-1934), autor de grande prestígio em sua época mas que, combatido pelo modernismo, acabou esquecido pelas gerações atuais. Coelho Neto era um verdadeiro bestseller, dono de um texto polido e elegante. Seu interesse pelo uso de um palavreado rebuscado foi o principal motivo pelo qual a crítica modernista o limou da literatura brasileira.
Publicado originalmente em 1908, Esfinge é um texto que merece ser conhecido, porque é um dos pouquíssimos exemplos do que eu poderia chamar de ficção gótica brasileira, na linha de Mary Shelley e H. P. Lovecraft. Conta a história de um jovem, hospedado numa pensão no Rio de Janeiro, que recebe de um estranho morador a proposta de traduzir-lhe um manuscrito. Conforme se envolve com o trabalho, o jovem vai perdendo o equilíbrio emocional, cada vez mais convencido que aquele texto não é um romance de ficção, mas sim um diário relatando a vida do estranho cuja origem é envolta num mistério mais que escabroso.
Além da história perturbadora, Esfinge traz um instantâneo da sociedade carioca do início do século XX, com imagens vibrantes de um Rio de Janeiro no auge de seu esplendor.
O escritor e pesquisador Roberto de Sousa Causo assina a apresentação e o posfácio do volume, disponíveis para leitura no saite da editora. Contudo, o livro em si é comercializado ao preço de R$2,50, em formato epub, para leitura em diversos dispositivos. Vale a pena investir, pois Esfinge é um livro histórico raríssimo, um dos exemplos mais originais da ficção fantástica brasileira.
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