Kaori tornou-se rapidamente um ícone no ambiente da dark fantasy brasileira. Isso porque, depois de aparecer com regularidade em antologias e coletâneas, chegou em 2012 ao seu terceiro romance, com boa aceitação de público e crítica – os dois primeiros são Kaori: Perfume de vampira (2009) e Kaori 2: Coração de vampira (2011), ambos publicados pela Giz Editorial.
Não é para menos. Giulia Moon é uma das mais gratas revelações recentes da literatura fantástica nacional que, além de um texto enxuto, suave e envolvente, domina muito bem os protocolos do gênero.
Kaori é uma vampira secular, originária do Japão feudal que, por capricho do destino, veio morar em São Paulo. Ela é linda, sensual, imortal e feroz, e sua presença exala um perfume irresistível tanto aos homens quanto às mulheres. A maior parte de suas histórias se passa nos dias atuais, mas a autora decidiu inovar desta vez.
Kaori e o samurai sem braço é o que muita gente gosta de chamar de "prequela", anglicismo pavoroso que significa uma aventura que, cronologicamente, se passa antes da primeira história de uma série. Contudo, o romance inicia nos dias de hoje, com a sensual vampira fazendo uma visita a Takezo, um velho amigo de "profissão". Conversa vai, conversa vem, Kaori conta ao amigo uma história de sua juventude no Japão, quando ainda era ainda uma kyuketsuki (vampira, em japonês) selvagem e inexperiente. Ela lembra de como foi surpreendida por um terremoto violento e ficou presa sob os escombros de uma residência, e de como foi salva, praticamente destroçada, por um estranho e destemido vagabundo e sua acompanhante. Protegida e alimentada, ela recupera pouco a pouco sua consciência e vigor, para se ver enredada numa situação da qual não tinha como sair. Seu salvador era Kuroshima Kitarô, o lendário samurai maneta caçador de monstros, e sua serviçal mágica Omitsu, uma kistune, um ser da natureza misto de mulher e raposa. Kitarô tinha uma proposta irrecusável: ele quer que ela o ajude, durante um ano, a localizar um monstro muito pior, Shinku, um demônio transmorfo que matou sua família. Em troca, ele não acaba com a existência da vampira. Findo o acordo, Kitarô promete libertar Kaori. E se ela não aceitasse, morreria ali mesmo.
Enfraquecida e sem alternativa, Kaori aceita o acordo, mas o início da relação é tenso. Conforme o trio persegue o rastro de Shinku e enfrenta outros monstros pelo caminho, Kaori recupera suas forças, mas também percebe que Kitarô é honrado e a confiança começa a se estabelecer entre eles. No final, será preciso todo o habilidade, coragem e confiança destes três improváveis aliados para confrontar o poderoso e astuto Shiku.
O romance se desenvolve em forma episódica, com os trio de guerreiros enfrentando diversos demônios e monstros antes do confronto final com Shinku. Essas histórias funcionam como um espaço de desenvolvimento dos personagens e das relações de confiança e amor que vão se formando entre eles, mas nem por isso deixam de ser divertidas e, por muito pouco, não roubam o espetáculo, tal o carinho com que Giulia tratou cada uma delas. O romance, com certeza, não ficaria melhor sem elas.
Outro grande mérito de Kaori e o samurai sem braço é a cuidadosa pesquisa que a autora realizou sobre o ambiente japonês do século 18, seus cenários naturais, arquitetura e costumes, bem como os termos originais, devidamente explicados em notas de pé-de-página, que não deixam nada sem o devido esclarecimento, uma verdadeira viagem de Giulia Moon às suas origens étnica e cultural.
Além disso, o livro é decorado com belíssimas ilustrações realizadas pela própria autora, que é designer profissional e demonstra aqui toda a qualidade de sua arte, valorizada pela elegante produção gráfica do volume.
Posso afirmar que, sem dúvida alguma, ninguém está fazendo mais e melhor que Giulia Moon no que se refere à dark fantasy no Brasil. E, se tivermos sorte, podemos esperar muito mais de Kaori e de Giulia Moon nos próximos anos.
Kaori é uma vampira secular, originária do Japão feudal que, por capricho do destino, veio morar em São Paulo. Ela é linda, sensual, imortal e feroz, e sua presença exala um perfume irresistível tanto aos homens quanto às mulheres. A maior parte de suas histórias se passa nos dias atuais, mas a autora decidiu inovar desta vez.
Kaori e o samurai sem braço é o que muita gente gosta de chamar de "prequela", anglicismo pavoroso que significa uma aventura que, cronologicamente, se passa antes da primeira história de uma série. Contudo, o romance inicia nos dias de hoje, com a sensual vampira fazendo uma visita a Takezo, um velho amigo de "profissão". Conversa vai, conversa vem, Kaori conta ao amigo uma história de sua juventude no Japão, quando ainda era ainda uma kyuketsuki (vampira, em japonês) selvagem e inexperiente. Ela lembra de como foi surpreendida por um terremoto violento e ficou presa sob os escombros de uma residência, e de como foi salva, praticamente destroçada, por um estranho e destemido vagabundo e sua acompanhante. Protegida e alimentada, ela recupera pouco a pouco sua consciência e vigor, para se ver enredada numa situação da qual não tinha como sair. Seu salvador era Kuroshima Kitarô, o lendário samurai maneta caçador de monstros, e sua serviçal mágica Omitsu, uma kistune, um ser da natureza misto de mulher e raposa. Kitarô tinha uma proposta irrecusável: ele quer que ela o ajude, durante um ano, a localizar um monstro muito pior, Shinku, um demônio transmorfo que matou sua família. Em troca, ele não acaba com a existência da vampira. Findo o acordo, Kitarô promete libertar Kaori. E se ela não aceitasse, morreria ali mesmo.
Enfraquecida e sem alternativa, Kaori aceita o acordo, mas o início da relação é tenso. Conforme o trio persegue o rastro de Shinku e enfrenta outros monstros pelo caminho, Kaori recupera suas forças, mas também percebe que Kitarô é honrado e a confiança começa a se estabelecer entre eles. No final, será preciso todo o habilidade, coragem e confiança destes três improváveis aliados para confrontar o poderoso e astuto Shiku.
O romance se desenvolve em forma episódica, com os trio de guerreiros enfrentando diversos demônios e monstros antes do confronto final com Shinku. Essas histórias funcionam como um espaço de desenvolvimento dos personagens e das relações de confiança e amor que vão se formando entre eles, mas nem por isso deixam de ser divertidas e, por muito pouco, não roubam o espetáculo, tal o carinho com que Giulia tratou cada uma delas. O romance, com certeza, não ficaria melhor sem elas.
Outro grande mérito de Kaori e o samurai sem braço é a cuidadosa pesquisa que a autora realizou sobre o ambiente japonês do século 18, seus cenários naturais, arquitetura e costumes, bem como os termos originais, devidamente explicados em notas de pé-de-página, que não deixam nada sem o devido esclarecimento, uma verdadeira viagem de Giulia Moon às suas origens étnica e cultural.
Além disso, o livro é decorado com belíssimas ilustrações realizadas pela própria autora, que é designer profissional e demonstra aqui toda a qualidade de sua arte, valorizada pela elegante produção gráfica do volume.
Posso afirmar que, sem dúvida alguma, ninguém está fazendo mais e melhor que Giulia Moon no que se refere à dark fantasy no Brasil. E, se tivermos sorte, podemos esperar muito mais de Kaori e de Giulia Moon nos próximos anos.
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