domingo, 30 de janeiro de 2022

Terry Gilliam, o onírico anarquista

Em seus momentos finais, a mostra Terry Gilliam, o onírico anarquista, que aconteceu ao longo do mês de janeiro no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro com uma extensa programação, franqueou ao público um maravilhoso catálogo do evento com diversos artigos sobre o cineasta britânico que deu contribuições importantes ao imaginário fantástico contemporâneo, tais como os filmes Monty Pyton em busca do Cálice Sagrado, BrazilO mundo imaginário do Doutor Parnassus e Os 12 macacos, entre outros. 
Editado por Danilo Crespo, o catálogo é uma coletânea de artigos e ensiaos, e em suas 416 páginas conta com contribuições de Caroline Moreira Reis, Sávio Leite, Flávia Baggio, Laura Loguercio Cánepa, Sérgio Alpendre, Roberto de Sousa Causo, Luiz Carlos Oliveira Jr, Cristian Caselli, Eduardo Reginato, Carolina Moreira Reis, Carlos Primati, João Marcos Rodrigues, Beatriz Saldanha, Braulio Tavares, Alfredo Suppia, Marcelo Miranda e Lilian Tufvesson, além de um valioso acervo de imagens de bastidores das obras do autor.
Desconheço se o catálogo teve versão real, mas a virtual pode ser baixada no saite do evento, aqui
A mostra circulará também nos CCBBs de Brasília, de 22 de março a 17 de abril, e de São Paulo, de 30 de março a 25 de abril. Aproveite!

Múltiplo 63

A edição de janeiro de 2022 do fanzine eletrônico de quadrinhos Múltiplo, editado por André Carim, tem 92 páginas e traz as hqs "Franco Atirador", de Luiz Iório, "MMA Shodown", de Thiago Del Dono e Gilberto Soares, "Dementes", de Luiz Iório e "A sombra do demônio, Parte 1" de Darlei Nunez, tiras do Coelho Nero, por Vini e Omar Viñole, divulgação e resenhas sobre dezenas de lançamentos de fanzines brasileiros, por Adalberto Bernardino e Carim,  além de muitas ilustrações de Luiz Iório, Pedro Marasco e Ejhozer Evandro. A capa traz um desenho de Zilson Costa e Alanzim Emmanuel.
Múltiplo pode ser lido baixado gratuitamente aqui; edições anteriores também estão disponíveis.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Expiração, Ted Chiang

Expiração (Exhalation)
, Ted Chiang. Tradução de Braulio Tavares. 416 páginas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2021.

Expiração é uma coletânea do escritor norte-americano Ted Chiang, que chegou ao Brasil em 2021 pela editora Intrínseca, e tradução de Braulio Tavares. É o segundo título do autor, que estreou por aqui em 2016 com A história da sua vida e outros contos, coletânea de narrativas de ficção científica e fantasia, muitas delas premiadas, promovida pelo longa-metragem A chegada (Arrival), de 2016, dirigido por Denis Villeneuve, adaptando o conto título. 
Se na primeira coletânea havia o predomínio de temas ligados à religiosidade judaica, desta vez a preocupação central é o impacto da tecnologia na vida das pessoas: cada conto apresenta um novo dispositivo que altera dramaticamente as relações humanas. Houve críticos que compararam a coletânea ao seriado de tv Black Mirror porque pelo menos um dos textos dialoga bem de perto com o seriado, mas o mote principal é bem mais variado e até a religiosidade retorna em um dos contos.
A seleção traz nove textos de dimensões variadas, que vão de contos curtos a novelas; sete deles publicados anteriormente e dois inéditos, escritos para a coletânea. 
Abre a seleta a noveleta "O mercador e o portal do alquimista", vencedora dos prêmios Hugo e Nebula em 2008, primeiro publicada pela Subterranean Press em 2007 e republicada no mesmo ano pela revista Fantasy & Science Fiction. Conta uma emotiva história de viagem no tempo no ambiente das mil e uma noites: um homem descobre que é possível viajar no tempo através de um portal criado por um sábio mas, no passado ou no futuro, as alegrias e vantagens obtidas na aventura serão cobradas em algum momento.
O segundo texto é "Expiração", que empresta o nome a coletânea. O conto foi primeiro publicado em 2008 e ganhou os prêmios Hugo e BSFA no ano seguinte. Trata-se de um conto de difícil classificação, numa universo fechado na qual os seres vivos são eletromecânicos. Um cientista pesquisa o segredo da mente a partir de um fenômeno que causa um perturbador descompasso nos relógios. Nos comentários sobre os contos, Chiang relata que a inspiração para esse texto veio da leitura de "A formiga elétrica" (1969), de Philip K. Dick, mas não há aqui os elementos típicos da obra dickiana, como a paranoia e a natureza da realidade, mas o final é igualmente melancólico.
"O que se espera de nós" foi originalmente publicado em 2005, e conta os efeitos psíquicos e sociológicos advindos da invenção do preditor, um dispositivo tão simples quanto pequeno, que consiste de uma caixinha plástica com um botão e uma lâmpada de led que, não importa como seu usuário faça, a luz sempre pisca um instante antes do botão ser acionado, e somente neste caso, o que leva as pessoas a terem dúvidas se realmente existe livre-arbítrio.
O texto seguinte ganhou o Hugo e o Locus em 2011. Trata-se da novela "O ciclo de vida dos objetos de software", originalmente publicada em 2010. Conta, com muitos detalhes, o desenvolvimento de uma nova forma de inteligência artificial baseada em uma plataforma similar a de um jogo de realidade virtual, onde vivem seres fofinhos que podem crescer e aprender na interação com avatares humanos. Em alguns momentos, lembrou-me o seriado de animação Digimon, porém sem a narrativa aventureira. Trata-se de um drama sobre o reconhecimento da maturidade e dos direitos dessas criaturinhas, que passam por muito sofrimento nas mãos de seus proprietários humanos caprichosos. Não chega ao ponto de O homem bicentenário, de Isaac Asimov, mas a ideia segue mais ou menos o mesmo princípio. 
Educação também é o tema do conto seguinte, "A babá automática patenteada de Dacey", publicada originalmente em 2011. Trata-se de uma narrativa sobre o desenvolvimento de uma babá mecânica cujo objetivo é criar e educar crianças sem traumatizá-las, como geralmente ocorre com pais e mães naturais. Contudo, as coisas não progridem exatamente como seu inventor desejava. Anos depois, o filho do inventor resolve retomar a babá mecânica em um novo e polêmico experimento. Há também aqui ecos de outro conto de PKD, "Babá", de 1955, mas se houve influência o autor não diz.
"A verdade dos fatos, a verdade dos sentimentos" foi originalmente publicado em 2013. Este é o conto que mais se familiariza com Black Mirror. Conta duas histórias entrelaçadas: uma acontece em algum momento no passado, em que os exploradores europeus entraram em contato com uma comunidade autóctone que não conhecia a escrita, e como a transferência dessa tecnologia alterou a cultura desse povo. A outra narrativa fala sobre os desentendimentos entre uma jovem mãe e sua filha a partir do desenvolvimento de uma tecnologia digital conhecida como remen, um motor de busca que consegue compilar na rede mundial de computadores toda a informação sobre uma determinada pessoa e recriar em detalhes os fatos de sua vida, de forma que a memória humana passa a ser um instrumento quase obsoleto. 
"O grande silêncio" foi escrito em 2014 para uma instalação artística, e depois publicado em 2016. É o texto mais curto da coletânea e tem estilo de fábula, pois é narrado por um papagaio porto-riquenho, membro de um bando dos últimos indivíduos da sua espécie, que convive com a presença humana em seu habitat por causa do rádio-observatório de Arecibo. O papagaio sabe que sua espécie vai desaparecer, mas sua admiração e carinho pelos seres bípedes faz a narrativa assumir cores de uma sensibilidade que os humanos, na mesma circunstância, certamente não compartilhariam, assim como nunca se sensibilizaram com a destruição de centenas de espécies por sua sanha progressista. O conto tem muito a dizer a nós, brasileiros, neste momento em que se acirra a destruição de florestas e povos nativos sob patrocínio de um governo que, devemos sempre lembrar, foi eleito democraticamente.
Os textos finais foram ambos escritos em 2019, para a coletânea e chegaram a ser indicados ao Hugo. 
Em "Ônfalo", Chiang retoma o tema religioso apresentando ao leitor uma realidade em que o criacionismo foi cientificamente provado. Essas provas vieram, a princípio, dos estudos de botânica que identificaram amostras fósseis de árvores que não tinham anéis de crescimento, bem como fósseis de conchas que também não os presentavam, culminando na descoberta de múmias de homens e mulheres sem umbigos que seriam, portanto, humanos primordiais criados diretamente por Deus. É lógico, portanto, que a cosmogonia aristotélica, que tem a Terra como centro imóvel do universo, se perpetuou até os nossos dias, bem como a convicção de que o homem é o centro de toda a criação. Mas as coisas começam a complicar quando uma cientista descobre que valiosos fósseis de conchas sem anéis, pertencentes ao acervo de um importante museu, estavam sendo vendidos numa pequena loja de como souvenires turísticos. A investigação vai levá-la a descobertas desconcertantes que mudarão para sempre a percepção da natureza da criação. 
Na novela "A ânsia e a vertigem da liberdade" o dispositivo da vez é o prisma, uma espécie de tablet cuja função é colocar uma pessoa em contato com versões de si mesma em universos paralelos. No seriado de tv Fringe, produzido entre 2008 e 2013, pudemos ver um dispositivo similar inventado pelo cientista maluco que é protagonista da história. Mas Chiang foi mais longe com a ideia: cada prisma só pode se conectar com um universo específico e sua capacidade de comunicação é finita: uma vez esgotada, a conexão é interrompida para sempre; outro prisma irá necessariamente se conectar a outra realidade. 
O prisma se tornou um equipamento popular, mas seu uso intensivo trouxe riscos à saúde mental dos usuários, que passaram a desenvolver problemas emocionais graves. Como há pequenas diferenças entre as realidades, as pessoas ficam inseguras com relação às próprias decisões. 
Na história, acompanhamos uma trapaceira que está tentando convencer um desses viciados a vender o seu dispositivo pois descobriu que o aparelho está conectado a uma realidade em que o amante de um figurão, que morreu num acidente, ainda está vivo, o que torna aquele prisma num objeto muito valioso. Ela mesma, contudo, também tem seus problemas, pois carrega a culpa de, com um ato egoísta, ter lançado uma amiga numa espiral de decadência moral da qual não conseguiu sair nunca mais. Será que, em outras realidades, teria acontecido o mesmo?
Para quem leu A história de sua vida e outros contos, a leitura de Expiração pode ser um pouco frustrante por não ter os mesmos ritmo e potência literária mas, deixando de lado a comparação, que é inevitável, também é um grande livro, com vários dos contos reconhecidos pelos principais prêmios do gênero. 
O livro tem uma cadência mais lenta, mas as ideias e as reflexões são ainda mais profundas, poéticas, quase filosóficas. Num ano em que muitos bons títulos de ficção foram publicados aqui, este foi um dos mais importantes. Recomendadíssimo.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Mystério Retrô 8

Os apoiadores da revista Mystério Retrô receberam neste início de ano o seu número 8. A revista, editada por Tito Prates, é totalmente dedicada à literatura de mistério. Não que isso signifique algum tipo de restrição aos gêneros fantásticos, de forma alguma. Afinal, a fantasia, a fc e o horror podem muito bem albergar enredos de mistério, e isso, de fato, é muito mais comum do que se pode imaginar. Por esse motivo, há pesquisadores que consideram que o fantástico não é um gênero, mas um estilo narrativo, e há algum fundamento nisso. Basta ver que a ficção científica, por exemplo, pode perfeitamente ser também uma história de horror (como Alien), guerra (Forever war), espionagem (Stainless steel rat), fantasia (Star wars), policial (Blade Runner), faroeste (Outland) e assim por diante. O mesmo se pode dizer da fantasia e do terror. Por isso, não é nada estranho dar de cara com contos de fc na Mysterio Retrô, assim como era bastante comum achá-las nas revistas Meia-Noite e Ellery Queen
É o caso desta edição, que traz a fc "O biomecânico", de Thomas J. Schrege, entre os quinze contos publicados, assinados também por Débora Gimenes, Helton Lucinda Ribeiro, J. B. de Almeida, Zeh Mauricio Ferreira, Vera Carvalho Assumpção, Renato Dutra Gomes, Nilo Nobre, Oswaldo C. Almeida, Aleyde Biondo, Ricardo de Goes Correa, Luciano Reis e Maleno Maia, além dos artigos de P. H. de Aragão, Otaviano Silva e Chrystal Siqueira. 
A edição tem 132 páginas e pode ser obtida nas campanhas de financiamento coletivo. Fique de olho aqui, para não perder as oportunidades.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Coletânea Dark de Natal


No final de 2021, a editora Darkside Books presenteou seus leitores com uma coleção de nove ebooks de horror, cada um trazendo um conto de autoria de alguns dos mais expressivos escritores do gênero em atividade no Brasil. 
Sob o título de Coletânea Dark de Natal, os arquivos foram disponibilizados gratuitamente em formato pdf para o deleite daqueles que não conseguem se afastar do poderoso sentimento do medo mesmo durante as festas de fim de ano. 
Os títulos ofertados são: Manjedoura, de Verena Cavalcante, O último Natal, de Bruno Ribeiro, Tudo que é vermelho, de Paula Febbe, Casebre no brejo, de Nilsen  Azevedo, Ossinhos de Belém, de Paulo Raviere, F. Natal, de Márcio Benjamin, Natividade, de Enéias Tavares, Live de Natal, de Marco de Castro, e O maior presente de Giuseppe Ricci, de Cesar Bravo. 
Como se percebe pelos títulos, todas as histórias fazem referência ao Natal. Ainda que a data comemorativa já tenha passado, as edições continuam disponíveis para download gratuito no página da coleção, aqui.

Paciente 63

Uma coisa que sempre me anima é encontrar fc&f em formatos diferenciados. Não há como inovar muito  quando se trata de produtos editoriais e audiovisuais, pois são mídias extremamente concorridas. Mesmo com toda a criatividade, não se consegue escapar do trivial; geralmente as novidades vem na forma de estilos narrativos ou de temas incomuns, o que anda cada vez mais raro também. 
Já a dramaturgia radiofônica é um campo inabitado, totalmente aberto para inovações, no qual só me recordo da série de audiozines Hurray Mister S3!, produzida do início do século pelo escritor Rudyard C. Leão, com a dramatização de um seriado de ficção científica space opera em forma de fitas K7 e CDs. 
Paciente 63 é um estimulante projeto nessa linha radiofônica. Trata-se de uma audionovela de ficção científica que conta a história de Pedro Roiter, homem encontrado desorientado em uma via pública que, devido a sua condição delirante, é encaminhado a um hospital psiquiátrico onde passa por uma série de entrevistas terapêuticas, justamente os áudios que formam a narrativa. Pedro afirma convictamente ter vindo do ano 2062 para cumprir em nosso tempo uma missão importante que pode garantir o futuro da humanidade. Cabe a Dra. Elisa, a psiquiatra cética que o atende, distinguir entre realidade e delírio para ajudar Pedro e, talvez, garantir que humanidade tenha alguma chance.
A dramatização é protagonizada por atores experientes, ninguém menos que Seu Jorge e Mel Lisboa, enquanto que o roteiro é assinado por Julio Rojas, um dos mais aclamados roteiristas do Chile e um entusiasta da ficção científica. Rojas adaptou a história da audiossérie chilena Caso 63, também roteirizada por ele. 
Lançada em 22 de julho de 2021, Paciente 63 é apresentada em dez episódios disponíveis gratuitamente na plataforma Spotfy, aqui.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Jox e a Cidade-Base

Soube da publicação de Cidade-Base: Os invasores poucos dias antes de receber a notícia do falecimento de seu autor, o quadrinhista João Xavier de Campos, conhecido como Jox, artista experiente com passagens pelas editoras Taika e Abril e pela TV Cultura. 
Cidade-Base é uma aventura de ficção científica passada no interior do Brasil, na qual um grupo de amigos investiga um plano de invasão a Terra por alienígenas híbridos.
A edição tem 88 páginas coloridas e montadas no estilo clássico das revistas em quadrinhos, com dobra e grampos na lombada. 
Jox fez o roteiro, os desenhos e a produção gráfica, financiando ele mesmo uma tiragem de cem exemplares numa gráfica da cidade de Registro/SP, onde morava.
Jox há tempos enfrentava um tumor de próstata, luta que acabou aos 76 anos, no dia 20 de outubro de 2021. 
Não faço ideia de como obter um exemplar desta revista agora que seu autor e editor não está mais entre nós. A única referência disponível era mesmo o perfil de Jox nas redes sociais. Fica então o registro e a lembrança de mais um talento dos quadrinhos brasileiros que desapareceu sem ter obtido em vida o reconhecimento que merecia.

Histórias Extraordinárias 4

Os apoiadores receberam recentemente o quarto número da revista literária de ficção científica e horror Histórias Extraordinárias, editada por Marcus Garret, Mario Cavalcanti e Paolo Fabrizio Pugno pela editora Mundo. A edição, que tem 44 páginas no formato magazine, traz contos de Clóvis Friolani, Davi Gonzales, Gerson Lodi-Ribeiro, Pedro Martins e dos próprios editores, Garret e Cavalcanti, além de artigos de Roberto Rios e Marco Lazzeri e uma entrevista com José Roberto de Vasconcelos Costa, presidente da Associação Brasileira de Planetários. Junto a edição, os assinantes receberam um poster com a imagem da capa, arte de autoria de Andres Ramos que também assina as ilustrações internas da revista. Fiquei realmente maravilhado com os quatro cards de escritores que acompanharam o meu pedido (uma para cada edição da revista): Arthur Clarke, Isaac Asimov, H. P. Lovecraft e Ursula K. Le Guin, a única escritora citada na publicação. 
Este e outros números da revista podem ser encomendados diretamente no saite da editora, aqui

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Projeto Ítaca

Mesmo antes da Marvel Comics se apropriar dos deuses da mitologia nórdica para construir seu império midiático que capitalistas de todo mundo se lançam à tarefa de fazer fortuna com a religião dos outros. A maioria não conseguiu grandes coisas, mas outros lograram faturar algum, como o mangaká Masami Kurumada e os Cavaleiros do Zodíaco, entre outros.
Esse tipo de iniciativa é muito mais comum do que parece, o que se confirma no interessante Projeto Ítaca, blogue sobre apropriações da mitologia mundial editado por Lúcio Reis Filho. É tanta coisa que o blogue está até subdividido em seções especializadas sobre cinema, games, literatura, música, televisão e tradição oral. 
Seria interessante saber se todo esse exército de produtores realmente tem algo importante a dizer ou se é apenas exploração capitalista pura e simples. Isso porque nem todas as religiões que parecem mortas o estão de fato. As de matriz africana e as nativo-americanas, por exemplo, ainda têm muitos praticantes e como nem sempre os produtores - brasileiros e estrangeiros - têm tanta sensibilidade quanto vontade de faturar em cima, muita gente está ficando zangada. Entendo que para se encontrar uma voz própria é preciso buscar as raízes, mas não a qualquer preço. O Projeto Ítaca é sinal de que a luz amarela acendeu. 
Parabéns a Lúcio reis Filho, que teve a percepção para do fenômeno e a iniciativa de mapeá-lo. 

Juvenatrix 231

Edição de fevereiro do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti.  
Em treze páginas, Juvenatrix traz contos assinados pelo editor, ilustrações de Adriano Siqueira, Maria Ferreira Dutra e Rynaldo Papoy, e resenhas aos filmes de cinema Convenção de vampiros (1971), A verdadeira história do lobisomem (1979), O lobisomem de Washington (1973) e O castelo dos mortos vivos (1964). Divulgação e curiosidades sobre fanzines, livros, filmes e bandas independentes de metal extremo complementam a edição. 
Para solicitar uma cópia em formato pdf, envie email para renatorosatti@yahoo.com.br.

domingo, 23 de janeiro de 2022

Almanaque da Ficção Fántástica Brasileira: 2011-2020

Em 2021, retomei a publicação em formato impresso da pesquisa sobre a cena brasileira de fc&f cristalizada até 2013 no Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica. Porém, desta vez ela vem à luz pela Editora Avec sob o título de Almanaque da Ficção Fántástica Brasileira: 2011-2020
Trata-se de um trabalho de não ficção apoiada no conteúdo do blogue Almanaque da Ficção Fántástica Brasileira, reunindo resenhas, artigos e ensaios, parte deles publicados ali.
A redação do volume esteve ao cargo, além de mim, do pesquisador Marcello Simão Branco, com quem tenho o privilégio de dividir essa pesquisa desde antes o final do século. Também participam da edição os pesquisadores Roberto de Sousa Causo e Alfredo Suppia. 
O livro tem 288 páginas e faz um levantamento da produção de fc&f no Brasil ao longo da segunda década do século XX. São ali resenhados 28 livros de autores brasileiros, 31 de autores estrangeiros, sete ábuns de quadrinhos e seis produções audiovisuais que marcaram esses dez anos de produção. A edição é completada por artigos avaliativos da cena nacional, levantamentos sobre prêmios e convenções, e resenhas de quatro livros clássicos brasileiros. A produção visual é de Fabio Brust e da Memento Design, a revisão é de Kátia Regina Souza, e edição é de Artur Vecchi. 
Duas longas entrevistas com os autores foram realizadas após o lançamento do livro: a primeira aconteceu no dia 25 de setembro de 2021, pelo blogue Barraco Filosófico, e segunda em 15 de novembro, pelo blogue Fantasticursos. Ambas estão disponíveis nos respectivos links.
O livro pode ser adquirido diretamente no saite da Avec, aqui.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Fantástica Caligo

"Fantástica" é, sem dúvida, o termo mais recorrente para nomear ações no fandom brasileiro de fc&f. Já identifiquei pelo menos seis que levaram esse nome: duas coleções de livros, um evento e três revistas. 
A eles soma-se agora a revista Fantástica Caligo, publicação corporativa da Editora Caligo editada por Bia Machado, que lançou seu número zero, o único até o momento, em maio de 2021. 
A revista tem 160 páginas e propõe ser um prolongamento da produção da editora, ou seja, o foco é a publicação de ficção fantástica. A edição traz contos assinados por Pedro Cruvinel, Tânia Souza, Davenir Viganon, Maria Eduarda Amadeu, Fil Felix, Giselle Fiorini Bohn, Leo Jardim, Amana, Bruno de Andrade e Thais Lemes Pereira. 
Fantástica Caligo está disponível para venda aqui.

Sci-Fi Tropical

Sci-Fi Tropical
é um blogue dedicado e recuperar ficção científica de qualidade esquecida pelos leitores. Editado por Rubens Angelo, uma das suas ações é disponibilizar versões eletrônicas do clássico Magazine de Ficção Científica, publicado nos anos 1970 pela editora Globo de Porto Alegre. Por hora, só estão disponíveis três ou quatro números, mas Angelo ainda está seguindo em frente com o projeto, que também oferece outras publicações para download gratuito.
Contudo, o ponto alto é uma coleção de mini-livros com contos de ficção científica especialmente formatados para serem lidos em smartphones. Os livros são bem produzidos e ficam perfeitos na tela pequena dos aparelhos celulares. Já estão disponíveis nove edições, de autores brasileiros e portugueses: Mil mães, de Octávio Aragão, O teste, de João Barreiros, Noosfera, de João Ventura, A verdade sobre a ida à Lua, de Luiz Filipe Silva, As pedras radiantes, de Jerônymo Monteiro, Memória de plástico, do próprio Angelo, A cidade evacuada, de Ataíde Tartari, A voz do grande pai negro de além-mar, de Gerson Lodi-Ribeiro, e Lembranças, de Simone Saueressig. Todos podem ser baixados aqui.
Aproveite e leia também todos os posts do blogue que é muito interessante e caprichado.

Sociedade das relíquias literárias

Desde 2020 que a Editora Wish mantém no Catarse o projeto Sociedade das relíquias literárias, uma campanha de formato recorrente para financiar a tradução e publicação mensal de textos raros de ficção fantástica, resgatando assim contos desconhecidos de autores em domínio público. 
Já foram publicados mais de 25 volumes, entre edições numeradas e especiais, de escritores como H. G. Wells, Nathaniel Hawthorne, George Macdonald, Herman Melville, Edith Wharton, Stanley G. Weinbaum, E.T.A. Hoffmann e Robert Louis Stevenson, entre muitos outros. A edição mais recente é O outro lado, texto de 1893 de Conde Stenbock. Os ebooks são enviados por email mediante uma assinatura mensal de R$8,00. 
O projeto segue firme e já conta com mais de mil apoiadores. Para fazer parte da Sociedade, basta formalizar o apoio na página do projeto, aqui

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Fantástika 451


A revista Fantástika 451 surgiu a partir de um evento realizado em 2018 e noticiado aqui. Do congresso em si não tive mais notícias, mas a revista prosseguiu nos anos seguintes e já conta com quatro edições disponíveis para leitura daqueles que se interessam por artigos, ensaios e resenhas sobre ficção científica, fantasia e horror, com especial atenção para a cena literária brasileira. 
A curadoria editorial é de Ana Rüsche, Drielle Alarcon, George Amaral, Hugo Maciel de Carvalho, Marília Ramos, Renata Oliveira do Prado e Vanessa Guedes.
A  primeira edição, de 2018, tem setenta páginas e traz entrevista com a acadêmica e editora Raquel Parrine, além de doze artigos e quatro resenhas. A segunda, publicada em 2019, tem cinquenta e cinco páginas, uma entrevista com os escritores Claudia Fusco e Fábio Fernandes, mais oito artigos e quatro resenhas. A terceira, de 2020, tem setenta e seis páginas e traz entrevista com o escritor e pesquisador acadêmico Tom Moylan, mais sete artigos e quatro resenhas. 
Além das edições anuais regulares, a Fantástika 451 publicou, em 2019, uma edição especial dedicada ao horror, que apresenta em suas cinquenta e duas páginas entrevistas com a tradutora Cecília Rosas e a acadêmica Ana Cláudia Aymoré Martins, cinco artigos e três resenhas. 
Como se vê, o perfil da publicação é bastante acadêmico, embora não seja patrocinada por nenhuma universidade. Talvez possamos vir a conhecer outras novas edições no futuro mas, enquanto isso, fiquemos com estas que estão todas disponíveis aqui para download gratuito, ótimas leituras para compreender melhor o papel da arte fantástica em nossos dias.

Lalo e Vésper

Um dos primeiros projetos que apoiei no Catarse foi a série de animação Lalo e Vésper: Patrulheiros galácticos. Demorou para apresentar frutos mas eles chegaram, enfim, durante a pandemia para tornar os dias de isolamento menos tediosos. Trata-se de uma série de ficção científica cômica, desenvolvida por Hugo Vera, que ficou conhecido no fandom brasileiro de fc como organizador da série de antologias Space Opera, para a Edfitora Draco. 
O episódio piloto, com cerca de nove minutos, pode ser apreciado aqui. Também está disponível um especial de Natal, ambos disponibilizados no final de 2020. Divirta-se! 

Psycho Pass

O escritor e otaku Miguel Carqueija anunciou a publicação de um guia dos vinte e dois episódios da primeira temporada da série de anime Psycho Pass, que une os gêneros ficção científica e policial. Conta a história de Tsunemori Akane, inspetora de polícia num futuro distópico em que as pessoas são constantemente vigiadas por aparelhos que medem a suas tendências para cometerem crimes. As que são consideradas homicidas em potencial podem ser executadas sumariamente pelo veredito da arma eletrônica dominator. Uma evidente mistura de Judge Dredd e Minority Report, filtrada pela lente da animação japonesa. 
O guia está disponível gratuitamente aqui.

Trens assassinos

A editora independente Nephelibata oferece em seu catálogo textos raros para quem quer conhecer o período decadentista da literatura, que antecedeu o surgimento dos gêneros fantásticos. Entre muitos títulos interessantes, está a antologia Trens assassinos, publicada em 2020, que reúne quinze contos que têm nessa tecnologia de transporte o seu eixo narrativo, a maior parte instalada no insólito.
O volume tem 176 páginas com textos de Luis Bonafoux, Marcel Schwob, Dino Buzzati, Horacio Quiroga, H. P. Lovecraft & Adolphe de Castro, Alphonse Allais, Jean Lorrain, Maurice Level, H. H. Munro, Octavie Mirbeau, Edmond Haraucourt, Claude Farrére, J. Joseph-Renaud, Guy de Maupassant e Victor Juan Guillot, todos com tradução de Camilo Prado que, não por acaso, também é o editor. Para adquirir, viste o site da editora, aqui. A tiragem é limitada. 
De brinde, aproveite para baixar o seu Calendário Pataphysco Perpétuo, uma curiosa peça que vai fazer a passagem dos seus dias tomar um rumo absolutamente invulgar. O calendário, que tem tradução de Eclair Antonio Almeida Filho, é uma publicação em parceria com a Sol Negro Edições e está disponível para download gratuito aqui.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

2021

Ainda que tenha sido lançada no final de 2020, mais exatamente no dia 14 de outubro, a antologia 2021, organizada por Edgar Franco – o Ciberpajé – e publicada pela Editora Marca de Fantasia, foi reconhecida pelos filiados ao Clube dos Leitores de Ficção Científica-CLFC como a melhor de 2021. 
O volume reúne sete contos de ficção científica inspirados nas ilustrações pós-humanísticas do organizador. Outra regra para submeter os contos foi que deveriam ter, no máximo, 2021 palavras. No mais, os escritores tiveram toda a liberdade para criar. 
Os autores presentes na obra são Edgar Smaniotto, Fábio Fernandes, Fabio Shiva, Gazy Andraus, Gian Danton, Nelson de Oliveira e Octavio Aragão. 
Disponível em formato digital, o ebook pode ser baixado gratuitamente no saite da editora, aqui.

Trasgo final

Em 2019, a Trasgo deixou de ser um periódico para se transformar numa coleção de livros digitais com contos independentes. Na oportunidade, noticiei aqui as mudanças e as três primeiras edições no novo formato: Você vai se lembrar de mim, de H. Pueyo, Figura de Deus enquanto Zínia, de Marina Paiva, e Máquina do tempo, de Luísa Montenegro. 
Dois anos depois, o editor Rodrigo van Kampen anunciaria a suspensão total das atividades editoriais da Trasgo. A nota de despedida diz que o saite iria "entrar em um hiato sem previsão para voltar", para o que o editor alegou motivos financeiros e pessoais. 
Mas, ao longo de 2020 e 2021, ainda lançou a antologia digital Strange horizons, noticiada aqui, além de  dez edições inéditas da Coleção Trasgo. São elas, em ordem de publicação: O fim dos teocidas, de Filipe Cotias, Nilsinho Pause, de Michel Peres, Marcas d'água em chão de madeira, de Natasha Avital, O último verão de Eurania, de Melissa Sá, Polícia fantasma, de Luciano Nascimento, Truque na manga, de Diego Mendonça, Por um preço adequado, de Miguel Dracul, O musgo da língua, de Iana, Gente de pouca fé, de Érica Bombardi e Sementes quechuas, de Sabrina Dalbelo. 
Todas as edições continuam disponíveis para download gratuito no saite da Trasgo, aqui, e cada uma delas conta ainda com textos de apoio para serem lidos online. Aproveite enquanto pode. 

HQ Memories

Conheci Luigi Rocco nos primeiros tempos da AQC-SP, nos anos 1980. Fizemos parte de uma chapa que, entre outras coisas, organizou os primeiros prêmios Angelo Agostini. Rocco tem, com relação aos quadrinhos, a mesma motivação que tenho com a fc&f brasileira, que é resgatar trabalhos e autores esquecidos. 
HQ Memories é justamente resultado das pesquisas profundas, com publicação de quadrinhos antigos obscuros brasileiros e estrangeiros. Foram duas edições, ambas publicadas em 2021. Cada número tem 36 páginas, capas em cores impressas em papel cartão e miolo em preto e branco em impressão perfeita. Entre os quadrinhistas resgatados, Frank Frazetta, Gedeone Malagola, Valdir Igayara, Alain Voss, Julio Shimamoto, Basil Wolverton e muito mais. 
Rocco também publicou, em 2020, o livrasso Tiras Brasileiras, pela Editora Laços, uma verdadeira enciclopédia sobre a história dos quadrinhos brasileiros publicados em jornais. Nem é preciso dizer o trabalho que isso dá, portanto é de se esperar que o livro não seja completo, uma vez que é muito difícil identificar tiras publicadas em jornais regionais e de bairros, que são centenas, senão milhares, espalhados pelo país. Mesmo assim, é uma delícia viajar pelos 363 verbetes e pelas imagens raríssimas estampadas nas 168 páginas do volume. 
E fica a expectativa por volumes complementares que certamente virão, porque Rocco é detalhista continua pesquisando, como pode atestar o blogue Tiras Memory, editado por ele. 
Todos estes materiais podem ser encomendados diretamente com o autor, pelo email luigirocco29@gmail.com. Recomendadíssimos.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Revista Avessa

A revista literária eletrônica Avessa tinha objetivo de ser "autoral, criativa e diferente", como afirmava seu subtítulo. Surgida em 2016, teve publicação contínua até o inicio de 2021 quando, em sua edição de número 25, anunciou a suspensão das atividades. 
Ao longo desse período, a Avessa investiu na publicação de poemas e contos dos mais variados temas e estilos, eventualmente flertando com a literatura de gênero que pode ser percebida entremeando os textos mainstream que formavam seu escopo principal. Contudo, pelo menos duas edições foram voltadas exclusivamente aos textos de fc&f: o número 16, de 2017, foi dedicado ao horror, e a edição 24, de 2020, foi inteiramente voltada à ficção científica no estilo hopepunk
Vale visitar o site da revista aqui, que ainda oferece todas as edições para download gratuito, incluindo, é claro, as duas citadas. 

QI 173

Primeiro número de 2022 do fanzine Quadrinhos Independentes-QI, editado por Edgard Guimarães, dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos, destacando a produção independente e os fanzines brasileiros. Como tem sido frequente em  algumas das últimas edições, a capa apresenta uma estrutura gráfica interativa irreproduzível na versão digital. Para apreciá-la, é preciso imprimir. 
A edição tem 40 páginas e traz os artigos de E. Figueiredo, Alex Sampaio, Lio Guerra Bocorny e Pedro José Rosa de Oliveira, mais os quadrinhos de Henrique Magalhães, André Carim, Luiz Iório, Luiz Claudio Lopes Faria e do editor, além de ilustrações de Manoel Dama, Mario Labate. Completam a edição as colunas "Fórum" com as cartas dos leitores, "Edições independentes" divulgando lançamentos de fanzines de novembro e dezembro de 2021, e "Mantendo contato", de Worney Almeida de Souza. 
Junto à edição, os assinantes recebem Drago, o vampiro, o cordel de doze páginas com texto de Alberto Pessoa e ilustrações soberbas de Julio Shimamoto, a ainda o quarto número da newsletter  Radioatividade, publicação da editora Atomic que tem quatro páginas com a divulgação da campanha de financiamento coletivo para o álbum Zé Gatão: Siroco, de Eduardo Schloesser, e duas belas ilustrações de Edgar Franco, o Ciberpajé (que ficaram ainda melhores em cores na versão digital). 
Exemplares impressos do QI e seus encartes podem ser adquiridos mediante assinatura. Mais informações podem ser obtidas diretamente com o editor pelo email edgard.faria.guimaraes@gmail.com. Contudo, versões digitais de todas as edições, desde o primeiro número, bem como de seus encartes, estão disponibilizadas no saite da editora Marca de Fantasia, aqui
Além disso, interessados podem também  baixar o arquivo digital da edição de estreia do histórico Psiu Quadrinhos, primeiro fanzine publicado por Guimarães em 1982. A edição tem 50 páginas e muitos quadrinhos do editor, além de textos sobre a Nona Arte que fizeram história (o artigo sobre Ken Parker é espetacular). Não deixe de prestar atenção especial à história que rola no cabeçalho das páginas.

2020 versus 2021: os números da fc&f no Brasil

Ao fechar a relação de livros de fc&f publicados no Brasil em 2021, revelou-se uma boa notícia: a queda de lançamentos que caracterizou o movimento editorial dos últimos cinco anos quase que estacionou: os números deste ano estão razoavelmente semelhantes aos de 2020. 
Entre os lançamentos inéditos de escritores brasileiros em 2020, haviam sido 87 romances, 97 coletâneas e 4 não-ficção, mais 1 livro de arte: total de 189 títulos. Em 2021, foram 91 romances, 61 coletâneas e 8 não-ficção: total de 160 títulos; uma retração de aproximadamente 15%.
Entre os lançamentos inéditos de autores estrangeiros traduzidos, haviam sido, em 2020, 154 romances, 13 coletâneas e 1 não-ficção; total de 225 títulos. Em 2021, foram 153 romances, 24 coletâneas, 3 novelizações e 6 não-ficção; total de 244 títulos, um crescimento de 8%. Somando os números nacionais e estrangeiros, foram 372 títulos em 2020 contra 346 títulos em 2021, retração de apenas 7%. Considerando-se a tragédia cultural, política e sanitária que assolou o país, até não é tão mal. 
O grande número de lançamentos de romances estrangeiros se deve à coleção Perry Rhodan, da editora SSPG, que tem publicado de noventa a cem títulos inéditos anualmente nas diversas séries da franquia. A propósito, a nota mais importante com relação ao mercado brasileiro de livros de fc&f é o fato da editora SSPG ter patrocinado, em 2021, a publicação de livros impressos, até então unicamente digitais. 
Sobre o desempenho da cena nacional, o maior tombo foi do gênero da ficção científica, que caiu de 59 romances e antologias inéditos em 2020 para 35 em 2021 (recuo de mais de 40%). A fantasia foi de 76 em 2020 para 63 em 2021 (recuo de 17%), e o horror de 49 em 2020 para 54 em 2021 (um avanço de 10%!).
A fantasia foi o gênero mais praticado, mas com uma liderança discreta, reflexo da ausência de grandes blockbusters do gênero no cinema e na tv nos últimos anos. Talvez, mais do que a ausência de grandes sucessos, a causa de um maior equilíbrio entre os gêneros seja a migração do público da tela grande para os serviços de streaming, que geram impacto menor no imaginário popular.
Uma evidência interessante em 2021 foi a queda do número de títulos ofertados exclusivamente no formato digital. Isso porque a maior parte da plataformas de autoedição estão disponibilizando também exemplares impressos por encomenda, contudo, não fazem muito mais do que isso. Não revisam, não produzem, não distribuem, não divulgam. Tudo fica por conta dos autores que têm de se virar para serem vistos e lidos. É a meritocracia em sua face mais perversa. Ainda restam algumas editoras de verdade tentando sobreviver dignamente neste ambiente tóxico, mas fica cada vez mais difícil com a concorrência desleal dessas plataformas que invertem a lógica do processo editorial. Certamente isso trará reflexos negativos para o mercado no futuro.
Outro tiro no pé são as campanhas de autofinaciamento no Catarse. Reconheço que muitos autores (e também editoras) têm garantido o leite das crianças através dessa plataforma, mas isso não está contribuindo para a criação de público e mercado. A maior parte dos livros têm poucas centenas de apoiadores que, temo, sejam sempre os mesmos. E a própria plataforma tem ficado cada vez mais inóspita para os autores trabalharem diretamente. As editoras estão tomando os espaços dos autores e, dessa forma, comprometendo a renovação. 
Como leitor, até gosto. Enquanto puder, apoiarei os projetos, mas por interesse puramente egoísta, pois tenho consciência de que isso não ajuda a restaurar o mercado editorial, pelo contrário, está minando-o ainda mais.
Vamos esperar para conferir o que 2022 tem a oferecer. 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Bang! Bangcast!

Ainda que estas referências não sejam de produção nacional, penso que sempre vale muito conhecer e acompanhar o que anda por outros lugares do mundo que não os centros produtivos de língua inglesa. Não que o material anglo-americano não interesse, ao contrário, interessa demasiado. Por isso mesmo, é importante voltar os olhos para outras regiões, em especial aquelas que também se exercitam em língua portuguesa. E a produção portuguesa é o meu primeiro interesse depois do que se faz no Brasil. 
Dentre as diversas publicações portuguesas, a mais importante atualmente é a revista Bang!, publicação corporativa da Editora Saída de Emergência editada por Luís Corte Real que, inclusive, teve duas edições no Brasil no breve período e, que a editora se instalou no país.
Trata-se de uma publicação impressa sofisticada que aborda a produção mundial de fc&f em todas as mídias, distribuída gratuitamente nas livrarias portuguesas mas também acessível através de arquivos digitais disponibilizados no saite da revista, aqui
Em 2021, a Bang! entregou dois números: o 29, em abril, e o 30, em outubro, ambos com 124 páginas ricamente ilustradas, com artigos sobre livros, cinema, música, série de tv, quadrinhos, RPGs e outros jogos, além de ficção original. 
Além disso, a Bang! inaugurou um videocast muito interessante, que já conta com diversos episódios disponíveis aqui
Quem cresceu lendo os livrinhos das coleções lusas, não poderia querer um sotaque melhor.

Eventos de fc&f para assistir online

Mora longe? Não tem dinheiro nem tempo para fazer viagens? Sente-se excluído das ações do fandom? Seus problemas acabaram!
Ao longo da pandemia, os eventos e congressos ligados aos gêneros fantásticos tiveram que se adaptar para não desaparecer, e a alternativa mais adotada foi justamente a virtualização: eventos realizados através de transmissões ao vivo pela internet. 
Esse tipo de ação não é ideal em se tratando de um congresso, mas criou um efeito secundário interessante: canais que mantém vídeos das palestras e debates disponíveis para além do evento em si. 
Um deles é o Odisseia de Literatura Fantástica, que oferece os vídeos gravados durante a realização dos congressos virtuais de 2020 e 2021.  
Outro evento de destaque é o Relampeio, festival internacional literário sobre fantasia, ficção científica e horror com participantes de vários países. O canal oferece vídeos das edições de 2020 e 2021.
A editora Companhia das Letras tem se esforçado, há alguns anos, em estabelecer um diálogo mais pessoal com os leitores através de diversas ações na internet e nas redes sociais, e aproveitou a pandemia para também montar seus próprios eventos virtuais. 
Foram realizados muitos eventos de vários assuntos durante a pandemia, sempre ligados aos livros, é claro, mas os que mais nos interessam aqui são dois, em especial. O primeiro é o Show de Horrores, dedicado a obras de terror, com mesas temáticas, concursos, sorteios e clubes de leitura. O evento acontece no final de outubro, início de novembro (época do Halloween) e teve edições em 2020 e 2021.
O segundo é festival Na Janela Quadrinhos, realizado em 2020, com encontros transmitidos pelo canal da Companhia das Letras. 
O festival contou com a participação de diversos artistas brasileiros, abertura com a quadrinhista sueca Liv Strömquist, além de homenagens à Marjane Satrapi e ao Angeli.
Então, não tem mais desculpa. Se o que você deseja é estar perto das pessoas que fazem a fc&f no Brasil e no mundo, divirta-se!

domingo, 16 de janeiro de 2022

I Prêmio Machado Darkside

Com um forte trabalho de fidelização de público, a Darkside Books, editora especializada em livros de horror, crime e dark fantasy, promoveu em 2020 o I Prêmio Machado Darkside de Literatura, Quadrinhos e Outras Narrativas, que seleciona os vencedores a partir de trabalhos inéditos inscritos exclusivamente para o certame, com distribuição de troféus, contratos e prêmios em dinheiro. 
Na primeira edição, a promoção recebeu nada menos que 5849 inscrições. E os vencedores são:
Romance: Porco de raça, Bruno Ribeiro, publicado em 2021 pela própria Darkside.
Quadrinhos: "Aurora", Rafael Calça e Diox.
Outras narrativas: "Dores do parto", Jessica Gonzatto (roteiro curta metragem).
Desenvolvimento de projetos: "Imaginários pluriversais: Narrativas representativas na ficção", Isa e Pétala Souza.
Não ficção: "O monstro no cinema", Alex Barbosa. 
Parabéns aos vencedores.

Prêmio Jabuti

O Jabuti é a mais prestigiosa premiação do ambiente editorial brasileiro. Desde 2020, a Câmara Brasileira do Livro, promotora do evento, introduziu a polêmica categoria "Literatura de Entretenimento" que, em tese, privilegia a literatura de gênero. Muita gente do ambiente da literatura fantástica não gostou do termo pois, por definição, toda literatura é de entretenimento. Além do mais, autores e editores de literatura fantástica têm pretensões para seus escritos que vão muito além do simples entretenimento. Ainda assim, vale a pena festejar a iniciativa. 
Devido à importância do prêmio, vale a pena citar, além do vencedor, todos os demais finalistas. 
62º edição (2020):
Vencedor: Uma mulher no escuro, Raphael Montes, Companhia das Letras. 
Demais Finalistas: A telepatia são os outros, Ana Rüsche, Monomito; Olhos bruxos, Eliezer Moreira, Penalux; Serpentário, Felipe Castilho, Intrínseca; Viajantes do abismo; Nikelen Witter, Avec.
63º edição (2021):
Vencedor: Corpos secos, Marcelo Ferroni, Natalia Borges Polesso, Samir Machado de Machado & Luisa Geisler, Alfaguara.
Demais finalistas: DVD: Devoção verdadeira a D., Cesar Bravo, DarkSide Books; Senciente nível 5, Carol Chiovatto, Avec; Tortura branca, Victor Bonini, Coerência; Velhos demais para morrer, Vinícius Neves Mariano, Malê.
Também é justo comemorar os prêmios entregues nesta edição aos livros Ciência no cotidiano: Viva a razão. Abaixo a ignorância!, Carlos Orsi & Natalia Pasternak, Contexto na categoria "Ciências"; e Tupinilândia, Samir Machado de Machado, Editions Métailié/Todavia, na categoria "Livro Brasileiro Publicado no Exterior". Isso porque Carlos Orsi e Samir Machado de Machado são personalidades muito conhecidas no fandom brasileiro, que merecem ser reconhecidas.
Parabéns aos vencedores.

Prêmio ABERST na pandemia

Criado em 2018, o Prêmio ABERST é uma promoção da Associação Brasileira dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror, que aponta os melhores trabalhos especificamente inscritos para o certame,  publicados pela primeira vez entre 1 de julho do ano anterior e 30 de junho do ano corrente. 
Os vencedores da edição de 2020 já foram noticiados aqui. Os de 2021 são: 
Narrativa curta de Crime – Prêmio Lúcia Machado de Almeida: Mata-Mata, Zé Wellington, Draco.
Narrativa Longa de Crime – Prêmio Rubem Fonseca: Assassinato na Rua da Ajuda, Amilton Alves, Luva.
Narrativa Curta Terror – Prêmio Lygia Fagundes Telles: Águas mortas, Jorge Alexandre Moreira, edição de autor.
Narrativa Longa Terror – Prêmio Rubens Lucchetti: Secretária de Satã, Karine Ribeiro, Rocket.
Narrativa Curta Suspense – Prêmio Stella Carr: Tr3s: Uma história em três atos, Larissa Brasil e Larissa Prado, edição de autor
Narrativa Longa Suspense – Prêmio Cláudia Lemes: Birman Flint: A maldição do czar, Sérgio Rossani, Avec.
Projeto Gráfico – Prêmio Sebastião Salgado: Assombracontos, Kiko Garcia e Roberto Beltrão, Kikomics.
Infanto-Juvenil – Prêmio Marcos Rey: Jack London e a criatura de Salmon Pond, Allana Dilene & Ana Lúcia Merege, Draco
Prêmio Gran ABERST: "Só o fogo purifica", Úrsula Antunes, Brasil macabro, Diário Macabro.
Revelação: Alysson Steimacher e Cassandra T. Eegal
Selos Destaque: Marina, Fernanda Braite; Cliente regular, Gabriela Leão; Tortura branca, Victor Bonini; Amor partido, Átila Guilherme; Crime permitido, José Rozinei da Silva; Soneterror, Eduardo Maciel.
Parabéns aos vencedores.

Prêmio Odisseia na pandemia

Criado em 2019, o Prêmio Odisseia de Literatura Fantástica é extensão do congresso de ficção fantástica Odisseia. O prêmio homenageia os favoritos de um júri composto por escritores convidados, selecionados em uma relação de obras publicadas no ano anterior especificamente inscritas para o certame.
Os escolhidos em 2020 foram:
Narrativa Longa Literatura Juvenil: Terra vazia, Otávio Definski, Metamorfose. 
Narrativa Longa Horror: O inverno do vampiro, Júlio Ricardo da Rosa, edição de autor.
Narrativa Curta Horror: "Sete cordas", Márcio Benjamin, Agouro, Escribas.
Narrativa Longa Ficção Científica: Viajantes do abismo, Nikelen Witter, Avec.
Narrativa Curta Ficção Científica: A telepatia são os outros, Ana Rüsche, Monomito.
Narrativa Longa Fantasia: Porém Bruxa, Carol Chiovatto, Avec.
Narrativa Curta Fantasia: "Jeremejevite", Cristina Pezel, Duendes, Draco.
Projeto Gráfico: O inferno é aqui, André Schuck, Coerência.
E em 2021:
Narrativa Longa Literatura Juvenil: Ubuntu 2048, Raphael Silva; Kitembo.
Narrativa Longa Horror: A outra casa, Clecius Alexandre Duran, edição de autor.
Narrativa Curta Horror: "O alinhamento das estrelas", Juliane Vicente, Lovecraft re-imaginado, Diário Macabro.
Narrativa Longa Ficção Científica: Parthenon místico; Enéias Tavares; Darkside.
Narrativa Curta Ficção Científica: Não podemos esperar, Israel Neto, Nua.
Narrativa Longa Fantasia: Guirlanda rubra, Erick Santos Cardoso, Draco.
Narrativa Curta Fantasia: Lágrimas de carne, Fernanda Castro, Damme Blanche.
Capa e Projeto Gráfico: Parthenon místico; Darkside.
Quadrinhos: A cor que caiu do espaço; Romeu Martins, Val Oliveira & Sandro Zambi, Script.
Parabéns aos vencedores.

Prêmio Le Blanc na pandemia

Criado em 2018, o Prêmio Le Blanc de Arte Sequencial, Animação e Literatura Fantástica é promovido pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro-ECO/UFRJ e pela Universidade Veiga de Almeida-UVA, e apurado em consulta popular pela internet. 
Os vencedores de 2020 já foram divulgados aqui. Os de 2021, são:
Romance: Não esqueça, Carol Façanha, Caligari.
Antologia: Terror na Amazônia, Giroto Brito, org., Parágrafo.
História em quadrinhos: Anel Cardenale: As aventuras de Fabrício Bomtempo, Christian David, Physalis.
História em quadrinhos independente: Orixás: Os nove Eguns, Alex Mir.
Série de tiras: Hotel Maravilha, Douglas Mct.
Série de animação: Qualquer filme pra mim tá ótimo, Beto Gomez e Rafa Rosa.
Animação longa metragem: Miúda e o guardachuva, Amadeu Alban.
Animação curta metragem: De onde vem os dragões?, Grace Luzzi/Zumbi Filmes.
Animação curta metragem independente: Tom, Filippe Stephens.
Portfólio: He won't hold you Jacob, Daniel Bruson.
Jogo mobile: Adore, Cadabra Games.
Parabéns aos vencedores.

Prêmios Argos na pandemia

O mais tradicional prêmio do fandom brasileiro, organizado pelo Clube dos Leitores de Ficção Científica-CLFC, reconhece os melhores trabalhos de ficção científica, fantasia e horror escritos em língua portuguesa no ano anterior, por meio de votação exclusiva dos seus associados. 
Em 2020, os vencedores foram:
Romance: Onde Kombi alguma jamais esteve, Gilson L. Cunha, edição de autor.
Conto: A mulher que chora, Gilson Luis da Cunha, edição de autor.
Antologia: Cyberpunk: Registros recuperados de futuros proibidos, Cirilo S. Lemos e Erick Cardoso, orgs., Draco.
E em 2021:
Romance: Pantokrátor, Ricardo Labuto Gondim, Editora Caligari.
Conto: "Vovó Nevasca", Ana Lúcia Merege, Simplesmente Más, Editora UICLAP, Selo Nebula.
Antologia: 2021, Ciberpajé, org., Marca de Fantasia.
Parabéns aos vencedores.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Furacão Velta

Emir Ribeiro não se permitiu abater pela pandemia e seguiu ativo nos últimos dois anos, publicando nada menos que oito novas edições da coleção Velta: Contos da super-detetive, cujo objetivo é  apresentar, em ordem cronológica, toda a saga da personagem desde suas primeiras aventuras. 
Para quem, por acaso, ainda não sabe, Velta é uma super-heroína dos quadrinhos brasileiros, criada por Ribeiro em 1972 e continuamente publicada desde então. Velta experimentou todo tipo de apresentação: começou nas tiras e suplementos de jornais, passou para os fanzines, revistas próprias, almanaques, edições especiais em cores, álbuns de luxo e até livros em formato literário. Ao longo do tempo, construiu uma cronologia complexa nem sempre fácil de entender, uma vez que a sequência com que o autor criava as histórias nem sempre combinava com aquela em que eram efetivamente publicadas. 
De forma geral, os leitores não têm dificuldades em acompanhar as aventuras, que funcionam bem isoladamente, mas o diabo mora nos detalhes e o autor não sossegou enquanto não organizou todas as histórias na ordem correta. 
As revistas são publicadas pelo próprio autor, com todo o capricho: capas cartonadas, miolo em preto e branco em papel de boa gramatura, textos históricos para contextualizar o leitor, contos, pinups e muito mais. A edição mais recente é a de número 12, publicada já em 2022. 
Ribeiro também entregou, em novembro de 2021, a edição especial Velta: Realidade alternativa, com 92 páginas e uma aventura em homenagem ao seriado Vigilante Rodoviário, um clássico da tv brasileira dos anos 1960. A edição foi viabilizada através de uma bem sucedida campanha de financiamento coletivo na internet.
Para obter estas e outras publicações da Velta é preciso entrar em contato diretamente com o autor, pelo email emir.ribeiro@gmail.com

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

QI arrasa na pandemia

Quadrinhos Independentes-QI
, fanzine editado por Edgard Guimarães dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos destacando a produção independente e os fanzines brasileiros, não deixou a peteca cair durante pandemia viral. A última edição que comentei aqui, antes de entrar em hibernação, foi o número 164, entregue em julho de 2020. Desde então, saíram mais duas edições em 2020 e seis em 2021, variando entre 28 e 40 páginas com artigos e quadrinhos, as colunas "Edições independentes" – divulgando lançamentos de fanzines – e "Mantendo contato" – noticioso assinado por Worney Almeida de Souza –, além da concorrida seção "Fórum", com as cartas dos leitores. 
O destaque nesta leva de edições é a criatividade do editor no design de capas cada vez mais interativas, fazendo uso de uma série de dispositivos gráficos interessantíssimos que vão de dobras especiais e apliques em cores até um modelo de armar, entregue junto a edição 172. Na edição 168, por exemplo, há uma filipeta, encaixada na lateral da capa, que precisa ser manipulada para se acessar o sentido da ilustração.
Os assinantes receberam ainda, encartadas nas edições impressas, exemplares de diversos fanzines especializados: Artigos sobre histórias em quadrinhos 13 e 14, Os primeiros super-heróis do mundo 2, 3 e 4, Voos n'O Tico-Tico 6 e 7, Leitores e Mercado de Quadrinhos 1, três edições de Radioatividade – newsletter da editora Atomic –, além de uma edição do fanzine Cripta, de Lincoln Nery. 
Exemplares impressos do QI e de seus encartes podem ser adquiridos mediante assinatura. Contudo, suas versões digitais são disponibilizadas pelo saite da editora Marca de Fantasia, aqui, incluindo outros fanzines exclusivamente digitais, como Brindes das revistas da EBAL (4 volumes), Imagens d'Epinal (2 volumes) e Tintin em Portugal (1 volume). 
Mais informações podem ser obtidas diretamente com o editor pelo email edgard.faria.guimaraes@gmail.com.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Mystério Retrô


Ainda que não seja propriamente uma publicação ligada a literatura fantástica, Mystério Retrô merece atenção por ser uma das poucas revistas literárias impressas do mercado. E o mistério não está assim tão distante de diversas vertentes do fantástico, além de ser uma das literaturas de gênero mais populares entre autores e leitores brasileiros. 
Editada por Tito Prates, a revista foi lançada em abril de 2020 com 140 páginas em preto e branco e uma tiragem de 400 exemplares; desde então, vem sustentando o projeto gráfico e editorial através de campanhas em plataformas de financiamento coletivo, estando prestes a entregar, já em 2022, a oitava edição aos assinantes. A periodicidade é trimestral, com três edições entregues em 2020 e quatro em 2021.
A edição de estreia, subtitulada "Os detetives", trouxe textos de Vera Carvalho Assumpção, Débora Gimenes, Vicento Hughes, Igos Morais, Claudia Lemes, Cristiane Krumenauer, A. T. Sérgio, Vitor Bonini e do próprio editor. As seguintes mantiveram o pique com pelo menos uma dúzia de contos em cada edição, entremeados por artigos sobre literatura e cinema. O destaque vai para o número 7, que foi uma edição especial de horror, com dezenove contos e dois artigos.
Para obter exemplares é preciso estar atento às campanhas no Catarse. Tem sido possível adquirir mais de uma edição por vez, ou mesmo a coleção completa. A campanha da edição 8 já está encerrada, mas vale uma visita aqui para conhecer melhor o modelo editorial da publicação.