Volta a estar disponível, para download gratuito, o número 58 do fanzine de ficção científica e horror Megalon, editado por Marcello Simão Branco, originalmente publicado em setembro de 2000.
Com capa em cores de Christina Wioch (EUA), a edição tem 40 páginas e traz uma seção especial sobre a ficção científica na França, com um extenso ensaio do pesquisador francês Jean-Claude Dunyach, acompanhados de dois artigos sobre a presença de fc francesa na internet, por Bleckbird, e sobre a fc francesa em língua portuguesa, pelo editor. Também traz ficções de Simone Saueressig, Miguel Carqueija e Gerson Lodi-Ribeiro, poema de Roberval Barcellos, quadrinhos de Edgar Franco, artigos sobre o cinema de fc, por Jorge Luiz Calife, as seções fixas "Barreiros desintegra!" e "Terras alternativas", e o um panorama da cena da fc&f no país nas seções "Diário do fandom", "Publicações recebidas", "Arte fantástica brasileira".
Um arquivo bônus complementa a imagem deste recorte historiográfico, com recortes de um interessante artigo da revista Veja sobre o escritor Henrique Flory e material de divulgação de fanzines e eventos da época.
Outro brinde para os colecionadores é mais uma a imagem da série "Pulp Brasil", com a capa da primeira edição da revista Isaac Asimov Magazine (1990), que pode ser apreciada aqui.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
Megalon 58
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Lendas brasileiras do automobilismo
Está nas bancas mais uma coleção de miniaturas de automóveis de competição: Lendas Brasileiras do Automobilismo, com carros da Fórmula 1 pilotados por brasileiros, desde os anos 1950 até hoje. A coleção prevê 60 miniaturas na escala 1:43, acompanhadas de fascículos com curiosidades e detalhes dessas supermáquinas e dos pilotos que as conduziram. Ayrton Senna, Nelson Piquet, Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Mauricio Gugelmin, Felipe Massa, Rubens Barrichello e muito outros serão lembrados,. As miniaturas são em metal e pintadas a mão com todos os detalhes, incluindo o piloto e seus uniforme e capacete.
O primeiro número traz a lendária McLaren MP4/4 com o qual Ayton Senna conquistou o primeiro campeonato mundial na categoria, em 1988, na versão vista no GP de San Marino.
Lendas Brasileiras do Automobilismo é quinzenal e é uma publicação da Eaglemoss Collections.
O primeiro número traz a lendária McLaren MP4/4 com o qual Ayton Senna conquistou o primeiro campeonato mundial na categoria, em 1988, na versão vista no GP de San Marino.
Lendas Brasileiras do Automobilismo é quinzenal e é uma publicação da Eaglemoss Collections.
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Hora amarela
É sempre bom ver quando a ficção especulativa dá saltos quânticos no Brasil para outras mídias além dos livros, e este blogue tem todo o interesse em fazer esses registros.
É o caso da peça teatral A hora amarela, versão brasileira de Through the yellow hour, escrita pelo dramaturgo norteamaricano Adam Rapp que, depois de uma temporada no Rio, está em cartaz no Sesc Bom Retiro, em São Paulo.
A montagem tem a direção de Monique Gardenberg, com interpretação dBercovicth, Monica Torres e Daniel Infantini. O texto foi traduzido por Isabel Wilker, que também faz parte do elenco.
e Deborah Evelyn, Michel
Trata-se de uma ficção científica que não tem medo de se assumir como tal, e conta a história de Ellen, uma sobrevivente que abriga refugiados no porão de um edifício em uma Nova York arrasada por uma guerra futura, enquanto espera pela volta de seu marido, desaparecido há 52 dias.
Assim como acontece em outras histórias do mesmo perfil, como o dramático romance A estrada (The road), de Cormac McCarty, a peça não se importa em explicar a guerra que devastou a Grande Maçã, antes prefere tratar das relações entre os personagens nessa situação limítrofe.
A temporada vai até 29 de março de 2015, com apresentações sextas às 20h, sábados às 19h, e domingos às 18h. O Sesc Bom Retiro fica na Alameda Nothmann, 185. Não recomendado para menores de 16 anos.
É o caso da peça teatral A hora amarela, versão brasileira de Through the yellow hour, escrita pelo dramaturgo norteamaricano Adam Rapp que, depois de uma temporada no Rio, está em cartaz no Sesc Bom Retiro, em São Paulo.
A montagem tem a direção de Monique Gardenberg, com interpretação dBercovicth, Monica Torres e Daniel Infantini. O texto foi traduzido por Isabel Wilker, que também faz parte do elenco.
e Deborah Evelyn, Michel
Trata-se de uma ficção científica que não tem medo de se assumir como tal, e conta a história de Ellen, uma sobrevivente que abriga refugiados no porão de um edifício em uma Nova York arrasada por uma guerra futura, enquanto espera pela volta de seu marido, desaparecido há 52 dias.
Assim como acontece em outras histórias do mesmo perfil, como o dramático romance A estrada (The road), de Cormac McCarty, a peça não se importa em explicar a guerra que devastou a Grande Maçã, antes prefere tratar das relações entre os personagens nessa situação limítrofe.
A temporada vai até 29 de março de 2015, com apresentações sextas às 20h, sábados às 19h, e domingos às 18h. O Sesc Bom Retiro fica na Alameda Nothmann, 185. Não recomendado para menores de 16 anos.
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Que monstro te mordeu?
Incomum é o mínimo que se pode dizer da série Que monstro te mordeu?, dirigida por Cao Hamburguer, em exibição desde novembro de 2014 nas TV Cultura e TV Ratimbum.
Conhecido pela bem sucedida série Castelo Ratimbum, Hamburguer caprichou, com um inspirado desenho de produção, belos cenários e bons efeitos especiais. Conta a história dos habitantes do Monstruoso Mundo dos Monstros, onde a jovem monstrinha Lali vive com seu pai, o cientista monstrólogo Dr. Z, e seus amigos monstros Luisa, Gorgo e Dedé. Lali, a única com aparência humana, é interpretada por Daphne Bozaski. Todos os demais personagens são construídos à base de marionetes e animação 3D.
Tudo seria perfeito por lá se, a cada episódio, não surgisse um novo monstro materializado a partir do desenho de uma criança da nossa realidade. Esses monstros novos vêm carregados de malícia, e contaminam os inocentes monstrinhos desta monstrolândia com maus comportamentos humanos, que terão de ser superados pelo grupo.
O seriado tem 50 episódios de 30 minutos, conta com outros 50 episódios produzidos especialmente para a internet, e já tem uma legião de fãs. Vale a pena conferir.
Conhecido pela bem sucedida série Castelo Ratimbum, Hamburguer caprichou, com um inspirado desenho de produção, belos cenários e bons efeitos especiais. Conta a história dos habitantes do Monstruoso Mundo dos Monstros, onde a jovem monstrinha Lali vive com seu pai, o cientista monstrólogo Dr. Z, e seus amigos monstros Luisa, Gorgo e Dedé. Lali, a única com aparência humana, é interpretada por Daphne Bozaski. Todos os demais personagens são construídos à base de marionetes e animação 3D.
Tudo seria perfeito por lá se, a cada episódio, não surgisse um novo monstro materializado a partir do desenho de uma criança da nossa realidade. Esses monstros novos vêm carregados de malícia, e contaminam os inocentes monstrinhos desta monstrolândia com maus comportamentos humanos, que terão de ser superados pelo grupo.
O seriado tem 50 episódios de 30 minutos, conta com outros 50 episódios produzidos especialmente para a internet, e já tem uma legião de fãs. Vale a pena conferir.
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
O peculiar
A Terra Velha, também conhecida como o mundo das fadas, liga-se ao mundo dos homens por portais que surgem eventual e naturalmente. Nesses episódios, homens desatentos os atravessam para ficar para sempre presos nas florestas selvagens da magia, ou fadas vêm parar aqui, onde definham por causa da magia fraca. Mas, em raríssimas vezes, surgem portais grandes o suficiente para que muitas fadas atravessem para o nosso mundo. É quando as coisas realmente ruins acontecem. Foi o que ocorreu em Bath, uma pequena aldeia próxima de Londres, na noite de 23 de setembro de algum ano no século 19. Todos os aldeões desapareceram misteriosamente e uma horda fadas selvagens começaram a causar todo tipo de problemas nos arredores. O exército interveio e uma guerra feroz aconteceu. No início, foi um massacre, mas aos poucos os homens aprenderam a subjugar as fadas e acabaram por vencê-las. Com o fim do conflito, que ficou conhecido como Guerra Sorridente, o mundo mudou. As fadas se tornaram um recurso valioso entre os homens, como fonte alternativa à tecnologia, embora esta ainda predomine na maior parte do mundo. Máquinas movidas a carvão e magia são coisas corriqueiras. Na virada do século, homens e fadas desfrutam de uma convivência quase pacífica, embora estas ainda estejam, em sua maior parte, escravizadas ou segregadas em guetos insalubres. As fadas até são toleradas, ao ponto de terem representantes no Parlamento, mas uma categoria delas é odiada pela sociedade, tanto humana quanto mágica: os peculiares, popularmente chamados de medonhos. Filhos da união entre fadas e homens, sem ser nem homens nem fadas, os peculiares são odiados e perseguidos até a morte. Por isso, ninguém ligou quando corpos ocos de peculiares jovens começaram a surgir boiando no Tâmisa.
Na periferia favelada de Bath, no Beco do Velho Corvo, os irmãos peculiares Bartholomew e Hattie Kettle moram com sua mãe humana. Seu lema de vida é "não seja notado e não será enforcado". Por isso, vivem escondidos no barraco que chamam de casa, fora das vistas de todos. Mas como a curiosidade também é um traço forte nas crianças peculiares, Barth vê quando uma linda e elegante dama num vestido cor de ameixa leva embora um de seus poucos amigos, peculiar como ele, entregue pela própria mãe a troco de alguma coisa. Mas a bisbilhotice de Barth não passou despercebida.
Em Londres, o despreocupado Sr. Jelliby segue com sua vida confortável como representante no Parlamento. Sobreviver às tediosas reuniões políticas é o principal desafio de sua vida, sendo que passa o restante de seu tempo em festas, espetáculos e bons restaurantes da metrópole. Mas o destino tem outros planos para ele e as coisas começam a acontecer muito rápido quando é obrigado, muito a contragosto, a comparecer a uma reunião social protocolar na residência do Lorde Chanceler John Wednesday Lickerish, a mais bem posicionada fada do império. Quando mais um peculiar é encontrado no Tamisa, um turbilhão de acontecimentos sinistros colocará o Sr. Jelliby ao lado do jovem Bartholomew, empurrando-os literalmente em direção ao fim do mundo.
O peculiar (The peculiar) é o romance de estreia do jovem escritor americano Stefan Bachmann, publicado em 2012 pela Harper Collins quando tinha apenas 19 anos, sendo elogiado por autores como Rick Riordan e Christopher Paolini. Bachmann nasceu em 1993, no Colorado, e vive atualmente em Zurique, na Suiça, onde estuda música, tendo composto uma trilha sonora para o livro, disponível em ThePeculiarBook. A edição brasileira veio em 2014 pelo selo Galera Junior da editora Record, com tradução de Viviane Diniz.
O romance impressiona pela concisão e boas ideias, dialogando com obras vultosas como o premiado Jonathan Strange & Mr. Norrell, de Susanna Clarke. Há um toque steampunk secundário na trama, embora seja um elemento útil em vários momentos. Também há méritos do autor na habilidade em reconstruir o ambiente britânico, algo que nem todo americano consegue tão naturalmente.
Bachmann escreveu uma sequência, The whatnot, publicado em 2013 e já anunciado pela Record com o título de Não-sei-o-quê, cujo capítulo inicial está disponível para leitura aqui.
Na periferia favelada de Bath, no Beco do Velho Corvo, os irmãos peculiares Bartholomew e Hattie Kettle moram com sua mãe humana. Seu lema de vida é "não seja notado e não será enforcado". Por isso, vivem escondidos no barraco que chamam de casa, fora das vistas de todos. Mas como a curiosidade também é um traço forte nas crianças peculiares, Barth vê quando uma linda e elegante dama num vestido cor de ameixa leva embora um de seus poucos amigos, peculiar como ele, entregue pela própria mãe a troco de alguma coisa. Mas a bisbilhotice de Barth não passou despercebida.
Em Londres, o despreocupado Sr. Jelliby segue com sua vida confortável como representante no Parlamento. Sobreviver às tediosas reuniões políticas é o principal desafio de sua vida, sendo que passa o restante de seu tempo em festas, espetáculos e bons restaurantes da metrópole. Mas o destino tem outros planos para ele e as coisas começam a acontecer muito rápido quando é obrigado, muito a contragosto, a comparecer a uma reunião social protocolar na residência do Lorde Chanceler John Wednesday Lickerish, a mais bem posicionada fada do império. Quando mais um peculiar é encontrado no Tamisa, um turbilhão de acontecimentos sinistros colocará o Sr. Jelliby ao lado do jovem Bartholomew, empurrando-os literalmente em direção ao fim do mundo.
O peculiar (The peculiar) é o romance de estreia do jovem escritor americano Stefan Bachmann, publicado em 2012 pela Harper Collins quando tinha apenas 19 anos, sendo elogiado por autores como Rick Riordan e Christopher Paolini. Bachmann nasceu em 1993, no Colorado, e vive atualmente em Zurique, na Suiça, onde estuda música, tendo composto uma trilha sonora para o livro, disponível em ThePeculiarBook. A edição brasileira veio em 2014 pelo selo Galera Junior da editora Record, com tradução de Viviane Diniz.
O romance impressiona pela concisão e boas ideias, dialogando com obras vultosas como o premiado Jonathan Strange & Mr. Norrell, de Susanna Clarke. Há um toque steampunk secundário na trama, embora seja um elemento útil em vários momentos. Também há méritos do autor na habilidade em reconstruir o ambiente britânico, algo que nem todo americano consegue tão naturalmente.
Bachmann escreveu uma sequência, The whatnot, publicado em 2013 e já anunciado pela Record com o título de Não-sei-o-quê, cujo capítulo inicial está disponível para leitura aqui.
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QI 131 e mais
Chegou aos assinantes o número 131 de Quadrinhos Independentes-QI, fanzine editado por Edgard Guimarães em Brasópolis-MG. A edição vem com 28 páginas de muito conteúdo. Além de quadrinhos de Chagas Lima e Arruda, Claudio Lopes Faria, Dennis Oliveira, Paulo Miguel dos Anjos e do próprio editor, artigos sobre plágio nos quadrinhos internacionais, sobre a série Lula e Zé Moita, de Henfil, e um necrológico do fanzineiro Waldir Dâmaso, e as seções fixas "Mistérios do colecionismo", "Mantendo contato", "Fórum" e a sempre valiosa lista "Edições independentes", com os lançamentos do bimestre. A capa é assinada por Guimarães.
Junto com a edição, os assinantes receberam como brinde o volume 2 da coleção Pequena biblioteca de histórias em quadrinhos, dedicada a apresentar um recorte da arte que o editor convencionou chamar de Quadrinhos brasileiros poéticos. A edição tem 56 páginas e reúne seis trabalhos de Ofeliano, José Angeli, Flavio Colin, Hayle Gadelha, Julio Shimamoto, Gustavo, Antonio Amaral e Watson Portela, reproduzidos a partir de suas edições originais em revistas e fanzines. A publicação é requintada, com impressão digital e capas em papel encorpado e imagens em cores.
Para obter exemplares destas publicações é necessário assinar o fanzine, ao preço módico de R$25,00 por seis edições, um custo amplamente compensado pelo material enviado, como se pode observar. Maiores informações pelo email edgard@ita.br.
Junto com a edição, os assinantes receberam como brinde o volume 2 da coleção Pequena biblioteca de histórias em quadrinhos, dedicada a apresentar um recorte da arte que o editor convencionou chamar de Quadrinhos brasileiros poéticos. A edição tem 56 páginas e reúne seis trabalhos de Ofeliano, José Angeli, Flavio Colin, Hayle Gadelha, Julio Shimamoto, Gustavo, Antonio Amaral e Watson Portela, reproduzidos a partir de suas edições originais em revistas e fanzines. A publicação é requintada, com impressão digital e capas em papel encorpado e imagens em cores.
Para obter exemplares destas publicações é necessário assinar o fanzine, ao preço módico de R$25,00 por seis edições, um custo amplamente compensado pelo material enviado, como se pode observar. Maiores informações pelo email edgard@ita.br.
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sábado, 14 de fevereiro de 2015
A casa assombrada
O apelo sinistro que um casarão antigo evoca no espírito humano é irresistível e os muitos fenômenos naturais que ocorrem nesse tipo de construção, como ruídos geralmente causados pela acomodação do madeirame, pelo vento assoviando nas frestas e por animais abrigados em suas paredes, e visões causadas pelo reconhecimento de padrões em seus detalhes barrocos, contribuem ainda mais para criar uma aura de mistério e assombro. Não é de admirar, portanto, que algumas das mais assustadores histórias de horror têm em construções assombradas os seus principais protagonistas: A assombração da casa da colina, de Shirley Jackson, A casa sobre o abismo, de William H. Hodgson, A casa das bruxas, de H. P. Lovecraft, O iluminado, de Stephen King, e O castelo de Otranto, de Horace Walpole, são apenas alguns exemplos que demonstram ser este um dos mais bem explorados filões do gênero.
O bem sucedido escritor irlandês John Boyne, que fez enorme sucesso com o premiado drama O menino do pijama listrado – também adaptado para o cinema – decidiu enveredar por esse auspicioso território em A casa assombrada (This house is haunted), romance ao estilo gótico que homenageia esse modelo narrativo, publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras com tradução de Henrique de Breia e Szolnoky.
A história conta como Eliza Caine, jovem londrina de meados do século 19, responde a um anúncio de jornal para o emprego de governanta em Gaudlin Hall, propriedade na área rural da Inglaterra, depois que, com a morte do pai, fica sem recursos de subsistência na capital. O trabalho parece adequado a ela, que tem experiência como professora de crianças, tarefa que será sua principal função nesse emprego. Contudo, muitos mistérios cercam o trabalho, a começar do momento em que Eliza desembarca do trem na pequena estação de Norfolk. A falta de informações sobre suas responsabilidades no trabalho, a ausência de seus empregadores, o estado de decadência do casarão e a estranheza das duas crianças das quais terá de cuidar, Isabella e Eustace, tornam as primeiras horas de Eliza em Gaudlin Hall numa espécie de pesadelo surreal, que não melhora em nada quando, ao deitar para sua primeira noite de sono, sente duas mãos agarrarem suas pernas sob os cobertores.
Contudo, Eliza é uma mulher decidida e resolve enfrentar toda e qualquer adversidade para cuidar das duas crianças inocentes colocadas sob sua responsabilidade. Sua busca por informações na área urbana do condado revela ser ainda mais perturbadora, pois as pessoas a hostilizam de forma evidente. A única fonte confiável de informação parece ser o advogado encarregado de administrar a propriedade, mas ele também a evita e, mesmo quando confrontado diretamente, foge do assunto. Mesmo com tantas dificuldades, agravadas por acidentes graves e bizarros que ocorrem constantemente com ela no interior do casarão, Eliza investiga a história que se esconde atrás das paredes de Gaudlin Hall, que envolve a morte de várias governantas que a antecederam no emprego, e conclui que há um fantasma na casa. Pior, há pelo menos dois.
Embora a história se passe em 1869, o texto de Boyne é moderno e não tenta emular o estilo das antigas narrativas góticas da época, o que tira parte do romantismo que geralmente envolve o gênero. Além do mais, Boyne não é um autor de horror e as poucas tentativas para assustar o leitor são leves e discretas. Cenas de suspense, nas quais um autor especializado no gênero faria o leitor se retorcer em agonia, são rápidas e derivativas, parecendo que o autor ficou com dó dos leitores e decidiu poupá-los de detalhes sórdidos. Um pouco desse efeito é causado pela narrativa em primeira pessoa, com a própria Eliza contando a história. Sendo uma mulher cética e pragmática, não dá muita importância ao sobrenatural e enfrenta os fenômenos como se fossem situações corriqueiras, ainda que mortais.
Ou seja, A casa assombrada acaba por não ser um livro de horror, mas sim um drama familiar de raízes naturalistas com um leve pendão para o espiritismo. Por sorte, o autor evitou habilmente não fazer o romance soar proselitista ou doutrinário, sendo assim uma leitura agradável e positivista, que pode ser lido sem problemas mesmo por leitores que não gostam de histórias de terror. Os fãs de Boyne estão seguros.
O bem sucedido escritor irlandês John Boyne, que fez enorme sucesso com o premiado drama O menino do pijama listrado – também adaptado para o cinema – decidiu enveredar por esse auspicioso território em A casa assombrada (This house is haunted), romance ao estilo gótico que homenageia esse modelo narrativo, publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras com tradução de Henrique de Breia e Szolnoky.
A história conta como Eliza Caine, jovem londrina de meados do século 19, responde a um anúncio de jornal para o emprego de governanta em Gaudlin Hall, propriedade na área rural da Inglaterra, depois que, com a morte do pai, fica sem recursos de subsistência na capital. O trabalho parece adequado a ela, que tem experiência como professora de crianças, tarefa que será sua principal função nesse emprego. Contudo, muitos mistérios cercam o trabalho, a começar do momento em que Eliza desembarca do trem na pequena estação de Norfolk. A falta de informações sobre suas responsabilidades no trabalho, a ausência de seus empregadores, o estado de decadência do casarão e a estranheza das duas crianças das quais terá de cuidar, Isabella e Eustace, tornam as primeiras horas de Eliza em Gaudlin Hall numa espécie de pesadelo surreal, que não melhora em nada quando, ao deitar para sua primeira noite de sono, sente duas mãos agarrarem suas pernas sob os cobertores.
Contudo, Eliza é uma mulher decidida e resolve enfrentar toda e qualquer adversidade para cuidar das duas crianças inocentes colocadas sob sua responsabilidade. Sua busca por informações na área urbana do condado revela ser ainda mais perturbadora, pois as pessoas a hostilizam de forma evidente. A única fonte confiável de informação parece ser o advogado encarregado de administrar a propriedade, mas ele também a evita e, mesmo quando confrontado diretamente, foge do assunto. Mesmo com tantas dificuldades, agravadas por acidentes graves e bizarros que ocorrem constantemente com ela no interior do casarão, Eliza investiga a história que se esconde atrás das paredes de Gaudlin Hall, que envolve a morte de várias governantas que a antecederam no emprego, e conclui que há um fantasma na casa. Pior, há pelo menos dois.
Embora a história se passe em 1869, o texto de Boyne é moderno e não tenta emular o estilo das antigas narrativas góticas da época, o que tira parte do romantismo que geralmente envolve o gênero. Além do mais, Boyne não é um autor de horror e as poucas tentativas para assustar o leitor são leves e discretas. Cenas de suspense, nas quais um autor especializado no gênero faria o leitor se retorcer em agonia, são rápidas e derivativas, parecendo que o autor ficou com dó dos leitores e decidiu poupá-los de detalhes sórdidos. Um pouco desse efeito é causado pela narrativa em primeira pessoa, com a própria Eliza contando a história. Sendo uma mulher cética e pragmática, não dá muita importância ao sobrenatural e enfrenta os fenômenos como se fossem situações corriqueiras, ainda que mortais.
Ou seja, A casa assombrada acaba por não ser um livro de horror, mas sim um drama familiar de raízes naturalistas com um leve pendão para o espiritismo. Por sorte, o autor evitou habilmente não fazer o romance soar proselitista ou doutrinário, sendo assim uma leitura agradável e positivista, que pode ser lido sem problemas mesmo por leitores que não gostam de histórias de terror. Os fãs de Boyne estão seguros.
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Black Magic 1
Black Magic: Mito e magia é o título de uma nova revista eletrônica que está circulando na internet desde o final de 2014.
Inteiramente dedicada aos contos nacionais de ficção fantástica, especialmente no gênero fantasia, como o título sugere, é editada por Charles Dias e coirmã da já conhecida Black Rocket, dedicada à ficção científica.
A edição tem 122 páginas e segue o formato de ebook, com poucas ilustrações. Traz contos de Allana Dilene, Ana Lúcia Merege, Carlos Relva, Karen Alvares, Marcia Harumi Saito, Melissa de Sá, Pedro Luna,Rodrigo van Kampen (editor da similar revista Trasgo) e Ubiratan Peleteiro, além do próprio Charles Dias. A capa é do ilustrador Nick Grey.
A revista é publicada no formato pdf, pode ser baixada gratuitamente aqui.
Inteiramente dedicada aos contos nacionais de ficção fantástica, especialmente no gênero fantasia, como o título sugere, é editada por Charles Dias e coirmã da já conhecida Black Rocket, dedicada à ficção científica.
A edição tem 122 páginas e segue o formato de ebook, com poucas ilustrações. Traz contos de Allana Dilene, Ana Lúcia Merege, Carlos Relva, Karen Alvares, Marcia Harumi Saito, Melissa de Sá, Pedro Luna,Rodrigo van Kampen (editor da similar revista Trasgo) e Ubiratan Peleteiro, além do próprio Charles Dias. A capa é do ilustrador Nick Grey.
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domingo, 8 de fevereiro de 2015
Velta 14
Está disponível a edição 14 de Velta, A super-detetive, série que está apresentando, em ordem cronológica, mais de 40 anos de histórias da gigante loura criada por Emir Ribeiro em 1970.
A edição tem 36 páginas e traz a história "A volta de Kátia", em que o alter-ego de Velta flagra seu namorado em uma relação muito comprometedora. Completam a edição mais uma galeria de pinups de admiradores da personagem, entre eles Gerson Witte, Wellington Fiúza, Evandro Molina.
A edição pode ser baixada gratuitamente aqui, numa edição do saite Rock & Quadrinhos.
A edição tem 36 páginas e traz a história "A volta de Kátia", em que o alter-ego de Velta flagra seu namorado em uma relação muito comprometedora. Completam a edição mais uma galeria de pinups de admiradores da personagem, entre eles Gerson Witte, Wellington Fiúza, Evandro Molina.
A edição pode ser baixada gratuitamente aqui, numa edição do saite Rock & Quadrinhos.
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E se?
Havia uma querela entre Isaac Asimov e Arthur C. Clarke quanto a quem escrevia melhor. Ambos tinham formação científica acadêmica, eram romancistas bem sucedidos e também ótimos autores de livros de divulgação científica. Depois de muito debate, chegaram a um acordo: Clarke era melhor romancista e o segundo melhor divulgador científico, e Asimov o melhor em ciências e o segundo melhor romancista. Apesar desse consenso particular, continuaram a fazer ambas as coisas de forma perfeita por toda a vida. Além da excelente ficção, os livros científicos de Asimov e Clarke são ótimos de ler, mesmo para quem não entende absolutamente nada de ciência, pois são claros, simples e empolgantes.
Por isso, não é pouco dizer que desde Asimov e Clarke eu não me divertia tanto com um livro científico quanto com E se? Respostas científicas para perguntas absurdas (Want if? Serious scientific answers to absurd hypotetical questions), de Randall Munroe, publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras, com tradução de Erico Assis.
Munroe é norte americano, formado em Física e já trabalhou na Nasa como construtor de robôs, mas ficou famoso como autor da tira xkcd, publicada na internet desde 2005. As histórias são feitas com personagens de palitinhos muito expressivos e abordam ciência, tecnologia, amor e humor, é claro. Seguidores apaixonados começaram a enviar perguntas de todos os tipos para Munroe, que resolveu levar isso a sério. Para respondê-las, criou o saite What if?, que também tornou-se popular e foi a base de onde se compilou o conteúdo do livro em questão.
As respostas de Munroe são detalhadas e cientificamente embasadas, ainda que as perguntas sejam absurdas. Ele desenvolve longas considerações a partir de questões como "E se todas as pessoas do mundo ficassem bem juntas e pulassem ao mesmo tempo?", ou "De que altura você teria que soltar um bife para que ele chegasse cozido ao chão?", ou ainda "Se um asteroide bem pequeno fosse superdenso, seria possível morar nele como o Pequeno Príncipe?". Não há dúvida que são perguntas que podem ter ocorrido a muita gente e algumas respostas honestas certamente vão nos fazer dormir melhor. Mas as respostas mais inspiradas do livro podem até ter resultado contrário, mesmo a partir de perguntas bem menos angustiantes, como: "E se você tentasse rebater uma bola de beisebol arremessada a 90% da velocidade da luz?", "E se você reunisse um mol de toupeiras no mesmo lugar?" ou "Quanto tempo levaria para secar os oceanos se um portal para o espaço surgisse na depressão submarina mais profunda?" As respostas são sofisticadas e muito educativas, e podem inspirar ótimas ideias.
Ao todo são 57 perguntas respondidas nas 328 páginas do livro. Contudo, há perguntas que são de tal forma insanas que nem mesmo Munroe foi capaz de responder. Elas fazem parte das seções "Perguntas bizarras e preocupantes", espalhadas em oito capítulos ao longo do livro. Nitroglicerina pura.
O volume é profusamente ilustrado com os mesmos personagens de palitinhos do xkcd, e dão um show. Sem eles, a diversão não seria a mesma.
Se você gosta de ciência e não tem medo de dar uma olhada nos segredos do universo, este é o seu livro. Mas acho importante reproduzir aqui o aviso que o autor faz estampar na primeira página:
"Não tente fazer nada disso em casa. O autor deste livro desenha quadrinhos para a internet e não é especialista nem em saúde nem em segurança. Ele gosta de ver coisas pegando fogo e explodindo – ou seja, é provável que não esteja pensando no seu bem-estar. A editora e o autor não se responsabilizam por quaisquer efeitos adversos que resultem, direta ou indiretamente, de informações contidas nesta obra".
Pensando bem, eu também não me responsabilizo. Leia por sua conta e ris(c)o.
Por isso, não é pouco dizer que desde Asimov e Clarke eu não me divertia tanto com um livro científico quanto com E se? Respostas científicas para perguntas absurdas (Want if? Serious scientific answers to absurd hypotetical questions), de Randall Munroe, publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras, com tradução de Erico Assis.
Munroe é norte americano, formado em Física e já trabalhou na Nasa como construtor de robôs, mas ficou famoso como autor da tira xkcd, publicada na internet desde 2005. As histórias são feitas com personagens de palitinhos muito expressivos e abordam ciência, tecnologia, amor e humor, é claro. Seguidores apaixonados começaram a enviar perguntas de todos os tipos para Munroe, que resolveu levar isso a sério. Para respondê-las, criou o saite What if?, que também tornou-se popular e foi a base de onde se compilou o conteúdo do livro em questão.
As respostas de Munroe são detalhadas e cientificamente embasadas, ainda que as perguntas sejam absurdas. Ele desenvolve longas considerações a partir de questões como "E se todas as pessoas do mundo ficassem bem juntas e pulassem ao mesmo tempo?", ou "De que altura você teria que soltar um bife para que ele chegasse cozido ao chão?", ou ainda "Se um asteroide bem pequeno fosse superdenso, seria possível morar nele como o Pequeno Príncipe?". Não há dúvida que são perguntas que podem ter ocorrido a muita gente e algumas respostas honestas certamente vão nos fazer dormir melhor. Mas as respostas mais inspiradas do livro podem até ter resultado contrário, mesmo a partir de perguntas bem menos angustiantes, como: "E se você tentasse rebater uma bola de beisebol arremessada a 90% da velocidade da luz?", "E se você reunisse um mol de toupeiras no mesmo lugar?" ou "Quanto tempo levaria para secar os oceanos se um portal para o espaço surgisse na depressão submarina mais profunda?" As respostas são sofisticadas e muito educativas, e podem inspirar ótimas ideias.
Ao todo são 57 perguntas respondidas nas 328 páginas do livro. Contudo, há perguntas que são de tal forma insanas que nem mesmo Munroe foi capaz de responder. Elas fazem parte das seções "Perguntas bizarras e preocupantes", espalhadas em oito capítulos ao longo do livro. Nitroglicerina pura.
O volume é profusamente ilustrado com os mesmos personagens de palitinhos do xkcd, e dão um show. Sem eles, a diversão não seria a mesma.
Se você gosta de ciência e não tem medo de dar uma olhada nos segredos do universo, este é o seu livro. Mas acho importante reproduzir aqui o aviso que o autor faz estampar na primeira página:
"Não tente fazer nada disso em casa. O autor deste livro desenha quadrinhos para a internet e não é especialista nem em saúde nem em segurança. Ele gosta de ver coisas pegando fogo e explodindo – ou seja, é provável que não esteja pensando no seu bem-estar. A editora e o autor não se responsabilizam por quaisquer efeitos adversos que resultem, direta ou indiretamente, de informações contidas nesta obra".
Pensando bem, eu também não me responsabilizo. Leia por sua conta e ris(c)o.
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