quarta-feira, 8 de junho de 2022

Meio século da Garota de Borracha

O quadrinhista paraibano Emir Ribeiro, mais conhecido pelas aventuras da super heroína Velta, tem, além dela, um grande séquito de personagens, a maior parte delas compartilhando o mesmo universo. A Garota de Borracha é uma delas que, apesar de ser uma das primeiras criações do autor, não está entre as personagens mais recorrentes na produção. 
Esta edição especial, com 36 páginas, vem reposicionar a Garota de Borracha nesse universo, marcando também os cinquenta anos da criação da heroína, sendo inteiramente dedicada a suas histórias. Mas nada de quadrinhos aqui: a revista publica quatro contos em formato literário – um deles narrando o primeiro encontro entre a Garota de Borracha e Velta –, todos devidamente enriquecidos com muitas ilustrações inéditas, de modo a não decepcionar os muitos fãs dos quadrinhos de Ribeiro.
O volume pode ser adquirido diretamente com o autor pelo email emir.ribeiro@gmail.com

sexta-feira, 3 de junho de 2022

QI 175

Está disponível uma nova edição do fanzine Quadrinhos Independentes-QI editado por Edgard Guimarães, dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos, destacando a produção independente e os fanzines brasileiros. 
A edição tem 40 páginas e traz os artigos de Lio Guerra Bocorny, Alex Sampaio, E. Figueiredo, Pedro José Rosa de Oliveira e do editor, quadrinhos Henrique Magalhães, André Carim, Luiz Iório e Guimarães. Completam a edição as colunas "Fórum" com as cartas dos leitores, "Edições independentes" divulgando lançamentos de fanzines de março e abril de 2022, e "Mantendo contato", de Worney Almeida de Souza. 
A capa da edição impressa, de autoria de Guimarães, usa um efeito gráfico que busca romper o espaço bidimensional da folha, interagindo com as páginas seguintes. A partricipação do leitor é requerida no recorte do espaço em branco. Esse tipo de recurso é comum na indústria editorial, e também era bastante utilizado nas capas de discos de vinil, mas em fanzines é raro. 
Junto à edição, os assinantes recebem o suplemento de quatro páginas O mistério do Worney, que dá continuidade a um artigo publicado na edição anterior, mais uma edição da newsletter Radioatividade da editora Atomic, o quinto fascículo da série Os primeiros super-heróis do mundo, de oito páginas, com texto de Rod Tigre sobre os personagens Arlequim e João Minhoca, e o décimo quinto fascículo da série Artigos sobre histórias em quadrinhos, de vinte páginas, com o estudo "Os editores europeus de HQ e a publicidade", de Carlos Gonçaves. 
Exemplares impressos do QI e seus encartes podem ser adquiridos mediante assinatura. Mais informações podem ser obtidas diretamente com o editor pelo email edgard.faria.guimaraes@gmail.com. Contudo, versões digitais de todas as edições, desde o primeiro número, bem como de seus encartes, estão disponibilizadas no saite da editora Marca de Fantasia, aqui

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Psiu 2

Está disponível o segundo número do histórico fanzine Psiu Quadrinhos, originalmente publicado por Edgard Guimarães em 1985. A edição tem 60 páginas e muitos quadrinhos do editor e de colaboradores, além de ótimos artigos sobre a Nona Arte.
O arquivo, em formato pdf, pode ser baixado gratuitamente aqui. O primeiro número, de 1982, também está disponível.

QI 174

Está disponível o número 174 do fanzine Quadrinhos Independentes-QI editado por Edgard Guimarães, dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos, destacando a produção independente e os fanzines brasileiros. 
A edição tem 36 páginas e traz os artigos de Pedro José Rosa de Oliveira, E. Figueiredo, Lio Guerra Bocorny, Alex Sampaio e do editor, quadrinhos Henrique Magalhães, André Carim, Luiz Iório, Manoel Dama, e Mario Labate e também de Guimarães. Completam a edição as colunas "Fórum" com as cartas dos leitores, "Edições independentes" divulgando lançamentos de fanzines de de janeiro e fevereiro de 2022, e "Mantendo contato", de Worney Almeida de Souza. 
O destaque vai para a capa da edição impressa, que requer a participação do leitor para colorir a ilustração de Manoel Dama, a partir da colagem de folhas de plástico celofane coloridas fornecidas com os exemplares.  
Junto à edição, os assinantes recebem mais uma edição da newsletter Radioatividade, com divulgação das publicações da editora Atomic e um artigo de Paulo Kobielski sobre os quadrinhos brasileiros de terror.
Também recebem o segundo fascículo da série Leitores e Mercado de Quadrinhos, no qual Daniel do Canto Oliveira Saks desenvolve, em 16 páginas, o custo dos quadrinhos para o leitor brasileiro.
Exemplares impressos do QI e seus encartes podem ser adquiridos mediante assinatura. Mais informações podem ser obtidas diretamente com o editor pelo email edgard.faria.guimaraes@gmail.com. Contudo, versões digitais de todas as edições, desde o primeiro número, bem como de seus encartes, estão disponibilizadas no saite da editora Marca de Fantasia, aqui.

terça-feira, 31 de maio de 2022

Juvenatrix 235

A edição de junho do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti, traz em suas treze páginas, a história em quadrinhos "Brasília urgente!”, de Angelo Júnior, e resenhas do editor sobre filmes de clássicos do cinema B O fabricante de monstros (1944), Night of the blood beast (1958) e O ataúde do morto-vivo (1969). Divulgação e curiosidades sobre fanzines, livros, filmes e bandas independentes de metal extremo complementam a edição. 
Cópias em formato pdf podem ser obtidas pelo email renatorosatti@yahoo.com.br

Conexão Literatura 83

Está disponível a edição de maio da revista eletrônica Conexão Literatura, editada por Ademir Pascale. 
A revista tem 131 páginas e traz contos de André Lima, Idicampos, Iraci José Marin, Luiz de Saovagão, Roberto Schima e Juliana Rabelo. E também entrevistas com Joyce Viana, Juliana Tavares, Juliana Linkes, R, C. Nugem e Roberto Salgado de Carvalho, além de poemas, crônicas, resenhas e artigos.
Conexão Literatura é uma publicação gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Juvenatrix 234

Edição de maio do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti. 
Em vinte páginas, traz oito resenhas assinadas pelo editor, sobre filmes de clássicos do cinema B O planeta das mulheres invasoras (1966), Sob o poder da maldade (1967), Octaman (1971), O moinho das mulheres de pedra (1960), O segredo do monstro (1942), O rastro do vampiro (1966), Voando para Marte (1951), e Contos do além (1972). Divulgação e curiosidades sobre fanzines, livros, filmes e bandas independentes de metal extremo complementam a edição. 
Cópias em formato pdf podem ser obtidas pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.

Conexão Literatura 82

Está disponível a edição de abril da revista eletrônica Conexão Literatura, editada por Ademir Pascale. 
A revista tem 158 páginas com contos de Roberto Schima, Daniela Merino, Daniela Valverde, Gabrielli Dias Souza, Idicampos, Iraci José Marin, Ney Alencar, Pedro Martins, Rosane Pereira da Silva, Míriam Santago e André Lima, entrevistas com Daniela Merino, Américo Moraes, George Luiz, Ivair Antônio Gomes, Joaquim Cândido de Golveia, Luigi Gabriel e Rejane Markman, além de diversos poemas, crônicas, resenhas e artigos.
Conexão Literatura é uma publicação gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.

HQ Memories 4

Está disponível o quarto número de HQ Memories, fanzine de e sobre quadrinhos editado por Luigi Rocco sob o selo Inumanos Agrupados, dedicado a resgatar trabalhos e autores esquecidos dos quadrinhos brasileiros e estrangeiros. Esta edição é especialmente voltada ao gênero da ficção científica.
A edição apresenta, em 36 páginas, quadrinhos de Zezo, Luscar, Benedito Veloso, Mauricio de Sousa, Vaughn Bodē, Edson Motta, Moacir Rodrigues Soares, Basil Wolverton, Almir Bortolassi, Jair, Fernando de Almeida e Edd Cartier. 
Outra novidade foi a inclusão de orelhas nas capas, que trazem textos de apresentação de cada obra publicada. Esses textos podem ser lidos no blogue do editor, aqui
HQ Memories pode ser encomendado diretamente com o autor, pelo email luigirocco29@gmail.com.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Zanzalá 8

Nova edição da revista Zanzalá, vinculada ao grupo de pesquisa Genecine (Grupo de Estudos sobre Gêneros Cinematográficos e Audiovisuais) sediado no Deptartamentro de Cinema do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, dedicada aos estudos de gêneros em suas múltiplas plataformas ou manifestações. 
Subtitulada Caminhos que se bifurcam: os ismos e punks na ficção especulativa brasileira, a edição tem 139 páginas com artigos e ensaios assinados por Patrick Brock, Vitor Castelões Gama, Thiago Gomes, Cláudio Rodrigues Coração, André Rodrigues de Carvalho, Bernardo Bueno, Leonardo Porto Passos, José Fornari e Roberto de Sousa Causo. Também traz links de entrevistas em vídeo hospedadas na internet, com os acadêmicos Kênia Freitas e Mariano Paz, e com o cineasta Matheus Moura, além de uma galeria do ilustrador rondonense João Queiroz, autor da imagem da capa. 
A edição pode ser baixada em fromato pdf no repositório de periódicos da universidade, aqui.

Somnium 119

Primeira publicação em 2022 deste que é o fanzine do Clube de Leitores de Ficção Científica-CLFC. A edição de 74 páginas traz apenas contos, assinados R. C. Belli, Raphael Carmesin, Michel Peres, L. C. Braga, M. Lois, Miguel Carqueija e Ubiratan Peleteiro. 
O editor, Marcelo Biguetti, se despediu da função no editorial, o que é uma péssima notícia para os leitores do fanzine pois há tempos o Somnium não experimentava a regularidade das edições produzidas por ele. Por hora, não foi anunciado o seu sucessor. 
Enquanto isso não se define, aproveite: esta e outras edições do Somnium estão disponíveis para download gratuito no saite da publicação, aqui.

Juvenatrix 233

Edição de abril do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti. Em dezesseis páginas, traz contos de Kátia Oliveira dos Santos Andrade e Maria Ferreira Dutra, resenha literária ao romance Os sete dedos da morte, de Bram Stoker, por Marcello Simão Branco, resenhas do editor aos filmes de cinema A invasão dos discos voadores (1956), O emissário de outro mundo (1957), Ilha do pavor (1957), A última mulher sobre a Terra (1960) e Vênus invade a Terra (1954), além de ilustrações de Adriano Siqueira e Maria Ferreira Dutra. Divulgação e curiosidades sobre fanzines, livros, filmes e bandas independentes de metal extremo complementam a edição. 
Cópias em formato pdf podem ser obtidas pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.

domingo, 13 de março de 2022

Realidades Alternativas

Está em ação uma nova campanha na plataforma de financiamento direto Catarse, para a viabilização de mais um periódico de literatura de horror e ficção científica. Trata-se da revista Realidades Alternativas, projeto da Editora Andarilho, que se apresenta como uma publicação mensal com cerca de cinquenta páginas contendo pelo menos quatro contos de autores clássicos – leia-se em domínio público. O texto de divulgação diz que a publicação pretende "resgatar histórias internacionais do passado e dar a elas uma nova roupagem e tradução", o que é bastante intrigante. Será que as histórias serão reescritas e atualizadas? 
Outro aspecto do projeto é a publicação de cartas-surpresa de escritores como Robert E. Howard, H. G. Wells, Mary Shelley, H. P. Lovecraft e Edgar Allan Poe, acondicionadas em envelopes especiais encartados nas revistas. A campanha funciona através de apoios recorrentes, isto é, assinaturas mensais de R$14,00, para exemplares digitais, ou R$27,00, para exemplares impressos. A edição inaugural foi prometida para abril de 2022 e a campanha já atingiu 80% da meta.
Mais informações na página do projeto, aqui.

quarta-feira, 2 de março de 2022

Redes sociais por assinatura

Além dos projetos pontuais, as plataformas de financiamento direto também oferecem projetos de financiamento recorrente, isto é, que fazem uso de assinaturas com contribuição mensal. Há diversos disponíveis, entre eles os que se voltam à literatura fantástica. São verdadeira redes sociais exclusivas, as quais apenas os assinantes têm acesso, tornando a experiência algo bem mais focalizado.
Um desses projetos, já divulgado aqui, é a Sociedade das Relíquias Literárias da Editora Wish, que oferece mensalmente a seus apoiadores ebooks com contos raros de ficção fantástica em traduções inéditas, além de edições especiais e antologias. 
Cordel Sideral é dedicado à ficção científica espacial de contornos brasilianistas. Os assinantes recebem mensalmente ebooks com histórias inéditas, além de recompensas-surpresa e participação em grupos de discussão exclusivos nas redes sociais.
Voyager é uma revista digital e mensal da Editora Rocket voltada a ficção de gênero de escopo amplo, que inclui ficção científica, horror, fantasia, crime e até erótico. As edições são exclusivas para os apoiadores e trazem contos, entrevistas, artigos e outros conteúdos de interesse. A campanha acaba de anunciar a edição 3, referente a março de 2022.
O Fantástico Clube do Livro
é um clube de leitura, organizado pela ativista cultural @bibilendo, que reúne seus apoiadores para analisar e trocar ideias sobre leituras coletivas propostas, geralmente textos de fantasia de escritoras e escritores brasileiros. Também oferece newsletters mensais, maratonas literárias, sorteios de livros e brindes, entre outras ações. 
Se sua vida nas redes sociais está cada vez mais parecida com uma "festa estranha com gente esquisita", talvez valha a pena experimentar uma destas dinâmicas.

terça-feira, 1 de março de 2022

Conexão Literatura 81

Está disponível a edição de março da revista eletrônica Conexão Literatura, editada por Ademir Pascale. 
A revista, que tem 182 páginas e inaugura um novo projeto gráfico, traz em destaque na capa os produtores de conteúdo digital Dearo e Manu, que são entrevistados a respeito da série de livros As aventuras de Mike. Outros sete escritores são entrevistados na edição, que traz também treze contos, além de diversos poemas, crônicas, resenhas e artigos.
Conexão Literatura é uma publicação gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

HQ Memories 3

Está disponível o terceiro número de HQ Memories, fanzine impresso de e sobre quadrinhos editado por Luigi Rocco e dedicado a resgatar trabalhos e autores esquecidos dos quadrinhos brasileiros e estrangeiros, com a chancela do selo Humanos Agrupados. 
A edição tem capas coloridas em cartão, 30 páginas internas em preto e branco, e apresenta tiras do lendário "Vizunga" de Favio Colin (que ilustra a capa), "Animan", de Wallace Wood, "O bosque encantado" de Joel Linck, e "Maxime, o motoqueiro", de Allain Voss, cuja página final – estampada da última capa – é colorida. 
Esta e outras edições do HQ Memories podem ser adquiridas diretamente com o editor, pelo email luigirocco29@gmail.com.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Juvenatrix 232

Edição de março do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti.  
Em suas quinze páginas, traz contos de Kátia Oliveira dos Santos Andrade e Maria Ferreira Dutra, resenha literária à coletânea Tripulação de esqueletos, de Stephen King, por Marcello Simão Branco, resenhas do editor aos filmes de cinema Day the world ended (1955), The astro-zombies (1968), The crawling eye (1958) e The brain eaters (1958), além de ilustrações de Adriano Siqueira, Maria Ferreira Dutra, Rynaldo Papoy e Kátia Oliveira dos Santos Andrade. Divulgação e curiosidades sobre fanzines, livros, filmes e bandas independentes de metal extremo complementam a edição. 
Cópias em formato pdf podem ser obtidas pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Literomancia 10

Apesar de ter anunciado a suspensão das atividades no final de 2021, a revista eletrônica Literomancia, editada Luana Nicolaiewsky e dedicada à ficção de fantasia, ficção científica, terror, suspense e policial em todas as mídias, acaba de disponibilizar sua edição número 10. 
O editorial declara que, com ela, a equipe quer agradecer aos leitores e aos colaboradores pelo apoio durante o período de publicação.
Trata-se, portanto, de uma verdadeira antologia que integraliza, num único volume de 304 páginas, todos os contos publicados nas edições anteriores. São sessenta e sete contos ao todo: dezessete de fantasia, dezessete de fc e trinta e três de horror. 
O volume pode ser baixado gratuitamente no saite da publicação, aqui. As edições anteriores que, além dos contos aqui republicados, trazem  artigos, entrevistas, resenhas, quadrinhos e galerias com ilustrações de diversos autores, também estão disponíveis. 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Eita!


Editada por Iana Araújo, André Colabelli, Lucas Rafael Ferraz e Vanessa Guedes, Eita! é mais uma revista eletrônica dedicada à ficção científica e à fantasia escrita por autores brasileiros. O que torna a Eita! diferente das outras publicações similares é ser publicada inteiramente em inglês com o objetivo divulgar a fcf brasileira entre os leitores estrangeiros.
Já foram lançadas três edições. O número zero saiu em dezembro de 2020 e trouxe textos de Isabor Quintiere, Miguel Dracul, Lais Dias, Thiago Ambrósio e Machado de Assis. O número 1 saiu em junho de 2021, com textos de Amanda Nunes Avarenga, Santiago Santos, Marina Melo, Michel Peres e Lima Barreto.O número 3 saiu em fevereiro de 2022, com textos de Frederico Toscano, Giu Yukari Murakami, Luísa Montenegro, Saren Camargo, Wilson Júnior e Thomaz Lopes. O trabalho de tradução para a língua de Shakespeare é dos próprios editores, com a colaboração de Natalle Moura.
Posso até entender os motivos que levam uma revista brasileira a esse tipo de aventura, mas certamente não compartilho deles. O mesmo foi tentado diversas vezes por editores de quadrinhos brasileiros no século passado, objetivando o poderoso mercado norte americano. Vários títulos foram publicados em inglês, tanto por artistas independentes como por editoras bem representadas comercialmente mas nenhum foi adiante e penso que o motivo, além do absoluto desinteresse do público alvo, foram as dificuldades com a tradução, que é o mais ingrato trabalho da atividade editorial. 
Ainda que a Eita! não tenha sido criada para o leitor brasileiro, o conteúdo da edição zero está disponível para leitura no saite da revista, aqui. As demais edições, contudo, precisam ser compradas.. em dólares!

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Tricerata 9

Está disponível a edição número nove da revista digital Tricerata, editada por Lucas Lorran e Maurício Coelho pela Editora Cyberus, dedicada à produção literária nacional de fc, fantasia e horror. 
Lançada em fevereiro, a revista tem trinta páginas e apresenta contos de Bruno M. Garcia, Sergio Boni e Igor Moraes. Completa a edição um artigo de Lucas Havoc Suzigan que se esforça para explicar o que vem a ser o obscuro termo "lunarpunk". 
Incomodou-me profundamente ler o seguinte parágrafo no expediente da revista: "Este número não teve revisão final, foi revisado apenas pelos próprios autores de seus respectivos textos. Caso tenha interesse em revisar voluntariamente, mande-nos um e-mail". Num fanzine isso já seria bastante comprometedor mas, numa revista com ISSN e de uma editora que publica livros comercialmente (inclusive de autores estrangeiros), é indesculpável. 
Esta e outras edições podem ser baixadas gratuitamente no saite da editora, aqui.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Planeta Lem

Em junho de 2021, o Curso de Letras Polonês (Departamento de Polonês, Alemão e Letras Clássicas), o Centro de Estudos Poloneses, Kurytybski Klub Studenta e Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPR com o Observatório Polonês da Unespar e o Clube Literário Władysław Reymont, promoveram o curso online "Planeta Lem", inteiramente dedicado a discutir a obra do escritor Stanislaw Lem.
Todos os encontros do curso foram gravados e estão disponíveis no canal da UFPR, aqui. Cada encontro aborda o autor e sua obra sob um determinado ponto de vista, sempre com a participação de acadêmicos especialistas seja em Lem, seja na língua polonesa. Também há leituras de alguns de seus textos, com especial destaque para a jóia "Como o mundo foi salvo", uma peça que certamente está entre os dez melhores contos de fc já escritos, nunca publicado em língua portuguesa.
São estes os temas e participantes dos encontros:
1- "LEMbranças de LEMberg - O Holocausto e o passado de Lwów no Stanisław Lem", com Piotr Kilanowski (UFPR)
2- "LEMofóbicos, mas sem medo de LEM (Leituras Estudantis Moderadas)". Com Adriano Fonsaca (UFPR), Fabiana Gramonski (UFPR), Dierik Leon Miranda Aguiar (UFPR), Regina Pimentel (UFPR) e Marcos Nogas (UFPR).
3- "Para aLÉM do LEM. A mente plurilíngue", com Karim Siebeneicher Brito (Unespar)
4- LEMNISCATA 1 - os infinitos de Lem", com Olga Guerizoli Kempińska (UFF) e Izabela Drozdowska-Broering (UFSC).
5- "LEMNISCATA 2 - os infinitos de Lem", com Henryk Siewierski (UnB), Rita Mara Netto de Moraes e Ivan Eidt Colling (UFPR).
Ainda que não seja mais possível obter o certificado de participação, vale a pena assistir as aulas que, certamente, formam o maior e mais detalhado estudo do autor disponível em língua portuguesa.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Os salgueiros tem campanha

A editora Clock Tower, em parceria com a editora Ex Machina, ambas especializadas em ficção de horror da era Weird, lançaram no último dia 7 de fevereiro uma campanha de financiamento coletivo para publicação da coletânea Os salgueiros e outros assombros da natureza, do escritor britânico Algernon Blackwood (1869-1951), cuja obra entrou em domínio público em 2021. 
O volume será composto por cinco novelas: "Os salgueiros" (1907), "Antigas feitiçarias" (1908), "O wendigo" (1910), "O homem que as árvores amavam" (1912) e "Descida ao Egito" (1914), com tradução de Ronaldo Gomes, Maurício Búrigo, José Geraldo Gouvêa e Bruno Costa. A introdução é assinada por J. T. Joshi, especialista na literatura desse período, e conta ainda com ilustrações exclusivas de Alexandre Teles. 
Como acontece nas campanhas desse tipo, há diversos níveis de colaboração e cada um dá direito a recompensas exclusivas como marcadores de páginas, ecobags personalizadas e outros títulos do catálogo. 
Para colaborar e garantir um exemplar, é preciso se cadastrar na plataforma de financiamento e escolher um dos pacotes oferecidos na página do projeto, aqui. A campanha vai durar sessenta dias e, a depender da superação de uma escala de metas pré-estabelecidas, o livro poderá contar mais textos além dos citados acima, tanto de pesquisadores como do próprio Blackwood.
Apoiei diversas dessas campanhas nos últimos anos e, até hoje, não fiquei decepcionado por fazê-lo. As edições da Clock Tower são muito bem feitas e é bastante difícil obter os livros depois, então aproveite a oportunidade.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Axxón 2022

Uma das mais tradicionais revistas de ficção científica latino americana, a argentina Axxón, editada por Eduardo Carletti, enfrenta dificuldades para sustentar seu acervo de mais de trezentas edições, e para isso está movendo uma campanha internacional de financiamento de modo a manter todo o gigantesco arquivo online e seguir com o trabalho de publicar novas edições. 
O site oficial da revista não tem funcionado muito bem, com páginas que não carregam e arquivos com erros, o que talvez seja efeito das dificuldades de armazenamento. Mas a página de entrada anuncia a publicação do número 303 em novembro de 2021, com ficções de Néstor Darío Figueiras & Laura Ponce (Argentina), Daniel SanMateo (México), Juan David Cruz Duarte (Colômbia) e Mike Jansen (Holanda). 
Em tempos passados, a Axxón chegou a publicar ficções de brasileiros mas, a exemplo desta edição, o conteúdo nos últimos anos tem sido principalmente de escritores de países da América Latina, o que não é nada mal, diga se passagem. Afinal, os brasileiros já lemos por aqui mesmo. Mas essa ausência revela o afastamento de dois fandons que já foram bem mais próximos, especialmente nos anos 1990, quando havia um valioso intercâmbio entre os eventos especializados organizados aqui e lá, que sempre contavam com a participação de brasileiros e argentinos. O próprio Carletti esteve no Brasil algumas vezes e, em pelo menos uma oportunidade, tive o prazer de conversar pessoalmente com ele. Havia até um projeto de se realizar uma grande convenção de fc latino-americana no Brasil, que nunca decolou devido às enormes dificuldades pelas quais ambos os países passaram, mas houve pelo menos um grande evento em 1990, a I ConSur, organizada em Buenos Aires pelo CACyF - Círculo Argentino de Ciencia Ficción y Fantasía.  
Contudo, nada está perdido. Toda a coleção da Axxón, do número zero (1989) ao 300 (2021), está disponível aqui para download nos formatos epub, mobi e pdb. Vale a pena garimpar porque, além de textos de autores castelhanos e brasileiros, há muitos de língua inglesa, incluindo clássicos de figurões do gênero e textos de grandes nomes da fc&f internacional nunca traduzidos no Brasil.
Aproveite também para visitar a Enciclopedia de la Ciencia Ficción y Fantasía Argentina, criada e organizada pela Axxón, bem como a fanpage da publicação nas redes sociais, aqui. E, se puder, colabore para manter a Axxón viva. 

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Filhos de sangue e outras histórias, Octavia E. Butler

Filhos de sangue e outras histórias
(Bloodchild and other stories)
, Octavia E. Butler. Tradução de Heci Regina Candiani. 240 páginas. São Paulo: Morro Branco, 2020.

Por muito tempo, os leitores brasileiros de ficção científica se perguntaram por que os livros de Octavia Butler não eram traduzidos no país. Acreditava-se que talvez fosse o fato da escritora não ser conhecida aqui, apesar de ter conquistado uma coleção dos principais prêmios do gênero e ter alguns contos publicados na edição brasileira da revista Isaac Asimov Magazine. Embora a maior parte dos escritores vistos na IAM também sofrerem do mesmo mal, essa nunca pareceu ser uma explicação suficiente, pois alguns tiveram chances, como Kim Stanley Robinson, Connie Willis e George R. R. Martin, por exemplo. 
Alguns dos motivos ficaram mais claros quando a editora Morro Branco lançou-se à aventura de publicar no Brasil o melhor da ficção científica e fantasia escrita por mulheres. E, entre todas elas, nenhuma é mais contundente que Octavia Butler, considerada hoje a grande dama da fc mundial. Já no primeiro título de Butler traduzido aqui, Kindred: Laços de sangue (Kindred), o motivo vem a tona de forma clara: a ficção de Butler é muito diferente daquilo que o leitor brasileiro estava acostumado a  receber. A começar pelo tema que trabalha questões de preconceito e intolerância com uma crueza dolorosa. Butler não embarca no conceito da golden age de que a ficção científica deve tratar dos problemas com positividade e universalidade, geralmente extrapolados em futuros distantes para não perturbar os homens brancos que formam o grosso do público do gênero não só no Brasil, mas em toda parte. Butler não faz concessões; sua faca está afiada e cutuca bem em cima da ferida ainda aberta. 
Desde então, Butler tornou-se a autora de fc mais publicada da Morro Branco e uma das mais traduzidas no Brasil, com oito títulos: Kindred (2017), Despertar (2108), Ritos de passagem (2019), Imago (2021), A parábola do semeador (2018), A parábola dos talentos (2019), Semente originária (2021), Elos da mente (2022), e Filhos de sangue e outras histórias (2020), que é o objeto desta resenha. 
Publicada originalmente em 1996, Filhos de sangue e outras histórias é uma coletânea de contos e ensaios que reúne boa parte da produção curta da autora. Sua republicação em 2005, com acréscimos, é a base da tradução brasileira. Portanto, a coletânea reunia, a época, toda a sua produção curta. A outra única coletânea da autora é Unexpected stories, de 2014, ainda inédita aqui. Butler confessa, no breve prefácio, que tem enorme dificuldade em trabalhar com a ficção curta e que se sente muito mais à vontade nos textos longos. 
O volume é formado por três divisões principais. A primeira, nomeada "Histórias", apresenta os cinco contos antes publicados, sendo que dois deles foram vistos na já citada versão brasileira da IAM. A segunda parte é "Dois ensaios"  e a terceira, "Novas histórias", apresenta dois contos escritos para a segunda edição da coletânea. Todos os textos são complementados por notas da autora que ajudam na contextualização e no entendimento dos problemas ali apresentados, isso quando não complicam ainda mais as coisas. 
O conto que abre a primeira seção é "Filhos de sangue", originalmente publicado em 1984, ganhador dos prêmios Hugo e Nebula. É bastante difícil resumir o contexto principal deste conto, certamente um dos mais expressivos momentos da fc em todos os tempos. Conta a história de uma família, mais precisamente de um jovem pertencente a ela, que vive em um planeta em relação de interdependência biológica com os seres dali, uma antiga raça inteligente que estava em franca decadência até que os humanos lá chegaram. Essa relação implica que os homens humanos servem como hospedeiros dos ovos alienígenas, que se desenvolvem em seu interior até eclodirem em larvas famintas. Nesse momento exato é preciso fazer a retirada das larvas, antes que elas devorem o hospedeiro de dentro para fora. Por sua vez, os alienígenas protegem os humanos das dificuldades da sobrevivência naquele ambiente hostil, alimentando-os com um tipo de leite narcótico que secretam. Apesar do horror que parece significar ser hospedeiro dos ovos alienígenas para um garoto prestes a ser incubado, especialmente depois de testemunhar um parto é extremamente sanguinolento, há uma relação de afeto profundo entre o hospedeiro e alienígena, bem como entre as famílias humanas e alienígenas que não pode ser deixada de lado.
À primeira leitura, parece uma metáfora para a escravidão, mas a própria autora diz que não foi essa a ideia. De fato, a discussão está mais vinculada ao dom da maternidade que, neste caso, cabe tanto às mulheres humanas, que geram seus próprios descendentes, quanto aos homens humanos, que incubam as futuras gerações de alienígenas. Ou seja, trata-se mesmo é de uma estranha história de amor. 
O segundo conto é "O entardecer, a manhã e a noite", de 1987. Aqui, estamos às voltas com algum tipo de doença genética altamente disseminada na população, que ataca o sistema nervoso e leva as pessoas a se mutilarem até a morte. Acompanhamos a visita de um casal à mãe de um deles, interna de uma clínica que trata de pessoas com a doença. Ambos são filhos de pessoas que tiveram a doença, o que significa que também a têm e terão de enfrentar as consequências em algum momento no futuro. A questão é: seria justo ter filhos eles mesmos nessa circunstância? Há algo de bradburyano nesta história, porém Butler deriva mais para o drama familiar do que para o horror, que geralmente caracterizava o mestre. 
O conto seguinte é "Parentes próximos", publicado em 1979. Este não é um conto de fc, mas segue alguns de seus protocolos. Trata-se de um diálogo entre uma mulher jovem e o irmão de sua mãe recentemente falecida, e a conversa vai revelar verdades ocultas que estiveram sempre à vista. Esta história me lembrou muito o conto "Entre irmãos", de José J. Veiga, mais pela situação em si, do que pelo enredo. 
"Sons de fala" é o outro texto que já havia sido traduzido na IAM brasileira, também ganhador do Hugo. Trata-se de um conto publicado originalmente em 1983, que relata os fatos dramáticos que uma jovem senhora tem de enfrentar num mundo pós-apocalíptico no qual uma pandemia emudeceu todas as pessoas. Mas não só isso: além de desprovidas de linguagem, as pessoas também perderam a capacidade de entender a escrita, de modo que a comunicação ficou absolutamente comprometida. Forçada a sair da segurança de sua casa, a mulher pega um ônibus mas uma briga acaba fazendo todos desembarcarem num lugar perigoso. Num mundo em que a civilização caiu, uma bela mulher sempre será a vítima perfeita e é assim que a história inicia. 
Histórias sobre o fim da civilização por causa de pandemias mundiais são muito comuns na fc. E sempre funcionam, porque é uma premissa muito factível, como todos podemos confirmar. A contribuição de Butler ao subgênero é centralizar a narrativa no problema do esvaziamento das palavras, que nem sempre é discutido e, mesmo quando é, passa em segundo plano, como em 1984, de George Orwell. Um conto filosófico que implica em importantes discussões a respeito do valor das palavras na sociedade.
O conto seguinte é "Atalho", de 1971, certamente um dos primeiros escritos da autora e o mais curto do volume. Também é um texto mainstream, embora pudesse perfeitamente ser ambientado num cenário distópico qualquer. Quem quiser, pode imaginar que a história se passa em algum assentamento decadente em um planetóide qualquer, nos subterrâneos de Marte ou num futuro pós apocalíptico, mas o caso é que as coisas narradas podem muito bem acontecer neste exato momento em algum lugar do mundo, porque as pessoas levam suas desgraças para qualquer parte que forem. Conta a história de uma mulher trabalhadora que tenta sobreviver num ambiente machista e preconceituoso que a vê apenas como um objeto. 
A seção de ensaios traz o artigo "Obsessão positiva", de 1989, no qual Butler oferece um relato autobiográfico de sua carreira na escrita, e "Furor scribendi", de 1993, que é uma espécie de manual e escrita, com conselhos valiosos para quem pretende se aventurar no nada maravilhoso mundo da literatura comercial. 
A seção final traz os contos "Anistia" e "O livro de Martha", escritos em 2003 para a reedição da coletânea publicada em 2005.
"Anistia" narra uma entrevista de emprego, mas não um emprego qualquer, uma vez que os contratantes são alienígenas que invadiram a Terra há algumas gerações. O planeta está agora definitivamente ocupado por duas raças inteligentes, mas tudo leva a crer que os alienígenas são os atuais donos dele, pois são mais inteligentes, mais poderosos e mais tolerantes. As comunidades humanas são até deixadas razoavelmente em paz a maior parte do tempo, mas os alienígenas precisam dele nós por vários motivos. O principal é que somos uma espécie de droga para eles, que se sentem muito bem depois de manter uma relação psíquica conosco. Para se relacionar com os humanos, os alienígenas - que são formados por comunidades de minúsculos seres sensientes - contratam tradutores, e é um deles o protagonista deste conto, na verdade uma jovem que foi abduzida quando criança e relata sua experiência para os candidatos a contratação. Esta história guarda algumas semelhanças com "Filhos de sangue". Embora o panorama e as premissas sejam bem diversas, também conta uma relação de simbiose entre humanos e alienígenas, na qual os homens tornam a vida dos alienígenas menos difícil enquanto estes impedem que nos exterminemos a nós mesmos, ainda que muitos acreditem que tenhamos esse direito. 
"O livro de Martha" é um conto curiosíssimo. Narra a discussão entre uma mulher e Deus, que O acusa de não fazer o melhor pelos homens que criou. Deus argumenta que fez o melhor em todos os aspectos, que se não parece é porque a visão da mulher é limitada. Deus então propõe que ela diga o que Ele deveria fazer para tornar o mundo melhor. Mas somente uma coisa, pois o excesso de alterações levaria a humanidade ao autoextermínio. E a proposta de mulher é um tanto inusitada.
Fecha a edição, o apêndice "Questões para discussão", com treze questões propostas nos contos para serem aprofundadas pelos leitores, o que torna o livro um material interessante para ser trabalhado em salas de aula no ensino médio e até na universidade, tal é a profundidade das questões.
Filhos de sangue e outras histórias é o livro perfeito para se iniciar nos temas e problemas da ficção de Octavia Butler, que são continuamente retomados em sua ficção longa e caudalosa, que merece ser conhecida e frequentada. 
Cesar Silva

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Conexão Literatura 80

Está disponível a edição de fevereiro da revista eletrônica Conexão Literatura, editada por Ademir Pascale. A revista tem 160 páginas traz em destaque na capa o diplomata e escritor gaúcho Bert Jr., que é entrevistado e também comparece com um poema e o curioso "Espécies esquisitas ameaçadas", ficçõ em estilo de artigo que lembra as experiências narrativas borgeanas e as crônicas ficcionais de Braulio Tavares. 
Também traz contos de Ney Alencar, Clóvis Rezende, Fernando Gimenez, Idicampos, Iraci José Marin, Míriam Santiago e Robert Schima; poemas de Wanda Rop, Denise Peres Martins Rezende, Antonio Di Bianco e Alexandra Gomes dos Santos Matos; crônicas de Mônica Palácios e artigos de Cristiane de Mesquita Alves, Gilmar Rocha Duarte, Rafael Botter, Clayton Alexandre Zocarato, Vera Lúcia Alves Mendes Paganini, Mirian Menezes de Oliveira, Fernando Luiz Chaves. E ainda, entrevistas com os escritores Aristides Corbellini, Bel Wells, Felipe Helderich, Graziela Barduco, Joaquim Cândido de Gouvêa, Juliana Fernandes, L. J. Freitas, Marcela Alves Moura, Michael Ruman, Neumar Silva, R. W. Costa e Tania Costa. 
Tanta efervescência é fruto de um inteligente esquema comercial da revista, que loteia suas páginas aos interessados em serem ali focalizados. Em tempos de desmoronamento do mercado editorial e de lógica comercial invertida - na qual os escritores são responsáveis únicos por sua própria divulgação - a revista oferece exatamente aquilo que os escritores procuram, por preços muito acessíveis. Se funciona, não sei dizer, mas a vitalidade da publicação parece afirmá-lo de modo muito evidente. 
Conexão Literatura é uma publicação gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.

domingo, 30 de janeiro de 2022

Terry Gilliam, o onírico anarquista

Em seus momentos finais, a mostra Terry Gilliam, o onírico anarquista, que aconteceu ao longo do mês de janeiro no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro com uma extensa programação, franqueou ao público um maravilhoso catálogo do evento com diversos artigos sobre o cineasta britânico que deu contribuições importantes ao imaginário fantástico contemporâneo, tais como os filmes Monty Pyton em busca do Cálice Sagrado, BrazilO mundo imaginário do Doutor Parnassus e Os 12 macacos, entre outros. 
Editado por Danilo Crespo, o catálogo é uma coletânea de artigos e ensiaos, e em suas 416 páginas conta com contribuições de Caroline Moreira Reis, Sávio Leite, Flávia Baggio, Laura Loguercio Cánepa, Sérgio Alpendre, Roberto de Sousa Causo, Luiz Carlos Oliveira Jr, Cristian Caselli, Eduardo Reginato, Carolina Moreira Reis, Carlos Primati, João Marcos Rodrigues, Beatriz Saldanha, Braulio Tavares, Alfredo Suppia, Marcelo Miranda e Lilian Tufvesson, além de um valioso acervo de imagens de bastidores das obras do autor.
Desconheço se o catálogo teve versão real, mas a virtual pode ser baixada no saite do evento, aqui
A mostra circulará também nos CCBBs de Brasília, de 22 de março a 17 de abril, e de São Paulo, de 30 de março a 25 de abril. Aproveite!

Múltiplo 63

A edição de janeiro de 2022 do fanzine eletrônico de quadrinhos Múltiplo, editado por André Carim, tem 92 páginas e traz as hqs "Franco Atirador", de Luiz Iório, "MMA Shodown", de Thiago Del Dono e Gilberto Soares, "Dementes", de Luiz Iório e "A sombra do demônio, Parte 1" de Darlei Nunez, tiras do Coelho Nero, por Vini e Omar Viñole, divulgação e resenhas sobre dezenas de lançamentos de fanzines brasileiros, por Adalberto Bernardino e Carim,  além de muitas ilustrações de Luiz Iório, Pedro Marasco e Ejhozer Evandro. A capa traz um desenho de Zilson Costa e Alanzim Emmanuel.
Múltiplo pode ser lido baixado gratuitamente aqui; edições anteriores também estão disponíveis.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Expiração, Ted Chiang

Expiração (Exhalation)
, Ted Chiang. Tradução de Braulio Tavares. 416 páginas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2021.

Expiração é uma coletânea do escritor norte-americano Ted Chiang, que chegou ao Brasil em 2021 pela editora Intrínseca, e tradução de Braulio Tavares. É o segundo título do autor, que estreou por aqui em 2016 com A história da sua vida e outros contos, coletânea de narrativas de ficção científica e fantasia, muitas delas premiadas, promovida pelo longa-metragem A chegada (Arrival), de 2016, dirigido por Denis Villeneuve, adaptando o conto título. 
Se na primeira coletânea havia o predomínio de temas ligados à religiosidade judaica, desta vez a preocupação central é o impacto da tecnologia na vida das pessoas: cada conto apresenta um novo dispositivo que altera dramaticamente as relações humanas. Houve críticos que compararam a coletânea ao seriado de tv Black Mirror porque pelo menos um dos textos dialoga bem de perto com o seriado, mas o mote principal é bem mais variado e até a religiosidade retorna em um dos contos.
A seleção traz nove textos de dimensões variadas, que vão de contos curtos a novelas; sete deles publicados anteriormente e dois inéditos, escritos para a coletânea. 
Abre a seleta a noveleta "O mercador e o portal do alquimista", vencedora dos prêmios Hugo e Nebula em 2008, primeiro publicada pela Subterranean Press em 2007 e republicada no mesmo ano pela revista Fantasy & Science Fiction. Conta uma emotiva história de viagem no tempo no ambiente das mil e uma noites: um homem descobre que é possível viajar no tempo através de um portal criado por um sábio mas, no passado ou no futuro, as alegrias e vantagens obtidas na aventura serão cobradas em algum momento.
O segundo texto é "Expiração", que empresta o nome a coletânea. O conto foi primeiro publicado em 2008 e ganhou os prêmios Hugo e BSFA no ano seguinte. Trata-se de um conto de difícil classificação, numa universo fechado na qual os seres vivos são eletromecânicos. Um cientista pesquisa o segredo da mente a partir de um fenômeno que causa um perturbador descompasso nos relógios. Nos comentários sobre os contos, Chiang relata que a inspiração para esse texto veio da leitura de "A formiga elétrica" (1969), de Philip K. Dick, mas não há aqui os elementos típicos da obra dickiana, como a paranoia e a natureza da realidade, mas o final é igualmente melancólico.
"O que se espera de nós" foi originalmente publicado em 2005, e conta os efeitos psíquicos e sociológicos advindos da invenção do preditor, um dispositivo tão simples quanto pequeno, que consiste de uma caixinha plástica com um botão e uma lâmpada de led que, não importa como seu usuário faça, a luz sempre pisca um instante antes do botão ser acionado, e somente neste caso, o que leva as pessoas a terem dúvidas se realmente existe livre-arbítrio.
O texto seguinte ganhou o Hugo e o Locus em 2011. Trata-se da novela "O ciclo de vida dos objetos de software", originalmente publicada em 2010. Conta, com muitos detalhes, o desenvolvimento de uma nova forma de inteligência artificial baseada em uma plataforma similar a de um jogo de realidade virtual, onde vivem seres fofinhos que podem crescer e aprender na interação com avatares humanos. Em alguns momentos, lembrou-me o seriado de animação Digimon, porém sem a narrativa aventureira. Trata-se de um drama sobre o reconhecimento da maturidade e dos direitos dessas criaturinhas, que passam por muito sofrimento nas mãos de seus proprietários humanos caprichosos. Não chega ao ponto de O homem bicentenário, de Isaac Asimov, mas a ideia segue mais ou menos o mesmo princípio. 
Educação também é o tema do conto seguinte, "A babá automática patenteada de Dacey", publicada originalmente em 2011. Trata-se de uma narrativa sobre o desenvolvimento de uma babá mecânica cujo objetivo é criar e educar crianças sem traumatizá-las, como geralmente ocorre com pais e mães naturais. Contudo, as coisas não progridem exatamente como seu inventor desejava. Anos depois, o filho do inventor resolve retomar a babá mecânica em um novo e polêmico experimento. Há também aqui ecos de outro conto de PKD, "Babá", de 1955, mas se houve influência o autor não diz.
"A verdade dos fatos, a verdade dos sentimentos" foi originalmente publicado em 2013. Este é o conto que mais se familiariza com Black Mirror. Conta duas histórias entrelaçadas: uma acontece em algum momento no passado, em que os exploradores europeus entraram em contato com uma comunidade autóctone que não conhecia a escrita, e como a transferência dessa tecnologia alterou a cultura desse povo. A outra narrativa fala sobre os desentendimentos entre uma jovem mãe e sua filha a partir do desenvolvimento de uma tecnologia digital conhecida como remen, um motor de busca que consegue compilar na rede mundial de computadores toda a informação sobre uma determinada pessoa e recriar em detalhes os fatos de sua vida, de forma que a memória humana passa a ser um instrumento quase obsoleto. 
"O grande silêncio" foi escrito em 2014 para uma instalação artística, e depois publicado em 2016. É o texto mais curto da coletânea e tem estilo de fábula, pois é narrado por um papagaio porto-riquenho, membro de um bando dos últimos indivíduos da sua espécie, que convive com a presença humana em seu habitat por causa do rádio-observatório de Arecibo. O papagaio sabe que sua espécie vai desaparecer, mas sua admiração e carinho pelos seres bípedes faz a narrativa assumir cores de uma sensibilidade que os humanos, na mesma circunstância, certamente não compartilhariam, assim como nunca se sensibilizaram com a destruição de centenas de espécies por sua sanha progressista. O conto tem muito a dizer a nós, brasileiros, neste momento em que se acirra a destruição de florestas e povos nativos sob patrocínio de um governo que, devemos sempre lembrar, foi eleito democraticamente.
Os textos finais foram ambos escritos em 2019, para a coletânea e chegaram a ser indicados ao Hugo. 
Em "Ônfalo", Chiang retoma o tema religioso apresentando ao leitor uma realidade em que o criacionismo foi cientificamente provado. Essas provas vieram, a princípio, dos estudos de botânica que identificaram amostras fósseis de árvores que não tinham anéis de crescimento, bem como fósseis de conchas que também não os presentavam, culminando na descoberta de múmias de homens e mulheres sem umbigos que seriam, portanto, humanos primordiais criados diretamente por Deus. É lógico, portanto, que a cosmogonia aristotélica, que tem a Terra como centro imóvel do universo, se perpetuou até os nossos dias, bem como a convicção de que o homem é o centro de toda a criação. Mas as coisas começam a complicar quando uma cientista descobre que valiosos fósseis de conchas sem anéis, pertencentes ao acervo de um importante museu, estavam sendo vendidos numa pequena loja de como souvenires turísticos. A investigação vai levá-la a descobertas desconcertantes que mudarão para sempre a percepção da natureza da criação. 
Na novela "A ânsia e a vertigem da liberdade" o dispositivo da vez é o prisma, uma espécie de tablet cuja função é colocar uma pessoa em contato com versões de si mesma em universos paralelos. No seriado de tv Fringe, produzido entre 2008 e 2013, pudemos ver um dispositivo similar inventado pelo cientista maluco que é protagonista da história. Mas Chiang foi mais longe com a ideia: cada prisma só pode se conectar com um universo específico e sua capacidade de comunicação é finita: uma vez esgotada, a conexão é interrompida para sempre; outro prisma irá necessariamente se conectar a outra realidade. 
O prisma se tornou um equipamento popular, mas seu uso intensivo trouxe riscos à saúde mental dos usuários, que passaram a desenvolver problemas emocionais graves. Como há pequenas diferenças entre as realidades, as pessoas ficam inseguras com relação às próprias decisões. 
Na história, acompanhamos uma trapaceira que está tentando convencer um desses viciados a vender o seu dispositivo pois descobriu que o aparelho está conectado a uma realidade em que o amante de um figurão, que morreu num acidente, ainda está vivo, o que torna aquele prisma num objeto muito valioso. Ela mesma, contudo, também tem seus problemas, pois carrega a culpa de, com um ato egoísta, ter lançado uma amiga numa espiral de decadência moral da qual não conseguiu sair nunca mais. Será que, em outras realidades, teria acontecido o mesmo?
Para quem leu A história de sua vida e outros contos, a leitura de Expiração pode ser um pouco frustrante por não ter os mesmos ritmo e potência literária mas, deixando de lado a comparação, que é inevitável, também é um grande livro, com vários dos contos reconhecidos pelos principais prêmios do gênero. 
O livro tem uma cadência mais lenta, mas as ideias e as reflexões são ainda mais profundas, poéticas, quase filosóficas. Num ano em que muitos bons títulos de ficção foram publicados aqui, este foi um dos mais importantes. Recomendadíssimo.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Mystério Retrô 8

Os apoiadores da revista Mystério Retrô receberam neste início de ano o seu número 8. A revista, editada por Tito Prates, é totalmente dedicada à literatura de mistério. Não que isso signifique algum tipo de restrição aos gêneros fantásticos, de forma alguma. Afinal, a fantasia, a fc e o horror podem muito bem albergar enredos de mistério, e isso, de fato, é muito mais comum do que se pode imaginar. Por esse motivo, há pesquisadores que consideram que o fantástico não é um gênero, mas um estilo narrativo, e há algum fundamento nisso. Basta ver que a ficção científica, por exemplo, pode perfeitamente ser também uma história de horror (como Alien), guerra (Forever war), espionagem (Stainless steel rat), fantasia (Star wars), policial (Blade Runner), faroeste (Outland) e assim por diante. O mesmo se pode dizer da fantasia e do terror. Por isso, não é nada estranho dar de cara com contos de fc na Mysterio Retrô, assim como era bastante comum achá-las nas revistas Meia-Noite e Ellery Queen
É o caso desta edição, que traz a fc "O biomecânico", de Thomas J. Schrege, entre os quinze contos publicados, assinados também por Débora Gimenes, Helton Lucinda Ribeiro, J. B. de Almeida, Zeh Mauricio Ferreira, Vera Carvalho Assumpção, Renato Dutra Gomes, Nilo Nobre, Oswaldo C. Almeida, Aleyde Biondo, Ricardo de Goes Correa, Luciano Reis e Maleno Maia, além dos artigos de P. H. de Aragão, Otaviano Silva e Chrystal Siqueira. 
A edição tem 132 páginas e pode ser obtida nas campanhas de financiamento coletivo. Fique de olho aqui, para não perder as oportunidades.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Coletânea Dark de Natal


No final de 2021, a editora Darkside Books presenteou seus leitores com uma coleção de nove ebooks de horror, cada um trazendo um conto de autoria de alguns dos mais expressivos escritores do gênero em atividade no Brasil. 
Sob o título de Coletânea Dark de Natal, os arquivos foram disponibilizados gratuitamente em formato pdf para o deleite daqueles que não conseguem se afastar do poderoso sentimento do medo mesmo durante as festas de fim de ano. 
Os títulos ofertados são: Manjedoura, de Verena Cavalcante, O último Natal, de Bruno Ribeiro, Tudo que é vermelho, de Paula Febbe, Casebre no brejo, de Nilsen  Azevedo, Ossinhos de Belém, de Paulo Raviere, F. Natal, de Márcio Benjamin, Natividade, de Enéias Tavares, Live de Natal, de Marco de Castro, e O maior presente de Giuseppe Ricci, de Cesar Bravo. 
Como se percebe pelos títulos, todas as histórias fazem referência ao Natal. Ainda que a data comemorativa já tenha passado, as edições continuam disponíveis para download gratuito no página da coleção, aqui.

Paciente 63

Uma coisa que sempre me anima é encontrar fc&f em formatos diferenciados. Não há como inovar muito  quando se trata de produtos editoriais e audiovisuais, pois são mídias extremamente concorridas. Mesmo com toda a criatividade, não se consegue escapar do trivial; geralmente as novidades vem na forma de estilos narrativos ou de temas incomuns, o que anda cada vez mais raro também. 
Já a dramaturgia radiofônica é um campo inabitado, totalmente aberto para inovações, no qual só me recordo da série de audiozines Hurray Mister S3!, produzida do início do século pelo escritor Rudyard C. Leão, com a dramatização de um seriado de ficção científica space opera em forma de fitas K7 e CDs. 
Paciente 63 é um estimulante projeto nessa linha radiofônica. Trata-se de uma audionovela de ficção científica que conta a história de Pedro Roiter, homem encontrado desorientado em uma via pública que, devido a sua condição delirante, é encaminhado a um hospital psiquiátrico onde passa por uma série de entrevistas terapêuticas, justamente os áudios que formam a narrativa. Pedro afirma convictamente ter vindo do ano 2062 para cumprir em nosso tempo uma missão importante que pode garantir o futuro da humanidade. Cabe a Dra. Elisa, a psiquiatra cética que o atende, distinguir entre realidade e delírio para ajudar Pedro e, talvez, garantir que humanidade tenha alguma chance.
A dramatização é protagonizada por atores experientes, ninguém menos que Seu Jorge e Mel Lisboa, enquanto que o roteiro é assinado por Julio Rojas, um dos mais aclamados roteiristas do Chile e um entusiasta da ficção científica. Rojas adaptou a história da audiossérie chilena Caso 63, também roteirizada por ele. 
Lançada em 22 de julho de 2021, Paciente 63 é apresentada em dez episódios disponíveis gratuitamente na plataforma Spotfy, aqui.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Jox e a Cidade-Base

Soube da publicação de Cidade-Base: Os invasores poucos dias antes de receber a notícia do falecimento de seu autor, o quadrinhista João Xavier de Campos, conhecido como Jox, artista experiente com passagens pelas editoras Taika e Abril e pela TV Cultura. 
Cidade-Base é uma aventura de ficção científica passada no interior do Brasil, na qual um grupo de amigos investiga um plano de invasão a Terra por alienígenas híbridos.
A edição tem 88 páginas coloridas e montadas no estilo clássico das revistas em quadrinhos, com dobra e grampos na lombada. 
Jox fez o roteiro, os desenhos e a produção gráfica, financiando ele mesmo uma tiragem de cem exemplares numa gráfica da cidade de Registro/SP, onde morava.
Jox há tempos enfrentava um tumor de próstata, luta que acabou aos 76 anos, no dia 20 de outubro de 2021. 
Não faço ideia de como obter um exemplar desta revista agora que seu autor e editor não está mais entre nós. A única referência disponível era mesmo o perfil de Jox nas redes sociais. Fica então o registro e a lembrança de mais um talento dos quadrinhos brasileiros que desapareceu sem ter obtido em vida o reconhecimento que merecia.

Histórias Extraordinárias 4

Os apoiadores receberam recentemente o quarto número da revista literária de ficção científica e horror Histórias Extraordinárias, editada por Marcus Garret, Mario Cavalcanti e Paolo Fabrizio Pugno pela editora Mundo. A edição, que tem 44 páginas no formato magazine, traz contos de Clóvis Friolani, Davi Gonzales, Gerson Lodi-Ribeiro, Pedro Martins e dos próprios editores, Garret e Cavalcanti, além de artigos de Roberto Rios e Marco Lazzeri e uma entrevista com José Roberto de Vasconcelos Costa, presidente da Associação Brasileira de Planetários. Junto a edição, os assinantes receberam um poster com a imagem da capa, arte de autoria de Andres Ramos que também assina as ilustrações internas da revista. Fiquei realmente maravilhado com os quatro cards de escritores que acompanharam o meu pedido (uma para cada edição da revista): Arthur Clarke, Isaac Asimov, H. P. Lovecraft e Ursula K. Le Guin, a única escritora citada na publicação. 
Este e outros números da revista podem ser encomendados diretamente no saite da editora, aqui

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Projeto Ítaca

Mesmo antes da Marvel Comics se apropriar dos deuses da mitologia nórdica para construir seu império midiático que capitalistas de todo mundo se lançam à tarefa de fazer fortuna com a religião dos outros. A maioria não conseguiu grandes coisas, mas outros lograram faturar algum, como o mangaká Masami Kurumada e os Cavaleiros do Zodíaco, entre outros.
Esse tipo de iniciativa é muito mais comum do que parece, o que se confirma no interessante Projeto Ítaca, blogue sobre apropriações da mitologia mundial editado por Lúcio Reis Filho. É tanta coisa que o blogue está até subdividido em seções especializadas sobre cinema, games, literatura, música, televisão e tradição oral. 
Seria interessante saber se todo esse exército de produtores realmente tem algo importante a dizer ou se é apenas exploração capitalista pura e simples. Isso porque nem todas as religiões que parecem mortas o estão de fato. As de matriz africana e as nativo-americanas, por exemplo, ainda têm muitos praticantes e como nem sempre os produtores - brasileiros e estrangeiros - têm tanta sensibilidade quanto vontade de faturar em cima, muita gente está ficando zangada. Entendo que para se encontrar uma voz própria é preciso buscar as raízes, mas não a qualquer preço. O Projeto Ítaca é sinal de que a luz amarela acendeu. 
Parabéns a Lúcio reis Filho, que teve a percepção para do fenômeno e a iniciativa de mapeá-lo. 

Juvenatrix 231

Edição de fevereiro do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti.  
Em treze páginas, Juvenatrix traz contos assinados pelo editor, ilustrações de Adriano Siqueira, Maria Ferreira Dutra e Rynaldo Papoy, e resenhas aos filmes de cinema Convenção de vampiros (1971), A verdadeira história do lobisomem (1979), O lobisomem de Washington (1973) e O castelo dos mortos vivos (1964). Divulgação e curiosidades sobre fanzines, livros, filmes e bandas independentes de metal extremo complementam a edição. 
Para solicitar uma cópia em formato pdf, envie email para renatorosatti@yahoo.com.br.

domingo, 23 de janeiro de 2022

Almanaque da Ficção Fántástica Brasileira: 2011-2020

Em 2021, retomei a publicação em formato impresso da pesquisa sobre a cena brasileira de fc&f cristalizada até 2013 no Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica. Porém, desta vez ela vem à luz pela Editora Avec sob o título de Almanaque da Ficção Fántástica Brasileira: 2011-2020
Trata-se de um trabalho de não ficção apoiada no conteúdo do blogue Almanaque da Ficção Fántástica Brasileira, reunindo resenhas, artigos e ensaios, parte deles publicados ali.
A redação do volume esteve ao cargo, além de mim, do pesquisador Marcello Simão Branco, com quem tenho o privilégio de dividir essa pesquisa desde antes o final do século. Também participam da edição os pesquisadores Roberto de Sousa Causo e Alfredo Suppia. 
O livro tem 288 páginas e faz um levantamento da produção de fc&f no Brasil ao longo da segunda década do século XX. São ali resenhados 28 livros de autores brasileiros, 31 de autores estrangeiros, sete ábuns de quadrinhos e seis produções audiovisuais que marcaram esses dez anos de produção. A edição é completada por artigos avaliativos da cena nacional, levantamentos sobre prêmios e convenções, e resenhas de quatro livros clássicos brasileiros. A produção visual é de Fabio Brust e da Memento Design, a revisão é de Kátia Regina Souza, e edição é de Artur Vecchi. 
Duas longas entrevistas com os autores foram realizadas após o lançamento do livro: a primeira aconteceu no dia 25 de setembro de 2021, pelo blogue Barraco Filosófico, e segunda em 15 de novembro, pelo blogue Fantasticursos. Ambas estão disponíveis nos respectivos links.
O livro pode ser adquirido diretamente no saite da Avec, aqui.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Fantástica Caligo

"Fantástica" é, sem dúvida, o termo mais recorrente para nomear ações no fandom brasileiro de fc&f. Já identifiquei pelo menos seis que levaram esse nome: duas coleções de livros, um evento e três revistas. 
A eles soma-se agora a revista Fantástica Caligo, publicação corporativa da Editora Caligo editada por Bia Machado, que lançou seu número zero, o único até o momento, em maio de 2021. 
A revista tem 160 páginas e propõe ser um prolongamento da produção da editora, ou seja, o foco é a publicação de ficção fantástica. A edição traz contos assinados por Pedro Cruvinel, Tânia Souza, Davenir Viganon, Maria Eduarda Amadeu, Fil Felix, Giselle Fiorini Bohn, Leo Jardim, Amana, Bruno de Andrade e Thais Lemes Pereira. 
Fantástica Caligo está disponível para venda aqui.