quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Nós não gostamos de gente

Está novamente aberta a exposição A Arte da Animação Stop Motion, que apresenta ao público a técnica empregada na produção do longa de animação Bob Cuspe: Nós não gostamos de gente, dirigido por Cesar Cabral. 
Produzida pela Coala Filmes e lançada em 2021, a produção coleciona prêmios por todo o mundo, tendo sido reconhecida nos festivais de Havana, Annecy, Ottawa, Tokio Anime, Quirino, Cinanima, entre outros
O filme conta uma história absurdista na qual as mais célebres personagens de Angeli, capitaneadas por um envelhecido Bob Cuspe, se digladiam num cenário pós apocaliptico que, na verdade, é a mente em crise criativa do velho cartunista. 
Angeli também participa da história, com cenas que reproduzem seus estúdio e residência, sendo a própria voz do artista que dubla o personagem. O filme ainda conta com participações especiais, como por exemplo a cartunista Laerte, que também empresta a voz a si mesma. Também podem ser ouvidas as vozes de Paulo Miklos, Grace Gianoukas, André Abujamra, Milhem Cortaz, Hogo Passolo, Carol Guaycuru e Beto Hora nas bocas das demais personagens. 
A exposição apresenta toda a parafernália que, por trás das câmeras, simula a magia do movimento, incluindo os bonecos articulados de todos os personagens e os cenários originais e utilizados nas filmagens. 
A exposição pode ser visitada até o dia 15 de setembro, das 14h30 às 20h30, no Cine Sesc (Rua Augusta, 2075), em São Paulo.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Lançamento: A face no abismo, A. Merritt

Clube Andarilhos é o selo de assinaturas da Editora Andarilho, inaugurado em 2022 e dedicado à publicação de ficção fantástica clássica e inédita de autores consagrados e pouco conhecidos. 
Em agosto, a coleção chegou a sua nona edição com A face no abismo (The face in the abyss), novela de 1923 do escritor americano A. Merritt (1884-1943), que sustentou sua carreira nas revistas pulp, tendo sido influenciador de autores como H. P. Lovecraft. 
A novela é o relato aterrorizante do sobrevivente de uma trágica expedição aos Andes peruanos, onde diz ter encontrado uma civilização perdida que vivia em meio a dinossauros e poderosos deuses pré-humanos.
Os livros do Clube Andarilhos têm um dos menores formatos de bolso do mercado, no tamanho A5 (um quarto de ofício), com as capas em cartão laminado e miolo em papel pólem. A face no abismo tem 200 páginas e tradução de Gustavo Terranova Aversa. 
O assinante recebe mensalmente um livro acompanhado de mimos como marcadores de páginas personalizados, placas decorativas, cartões de visita, cartões postais, livretos com contos extras etc. Mais informações no saite da editora, aqui.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

A completude da vida, Edith Wharton

 
A Sociedade das Relíquias Literárias é um projeto da Editora Wish para viabilizar a tradução e publicação em ebook de textos raros de ficção fantástica internacional, resgatando assim obras desconhecidas de autores em domínio público, quase sempre inéditas em português. 
A relíquia de agosto é a novela A completude da vida (The fullness of life), da escritora novaiorquina Edith Wharton, publicada originalmente em 1893. O volume tem 69 páginas e ocupa o número 41 da coleção.  A novela vem acompanhada de uma biografia de Wharton e sustenta o objetivo da coleção de publicar em 2023 somente textos de escritoras mulheres.
Diz o texto de apresentação: "Em uma experiência pós-morte, uma mulher reflete sobre sua vida e suas decepções. Ao conversar com o Espírito da Vida, ela é recompensada com o direito de passar a eternidade com sua verdadeira alma gêmea. Entretanto, seu marido continua vivo e ela precisa escolher com quem quer viver para sempre". A tradução é de Giulia Vasovino.
Para setembro, a Wish promete um conto de fadas de Madame Leprince de Beaumont, mesma autora do clássico A bela e a fera.
A assinatura, a partir de R$8,00 por mês, dá ao apoiador o direito de um novo ebook a cada mês, entre outras recompensas aditivas. Para fazer parte da Sociedade, basta formalizar o apoio na página do projeto, aqui.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Lançamento: O passado esquecido, Miguel Carqueija & Ronald Rahal

O passado esquecido
é uma novela de terror e mistério dos escritores Miguel Carqueija e Ronald Rahal, publicada pelos autores no início de 2023, parceria que já rendeu outros trabalhos, como a ficção distópica Prisioneiros do passado (que pode ser baixada ratuitamente aqui).
Diz o texto de divulgação de O passado esquecido: "Mariana e Clara são duas crianças normais, irmãs de nove e doze anos respectivamente, que moram com os pais e o avô. Seriam crianças despreocupadas se não houvesse um mistério caseiro a intrigá-las e assustá-las: o que havia no sótão da casa, cuja porta estava sempre fechada a cadeado? E por que os adultos se recusavam a deixar que elas fossem ao sótão ou a dizer o que havia lá? Por que esse tabu?"
A novela está disponível aqui para download gratuito, em formato de arquivo de texto.

Imagem: Haris27, Pixabay.

domingo, 27 de agosto de 2023

Resenha do Almanaque: Aliança dos povos, Helena Gomes

A caverna de cristais, Volume 2: Aliança dos povos, Helena Gomes. 592 páginas. Bauru: Idea, 2007.

Romance de fantasia heróica com conceitos de ficção científica, segundo volume de uma série cujo primeiro episódio, O arqueiro e a feiticeira, foi primeiro publicado em 2003 pela Devir Livraria.
A autora, Helena Gomes, natural de Santos (SP), é jornalista e professora universitária. Estreou com o livro Memórias da hotelaria santista (1997), não ficção em coautoria com Viviane Pereira e Laire José Giraud, e também publicou em 2006 o romance de horror Lobo Alpha (Rocco).
Aliança dos Povos divide-se em três partes, cada uma com cerca de duzentas páginas: “Herdeiro”, “Mudu-Za” e “Terceiro guerreiro”. Inicia com os jovens irmãos Gothilan e Caleb, e como eles foram tocados pelos cristais mágicos conhecidos como Parenthis. Gothilan viria se tornar um grande líder militar e espiritual, e seria traído por seu irmão. Mas isso é apenas o primeiro capítulo dessa primeira parte: a história começa mesmo milhares de anos depois, quando vivem os irmãos Thomas e Vince, reencarnações de Gothilan e Caleb que mantêm, ao longo de todo o romance, um triângulo amoroso com a garota Erin.
A Terra está praticamente desabitada, exceto por tribos isoladas vivendo em organização feudal. O reino dos protagonistas chama-se, com efeito, Britanya. Thomas e Vince têm poderes especiais, concedidos pelas parenthis e herdados de suas vidas passadas. As parenthis também permitem alguma comunicação com os bondosos seres extradimensionais chamados eloras.
Para dar combate à Mudu-Za, líder dos anjos negros conhecidos como nergals – poderosa força alienígena enfrentada no primeiro volume da série –, os três jovens vão ao planta Gaia, capital da Aliança dos Povos – uma espécie de federação interplanetária –, para encontrar o mago Tolkien, o último guardião do universo. Para isso, tomam posse de uma espaçonave abandonada, envolvem-se com piratas espaciais e, finalmente, chegam ao destino auxiliados pelos amigos de Vince, que vêm em seu resgate.
Vince sente-se em casa, pois já vivera em Gaia, mas Thomas e Erin deparam-se com uma realidade muito diferente da que conheceram em Britanya. Gaia é um planeta moderno, tecnologicamente similar à Terra dos nosso dias, porém, com espaçonaves e um governo mundial que acaba de sair de uma ditadura, mas ainda guarda aspectos de um estado policial.
A busca por Tolkien é facilitada pelos poderes das parenthis, sendo ele, na verdade, o escritor de best sellers conhecido como Nicolas Sheridan. Entretanto, o encontro não passa despercebido da polícia de Gaia que, influenciada pelos nergals, tenta eliminar tanto Tolkien quanto os jovens heróis medievais. Os garotos conseguem escapar e, acompanhados do mago escritor, fogem de Gaia num cargueiro espacial.
Durante a viagem, ficam sabendo de um iminente ataque nergal à Gaia, e decidem sacrificar sua missão principal contra Mudu-Za para trabalhar na defesa da capital da Aliança dos Povos antes que seja tarde demais. Durante a aventura, os jovens isolam-se uns dos outros, cada um acreditando que os demais estão mortos.
A segunda parte do romance conta o que acontece a cada um deles enquanto estão separados, como se lhes revelam as identidades de Mudu-Za e dos eloras, e como despertam a totalidade de seus poderes.
Na terceira parte, todos reencontram-se em Britanya, para onde a batalha contra os nergals se desloca. Ali se prepara o confronto final entre as forças sombrias de Mudu-Za e as forças do bem dos eloras, com muitos conflitos de consciência entre os personagens, traições e superação frente a forças irresistíveis.
As quase 600 páginas do romance impressionam a primeira vista. Ainda mais quando percebemos que é apenas o segundo volume de sete previstos pela autora, uma das mais ambiciosas séries da ficção fantástica brasileira.
Não há dúvida que Helena Gomes sabe escrever. Seu texto é limpo e fácil de entender, não soa grandiloquente nem infantil, situando-se adequadamente naquele agradável modelo que caracteriza a ficção fantástica juvenil. Mas a narrativa é lenta, mesmo com as incontáveis cenas de ação que a autora espalhou pela história. As batalhas são caracterizadas por uma violência caricata, com longos diálogos em que os adversários se provocam mutuamente com piadas infames e citações da cultura pop da nossa época. A autora nem tenta disfarçar as inúmeras citações e homenagens a franquias populares como Guerra nas estrelas, Galactica, Babilon 5, O senhor dos anéis e muitas outras, recurso comum entre os autores-fãs brasileiros que nos faz pensar que o futuro da humanidade não acrescentará mais nada à história da cultura popular interplanetária, com prejuízos à delicada suspensão da incredulidade na qual a ficção fantástica brasileira tem deficiências históricas. Além do mais, há um evidente discurso proselitista religioso por detrás da história. Não que isso seja um pecado mortal: muita da boa ficção fantástica mundial é proselitista, seja religiosa, seja política, eventualmente ambas. Mas esse proselitismo só é justificável quando suscita a continuidade das discussões depois da última página, como acontece com Os despossuídos (The dispossessed), de Ursula K. LeGuin, Tropas estelares (Starship troopers), de Robert Heinlein, ou Além do planeta silencioso (Out of the silent planet), de C. S. Lewis.
Para os leitores que superarem as partes mais lentas do romance, há a promessa de uma movimentada e bem articulada terceira parte, que retoma o modelo de fantasia medieval visto no primeiro volume. Os personagens ganham corpo e os seus dramas pessoais vêm à tona, com ações firmes e definitivas. Mas o cansaço cobra um alto preço: a ideia de ler mais cinco volumes para chegar ao fim dessa história não é muito animadora.*

* A Idea publicou, em 2008, o terceiro volume de A caverna dos cristais: Despertar do dragão, e, no ano seguinte, republicou o primeiro volume, O arqueiro e a feiticeira. Em 2015, a editora Rocco lançou o quarto volume, A tríade, além de A herança da bruxa (2014) e O primeiro guerreiro (2014) A adaga mágica (2015)ebooks com aventuras no mesmo universo da série.

sábado, 26 de agosto de 2023

Lançamento: O dente do iguanodonte, A. Z. Cordenonsi

O dente do iguanodonte: Uma aventura de Mary Ann Woodhouse
é o primeiro volume da série Vitorianas: Um século de aventuras, de autoria do professor André Zanki Cordenonsi, escritor radicado em Santa Maria, RS, que tem se dedicado ao subgênero da ficção científica steampunk, com diversos títulos já publicado, tais como Le Chevalier e a Exposição Universal (2015) e As crias de Hastur (2021). Também insere elementos de ficção alternativa e ficção histórica, emprestando personagens de obras clássicas e da história real, dando-lhes novas interpretações. Neste novo livro, Cordenonsi foi buscar inspiração no romance O mundo perdido (1912), de Arthur Conan Doyle, e na personagem histórica de Mary Ann Woodhouse (1795-1869), esposa do geólogo Gideon Mantell, cujo relato da descoberta do dente fossilizado é real, embora sua viagem à Amazônia não seja.
Diz o texto de divulgação: "Mary Ann Woodhouse resolve abandonar o marido após ele roubar a sua descoberta de um dente de dinossauro. Disposta a provar-se para si mesma, ela segue até Londres em busca de uma oportunidade e embarca no Barracuda em direção à Amazônia. Sua missão: procurar a expedição desaparecida do Professor Challenger. Viaje de Londres até Manaus e embarque para os recônditos mais inóspitos da floresta, seguindo a trilha de Mary Ann até o Inferno Verde. Pilote o dirigível experimental de Santos Dumont e enfrente a ira de um empresário inescrupuloso e seus assassinos. Sobreviva aos perigos de uma caverna misteriosa e maravilhe-se com os segredos da floresta virgem."
O volume está disponível aqui, unicamente em formato ebook para dispositivo Kindle.

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

A batalha do poder, Miguel Carqueija

A batalha do poder é uma novela de ficção científica bélica de autoria do escritor carioca Miguel Carqueija, escrita na década de 1970 e publicada pelo próprio autor no início de 2023, depois de passar por uma leitura crítica do também escritor Ronald Rahal, que lhe assina o prefácio. O volume ainda traz um posfácio do pesquisador Edgar Smaniotto.
Diz o próprio autor sobre a obra: "Num país e tempo imaginários, o povo sofre com um regime de tirania absoluta e cruel. Um grupo de rebeldes busca restaurar a liberdade, mas faltam as condições necessárias. Até o dia em que surge uma misteriosa heroína mascarada, que se intitula Faisão Verde, que detém o conhecimento de tecnologias revolucionárias. Todavia o governo despótico também possui armas secretas altamente destruidoras, que mexem até com as forças da natureza. Duas tecnologias bélicas diferentes irão se enfrentar. O que resultará disso?"
A novela está disponível aqui para download gratuito, em formato de arquivo de texto.
Imagem: Danieloov, Pixabay.

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Múltiplo 83

Em circulação desde 2016, o fanzine de quadrinhos de aventura Múltiplo, editado por André Carim, manteve a periodicidade em 2023 e chega ao número 83 adiantado – esta edição se refere ao mês de setembro –, o que revela a boa disposição do editor e de seus colaboradores. 
A edição tem 76 páginas e traz quadrinhos de Oscar Suyama, João Crepaldi, Gilberto Borba e Omar Viñole, além de uma entrevista com o quadrinhista Hugo Máximo, artigos sobre a nona arte e ilustrações de Estêvão Moraes, que também assina a capa.
Múltiplo 83 pode ser baixado gratuitamente aqui, mas todas as edições anteriores também estão disponíveis.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

A jornada de Arasmon, Mary de Morgan

Desde 2020, a Editora Wish mantém no Catarse o projeto Sociedade das Relíquias Literárias, uma campanha recorrente para financiar a tradução e publicação em ebook de textos raros de ficção fantástica, resgatando assim obras desconhecidas de autores em domínio público. 
A relíquia de julho de 2023, número 40 da coleção, é a novela A jornada de Arasmon (The wanderings of Arasmon), de Mary Morgan, originalmente publicada em 1880. Morgan é uma das raras mulheres de sua época a praticar o gênero dos contos de fadas; a autora que já teve a novela O colar da Princesa Fiorimond publicada com o número 23 da coleção. 
Diz o texto de apresentação: "Chrysea e Arasmon formam um casal de músicos viajantes que encanta todos os lugares por onde passa com suas vozes magníficas. Um dia, o casal chega até uma aldeia amaldiçoada por um mago e Chrysea, na tentativa de libertar a aldeia, sofre com o feitiço dos elfos. Desolado, sem saber onde está sua amada, Arasmon procurará incansavelmente por sua esposa em todo o reino tendo apenas uma encantadora harpa de ouro como companhia". A tradução é de Michele Gerhardt. 
A assinatura, a partir de R$8,00 por mês, dá ao apoiador o direito de um novo ebook a cada mês, disponível nos formatos epub, mobi e pdf. Para fazer parte da Sociedade, basta formalizar o apoio na página do projeto, aqui. Para agosto, a Wish promete a publicação de Um romance além-vida, de Edith Wharton.

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Guilty: guia de episódios

Miguel Carqueija disponibilizou em sua página no saite Recanto das Letras um guia para os onze episódios da série de japonesa Culpada (Guilty), produzida em 2010 pela Meteor Dramas, com direção de Yoshinori Kobayashi e Yasushi Ueda. É uma série live action, isto é, com atores, com Kanno Miho no papel da protagonista, além de Tamaki Hiroshi, Kichise Michiko e grande elenco.
Trata-se de uma história de suspense e mistério com um toque sobrenatural, como bem revela o subtítulo "A mulher que fez pacto com o demônio".
Diz a sinopse: "Nogami Meiko é uma jovem de pouco mais de trinta anos, há pouco saída da prisão. Quinze anos atrás ela foi considerada culpada pela morte do cunhado e do sobrinho, vítimas de uma torta envenenada que ela trouxera da confeitaria. Todavia Meiko era inocente. Agora livre ela dá início a um elaborado e perigoso jogo de vingança contra todos os homens que conspiraram, num festival de mentiras, para que ela fosse condenada e tida como uma pessoa monstruosa. Mashima Takuro, excêntrico e sorumbático detetive, começa a investigar suicídios misteriosos e descobre que todos os suicidas estão ligados ao caso Meiko. Entretanto Mashima acaba se envolvendo sentimentalmente com Meiko, provocando os ciúmes de Enomoto Mari, sua colega detetive e ex-namorada". 
O guia foi publicado em 2022 e está disponível em forma de arquivo de texto, que pode ser baixado gratuitamente aqui.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Psiu 8

O editor independente Edgard Guimarães, através do selo EGO da Editora Marca de Fantasia, lançou a oitava edição de Psiu, tradicional fanzine de quadrinhos dos anos 1980 que retornou em 2022 em formato exclusivamente digital. A publicação recupera materiais dos arquivos do editor mas nem tudo é inédito, embora sejam trabalhos antigos nunca vistos pelos leitores desta geração.
Este oitavo número tem 62 páginas e apresenta trabalhos de Luiz Iório, Lincoln Nery, Alexandre Albuquerque, Jadson José Oliveira Araújo, Alberto Benett, Ivobe Vebber e Júnior Lopes, além de trabalhos do próprio editor e algumas páginas de quadrinhos meus vistos em diversos fanzines ao longos dos anos 1990, entre eles "O poço", com roteiro de Rosevaldo Lopes. A publicação ainda resgata trabalhos de 1929 do cartunista J. Carlos, reproduzidos das capas de O Tico-Tico
Todas as edições do Psiu podem ser baixadas gratuitamente na página da EGO, inclusive os primeiros números, publicados de forma impressa nos anos 1980.

domingo, 20 de agosto de 2023

Resenha do Almanaque: Por universos nunca dantes navegados

Por universos nunca dantes navegados, Luís Filipe Silva & Jorge Candeias, orgs. 262 páginas. Lisboa: edição dos autores, 2007.

Lançamento aguardado com expectativa no fandom lusófono, desde o princípio organizado através da internet, com amplo chamamento dos dois lados do Atlântico, calçado na credibilidade de seus organizadores, Jorge Candeias, editor da revista eletrônica E-Nigma, e Luís Felipe Silva, veterano no fandom português, autor premiado e responsável pelo site de referência Tecnofantasia.
Depois de um longo período reunindo e avaliando os mais de setenta trabalhos recebidos, os editores escolheram catorze obras, sendo sete de autores portugueses e sete de brasileiros. Não parece ter sido coincidência que a antologia tenha sido assim dividida, provavelmente foi parte do projeto desde o princípio.
O volume apresenta uma característica muito positiva: a qualidade dos contos é bastante homogênea. Não há nenhum conto demasiadamente mau, embora nenhum deles se destaque.
Apresentarei, a princípio, uma rápida sinopse dos trabalhos portugueses que formam o volume, detendo-me a seguir nos trabalhos brasileiros. A ordem de entrada dos contos é a mesma aqui representada, sendo que os contos brasileiros estão intercalados aos portugueses, também na mesma ordem.
Contos portugueses:
“Resíduos sólidos urbanos”, de João Ventura: numa sociedade futura, as pessoas derrotadas são simplesmente jogadas no lixo. Mas há regras. Somente os realmente derrotados podem ser descartados, e instala-se uma crise política quando uma família resolve desfazer-se, ilegalmente, de um vovozinho ainda operacional.
“Fome de pássaro”, de Yves Robert: jovem irrefreável apaixona-se por garota desconhecida que parece ter algo a ver com a aparição fantasmagórica que flutua sobre os telhados, comandando uma revoada de pássaros.
“Littleton”, de Jorge Candeias: turista entra numa simulação virtual da época do faroeste, na qual representa um ladrão de bancos. Porém, as coisas não caminham conforme o roteiro: estranhos equipados com armas de verdade causam pânico entre os avatares do jogo, que dizem ao turista que eles são perigosos criminosos fugitivos refugiados na simulação, e que ele terá de se aguentar enquanto não se resolve um problema técnico que, durante um certo tempo, impede que ele saia do jogo em segurança.
“O pico de Hubert”, de Telmo Marçal: os destinos do assassino perfeito e da acólita de uma seita integralista cruzam-se no último refúgio da civilização depois da queda, não por acaso, uma comunidade corrupta e violenta, dominada por um chefão do crime.
“Assassinos de sobreiros”, de João Ventura: grupo paramilitar extremamente bem equipado invade uma empresa de pesquisas genéticas para assassinar árvores mutantes, mas tem de enfrentar também a equipe de segurança da empresa.
“O nevoeiro que desvendou realidades”, Sofia Vilarigues: numa ilha turística mora uma velha senhora que é uma das últimas falantes de uma língua antiga. Com ela vive seu neto, que aprende os rudimentos dessa língua, que permite dialogar com a natureza. Uma neblina misteriosa leva o jovem a se perder na mata, enquanto uma família num jeep se acidenta em algum lugar selvagem da ilha.
“Deus das Gaivotas”, Antonio e Jorge Candeias: administrador de um pesqueiro passa os dias de baixa temporada em devaneios eróticos com gaivotas. Mas essa é apenas uma história dentro de outra, na qual o autor irritado com a teimosia de seu personagem, o materializa para uma discussão cara a cara.
Contos brasileiros:
“Oberon”, de Walmir Alcântara: garotinha e sua jovem mãe separada de um marido violento, mudam-se para um apartamento de um prédio antigo. As duas são influenciadas por uma presença misteriosa que habita um dos apartamentos superiores e apenas sua vizinha, uma matrona que perdeu a filha, poderá ajudá-las a entender e aceitar seu destino. O conto é doce e simpático, mas soa como algo já lido, refletindo nitidamente as influências do autor. O final feliz arremata o conto de forma previsível.
“Para tudo se acabar na quarta-feira”, de Octavio Aragão: episódio no universo Intempol, criado pelo autor. Desta vez, os agentes da polícia do tempo estão às voltas com um grupo de traficantes do Rio de Janeiro durante o carnaval. O líder da quadrilha – plantado desde criança nessa linha temporal por uma concorrente da Intempol, com o objetivo de desenvolver agressividade e falta de caráter –, depois de um entrevero com outra gangue, vê a namorada, destaque de escola de samba, ser baleada durante o desfile. Sua busca por vingança vai revelar até onde a estratégia de treinamento deu certo. As cenas de ação são  descritas com a crueza costumeira do autor, porém a história em si não chega a parte alguma. Os personagens são todos desprezíveis e não favorecem identificação com o leitor. A história não chega a ter uma conclusão, parecendo ser introdução a uma obra maior. Há uma grande quantidade de referências e citações ao universo intempoliano, que dificulta ainda mais a interpretação dos leitores não iniciados nesse ambiente.
“Digital Éden”, de Gabriel Boz: jovem entrega-se ao vício depois que a consciência de sua namorada desapareceu num computador ilegal conhecido como Digital Éden. Acusado pela polícia de fazer parte dos contraventores e ser responsável pela morte dela, o jovem passa o tempo tomando de drogas pesadas. Sua única esperança é, um dia, poder seguir sua amada. História de desfecho pessimista que não logra ser tão dramática: o personagem inexpressivo não atrai a simpatia do leitor.
“Disse a profetisa”, Carlos Orsi: Num futuro decadente, uma sociedade teocrática cuja religião está apoiada no corpo congelado de uma viajante do passado, dois jovens irmãos conseguem manter diálogo com a consciência dessa viajante, por meio de um dispositivo eletrônico bem a propósito, que passou centenas de anos sem ter sido descoberto. A conversa abala as bases da religião oficial e acaba por derrubá-la, instalando outra no lugar. Um conto que poderia conter muitos significados, mas que não vai muito longe porque teve um tratamento demasiadamente superficial.
“A irmandade”, de Carlos Patati: várias pessoas têm seu destino modificado pela aquisição, geralmente em condições misteriosas, de um medalhão que lhes dá a capacidade de escutar vozes do presente, passado e futuro. Um a delas usa a capacidade para impedir crimes, antecipando as ações dos criminosos. Mas as coisas não saem de acordo quando ela segue um animado casalzinho numa favela, para impedir que aquele jovem traficante perpetre a maldade que pretende. Conto interessante com boa proposta temática e uma questão moral a ser interpretada pelo leitor. Entretanto, carece de uma estrutura que permita ao leitor memorizar os personagens e compreender o que está acontecendo, principalmente na primeira metade do conto que, de qualquer forma, é curto demais para abrigar a discussão que propõe.
“Ponte frágil sobre o nada”, de Maria Helena Bandeira: mulher vive com o filho cego numa sociedade teocrática que aboliu a linguagem oral (exceto entre os cegos). Repentinamente, a realidade dessa mãe começa a se confundir com outra, na qual homens falantes tentam convencê-la que toda a sua vida é uma ilusão criada pelos sacerdotes. A consciência da mulher salta de uma realidade para outra, sem que ela consiga decidir qual delas é a verdadeira, ganhando contornos ainda mais dramáticos por conta do destino da criança cega, que passa a ter a sua existência questionada. A introdução do conto é interessante, mas  tem desenvolvimento previsível e um desfecho inconclusivo.
“Xochiquetzal  em Cuzco: Uma princesa asteca no reino dos incas”, de Gerson Lodi-Ribeiro, assinando como Carla Cristina Pereira: sequência às narrativas da princesa asteca Xochiquetzal, casada com o navegante português Vasco da Gama numa realidade em que as civilizações nativo-americanos não foram dizimados pelos espanhóis e tornaram-se vassalas de um grande império intercontinental sob o domínio de Portugal. Depois de arrasar a cidade de Calicute, a esquadra de Vasco da Gama parte em direção à América para arrasar outras paragens. Invencível e cruel, a frota lusitana só conhece um meio de negociação: o bombardeio de saturação. Assim, depois de descobrir um novo caminho entre o Pacífico e o Atlântico, ao sul da África, e de batalhar rapidamente contra uma frota espanhola, Vasco e seus almirantes vão à Cuzco bombardear as forças de um novo imperador que, acredita-se, não pretende manter o império inca alinhado à Portugal. A história não tem um estilo narrativo coerente. As vezes, assume o formato de romance, com diálogos voluptuosos, noutras adota o formato de relato de viagem, o que é mais natural uma vez que trata-se de um testemunhal. Porém, a relatora fictícia demonstra um distanciamento displicente dos fatos, como no relato da façanha de dobrar o Cabo das Tormentas, por exemplo. Num momento, com a frota ainda ao largo das ruínas fumegantes de Calicute, os almirantes debatem os grandes riscos de se aventurarem através de um caminho desconhecido que já tirou a vida de muitos navegantes audazes. No momento seguinte, a frota já está no Atlântico, sem maiores delongas. Como personagem, a relatora é praticamente imaterial, sem qualquer função dramática. Lodi-Ribeiro propõe que os atos fictícios de Vasco da Gama seriam mais honrosos que os de Pizarro na história real pois, apesar de igualmente cruéis e violentíssimos, não assumem o caráter genocida que caracterizou as ações civilizatórias sob responsabilidade dos espanhóis. Mesmo não sendo exatamente uma ficção longa, é a maior peça da antologia, com 38 páginas. Mas parece bem mais, pois sua legibilidade é cansativa e incômoda, por conta da grande volume de palavras ilegíveis retiradas das línguas nativo-americanas, tão invasivas que distanciam o leitor. Pelo menos no meu caso, tive de desistir de ler esses termos exóticos para conseguir chegar ao final do conto.
Como é possível perceber, os autores não se incomodaram em seguir a sugestão implícita no título Por universos nunca dantes navegados (que pode até ter sido criado depois de montado o volume): vários contos são sequências de histórias já vistas em outras antologias e mesmo os mais originais entre eles têm um certo ar de já visto. A promessa do título não é, portanto, cumprida. Mas isso não invalida o meritório esforço dos editores que, movidos tão somente pelo prazer da realização, viabilizaram mais uma das raras antologias lusófonas editadas em Portugal, belamente produzida pela lulu.com, um serviço internacional de tiragens por demanda.

sábado, 19 de agosto de 2023

Abusões 21

Em circulação desde 2015, chega ao 21º número a revista virtual Abusões, publicada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e editada pelos professores Flavio García , Júlio França e Regina Michelli. Trata-se de um periódico acadêmico dedicado ao estudo da ficção gótica, fantástica e insólita de modo geral. 
Esta edição tem 401 páginas e apresenta o dossiê "As escritoras latino-americanas e o Insólito Ficcional", que reúne catorze artigos que abordam a obra das autoras Silvina Ocampo, Maria Fernanda Ampuero, Mariana Enriquez, Lygia Fagundes Telles, Conceição Evaristo, Lia Neiva, Elena Garro, Júlia Lopes de Almeida, Marina Colasanti e Raymunda Torres y Quiroga, além de uma entrevista com a jovem escritora brasileira Roberta Spindler, autora dos romances A torre acima do véu (Giz, 2014) e Heróis de Novigrath (Suma, 2018). 
Participam da produção os pesquisadores Raul da Rocha Colaço, Daiane de Moura Rodrigues, Lilian Lima Gonçalves dos Prazeres, Helenice Farias de Brito Silva, Giovanna Suleiman das Dores, Fernanda da Cunha Correia, Laís Gerotto de Freitas Valentim, Tânia Mara Antonietti Lopes, Caio Vitor marques miranda, Ana Lúcia Trevisan, Jucélia de Oliveira Martins, Alexander Meireles da Silva, Natália Pereira Martins, Luiz Manoel da Silva Oliveira, Joaz Silva de Melo, Luciana Mazzutti, Raquel da Silva Ortega, Maria de Fátima Albuquerque, Felipe Krul Bettiol, Diógenes Buenos Aires de Carvalho, Érica Sousa Torres, Daniele Ap. Pereira Zaratin, Rodrigo de Freitas Faqueri, Alexandre da Silva Carvalho e Daniele Ap. Pereira Zaratin. 
Abusões pode ser lida online ou baixada gratuitamente aqui.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

HQ Memories 12

HQ Memories
é um fanzine de e sobre quadrinhos editado pelo cartunista Luigi Rocco sob a chancela do selo Inumanos Agrupados, dedicado a resgatar trabalhos e autores esquecidos dos quadrinhos brasileiros e estrangeiros.
Esta edição, lançada em agosto de 2023, apresenta em suas indefectíveis 36 páginas os quadrinhos "Tupã, o guri atômico", de Minami Keize – considerado o primeiro mangá feito no Brasil –, "The East Village Other", do americano Vaughn Bodé, "Satã, o príncipe das trevas" de Otoni Gali Rosa, "...para o bem de São Paulo" de Fernando Correia da Silva e Álvaro de Moya, e "Walkie e Talkie: O ladrão de monumentos" dos italianos Pezin e Cavazzano. Na capa, uma versão "adulta" de Sebastião Seabra para Tupãzinho, criado pro Keize. Detalhes de cada trabalho apresentado podem ser conferidos no blogue da publicação, aqui.
HQ Memories pode ser encomendado diretamente com o autor, pelo email luigirocco29@gmail.com.

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Conexão 98

Está disponível a edição de agosto do periódico eletrônico Conexão Literatura, editado por Ademir Pascale, dedicado à divulgação e publicidade de novos autores e obras da literatura brasileira. 
A edição tem 130 páginas e destaca em entrevista o trabalho de Ricardo Monteiro Lobato, bisneto do mestre da literatura brasileira Monteiro Lobato, que, em parceria com Andréia Sanchez, publicou em 2022 o livro infantil Emília e Visconde em Nosso amigo João de Barro, primeiro de uma coleção do selo independente Viva Lobato.
Também traz contos de Ney Alencar, Idicampos, Iraci Marin, Mónica Palacios, B. B. Jenitez, Roberto Schima e do próprio editor, além de entrevistas com artistas, poemas, crônicas, resenhas e artigos de assuntos variados.
A revista tem distribuição gratuita e esta edição pode ser baixada aqui. Números anteriores também estão disponíveis.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Lançamento: Segunda trilogia de Guerra do velho

Guerra do velho
é uma premiada série de romances de ficção científica de autoria do escritor americano John Scalzi, cujos primeiros três volumes, Guerra do velho (2016), As Brigadas Fantasmas (2017) e A última colônia (2019), foram publicados no Brasil pela editora Aleph, com tradução de Petê Rissatti. O enredo base é assim descrito na divulgação: "A humanidade finalmente chegou à era das viagens interestelares. A má notícia é que há poucos planetas habitáveis disponíveis – e muitos alienígenas lutando por eles. Para proteger a Terra e também conquistar novos territórios, a raça humana conta com tecnologias inovadoras e com a habilidade e a disposição das Forças Coloniais de Defesa. Mas, para se alistar, é necessário ter mais de 75 anos. John Perry vai aceitar esse desafio, e ele tem apenas uma vaga ideia do que pode esperar". 
A Aleph lança agora uma caixa reunindo três novos títulos que, ao que tudo indica, concluem a space opera iniciada em Guerra do velho. Esta segunda trilogia, se podemos chamar assim, traz os volumes O conto de Zoe, A humanidade dividida (coletânea com treze contos independentes) e O fim de todas as coisas (também uma coletânea, esta com quatro novelas), sob a tradução de Adriano Scandolara.
A caixa está em pré-venda aqui, com data de publicação prometida para o dia 26 de agosto de 2023.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

QI 183


Está circulando o número 183 fanzine Quadrinhos Independentes-QI, editado por Edgard Guimarães, inteiramente dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos destacando a produção independente e os fanzines brasileiros. 
A edição é referente ao período setembro/outubro de 2023, tem 40 páginas e traz artigos de Alex Sampaio, E. Figueiredo, Lio Guerra Bocorny, Pedro José Rosa de Oliveira e do editor, além de quadrinhos de Luiz Iório, Henrique Magalhães, Luis Clausio Lopes Faria e do próprio Guimarães. Completam a edição as colunas "Fórum" com dezoito páginas de cartas dos leitores, "Edições independentes" divulgando lançamentos de fanzines do bimestre anterior e "Mantendo contato", de Worney Almeida de Souza. A imagem da capa, de autoria do editor, vem impressa em preto e branco com um aplique em cores que é uma sequência de ilustrações de um desenho animado.
Junto a esta edição, os assinantes receberam o segundo fascículo da série HQ além dos balões, com oito páginas sobre "Jornalismo em quadrinhos", por Fabio Sales; e um suplemento de dezesseis páginas com uma pesquisa de José Azevedo e Menezes sobre o quadrinhista luso-brasileiro Arcindo Medeira (1915-2002). 
Também foram disponibilizadas duas publicações unicamente em formato digital: Quadrinhos de um só quadro, de 70 páginas, traz uma galeria de ilustrações de Guimarães, e Monkinha, publicação com 20 páginas cores que, quando visualizada, resulta no breve desenho animado da sequência vista na capa do QI
Exemplares impressos do QI e seus encartes podem ser adquiridos mediante assinatura. Mais informações, diretamente com o editor pelo email edgard.faria.guimaraes@gmail.com. Contudo, versões digitais de todas as edições, desde o primeiro número, bem como de seus encartes, estão disponibilizadas no saite da editora Marca de Fantasia, aqui, além de muitas outras publicações que vale a pena conhecer.

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Lançamento: Poranduba, Cartas de Cultura

Poranduba: Cartas de Cultura
 é um cardgame de aventura inspirado na cultura popular e nas lendas do folclore brasileiro, criação do acadêmico e pesquisador Andriolli Costa, o "Colecionador de Sacis", que está com uma campanha de financiamento coletivo no Catarse para viabilizar a primeira edição de um baralho de cinquenta e cinco cartas, lindamente ilustradas por vinte e sete artistas de todo o país. 
Diz o texto de divulgação: "A cada partida você deve utilizar da esperteza dos sacis, da sabedoria das benzedeiras, da força dos lobisomens ou da engenhosidade de uma vassoura atrás da porta para vencer desafios antes do seu oponente. Só cuidado: basta um erro e suas cartas podem ir para o Beleléu!"
O jogo segue uma dinâmica similar ao famoso Magic: The gathering, com três modos diferentes de jogo para até quatro pessoas. Além de divertido, Poranduba tem caráter informativo pois cada carta remete, por QR Code, a uma página na internet com dados sobre o encantado ali retratado. 
Para participar no financiamento, obter o baralho e outras recompensas oferecidas pelos editores, visite a página do projeto, aqui.

domingo, 13 de agosto de 2023

Resenha do Almanaque: Celular, Stephen King

Celular (Cell), Stephen King. 398 páginas. Tradução de Fabiano Morais. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

Romance de horror e ficção científica do festejado escritor norte-americano Stephen King, autor de best sellers como O iluminado (The shining), Carrie (Carrie), A dança da morte (The stand), Christine (Christine), entre outros.
Em Celular, King volta a um tema que ele mesmo já explorou em outras histórias: o do cidadão americano comum diante do fim do mundo como o conhecemos. Desta vez, ele é Clayton Riddell, um jovem artista que acaba de assinar o seu primeiro contrato com uma grande editora de histórias em quadrinhos de Boston. Ao sair da editora, por volta da quinze horas do dia 1.o de outubro, diante de um prosaico quiosque de sorvetes, testemunha um surto coletivo de loucura da população em geral. As pessoas começam a se engalfinhar em lutas sangrentas e mortais, automóveis fora de controle atropelam pedestres e invadem lojas, causando grande destruição, pessoas em pânico correm pelas ruas, perseguidas por outras que gritam sons desarticulados.
Um desconhecido ataca Clayton com um cutelo de açougueiro, mas ele é salvo pelo providencial intervenção de Thomas McCourt, um homem baixinho, de bigotes, e com um ar um tanto afetado, mas que não estava louco. Juntos, eles sobrevivem às primeiras horas de caos escondidos num bar, onde encontram outras pessoas igualmente apavoradas e em estado de choque, como a jovem Alice Maxwell, que perdeu a mãe para a loucura. Do lado de fora, a matança continua e, em algum momento, acaba a energia elétrica, assinalando o fim da civilização humana na Terra.
Clay está muito longe de sua casa, em Kent Pond, e preocupa-se com sua esposa Sharon e seu filho Johnny, de doze anos, que lá ficaram enquanto ele empreendia a viagem à Boston. Durante a noite, as coisa se acalmam e, uma vez que Tom mora nos arredores da Boston, Clay e Alice decidem que é uma boa ideia acompanhá-lo até lá. Quando saem da cidade, percebem que boa parte dela arde em chamas.
Eles passam o restante da noite na casa em que Tom morava apenas com seu gato, sem maiores surpresas. Especulando sobre as causas do fenômeno, chegam a conclusão que pode ter sido ocasionado por algum tipo de pulso eletrônico distribuído pelos celulares, e passam a evitar todo o tipo de aparelhos, incluindo rádios e televisores, que também poderiam distribuir o pulso. Sem condição de se comunicar, o único modo de Tom ter notícias da família é indo até Kent Pond. Enquanto se preparam para a longa expedição, observam os enlouquecidos, aos quais chamam de "fonáticos". Percebem que eles demonstram um padrão comportamental: desaparecem durante a noite, mas são muito ativos durante o dia, circulando como zumbis pelas ruas, em busca de alguma coisa que nem eles mesmos parecem saber o quê. A princípio, atacam-se mutuamente, mas esse comportamento aos poucos começa a desaparecer. Os fonáticos também não demonstram interesse em entrar nas casas, de forma que o grupo decide viajar durante a noite, recolhendo-se em algum abrigo durante o dia. Com armas de fogo obtidos numa casa abandonada, partem rumo a Kent Pond.
Durante as longas semanas seguintes, os três companheiros encontram ao longo das estradas dos Estados Unidos um cenários de completo caos e decadência. Cidades abandonadas, muitas destruídas, milhares de carros acidentados com os corpos dos motoristas ainda dentro deles, muitas vezes semi-devorados, e cadáveres insepultos espalhados por toda parte. Os fonáticos, cada vez mais deteriorados, parecem não ter consciência de sua situação. Imundos, alguns com ferimentos gravíssimos, seguem sua rotina sem sentido. Aos poucos os peregrinos percebem que eles estão se organizando em grandes grupos e que parecem comunicar-se telepaticamente.
Nas ruínas de uma escola, Clay, Tom e Alice encontram Jordan, um jovem gênio da eletrônica que sobrevive ali junto ao Sr. Charles Ardai, velho professor e diretor interino da outrora pujante Academia Gaiten. Os três os ajudam a realizar um grande ataque a uma concentração de fonáticos num arruinado campo de futebol. A matança é tão horrenda que motiva o líder dos fonáticos, um negro tão ferido que eles o chamam de Homem Escangalhado, a dedicar atenção especial ao grupo. Fica claro que os fonáticos não estão apenas organizados, mas estabeleceram uma nova ordem social no mundo, incompatível com a existência dos não-fonáticos. A partir do primeiro encontro do Homem Escangalhado, que obriga o velho Charles a suicidar-se controlando-lhe os pensamentos, os quatro sobreviventes prosseguem o caminho para Kent Pond, com as esperanças de Clay cada vez mais reduzidas de encontrar sua esposa e filho com vida.
Celular está dividido em nove episódios, separados conforme a narrativa salta de um nível para outro: "O pulso", "Malden", "Academia Gaiten", "As rosas murcharam, o jardim morreu", "Kent Pond", "Bingo do telefone", "Worm", "Kashwak" e "Salvar no sistema".
É interessante notar que, ao contrário de outros trabalhos, King não deixa para mostrar as cenas de horror mais pesadas no final do livro: ele as coloca logo de cara, a partir dos primeiros parágrafos, nos momentos iniciais da loucura que se abate sobre a civilização. A tensão escatológica sobrenatural mantém-se por todo o primeiro episódio, que logo deixa de ser uma história de horror para se tornar uma ficção pós-apocalíptica na linha de Eu sou a lenda (I'm a legend) de Richard Matheson, associado a A noite dos mortos-vivos (Night of the living dead), de George Romero, autores aos quais King dedicou o romance.
Mas King vai ainda mais longe pois, além de ser um bom contador de histórias com ótimas referências, é um grande criador de personagens, provavelmente sua melhor qualidade como escritor. Cada uma das personagens das suas histórias – e Celular não é exceção – é uma confidente do leitor, tão realista quanto pode ser uma personagem de ficção. Desse modo, seus dramas parecem mais vivos e agudos, suas decisões mais dolorosas, suas experiências mais traumáticas. A certa altura, o leitor começa a se perguntar o que ele faria no lugar daquela personagem e, geralmente, as opções não são muito animadoras: tornamo-nos seus cúmplices, o que faz as questões morais envolvidas ficarem muito mais contundentes. O romance, originalmente lançado em 2006 nos EUA, já recebeu o interesse da indústria cinematográfica, mas não espere pelo filme: o livro é suficientemente bom por si só.

sábado, 12 de agosto de 2023

Lançamento: As viagens maravilhosas do Dr. Alpha aos mundos dos planetas

Neste momento está acontecendo no Catarse uma campanha de captação de recursos para a publicação do livro As viagens maravilhosas do Dr. Alpha ao mundo dos planetas, uma das primeiras novelas de ficção científica espacial da literatura brasileira, de autoria de Oswaldo Silva, publicada em 1907 no periódico infantio O Tico-Tico. O livro terá ilustrações em cores do próprio Oswaldo Silva, também vistas na edição original.
Diz o texto de divulgação: "Quando o protagonista herda uma vasta biblioteca de seu pai, depara-se com um misterioso cofre contendo um manuscrito do lendário Dr. Alpha Latinus. Movido pela curiosidade, mergulha na leitura desse tesouro esquecido, encontrando a minuciosa narração das viagens interplanetárias realizadas pelo Dr. Alpha na máquina voadora que ele mesmo inventou e chamou de Meteoro. Assim, somos transportados pelas incríveis aventuras e pelas maravilhas dos astros, acompanhamos o Dr. Alpha em suas explorações por planetas e civilizações até então inacessíveis à curiosidade humana."
O livro é uma publicação das editoras Minna e Mamakoosa e faz parte da coleção Ignotos, inspirada na história em quadrinhos homônima (cujo primeiro capítulo pode ser lisdo aqui), de autoria de Gabriel Billy e Thiago Lima, cujos protagonistas são justamente oito personagens das histórias mais clássicas da fc brasileira, entre os quais está o próprio Dr. Alpha. 
Para ajudar no financiamento, obter o livro e outras recompensas oferecidas pelos editores, visite a página do projeto, aqui.

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Juvenatrix 249

Está circulando a edição de agosto do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti. 
Em dez páginas, traz um conto de Caio Alexandre Bezarias e resenhas aos filmes Invasion of the animal people (1959), O monstro da era atômica (1959) e A coisa (1985), todas de autoria de Rosatti. A edição é completada com notícias e divulgação de publicações alternativas e bandas de metal extremo, enquanto a capa traz uma ilustração de Angelo M. S. Júnior.
Cópias em formato pdf podem ser obtidas gratuitamente pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

O Capitão Barbosa e outras histórias

O Capitão Barbosa e outras histórias
é uma coletânea de contos do escritor carioca Miguel Carqueija, publicada com recursos próprios ainda em 2022. 
Com prefácio do pesquisador Marcello Simão Branco, o volume traz dezoito histórias curtas de ficção científica humorística, muitas delas publicadas em fanzines.
Diz o próprio autor sobre a obra: "É ponto pacífico que poucos escritores brasileiros de ficção científica produzem textos humorísticos. Hoje estou apresentando uma coletânea rara, uma coleção de contos de humor dentro do gênero ficção científica. Alguns contos avulsos e outros, na segunda parte, com histórias do meu personagem recorrente, o Capitão Barbosa, com a participação do Doutor Mexilhão numa delas."
O conceito "Capitão Barbosa está na ponte de comando da nave estelar", apropriado por Carqueija nesta coletânea, foi proposto pelo pesquisador e também escritor Bráulio Tavares, para demonstrar a resistência dos leitores a personagens de nomes brasileiros na ficção científica nacional.
A coletânea está disponível aqui para download gratuito, em formato de arquivo de texto.
Imagem: Pixabay.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Lançamento: Fantasmas num velho cronovisor

Gerson Lodi-Ribeiro é um dos mais lembrados escritores da segunda onda da ficção científica brasileira, que participou ativamente das atividades do fandom desde que se propôs a trabalhar com o gênero, no qual se especializou no tema da História Alternativa. Seu trabalho mais importante é o conto "A ética da traição", publicado em 1993 no periódico literário Isaac Asimov Magazine, em sua última edição brasileira. Desde então, o autor tem revisitado, em outros trabalhos, o mundo que criou nesse conto, uma realidade na qual o Paraguai governado por Solano López saiu vitorioso contra a Tríplice Aliança, alterando assim a história geopolítica sul-americana, especialmente a brasileira.
Agora o autor reuniu quatro desses textos em um único volume. Trata-se de Fantasmas num velho cronovisor, que formam um universo ficcional chamado pelo autor como Pax Paraguaya. Na capa, provavelmente gerada por inteligência artificial, parece que vemos o famoso cientista Neil deGrasse Tyson, mas pode ter sido apenas uma coincidência feliz.
Além do conto que lhe deu origem, que foi revisto e ampliado desde a primeira publicação, a coletânea traz ainda "Crimes patrióticos" (originalmente publicado em 1993 no fanzine Megalon 51), e os inéditos "Passado diáfano" e "E se o Brasil houvesse vencido a Guerra do Paraguay?". 
A coletânea, publicada com recursos próprios, está disponível em forma de ebook, aqui.

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Lançamento: Manifestações e intersecções do gótico: de Otranto ao Apocalipse

Manifestações e intersecções do gótico: de Otranto ao Apocalipse é uma antologia de artigos acadêmicos organizada por Jaqueline Bohn Donada & Claudio Zanini para a Coleção Estudos Góticos, da Editora Dialogarts, do Rio de Janeiro. 
Diz a abertura da apresentação do volume: "Os textos reunidos neste livro são oriundos de palestras e conferências proferidas durante o III Seminário de Estudos do Gótico (SEG), realizado entre os dias 28 e 30 de agosto de 2019 em Porto Alegre. [...] Os textos apresentados foram concebidos antes do (repentino?) aparecimento do mais conspícuo monstro gótico da contemporaneidade: a pandemia de covid-19. No entanto, já revelam uma percepção aguda das questões que, em poucos meses, assumiriam um lugar ainda maior de centralidade nas preocupações de boa parte do planeta".
Dividido em três seções, o livro traz dez artigos "sobre inúmeros aspectos da vida contemporânea representados pelo gótico na literatura, no cinema e na música", nas palavras dos organizadores. 
A primeira seção, "Doença e gótico na literatura e no cinema", traz textos de Marcio Markendorf (UFSC), Alexandre Meirelles da Silva (UFG) e Fabianna Simão Bellizzi Carneiro (UFCAT). Na segunda, "Gótico no Brasil e na América Latina", temos Marisa Gama-Khalil (UFU), Maurício Cesar Menon (UTFPR) e Renata Philippov (USP). Na seção final, "Manifestações e intersecções do gótico: de Otranto ao Apocalipse", aparecem André Cardoso (UFF), Luciana Colucci (UFTM), Cido Rossi (UNESP), Pedro Puro Sasse da Silva (UFF) e Julio França (UERJ). Como se percebe, são conferencistas vindos de várias regiões do país, que dá conta do amplo caráter do debate que circula na ambiente acadêmico brasileiro. 
O volume tem 247 páginas, foi publicado em formado digital e está disponível aqui para donwload gratuito.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Quarenta anos no Hiperespaço 2, a missão

Prosseguindo com a comemoração aos 40 anos do fanzine Hiperespaço, redisponibilizo o histórico segundo número do fanzine de ficção científica patriarca deste blogue, publicado originalmente no início do icônico ano de 1984.
A edição tem dez páginas e destaca os detalhes do longa O retorno de jedi, então recentemente lançado nos cinemas brasileiros, num artigo de José Carlos Neves. Também publica uma entrevista com o ilustrador Rodval Matias – autor do desenho da capa, produzido com exclusividade –, quadrinhos de Mário Mastrotti e notícias sobre fatos e eventos da época.
Hiperespaço 2 pode ser lido online aqui ou baixado gratuitamente aqui. O número 1 também está disponível.

domingo, 6 de agosto de 2023

Resenha do Almanaque: 616 - Tudo é inferno, Angel Gutierrez & David Zurdo

616: Tudo é inferno
(616 Todo es infierno), Angel Gutierrez & David Zurdo. 304 páginas. Tradução de Sandra Martha Dolinsky. São Paulo: Planeta, 2007.

Depois da morte de Jesus Cristo, muitos textos foram escritos a respeitos dos dias em que o Filho de Deus andou entre os homens. Na maioria dessas histórias, Judas, o traidor que vendeu Jesus aos soldados romanos, tem um destino trágico. Mas e se ele não tivesse morrido e deixasse um texto seu com um depoimento que poderia abalar a cristandade?
Esse é o ponto de partida do interessante romance de horror 616: Tudo é inferno, dos escritores espanhóis Angel Gutierrez e David Zurdo, que também assinaram o livro O último segredo de Da Vinci: O enigma do Santo Sudário (2005, Novo Século). Pesquisadores de formação científica, Gutierrez e Zurdo usam seus conhecimentos para dar verossimilhança à uma narrativa que mistura fato e ficção.
A história é centrada no padre jesuíta Albert Cloister, membro de um grupo especial do Vaticano chamado Lobos de Deus, especializado em fenômenos paranormais. Ele pesquisa casos de quase morte, colhendo relatos assustadores de quem teve a oportunidade de ver o que existe do “lado de lá”. Ao acompanhar a exumação do corpo de um padre em vias de ser beatificado, descobre todos os ossos do cadáver quebrados e, no tampo do caixão, gravada à unha, a frase “Tudo é inferno”. Isso o lança numa busca dramática pela verdade absoluta a respeito do plano de Deus para o mundo dos homens. Na pesquisa pelo esclarecimento desse mistério, o padre tem contato com um texto secreto, um códice mantido no Vaticano, que abala suas convicções a respeito das forças que comandam o mundo.
Paralelamente, o bombeiro Joseph Nolan salva o velho deficiente Daniel de morrer num incêndio e acaba por se envolver com a psicóloga Aldrey Barret, que trata dele no hospital. Aldrey teve uma experiência dramática em sua juventude, da qual nunca se recuperou, e também está sofrendo com o desaparecimento do seu filho há alguns anos. Numa das sessões de tratamento, Daniel manifesta uma personalidade maligna e mostra conhecer os segredos obscuros do passado de Aldrey. Cética, ela tenta encontrar orientação com outros profissionais sobre o fenômeno, mas as seções ficam cada vez mais sinistras e a convencem de que o velho está realmente possuído por um demônio.
Na segunda parte do romance, enquanto o Padre Cloister encontra uma localidade em que uma voz sobrenatural lhe revela mistérios através de gravações num aparelho eletrônico, Daniel é submetido a uma tumultuada sessão de exorcismo, quando a entidade no corpo de Daniel revela informações a respeito do paradeiro do filho de Aldrey. Ela então toma uma decisão radical, lançando-se numa trilha de vingança que vai levá-la a uma pequena cidade onde um bem sucedido autor de livros para crianças mantém um segredo terrível no porão. Nolan e Cloister juntam-se a ela para tentar entender por que parece que Deus se esqueceu da humanidade enquanto o mal domina o mundo.
616: Tudo é inferno lembra muito o estilo profissional de Stephen King, com uma ótima construção de personagens, e as descrições vivas e precisas de diversos locais do mundo remetem aos romances de Dan Brown.
Apesar da boa distribuição e um interessante trabalho de promoção – a editora distribuiu amostras grátis impressas com um trecho do romance – o livro passou despercebido no Brasil, talvez por ter ficado à sombra desses autores pesos-pesados, e também por serem escritores pouco identificados com a literatura fantástica. Entretanto, trata-se de um livro envolvente que agrada tanto ao leitor não iniciado quanto aquele já experiente no gênero. O final algo redentor diminui o impacto das discussões que o romance evoca, tirando-lhe ainda boa parte da aura de horror escatológico que poderia sustentar, caso tivesse um desfecho mais tenebroso.
Mesmo não sendo um expoente do horror, 616: Tudo é inferno é uma ótima opção de leitura.

sábado, 5 de agosto de 2023

Lançamento: Palavras de radiância

Quando um livro faz muito sucesso, surgem muitos imitadores tentando ocupar-lhe o lugar. O escritor americano Brandon Sanderson parece o mais dedicado candidato a ocupar os espaços deixados por A guerra dos tronos, de G. R. R. Martin. 
Depois de algum sucesso com Elantris e Mistborn (ambos publicados no Brasil pela extinta editora LeYa), Sanderson investiu dez anos de sua vida na produção do portentoso Os relatos da Guerra das Tempestades: O caminho dos reis, fantasia de nada menos que 1240 páginas publicado no Brasil em 2022 pela editora Trama, Conta uma história de conflitos entre reis do mundo medieval de Roshar, dominado por tormentas poderosas e pela magia dos Cavaleiros Radiantes, portadores das invencíveis Espadas Fractais.
E como nada é demais quando já se tem bastante, a Trama já anuncia a publicação de sua sequência, Palavras de radiância, que supera o volume anterior em quantidade de texto, com o total de 1392 páginas previstas para a edição final. 
Como no livro anterior, o romance fragmenta-se em múltiplas linhas narrativas, acompanhando as ações de Kaladin, o comandante dos guarda-costas reais, do assassino Szeth, da Luminosa Shallan e de Eshonai, o líder de guerra dos parshendianos.
Com ilustrações de Michael Whelan e tradução de Pedro Ribeiro, Palavras de radiância está em pré-venda aqui, com data de publicação prevista para 16 de outubro de 2023. A capa da edição brasileira ainda não foi divulgada, mas deve ser similar a da edição original, vista acima.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Sinistra

"Num mundo alternativo onde convivem humanos, elfos, anões e dragões, entre outros seres, o Professor Elver Godines, um elfo charmoso e meio indiferente ao outro sexo, sofre um atentado por conta de um grande mistério no qual se envolveu no passado com seus amigos Maximiliano e Melquisedeque. As alunas elfas Nina e Elanor, e a aluna humana Layza, adolescentes apaixonadas pelo seu professor, resolvem escoltá-lo na perigosa viagem à região gelada de Esbéria, onde os aguardam os mistérios relacionados com os enigmáticos e lendários Senhores do Pórtico. O que parece ser uma ameaça de um passado remoto motivará uma sucessão de aventuras arriscadas e de final imprevisível. No meio de tudo, cenas de humor e o 'quadrado amoroso' envolvendo um elfo, duas elfas e a garota humana apelidada de 'Sinistra' devido aos seus métodos radicais de resolver problemas". 
Com prefácio de Aparecida Ramos, Sinistra é uma novela de alta fantasia do escritor carioca Miguel Carqueija, publicada em 2022 e disponibilizada gratuitamente em forma de arquivo de texto no saite Recanto dos Escritores, aqui.
Imagem: Lyzz hana, Pixabay.

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Lançamento: Canções de um sonhador morto & Escriba-sinistro

A editora Companhia das Letras, através do selo Suma, colocou em pré-venda uma coletânea Canções de um sonhador morto & Escriba-sinistrode Thomas Ligotti, escritor americano inédito no Brasil, composta dos textos vistos nas suas primeiras coletâneas Songs of a dead dreamer (de 1985, revista e ampliada em 1989 e 2010) e Grimscribe: His lives and works (de 1991), num total de mais de trinta contos de horror que compõem um retrato sombrio e monstruoso da miséria humana. 
Logotti é um dos principais nomes do horror contemporâneo, com uma obra respeitadíssima, reconhecida por diversos prêmios World Fantasy, Bram Stoker, British Fantasy e International Horror Guild.
O volume tem 408 páginas com tradução de Débora Landsberge, com entregas programadas a partir de 29 agosto 2023. 
Leitura para fortes.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Somnium 121

Depois de uma ausência de sete meses, está disponível aqui o número 121 do Somnium, fanzine digital do Clube dos Leitores de Ficção Científica, editado por Eduardo Torres, Gerson Lodi-Ribeiro, Luiz Felipe Vasques e Rubens Angelo. 
A edição tem 61 páginas e traz, entre os contos publicados, um clássico da Segunda Onda da fcb, "Aí vem o sol", de José dos Santos Fernandes, publicado originalmente em 1998 no fanzine Megalon. Aparecem também textos inéditos de Roberto de Sousa Causo, Thiago Gesser e Priscila Elspeth, além de artigos de Gian Danton e Rubens Angelo, quadrinhos de Christian David e Flávio Soares, e uma entrevista com o escritor Davenir Viganon, ganhadores do Prêmio Argos 2022 pela organização da antologia Outros Brasis da Ficção Científica (Caligo). A publicação traz belas ilustrações, aparentemente produzidas por inteligências artificiais que até combinam com um fanzine de fc, mas revelam a falência da criatividade dos ilustradores-fãs brasileiros, que foram bem mais participativos e relevantes no passado do fanzine.
O número anterior havia saído no final de 2022 e a expectativa por novas edições do fanzine estavam bastante sombrias, uma vez que a página da publicação, no saite oficial do CLFC, está inacessível há meses. Nem mesmo as edições anteriores estão disponíveis, o que é um grande prejuízo visto que muito tempo e esforço foi investido na digitalização das edições antigas que estavam quase todas ofertadas. Neste momento, a página continua fora do ar, sem qualquer aviso do porquê. Tanto que o link divulgado para baixar a edição 121 nem está hospedado no saite do clube. 
Tomara que resolvam logo essas dificuldades, pois o Somnium é uma das mais tradicionais instituições do fandom brasileiro de ficção científica.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Lançamento: À deriva, André Vianco

A editora Citadel, de Porto Alegre, estreou recentemente o selo Lucens, dedicado à publicação de ficção brasileira. Entre as obras iniciais do selo está o romance À deriva: As crônicas do fim do mundo 2, texto inédito do escritor osasquense André Vianco, sequência ao também republicado A noite maldita, originalmente lançado pela Novo Século em 2013. Ambos os títulos situam-se no universo de Bento, obra inaugural da saga Vampiro Rei republicada pela Citadel em 2021.
Diz o texto de divulgação: "A esperança de cura, tanto para os adormecidos quanto para os que se tornaram filhos da noite, toma a mente de médicos dedicados a esse objetivo. Entretanto, um grupo dos resistentes não quer esperar que um milagre aconteça. Guiados por Cássio Porto, voltam para São Paulo para tentar salvar a cidade, que agora arde em chamas. A missão do grupo é resgatar as pobres almas adormecidas e indefesas que se transformaram em comida de vampiros. Secretamente, Porto também quer encontrar sua irmã e seus sobrinhos desaparecidos naquele evento que passou a ser chamado de 'A noite maldita'. Os vampiros não escolheram se tornar monstros que agem após o pôr do sol, com os sentidos refinados e potencializados para serem caçadores imbatíveis. Raquel torna-se uma líder entre as criaturas das sombras, aprendendo noite após noite a ser mais rápida, eficaz e mortal, enquanto por dentro, o que restou de sua alma e humanidade luta, clamando por uma chance de reconquistar seus filhos que foram tirados por aquela maldição inexplicável."
À deriva tem 432 páginas e se encontra a venda apenas no formato ebook, mas a edição impressa estará disponível em breve.