sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Lembrando do que nunca aconteceu


O grande evento da FC internacional no momento não é o longa supervitaminado Avatar, de James Cameron. Nem um novo livro de Willian Gibson ou a nova HQ de Moebius. É a nova temporada de Lost, seriado televisivo norteamericano produzido pela ABC e exibido no Brasil pela AXN.
Desde a sua estreia em 2004, Lost vem intrigando os expectadores com sua história multifacetada, construída inicialmente a partir de flashbacks, com uma grande quantidade de personagens apaixonantes que, depois de sobreviver milagrosamente a um acidente aéreo numa ilha no Pacífico sul, além dos dramas convencionais das histórias de náufragos, encontram um ambiente exótico que mistura fantasia e ficção científica, a princípio um tanto casualmente, mas que vai ficando cada vez mais importante na trama.
Foi apresentada uma tal quantidade de mistérios nas duas primeiras temporadas, que muitos expectadores criticaram-na duramente, sugerindo que seu autor, o cineasta J. J. Abrams, nunca poderia dar uma explicação satisfatória para tudo o que foi mostrado.
Mas a maioria dos expectadores está se lixando para as explicações, porque o que realmente interessa é ver o que vai acontecer com aquele bando de maravilhosos infelizes.
Abrams usou o grande trunfo de não apresentar, logo de cara, a verdadeira natureza da ilha onde o avião despencou. Tal como nos longa metragens Alucinações do passado (Jacob's ladder, 1990), Clube da luta (Fight club, 1999) e A vila (The village, 2004), o enredo de Lost está subordinado a um dado prévio, deliberadamente omitido, que turva a compreensão que o expectador tem dos fatos. No caso destes filmes, a revelação final acrescenta brilho a trama, e é isso que se espera também de Lost.
Em sua sexta temporada, Lost assumiu o inegável rótulo de ficção científica, sendo provavelmente o melhor seriado de TV produzido desde Além da imaginação (Twilight zone). Suas ponderações sobre a natureza do tempo e do espaço avançam temerariamente sobre o imponderável plano da ciência quântica, algo que dito deste forma pode fazer parecer que ninguém vai mesmo entender seja lá qual for a solução apresentada. Mas não é o que está acontecendo.
O roteiro extremamente bem montado e inteligente, aos poucos vai refinando o foco na história que, no processo, faz uma infinidade de referências que levam os fãs à loucura.
Abrams também joga com uma série de possibilidades dramatúrgicas, espalhando peças de curta metragem para serem vistas em celulares ou na internet, que podem ou não revelar detalhes importantes.
Também ousou ferramentas narrativas inovadoras, como o flashfoward (lembranças do futuro) e o flashsideway, (recordações de uma outra realidade). Parece mesmo que Abrams está obcecado por viagens no tempo e universos paralelos, que ele também inseriu no seu outro seriado de TV, Fringe, e no longa que fez em 2009 para a franquia Star Trek.
A temporada promete explicar quase tudo nos 17 episódios desta que é sua temporada conclusiva. Cada capítulo conta um segredo, embora na maior parte da vezes não explique nada de verdade.
Os capítulos inéditos de Lost são exibidos pela AXN nas noites de terça-feira, às 21 horas.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Um prêmio para fãs persistentes


Esta semana o canal de TV a cabo Warner exibiu o que eu considero o melhor episódio até este momento de todas as temporadas da série Smallville que, em tese, conta os primeiros anos da vida do Superman. Trata-se do 11º episódio da nona temporada, chamado "Absolute justice".
Como Smallville é uma versão completamente diferente daquela contada nos quadrinhos, o grande apelo do seriado é justamente conferir as versões que os roteiristas deram aos muitos super-heróis e supervilões que orbitam a existência do homem de aço desde a sua infância - porque, afinal, quem é que está realmente interessado nos desencontros amorosos de Clark Kent?
Então já vimos, por exemplo, Aquaman, Flash, Ciborgue, Zatanna, Supergirl, Brainiac, Metallo, Apocalipse, Legião do Super-Heróis, Ajax e Arqueiro Verde, os dois últimos são personagens regulares na série. De uma forma geral, todos se apresentaram em outro contexto e formato, bem diverso daquele que nos acostumamos a ver nos gibis, não raro conservando deles apenas leves referências. Dessa forma, a cidade engarrafada de Kandor, por exemplo, virou um orbe com códigos DNA e Morgan Edge, que nos gibis chegou a ser o dono do Planeta Diário, virou apenas um gangster de quinta categoria, Superboy nunca existiu, e Superman, de roupas e sobretudo negros, é chamado apenas como O Borrão (Blur).

Porém, desta vez, os roteiristas não economizaram. "Absolute justice" conta como Clark – que ainda não se tornou o Superman –, Arqueiro Verde e Chloe são contatados por um antigo grupo de heróis legados a clandestinidade desde os anos 1960. Considerados criminosos e segregados da sociedade, eles voltam a cena quando começam a ser assassinados misteriosamente. Apesar de ilegais, eles mantiveram seus laços; nunca deixaram de vigiar os acontecimentos em Metrópolis e sabem tudo sobre Clarke e seus amigos. Quem são esses misteriosos vigilantes? Ninguém, menos que a própria Liga da Justiça da América. Similaridades com o clássico Watchmen não são coincidências.

O episódio apresenta emocionantes versões "como no gibi" de Sandman, Pantera Negra, Dr. Destino, Lanterna Verde e Gavião Negro, além de alguns personagens que não sei dizer se são novas criações ou versões de heróis menos conhecidos, como Stargirl e Star Spangled Kid.

Na esquecida sede da LJA, um lindo quadro com todos os antigos membros que certamente deve ter levado muitos fãs às lágrimas, a indefectível mesa redonda e um museu com as relíquias dos heróis mortos, onde podemos ver a lanterna do Lanterna Verde, o elmo de Joel Cometa e o capacete rachado da Mulher Gavião, entre outras coisas. A participação de Gavião Negro e Dr. Destino são arrebatadoras, com ótimos efeitos especiais e boa interpretação dos atores.
O apisódio não é conclusivo e prometeu uma segunda parte, mas este ano a Warner tem seguido o esquema de passar duas reprises para cada episódio inédito, por isso não tenho certeza se a sequência virá na semana que vem. De qualquer forma, estes e outros episódios pululam na internet, como por exemplo aqui, onde podem ser vistos online com legendas, assim como outros seriados e filmes.
Como a imagem de divulgação da nona temporada de Smallville mostra Darkside, fica a expectativa pela estreia dos personagens do Quarto Mundo de Jack Kirby na saga televisiva do Homem de Aço. Quem sabe, ainda veremos Batman e Mulher Maravilha também. A esperança é a última que morre.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Star Wars Naves e Veículos


Esta semana a editora Planeta deAgostini distribuiu nas bancas de revistas de São Paulo, uma nova coleção em fascículos que pode interessar aos fãs de cinema e ficção científica. Trata-se de Star Wars Naves e Veículos, que vem complementar uma outra coleção anterior da mesma editora, a Star Wars Collection, que trazia os personagens da saga e algumas espaçonaves em escala mais reduzida.
A nova coleção começa muito bem, entregando uma linda miniatura em chumbo do caça espacial X-Wing de Luke Skywalker, pelo preço promocional de apenas R$9,99. A miniatura tem cerca de 9cm e é caprichada. Vem com suporte e base de exposição, e uma caixa de acrílico protetora, com um pequeno painel decorativo que coloca a nave numa espécie de diorama. Também vem uma ótima revista com detalhes sobre a nave, repleta de fotos, e um poster com uma pintura da Millenium Falcon.
A editora promete uma coleção de 60 fascículos quinzenais, que vão trazer miniaturas de naves e veículos de toda a saga. A relação inteira pode ser vista no site da editora, aqui. O maior problema de fazer a coleção é o custo final, pois a baba de R$9,99 é só no número 1 mesmo. O 2, que trará a miniatura da Millenium Falcon, custará R$24,99, e depois o preço sobe ainda mais. Mas como fã não mede despesas, com certeza será uma coleção de muitos compradores.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Flores do Lado de Cima 12


Peguei ontem o meu exemplar da primeira edição em 2010 de Flores do Lado de Cima, fanzine editado por Liartemis, dedicado à cultura sombria, particularmente música e literatura. O destaque da edição vai para a banda In Deviltry, liderada pelo ex-guitarrista do Theatre of Tragedy, Tommy Lindal, numa longa e detalhada entrevista conduzida pela editora com Lindal e sua parceira, a vocalista Larisse Catarine. Traz ainda um artigo sobre o pintor Henry Fusely (1741-1825), conto de Juliano Sasseron, poesias de Lord Rodrigo, Agnes Mirra e Ana Dominik Spuk e artigos sobre as bandas Reles Mortais e Sex Enough.
Flores do Lado de Cima 12 pode ser baixado gratuitamente aqui.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A máquina fantabulástica ganha nova edição

Depois de ter republicados os romances A noite da grande magia branca (Cortez, 2007) e A fortaleza de cristal (L&PM, 2007), a fantasista gaúcha Simone Saueressig, bem como seus fiéis leitores, têm a alegria de ver de volta às livrarias o interessante e divertido A máquina fantabulástica, que há algum tempo estava fora de catálogo. Trata-se de uma história de fantasia muito legal, que conta até com uma comunidade no Orkut.
Lançado originalmente em 1997 pela mesma editora Scipione, a nova edição do livro ganhou ilustrações assinadas por Mauro Souza.
A editora resume a história assim:
"Joaquim, um menino que quer se tornar adulto o mais rápido possível, mora em um prédio que não tem o 13º andar: o elevador pula do 12º para o 14º piso, por superstição do arquiteto e do engenheiro que o projetaram. Um dia, misteriosamente, o elevador para no andar que não existia e Joaquim acaba encontrando um mundo fantástico, onde redescobre o prazer de ser criança."

O livro está a venda no site da editora e é uma ótima opção de leitura, que agrada jovens e adultos.
Para quem quiser conhecer mais sobre a autora e se manter atualizado, ela mantém um site e um blog. Através deles descobrimos que a autora disponibilizará um novo romance virtual em 2010, a ficção científica Lições de Abismo, enquanto aguarda a publicação do romance de fantasia inédito A pedra mágica, pela Editora Cortez, bem como uma oportuna reedição de O palácio de Ifê (L&PM, 1989). Tudo altamente recomendável.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Paradigmas 4


No princípio, era o fanzine, e ele era bom. Veio então o grande inverno, longo e rigoroso, e ele não suportou e morreu. Sua semente ficou sob a neve e os homens tiveram muita fome. Mas a primavera veio enfim e a semente brotou. Mas não era mais fanzine: era livro.

Esta é a lenda que corre na tradição oral sobre o fenômeno das antologias em 2009. Observa-se que boa parte das publicações em formato de antologias comerciais tem sido publicada com o mesmo espírito independente e militante dos fanzineiros de outrora, porém com doses bem mais generosas de acabamento gráfico. Tecnicamente contudo, não são diferentes de seus extintos antecessores, sendo inclusive publicadas de forma periódica e numerada, como eram também os fanzines.
Percebe ainda o mesmo discurso, revolucionário, grandiloquente, quase sempre introduzido por um manifesto. É justamente este o caso da série de antologias Paradigmas, da Tarja Editorial, casa publicadora dirigida por autores-fãs que têm se empenhado em construir um catálogo exclusivo de ficção fantástica.
Paradigmas publicou três volumes em 2009 e o número 4 foi lançado há poucos dias, inaugurando as atividades da editora no ano. O volume, organizado por Richard Diegues, tem 120 páginas e reúne 13 contros inéditos, assinados por Georgette Silen, Ronaldo Luiz Souza, Leonardo Pezzella Vieira, Ana Lúcia Merege, Marcelo Jacinto Ribeiro, Roberta Nunes, Adriana Rodrigues, Carlos Abreu, M. D. Amado, Rober Pinheiro, Sandro Côdax, Fábio Fernandes e o próprio organizador, Diegues.
O livro pode ser comprado aqui, e está bem em conta. No mesmo site, podem ser também encontrados os volumes anteriores, além de um amplo catálogo de títulos de interesse.
Se Paradigmas realmente quebra paradigmas como se propõe, ainda não sei, mas certamente proporcionará algumas horas de lazer sadio regado a boas ideias. Portanto, vale a pena experimentar.

Scarium 26


Enfim, volta à cena o último dos moicanos, derradeiro fanzine de ficção fantástica publicado em papel no Brasil, último representante dos anos de ouro do fandom, entre 1980 e 2004, quando circularam dezenas de títulos, substituídos pouco a pouco pelas facilidades do meio virtual, exatamente como aconteceu com o Hiperespaço, por exemplo.
Scarium apareceu já no ocaso dessa fase: seu primeiro número saiu provavelmente em 2002 (a edição não registra a data de publicação), com uma grande e bem sacada novidade em relação aos seus antecessores: um site que, desde então, tem sido periodicamente atualizado e é uma das principais referências atuais do fandom.
Uma das "regras" do Scarium é dedicar a maior parte de sua páginas à publicação de ficção original inédita, com um pequeno espaço para resenhas de literatura e quadrinhos.
As últimas edições foram temáticas. O número 25, por exemplo, foi dedicado ao horror com o tema "Mulheres", e esta nova edição é simplesmente dedicada à ficção científica, sem nenhum tema aparente. Traz contos de Anudara Diva, John Dekowes, Renato A. Azevedo, Hugo Vera, Ana Cristina Rodrigues, Luiz Fernando Risemberg, David Melo e Gabriel Boz, ou seja, não deve nada às antologias profissionais que têm sido lançadas pelas editoras nos últimos anos. Completam a edição os artigos de Edgar Smaniotto e Cesar Silva.
O projeto gráfico lembra as antigas edições do Magazine de Ficção Científica, com os textos publicados em duas colunas, capa em cores e miolo em preto e branco. A capa é de Gabriel Boz e a edição geral é de Marco Bourguignol.
A publicação ainda não aparece à venda no site, mas a novidade apareceu no blog da publicação, aqui. Então, é só uma questão de tempo.
Enquanto isso, aproveite e adquira as edições anteriores.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Fronteiras


A editora Devir já colocou a disposição dos leitores em seu site o segundo volume da série Os melhores contos brasileiros de ficção científica, subtitulado Fronteiras.
Organizada pelo escritor paulista Roberto de Sousa Causo, a série busca ampliar a discussão a respeito do gênero no Brasil, evocando o cânone ao incluir autores mainstream associados a trabalhos de autores obscuros, alguns conhecidos tão somente entre os fãs, mas que lograram um bom grau de excelência.
Diz a introdução do volume:
Assim como o Brasil dos muitos biomas é detentor da maior biodiversidade do planeta, nossa literatura deveria refletir a mesma diversidade — a diversidade cultural e social do Brasil urbano e do rural, do Brasil que fabrica satélites artificiais e daquele que constrói casas de barro e sapé, do Brasil do Primeiro Mundo e do Paleolítico internado na selva.
Este Os melhores contos brasileiros de ficção científica: Fronteiras se dedica a fornecer um vislumbre dessa diversidade necessária. Histórias que exploram diferentes locações, seja no Brasil do Rio de Janeiro, do Espírito Santo ou de São Paulo, a praia, a serra, a megalópole anônima ou a cidade do interior, e pontos distantes no tempo e no espaço. Contos que transitam na linha fronteiriça entre a loucura e o vislumbre de uma outra realidade. Contos que abordam diferentes estratégias literárias, da objetividade narrativa ao experimentalismo formal, do tom confessional ao lírico. Histórias que contém uma herança pulp ou traços formalistas de autoconsciência literária.
O leitor experiente vai reconhecer a maior parte dos 14 contos publicados, vistos em antologias e coletâneas ao longo dos últimos 30 anos, muitos deles mais de uma vez, atestando assim seu mérito. Os contos publicados são "A nova Califórnia" (1910) de Lima Barreto (base da novela global Fera ferida, de 1993), "A vingança de Mendelejeff" (1932) de Berilo Neves, "Delírio" (1934) de Afonso Schmidt, "O homem que hipnotizava" (1963) de André Carneiro, "Sociedade secreta" (1966) de Domingos Carvalho da Silva, "Um braço na quarta dimensão" (1964) de Jerônymo Monteiro, "Número transcendental" (1961) de Rubens Teixeira Scavone, "Seminário dos ratos" (1977) de Lygia Fagundes Telles, "O visitante" (1977) de Marien Calixte, "Uma semana na vida de Fernando Alonso Filho" (1984) de Jorge Luiz Calife (na minha opinião, o melhor trabalho do autor), "Mestre-de-armas" (1989) de Braulio Tavares, "O fruto maduro da civilização" (1993) de Ivan Carlos Regina, "Engaiolado" (1998) de Cid Fernandez e "Controlador" (2001) de Leonardo Nahoum.
A edição anterior, publicada em 2008, recebeu críticas negativas de alguns setores do fandom por incluir contos que os respectivos críticos não avaliavam estar entre "os melhores", mas ainda assim foi uma publicação bem recebida e muito comentada nos órgãos de divulgação cultural, além de ter obtido boa demanda comercial de acordo com informações da própria editora.
Causo, como bom autor de ficção científica que é, não deixou de antecipar, quando da divulgação deste lançamento, os planos da Devir em publicar uma outra série na mesma proposta, porém dedicada a novelas. Uma ideia muito bem vinda. Quem sabe no futuro a editora invista também na série Os Melhores Romances... Brincadeirinha. A Devir já está reeditando romances importantes, como a trilogia Padrões de contato, de Jorge Luiz Calife, publicada em 2009.
Os melhores contos brasileiros de ficção científica: Fronteiras tem capa assinada por Vagner Vargas, 200 páginas e preço de R$21,95.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

QI reloaded


Acabei de receber o novo e reformulado, pero no mucho, QI 101 de Edgard Guimarães. A capa, que pode ser vista ao lado, tem uma ilustração do próprio editor.
No final das contas, continua parecido com a fórmula anterior. O que mudou foi a qualidade da impressão, que agora está muito nítida, fruto de uma impressão digital no máximo da qualidade. No mais, manteve praticamente todas a seções na estrutura tradicional, com um pouco mais de quadrinhos.
Nesta edição de 20 páginas – referente a janeiro e fevereiro de 2010 – o destaque vai para as seis páginas finais, nas quais o editor estampou uma série de tiras de Ferdinando, do grande mestre dos comix All Capp, numa qualidade gráfica que eu jamais havia visto nos quadrinhos desse autor publicados no Brasil. A história conta como um megamilionário compra, para uso particular, o autor de Joe Cometa, série em quadrinhos preferida de Ferdinando, e com isso causa grande comoção social.
A história é o pontapé inicial que Guimarães dá a um debate que ele pretende levantar entre os leitores, sobre o direito nos quadrinhos. Além disso, o zine traz HQs de Mauricio de Sousa, Leonardo Santana, Carlos Brandino, e mais uma parte do folhetim "Fazenda de robôs", do próprio editor.
A lista de edições independentes, agora sem as miniaturas das capas, ocupa apenas duas páginas mas mantém o espírito divulgador. Completam a edição uma ampla seção de cartas, artigos curtos sobre o prêmio Angelo Agostini, Troféu Bigorna, resenhas sobre quadrinhos institucionais e reedições de revistas clássicas, uma relação de revistas à venda e a divulgação do lançamento do livro Entendendo a linguagem das HQs, inaugurando o selo independente EGO. O volume, de 72 páginas, reúne todas as pranchas da série publicada nas contracapas do QI ao longos dos últimos anos.
Para conseguir um exemplar – agora só por assinatura – escreva para Edgard Guimarães, rua Capitão Gomes, 168, Brasópolis/MG, CEP 37530-000. E-mail: edgard@ele.ita.br.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Agenda Virtual 1


Edição especial de cinco anos de realizações da Raven's House Brasil, grupo de fãs de horror que tem publicado em quantidade nos últimos dois anos, especialmente os fanzines Fun House Xtreme, Gore House Magazine e Flores do Lado de Cima. Quem acompanha este blog já deve tê-los visto nos meus comentários.
Agenda Virtual é voltada à divulgação das ações do grupo. Neste número de estreia, o zine apenas comemora a passagem da efeméride e publica a ficha dos três principais cérebros por detrás da carnificina: Iam Godoy, R. Raven e Liartemis, com a lista de zines, livros, blogs e sites de cada um. A edição também divulga os links de todas as publicações eletrônicas ligadas ao grupo.
O texto principal do zine, chamado "Making of de uma boa idéia", não creditado mas provavelmente escrito pelo editor Iam Godoy, fala sobre as origens do grupo e como ele se desenvolveu nesta meia-década. A certa altura, lamenta as críticas que recebeu de leitores que não compreendiam o trabalho. Penso que é um exagero imputar responsabilidades aos leitores dos fanzines. A crítica, mesmo aquela feita com maldade, não tem assim tanto poder em se tratando de fanzines, que são publicações geralmente gratuitas, por isso mesmo imunes a pressão econômica, das quais se espera alguma experimentação e se aceita muita improvisação. Por mais que haja quem não goste, sempre há quem goste, e os fanzines podem se viabilizar mesmo com pouquíssimos leitores. Tanto é que o resultado aí está, cinco anos de trabalho com muito para mostrar e para comemorar. A própria efeméride é a prova viva (ou morta, ao gosto do freguês) de que a crítica só ajuda, inclusive quando ela faz o editor teimar.
Parabéns, pessoal da Raven's House. Que venham mais cinco anos e cinco vezes cinco depois deles.
Para baixar o arquivo da Agenda Virtual 1, clique aqui.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cadernos de Não Ficção


Há alguns anos, não era difícil estar antenado em TUDO o que acontecia no ramo da FC&F no Brasil. Como não rolava quase nada, era só acompanhar um ou dois fanzines e se ficava sabendo tudo. Livros, então, era uma baba. Saiam, se muito, uns dez títulos num ano, dava para comprar e ler tudo com sobra.
Mas nos últimos anos o fandom cresceu tanto e em tantas direções - graças à Deus - que volta e meia, mesmo ficando com a antena ligada, escapam algumas coisas. No trabalho de listas do Anuário, por exemplo, sempre descubro títulos que ficaram de fora, às vezes mais de um ano depois.
Portanto, não me condeno por não ter percebido antes a ótima revista literária que a Não Editora está distribuindo através de seu site. Trata-se de Cadernos de Não Ficção, revista virtual muito bem produzida, editada pelo escritor Antonio Xerxenesky (Areia nos dentes, 2008, Não Editora), com textos agradáveis e interessantes sobre literatura. Não é um relise da editora, são artigos de interesse sobre vários autores e gêneros, incluindo FC&F, que é um dos ramos que a editora investe.

O número 1, publicado em 2008, é amplamente dedicado à obra do escritor suicida David Foster Wallace, com cinco textos assinados por articulistas diversos. Mas há textos sobre Cormac McCarthy, James Welch, e outros assuntos que vão interessar tanto a quem gosta de ler quanto de escrever e publicar.

O número 2, de 2009, segue a mesma toada, desta vez com a seção especial de cinco artigos dedicada à poesia contemporânea que até eu, que não sou ligado no assunto, li com muito prazer. O restante do conteúdo traz um ensaio muito bem escrito sobre China Miélville, assinado pelo escritor e tradutor Fábio Fernandes (Os dias da peste, 2009, Tarja), um artigo legal sobre oficinas literárias e narrativa, e um divertido depoimento de Samir Machado de Machado - o editor da Não - sobre o por quê dele não gostar dos e-books.
Enfim trata-se de uma publicação primorosa que vale a pena conhecer. As dua edições podem ser baixadas aqui.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Juvenatrix 120 na área


As férias acabaram e, aos poucos, o ano novo vai assumindo velocidade de cruzeiro. Como ainda não passou o carnaval, vamos ter mais umas semanas de imobilidade até que as coisas comecem a acontecer neste país. Mas, enfim, quem já está acordado tem fome. É preciso tocar a vida.
Depois de um janeiro fraquinho no quesito fanzines, fevereiro principia com o lançamento da nova edição de Juvenatrix, fanzine de horror e ficção científica editado por Renato Rosatti. Em sua edição 120 e aproximando-se de vinte anos de publicação ininterrupta, Juvenatrix segue em sua militância divulgadora, com muitas notícias sobre rock, revistas, fanzines e, principalmente, cinema, que é a praia de todo fã de horror, com artigos dedicados à Evil dead, Within the woods, Lua perversa e Jack-O: demônio do halloween. Também publica um conto de Dimitri Kozma, e a capa, dedicada a Lovecraft, é assinada por Dennis Oliveira.
O fanzine é distribuído em formado digital, mas tem que ser solicitado pessoalmente ao editor, pelo e-mail renatorosatti@yahoo.com.br.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Cartunistas na farra do pão de queijo



Dia 30 aconteceu o 8º Encontro dos Cartunistas do ABC, no Frans Café da Av. Portugal, em Santo André.
Entre as 16 e as 18 horas, período em que eu estive por lá bebericando mate gelado e comendo pães de queijo oferecidos pelo restaurante enquanto jogava conversa fora, estiveram Mario Mastrotti, Gilmar Barbosa, Fernandes, Humberto Pessoa, Ed Sarro, Luigi Rocco, Marcos Venceslau, Rafael Dourado, Jorge Barreto, entre outros, além de acompanhantes e familiares. Como sempre, fizemos cartuns e caricaturas uns dos outros. Tive a sorte de ganhar uma no traço do Fernandez, e Humberto Pessoa me colocou no meio da turma toda.
Além disso, rolou o varal de cartuns, no qual dependuramos piadas sobre nossos alvos preferidos, os políticos.
E havia muitas publicações a venda, livros e revistas, como a nova edição da série Tiras de Letra, da Virgo, duas edições muito bonitas do fanzine Subterrâneo, do 4º Mundo, em off-set e capa em cores, além do criativo cardápio da Pizzaria Brasil, publicado por Humberto Pessoa, que foi distribuído entre os presentes. Muito legal.
Nos últimos anos choveu forte em todos os encontros, mas desta vez o tempo tempo ajudou: foi o único dia seco em meio a um mês repleto de tempestades e inundações.
Segue aqui algumas das fotos que fiz por lá. Parabéns aos organizadores. Ano que vem eu vou de novo!