Há alguns anos, não era difícil estar antenado em TUDO o que acontecia no ramo da FC&F no Brasil. Como não rolava quase nada, era só acompanhar um ou dois fanzines e se ficava sabendo tudo. Livros, então, era uma baba. Saiam, se muito, uns dez títulos num ano, dava para comprar e ler tudo com sobra.
Mas nos últimos anos o fandom cresceu tanto e em tantas direções - graças à Deus - que volta e meia, mesmo ficando com a antena ligada, escapam algumas coisas. No trabalho de listas do Anuário, por exemplo, sempre descubro títulos que ficaram de fora, às vezes mais de um ano depois.
Portanto, não me condeno por não ter percebido antes a ótima revista literária que a Não Editora está distribuindo através de seu site. Trata-se de Cadernos de Não Ficção, revista virtual muito bem produzida, editada pelo escritor Antonio Xerxenesky (Areia nos dentes, 2008, Não Editora), com textos agradáveis e interessantes sobre literatura. Não é um relise da editora, são artigos de interesse sobre vários autores e gêneros, incluindo FC&F, que é um dos ramos que a editora investe.
O número 1, publicado em 2008, é amplamente dedicado à obra do escritor suicida David Foster Wallace, com cinco textos assinados por articulistas diversos. Mas há textos sobre Cormac McCarthy, James Welch, e outros assuntos que vão interessar tanto a quem gosta de ler quanto de escrever e publicar.
O número 2, de 2009, segue a mesma toada, desta vez com a seção especial de cinco artigos dedicada à poesia contemporânea que até eu, que não sou ligado no assunto, li com muito prazer. O restante do conteúdo traz um ensaio muito bem escrito sobre China Miélville, assinado pelo escritor e tradutor Fábio Fernandes (Os dias da peste, 2009, Tarja), um artigo legal sobre oficinas literárias e narrativa, e um divertido depoimento de Samir Machado de Machado - o editor da Não - sobre o por quê dele não gostar dos e-books.
Enfim trata-se de uma publicação primorosa que vale a pena conhecer. As dua edições podem ser baixadas aqui.
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