Ou nem tanto.
Debruçado nas leituras para fazer os textos do Anuário 2009, ainda estou intensamente vinculado ao ano que passou e vou ficar ligado a ele por ainda muitas semanas antes de entrar em 2010. Mas, em matéria de periódicos, já posso considerar o ano encerrado. Afinal, desta vez não haverá a análise desse mercado no Anuário.
Como eu não deixei de acompanhá-lo, vou fazer aqui mesmo um estudo rápido do que aconteceu nesse ambiente em 2009.
Já falei um bocado aqui dos periódicos digitais publicados em 2009, quase todos eles podem ser encontrados através dos links disponibilizados na coluna ao lado.
Dois foram os lançamentos: Gorehouse (nº1) e Soturna (nº1 a 3), e sete títulos continuaram suas histórias: Juvenatrix (nº115 a 119), TerrorZine (nº5 a 16), Funhouse (nº8 a 14), Flores do Lado de Cima (nº6 a 11), Adorável Noite (nº29 a 33), Alpha Centaury (nº2) e Black Rocket (nº3). Ao todo nove títulos, sendo sete de horror e dois de ficção científica.
No ambiente real das publicações em papel, os lançamentos foram cinco: a revista Lama (nº1), o fanzine FantastiCon News (s/nº) e as séries de antologias Solarium (nº1 e 2), Imaginários (nº1 e 2) e Paradigmas (nº1 a 3). Continuaram suas carreiras a veterana Sci-Fi News (nº131 a 142), a série de antologias Portal (Stalker e Fundação), os fanzines Scarium Megazine (nº25), Hurray Mister S3 (nº13), FicZine (nº7) e Notícias do Fim do Nada (nº80, 81 e 82), e as séries de antologias Ficção de Polpa (nº3) e FCdoB (nº2). 13 títulos no total, sendo seis de FC, cinco de fantasia e dois de horror.
No total geral, somando reais e virtuais, foram 22 títulos, sendo oito de FC, cinco de fantasia e nove de horror.
O equilíbrio entre FC e horror é aparente, pois se equiparam tão somente no número de títulos. Na volume editorial, as publicações de horror predominam por conta da volúpia dos fanzines virtuais. Contudo, o horror ainda não tem uma presença significativa em publicações reais, pois lançou apenas duas edições, sendo que a bem produzida revista Lama ainda terá que lutar por sua estabilidade ao longo de 2010.
A fantasia teve uma participação discreta, apoiada nas séries de antologias Paradigmas, Ficção de Polpa e Imaginários, e nos fanzines FantastiCon News e Scarium; este, depois de um bom desempenho em 2008, publicou apenas uma edição em 2009. Pouco para o gênero que sabemos dominar francamente o mercado livreiro.
Não dá para comparar com objetividade o desempenho editorial de 2009 com o registrado no Anuário 2008, porque então eu considerei também os sites, que não estou contando agora. Mesmo assim, dá para concluir que houve uma queda acentuada, pelo menos do ponto de vista numérico. No que se refere aos publicações reais, em que os sites nem são computados, o volume caiu de 36 títulos publicados em 2008 para somente 13 em 2009. Um recuo considerável, que talvez tenha sido reflexo da crise econômica que se abateu sobre o mundo em 2009, com reflexos em todas as áreas, incluindo a amadora. Se o fã fica desempregado ou tem que trabalhar mais para compensar a queda de renda, suas atividades não-lucrativas ficam comprometidas.
Talvez tenha sido o que aconteceu com o editor-fã Michael Kiss, de Minas Gerais, que desde 2007 vinha publicando um grande número de fanzines e inflacionou os levantamentos. Em 2009 ele esteve fora de ação e pelo menos metade dessa queda se deve a sua ausência.
Mesmo assim, ainda houve uma redução significativa. Vários títulos descontinuaram em 2009, como Fabulário, Kalíopes, Samizdat, Terra Incognita, Somnium, IS Magazine, COVA, Crash, Overlock e Astaroth, sem contar os inúmeros títulos de Michael Kiss.
Para mais detalhes sobre o desempenho da FC&F nacional em 2009, incluindo livros e sites, recomendo o oportuno levantamento feito por Ana Cristina Rodrigues, disponível
aqui , com diversos links para uma visão ampla do ambiente fantástico no período.