Ao fechar a relação de livros de fc&f publicados no Brasil em 2021, revelou-se uma boa notícia: a queda de lançamentos que caracterizou o movimento editorial dos últimos cinco anos quase que estacionou: os números deste ano estão razoavelmente semelhantes aos de 2020.
Entre os lançamentos inéditos de escritores brasileiros em 2020, haviam sido 87 romances, 97 coletâneas e 4 não-ficção, mais 1 livro de arte: total de 189 títulos. Em 2021, foram 91 romances, 61 coletâneas e 8 não-ficção: total de 160 títulos; uma retração de aproximadamente 15%.
Entre os lançamentos inéditos de autores estrangeiros traduzidos, haviam sido, em 2020, 154 romances, 13 coletâneas e 1 não-ficção; total de 225 títulos. Em 2021, foram 153 romances, 24 coletâneas, 3 novelizações e 6 não-ficção; total de 244 títulos, um crescimento de 8%. Somando os números nacionais e estrangeiros, foram 372 títulos em 2020 contra 346 títulos em 2021, retração de apenas 7%. Considerando-se a tragédia cultural, política e sanitária que assolou o país, até não é tão mal.
O grande número de lançamentos de romances estrangeiros se deve à coleção Perry Rhodan, da editora SSPG, que tem publicado de noventa a cem títulos inéditos anualmente nas diversas séries da franquia. A propósito, a nota mais importante com relação ao mercado brasileiro de livros de fc&f é o fato da editora SSPG ter patrocinado, em 2021, a publicação de livros impressos, até então unicamente digitais.
Sobre o desempenho da cena nacional, o maior tombo foi do gênero da ficção científica, que caiu de 59 romances e antologias inéditos em 2020 para 35 em 2021 (recuo de mais de 40%). A fantasia foi de 76 em 2020 para 63 em 2021 (recuo de 17%), e o horror de 49 em 2020 para 54 em 2021 (um avanço de 10%!).
A fantasia foi o gênero mais praticado, mas com uma liderança discreta, reflexo da ausência de grandes blockbusters do gênero no cinema e na tv nos últimos anos. Talvez, mais do que a ausência de grandes sucessos, a causa de um maior equilíbrio entre os gêneros seja a migração do público da tela grande para os serviços de streaming, que geram impacto menor no imaginário popular.
Uma evidência interessante em 2021 foi a queda do número de títulos ofertados exclusivamente no formato digital. Isso porque a maior parte da plataformas de autoedição estão disponibilizando também exemplares impressos por encomenda, contudo, não fazem muito mais do que isso. Não revisam, não produzem, não distribuem, não divulgam. Tudo fica por conta dos autores que têm de se virar para serem vistos e lidos. É a meritocracia em sua face mais perversa. Ainda restam algumas editoras de verdade tentando sobreviver dignamente neste ambiente tóxico, mas fica cada vez mais difícil com a concorrência desleal dessas plataformas que invertem a lógica do processo editorial. Certamente isso trará reflexos negativos para o mercado no futuro.
Outro tiro no pé são as campanhas de autofinaciamento no Catarse. Reconheço que muitos autores (e também editoras) têm garantido o leite das crianças através dessa plataforma, mas isso não está contribuindo para a criação de público e mercado. A maior parte dos livros têm poucas centenas de apoiadores que, temo, sejam sempre os mesmos. E a própria plataforma tem ficado cada vez mais inóspita para os autores trabalharem diretamente. As editoras estão tomando os espaços dos autores e, dessa forma, comprometendo a renovação.
Como leitor, até gosto. Enquanto puder, apoiarei os projetos, mas por interesse puramente egoísta, pois tenho consciência de que isso não ajuda a restaurar o mercado editorial, pelo contrário, está minando-o ainda mais.
Vamos esperar para conferir o que 2022 tem a oferecer.
Entre os lançamentos inéditos de escritores brasileiros em 2020, haviam sido 87 romances, 97 coletâneas e 4 não-ficção, mais 1 livro de arte: total de 189 títulos. Em 2021, foram 91 romances, 61 coletâneas e 8 não-ficção: total de 160 títulos; uma retração de aproximadamente 15%.
Entre os lançamentos inéditos de autores estrangeiros traduzidos, haviam sido, em 2020, 154 romances, 13 coletâneas e 1 não-ficção; total de 225 títulos. Em 2021, foram 153 romances, 24 coletâneas, 3 novelizações e 6 não-ficção; total de 244 títulos, um crescimento de 8%. Somando os números nacionais e estrangeiros, foram 372 títulos em 2020 contra 346 títulos em 2021, retração de apenas 7%. Considerando-se a tragédia cultural, política e sanitária que assolou o país, até não é tão mal.
O grande número de lançamentos de romances estrangeiros se deve à coleção Perry Rhodan, da editora SSPG, que tem publicado de noventa a cem títulos inéditos anualmente nas diversas séries da franquia. A propósito, a nota mais importante com relação ao mercado brasileiro de livros de fc&f é o fato da editora SSPG ter patrocinado, em 2021, a publicação de livros impressos, até então unicamente digitais.
Sobre o desempenho da cena nacional, o maior tombo foi do gênero da ficção científica, que caiu de 59 romances e antologias inéditos em 2020 para 35 em 2021 (recuo de mais de 40%). A fantasia foi de 76 em 2020 para 63 em 2021 (recuo de 17%), e o horror de 49 em 2020 para 54 em 2021 (um avanço de 10%!).
A fantasia foi o gênero mais praticado, mas com uma liderança discreta, reflexo da ausência de grandes blockbusters do gênero no cinema e na tv nos últimos anos. Talvez, mais do que a ausência de grandes sucessos, a causa de um maior equilíbrio entre os gêneros seja a migração do público da tela grande para os serviços de streaming, que geram impacto menor no imaginário popular.
Uma evidência interessante em 2021 foi a queda do número de títulos ofertados exclusivamente no formato digital. Isso porque a maior parte da plataformas de autoedição estão disponibilizando também exemplares impressos por encomenda, contudo, não fazem muito mais do que isso. Não revisam, não produzem, não distribuem, não divulgam. Tudo fica por conta dos autores que têm de se virar para serem vistos e lidos. É a meritocracia em sua face mais perversa. Ainda restam algumas editoras de verdade tentando sobreviver dignamente neste ambiente tóxico, mas fica cada vez mais difícil com a concorrência desleal dessas plataformas que invertem a lógica do processo editorial. Certamente isso trará reflexos negativos para o mercado no futuro.
Outro tiro no pé são as campanhas de autofinaciamento no Catarse. Reconheço que muitos autores (e também editoras) têm garantido o leite das crianças através dessa plataforma, mas isso não está contribuindo para a criação de público e mercado. A maior parte dos livros têm poucas centenas de apoiadores que, temo, sejam sempre os mesmos. E a própria plataforma tem ficado cada vez mais inóspita para os autores trabalharem diretamente. As editoras estão tomando os espaços dos autores e, dessa forma, comprometendo a renovação.
Como leitor, até gosto. Enquanto puder, apoiarei os projetos, mas por interesse puramente egoísta, pois tenho consciência de que isso não ajuda a restaurar o mercado editorial, pelo contrário, está minando-o ainda mais.
Vamos esperar para conferir o que 2022 tem a oferecer.
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