Fundada em 2006 em Portugal, a editora Saída de Emergência ocupou o vácuo deixado por duas grandes coleções de fc&f descontinuadas no país, também muito caras aos brasileiros: a Caminho Ficção Científica, que tinha um catálogo selecionado basicamente entre autores europeus, mas que também dava espaço a escritores lusos e brasileiros – Braulio Tavares, Gerson Lodi-Ribeiro e Roberto de Sousa Causo, entre outros, tiveram títulos publicados – e a Argonauta, coleção com mais de 500 volumes que ainda é referência entre os leitores lusófonos.
Com um catálogo focado na fantasia, gênero não tão privilegiado por suas antecessoras – mas sem esquecer da ficção científica –, a Saída de Emergência lançou mão de uma estratégia especial para divulgar seus livros: em tempos de internet, publicou a revista Bang!, com artigos históricos e analíticos redigidos por especialistas, entrevistas com autores e, a cereja do bolo, contos inéditos de diversas procedências, inclusive portuguesa.
Desde que iniciei este blogue, tenho divulgado as edições da Bang! portuguesa, que lançou o número 14 há poucas semanas. Com exceção de uma, todas tiveram publicação real, mas suas versões digitais ainda podem ser baixadas e lidas no saite da editora portuguesa, aqui. Por isso, desde que em 2012 a Saída de Emergência divulgou que pretendia se instalar no Brasil, estava na expectativa que a Bang! finalmente chegasse também ao País. E não é que o sonho se fez real?
Lançado na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, o número zero da revista Bang! Edição Brasil está sendo distribuído pela editora nos eventos em que participa. Trata-se de uma revista grande, em formato magazine (as primeiras edições da Bang! tinham um formato menor), impressa em papel especial com capa em cartão laminado. Em suas 84 páginas totalmente em cores e fartamente ilustradas, traz textos exclusivos de conteúdo similar ao que se pode ver nas edições portuguesas. O foco continua sendo a divulgação dos lançamentos de seu catálogo, iniciado com Aprendiz – primeiro romance da série Mago, de Raymond E. Feist –, extensamente comentado em diversos artigos, bem como os futuros lançamentos da casa, que também recebem uma atenção minuciosa.
Mas o que realmente faz da Bang! uma revista desejada são os artigos históricos e analíticos que, nesta edição, vão da linda homenagem "As glórias da Coleção Argonauta", por Luís Filipe Silva, ao excelente "O fantástico no Brasil", por Bruno Anselmi Matagrano, com informações valiosas para leitores e estudiosos do gênero. Também são interessantes as colunas "História alternativa", por Gerson Lodi-Ribeiro, e "E-libris", por Fábio Fernandes. Os quadrinhos também são lembrados no artigo "Locke & Key, a obra-prima de Joe Hill", assinado por Tiago Toy. Coroam a edição, contos inéditos de Jan Neruda e Gabriel Réquiem.
Um dos grandes desfalques do catálogo da editora é o onipresente escritor bestseller George R. R. Martin que, em Portugal, é publicado pela Saída de Emergência, mas no Brasil tem os direitos na posse de outras editoras. Mesmo assim, Martin recebe atenção num longo artigo assinado pela editora Safaa Dib, com fotos exclusivas – um luxo que as revistas brasileiras geralmente não se importam em oferecer aos leitores. E a edição é fechada por uma entrevista com o escritor Eduardo Spohr, repleta de conselhos para novos autores.
O Hiperespaço comparece na página 13 desta edição de estreia, com uma pequena nota sobre a antologia Máquina Macunaíma, de Luiz Brás, parte de uma seção dedicada à divulgação de lançamentos recentes essenciais, para a qual foram convidados diversos blogues brasileiros especializados em fc&f.
Para quem não conseguir um exemplar, a Saída de Emergência disponibiliza a versão digital de publicação, que pode ser baixada gratuitamente aqui. Para mais informações e novidades na fanpage da editora.
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