sexta-feira, 1 de março de 2024

Histórias Extraordinárias 8

Está em campanha de financiamento direto o oitavo número do fanzine literário de ficção científica Histórias Extraordinárias, editado por Marcus Garrett, Mario Cavalcanti e Paolo Fabrizio Pugno para a Editora Mundo.
Os editores prometem uma edição com 44 páginas e contos de Pablo A. Rebello, Vinícius de Freitas, Gerson Lodi-Ribeiro, Arthur S. Brum e Rodrigo Ortiz Vinholo, e como brinde entregará mais um card da coleção "Super Cards Histórias Extraordinárias - Série Escritores", desta vez homenageando o escritor americano Jack Vance. 
Como se percebe, depois de uma discreta participação na edição anterior, as escritoras mais uma vez ficaram de fora da HE. Os fanzines brasileiros de ficção científica precisam urgentemente rever seus conceitos, agora que o texto brasileiro que apareceu em destaque em uma das grandes revistas literárias americanas foi justamente o da escritora Clara Madrigano. Elas estão arrebentando. 
Para apoiar a publicação, visite a página da campanha aqui, disponível até o dia 9 de abril de 2024. Edições anteriores podem ser adquiridas em pacotes promocionais ou na página da editora, aqui.

5 comentários:

  1. César, boa noite. Antes de mais nada, agradecemos a publicidade em seu altamente prestigioso Blog para a revista Histórias Extraordinárias, agora em seu 8º número, já totalmente financiada via crowdfunding e feita sempre com muita dedicação e carinho.
    Entretanto, mais uma vez notamos que o conteúdo da revista sofre comentários infundados sobre a falta de material produzido por mulheres, inclusive com a sugestão da necessidade de uma "revisão de conceitos", como se estivéssemos de alguma forma boicotando ou propositalmente deixando de publicar material deste tipo.
    Gostaríamos de saber o motivo pela repetição constante desse tipo de comentário quando faz a resenha de nossa revista, visto que - como já lhe foi exposto anteriormente, diga-se de passagem - no caso específico da Histórias Extraordinárias a aparente baixa quantidade de material produzido por mulheres se dá apenas e tão somente pela falta de recebimento desse material; não há e nunca houve qualquer tipo de restrição quanto ao gênero de quem nos envia contos; longe disso, nossos critérios são exclusivamente voltados à qualidade do material - e nos orgulhamos muito disso.
    Aliás, e contrariamente ao que seu artigo dá a entender, no nosso caso podemos afirmar que até o momento publicamos 100% do material de autoria feminina que recebemos. Isso ocorreu na edição passada - dois dos contos publicados no número 7 da revista.
    Sim, recebemos até o momento de fechamento do número 8 apenas DOIS contos de autoras, contra DEZENAS de contos de autores. E sim, ambos foram publicados, daí os 100%.
    Trata-se, portanto, de pura e simples falta de recebimento de material enviado por autoras.
    Desta forma, também gostaríamos de sugerir uma revisão de conceitos: que antes de emitir um julgamento, se procure obter a informação correta. Não gostaríamos de ver novamente esse tipo de comentário errôneo e infundado vinculado à nossa publicação, já que de nossa parte, estamos abertos - como sempre estivemos - para fornecer de bom grado informações a respeito da revista. É só perguntar.
    Um grande abraço.

    ResponderExcluir
  2. Oi, Paolo e Cesar... Tudo bem? Primeiro, parabéns a Cesar por manter o blog vivo e pulsante, e parabéns à equipe da revista por mais uma edição. Eu participei da revista a convite dos editores e fiquei muito feliz. Foi da 7, se não me engano, não foi Paolo?... Agora... Essa coisa de participação feminina nas revistas precisa ser repensada de diferentes ângulos. Publicar mulheres aumenta o público leitor porque eu vejo que cada vez mais as mulheres se interessam por literatura especulativa, e também aumenta as contribuições no catarse. Por outro lado, sem participação de mulheres, as leitoras, as escritoras e possíveis doadoras se afastam. E não digo isso especificamente sobre a Histórias Extraordinárias, mas de uma forma geral. Porém, de forma mais específica, tenho duas sugestões, se me permite, Paolo. Olha só: 1. Continuem convidando escritoras porque elas vão aceitar. Pela minha observação e através de conversas com elas (e até por minha própria experiência), elas não enviam para seleções abertas porque acreditam que não vão ser selecionadas. Cara, eu amei quando me convidaram! E acredito que muitas outras vão amar também. 2. "nossos critérios são exclusivamente voltados à qualidade do material" - ponha esse discurso de lado. É o mesmo usado por outro editor - esse, sim, misôgeno. Ele diz isso e ao mesmo tempo nunca dá chances às mulheres, ou seja, a agenda dele não é a qualidade, e sim o sexismo. A equipe da sua revista passa muito longe disso, e por isso mesmo precisa tomar cuidado para não usar um discurso parecido, evitando assim, ser confundido com ele... Eu acredito na equipe da Histórias Extraordinárias, sempre compartilho e torço pra dá tudo certo. Estou grata pelo espaço que me deram... E eu acredito no empenho de Cesar. Ao difundir e "criticar" nossas coisas, ele abre espaço para discussões e amadurecimento das publicações. Um abraço a todos.

    ResponderExcluir
  3. Sem dúvida, a participação feminina FC&F é um tema importante que deve ser discutida. Infelizmente, o sexismo e a misoginia sempre dominou e ainda domina a cena da Literatura Especulativa no Brasil. Estamos em 2024, e tem editor que se esconde atrás de desculpas esfarrapadas como por exemplo, prezar pela suposta qualidade do material publicado. É INACEITÁVEL! Na verdade, NÓS, ESCRITORAS DE LITERATURA DE GÊNERO ESTAMOS EXAUSTAS! Não conheço uma escritora que ao ser convidada para uma publicação seja revista, antologia, entrevista ou artigo que se recuse a colaborar. O que existe são poucas OPORTUNIDADES ou CONVITES dos editores. Recentemente fiquei feliz ao publicar (por submissão) na Revista Histórias Extraordinárias HE7, inclusive a capa foi baseada no meu conto, uma RARA OPORTUNIDADE! Logo, acredito que uma ampla discussão é cada vez mais importante para rompermos as barreiras e a misoginia escancarada na Literatura Especulativa no Brasil.

    ResponderExcluir
  4. Me sinto um pouco incômoda com essa discussão. Primeiro porque, entre os convites que recebo para participar de antologias e publicações de contos de FC, não vou lembrar se a equipe da Histórias Extraordinárias chegou a me pedir algum material. É possível, e então eu estaria sendo injusta com a publicação. Além do mais, na edição passada, como foi destacado por Paolo Rebello, houve a participação de DUAS escritoras, fato comemorado, inclusive no blog da revista, como destaque. Toda vez que vejo alguém destacar a presença de mulheres (ou qualquer outro ser humano) em um lugar, cargo, publicação, etc., me dá a impressão de que há algo que não está muito certo. Em todo o caso, não é a primeira vez que vejo a presença ou ausência de literatura escrita por mulheres associada a essa publicação em particular. No ano passado, outro escritor e editor do meio me sugeriu enviar um material para a HE, justamente por ter identificado essa ausência de nomes femininos entre os autores publicados. Mas, eu confesso, não mandei material algum.
    Primeiramente, devo dizer que não vejo que dar ênfase à qualidade do material seja uma razão para não publicar autores de qualquer gênero. Se o conto é bom, deve ser publicado, desde que tenha sido escrito por um ser humano (sempre vou achar que Literatura, assim como a Arte de qualquer natureza, é coisa feita por humanos e para humanos, e que as máquinas precisarão encontrar seus próprios canais de expressão, se acharem que isso é necessário, assim como nós achamos). Não acho que seja uma desculpa para não editar, ou mesmo uma boa razão para editar. Eu detestaria ter um trabalho publicado pelo fato de ser mulher e não pelo fato do conto ser bom (sim, estou pedindo: se forem me convidar para uma publicação, não me chamem por ser mulher. Me chamem porque acham que meu trabalho é bom). Mas me somo ao coro das que dizem que as mulheres sempre saem perdendo, porque precisam dar conta de uma vida profissional E familiar, e que na maior parte do tempo não nos sobra tempo para produzir tanto quanto gostaríamos, nem de participar de todos os editais e seleções que gostaríamos, e que terminamos em desvantagem. Daí que eu acho (percepção minha, totalmente sem outro embasamento além do que vejo ao meu redor), que de uma maneira geral, há menos participação feminina por iniciativa própria em editais e concursos. A gente tem menos tempo, logo, produz menos por conta do pouco tempo, logo, não participamos tanto quanto gostaríamos, ou os editores gostariam que a gente participasse. (segue)

    ResponderExcluir
  5. Por outro lado, se um grupo de pessoas bem intencionadas, se reúne para produzir uma publicação de contos de qualquer natureza, inspirado em um mercado já existente, bem que poderiam trazer coisas deste outro mercado, como remunerar os participantes. Quero dizer, se a publicação, inspirada em revistas norteamericanas é paga, os participantes também poderiam ganhar algo. Tenho entendido, ao longo de minhas leituras de autores como Isaac Asimos e Stephen King, que os escritores, mesmo iniciantes, recebem algo por sua participação, mesmo quando é um valor pequeno. Não estou falando de uma soma alta. Poderia ser um valor simbólico. Uma revista paga não é como uma antologia que será distribuída de graça, ou um fanzine. A Histórias Extraordinárias é feita com um projeto no Catarse. O montante que é recolhido produz mais revistas do que as compradas pelos participantes do projeto, já que o site da editora da revista vende o excedente da produção. Será que não é possível incluir nesse conta um valor para os autores? Será que quem escreve não merece mais do que um exemplar da revista e um “muito obrigado”?
    Eu me incomodo com isso. Escrever deveria ser uma atividade a ser levada mais a sério. Por que se espera que alguém se sente para escrever um material inédito (o ineditismo é pedido no edital da revista) e de qualidade, e ainda por cima corresponder ou superar expectativas do mercado atual, de graça? Ser mulher e ser publicada ou não por conta disso é só uma parte da forma amadora como se vê o escritor e seu trabalho no Brasil e só contribui para o sentimento de viralatismo de que se fala tanto.

    ResponderExcluir