quinta-feira, 14 de abril de 2016

Saci funciona?

Há algumas semanas, um assunto tomou de assalto as comunidades culturais das redes sociais brasileiras. Tudo por conta de um vídeo de poucos minutos, postado aqui, no qual um ilustre desconhecido recomenda aos artistas brasileiros de forma geral que parem de usar a cultura, o folclore e os cenários brasileiros nas suas criações porque, no entender dele, isso não funciona e só está sendo feito para se obter verbas dos editais públicos.
A discussão é antiga e em alguns ambientes do fandom (quadrinhos e literatura, por exemplo) foi superada há tempos, mas com a chegada de novas gerações de consumidores – que agora têm voz fácil e barata – o assunto volta com requintes de intolerância e preconceito. Isso acontece porque a memória do brasileiro é muito curta, bem como sua histórica convicção de que não é preciso estudar o passado. Volta e meia, ressurgem aventureiros em busca da luz de holofotes, mesmo que para obtê-la tenham que revolver cadáveres sepultados há décadas.
Não é preciso que eu rebata aqui os argumentos do mancebo desinformado (talvez ele realmente acredite estar prestando um 'serviço de utilidade pública', embora eu tenha sérias dúvidas a esse respeito), porque muita gente já o fez e bem, como Raul Tabajara, do canal Ilustradicas, em um divertido vídeo resposta disponível aqui, e no longo e denso hangout promovido pelo canal ZineExpo, disponível em duas partes aqui e aqui – esta última com a participação de meu amigo Thiago Spiked, publisher da editora de quadrinhos Crás.
Recomendo que todos os interessados no assunto que assistam estes vídeos e ponderem a respeito. Ainda que seja uma polêmica falsa, é importante que esse tipo de asneira não ecoe num mercado cultural historicamente subserviente e difícil, e venha a prejudicar seus protagonistas justamente em um de seus melhores momentos.
Imagem do saite Clube da Sombra



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