O Brasil tem poucos heróis. Dentre eles, os do esporte são os mais lembrados, principalmente aqueles que deram aos brasileiros a alegria de se sentirem os melhores do mundo, como Garrincha, Pelé, Romário, Ronaldo, Guga, Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet, por exemplo. Mas o fato é que a maior parte deles não é unanimidade. Talvez a única exceção seja Ayrton Senna, três vezes campeão da maior categoria do automobilismo mundial, a Fórmula 1, que em vida foi um fenômeno midiático do porte de um membro da família real britânica. Senna foi elevado a categoria de mito no dia 1º de maio de 1994, quando toda a sua habilidade não foi suficiente para vencer a curva Tamburello, no GP de Ímola.
Senna tornou-se personagem de quadrinhos ainda em vida, quando foi lançada a revista infantil Senninha – coisa que Pelé também já teve –, mas faltava ao leitor brasileiro o acesso a um quadrinho mais sofisticado, que desse dignidade a carreira vitoriosa desses atletas maiúsculos. Não que isso já não tenha sido feito. Durante sua passagem pela escuderia McLaren/Honda, Senna tornou-se ídolo no Japão, e lá recebeu uma série de quadrinhos muito bem feita, que segue inédita no Brasil.
Coube a editora Autêntica, através do selo Nemo, dedicado à publicação de quadrinhos europeus, a tarefa de trazer ao país um emocionante e bem realizado álbum semi-documentário sobre a careira de Senna, que talvez seja o único herói unânime no País. Criação de uma inspirada equipe franco-belga formada pelo jornalista Lionel Froissart no roteiro, e os ilustradores Christian Papazoglakis e Robert Paquet (ambos do estúdio Graton, responsável pelas histórias de Michel Vaillant), Ayrton Senna: A trajetória de um mito homenageia os vinte anos do desaparecimento de Senna, com uma história que inicia com ele, ainda criança, disputando as primeiras corridas de kart, sua eterna busca pela perfeição e a gana por sempre vencer, passando pela estreia na F1, na pequena equipe Toleman, debaixo da chuva torrencial do histórico GP de Mônaco de 1984, quando disputou a chegada com ninguém menos que Alain Prost que seria, dali em diante, seu maior rival no esporte.
A hq segue contando outros fatos importantes, incluindo o seu tricampeonato mundial, sempre com desenhos de uma precisão histórica, sem perder a dinâmica vertiginosa das corridas de automóveis, que lembram os melhores exemplos do gênero nos quadrinhos. Uma amostra do excepcional trabalho pode ser apreciada aqui.
Ayrton Senna: A trajetória de um mito tem 48 páginas em cores e é publicado sob parceria com o Instituto Ayrton Senna.
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