Há alguns dias, o escritor Luiz Bras promoveu por email uma votação informal entre cerca de 50 fãs, pesquisadores, editores e autores de FC para identificar um possível cânone da ficção científica curta brasileira que lhe servisse de base para um artigo analítico. Bras solicitou que cada convidado indicasse, em ordem de preferência, três textos que fossem os melhores da FCB na opinião de cada um.
Usando um processo de pontuação ponderado similar ao usado no extinto Prêmio Nova, obteve o seguinte resultado:
1 - A escuridão, de André Carneiro (25 pontos)
2 - A ética da traição, de Gerson Lodi-Ribeiro (20 pontos)
3 - Eu matei Paolo Rossi, de Octavio Aragão (13 pontos)
4 - Mestre-de-armas, de Braulio Tavares (13 pontos)
5 - O homem que hipnotizava, de André Carneiro (6 pontos)
6 - Pendão da esperança, de Flávio Medeiros Jr. (6 pontos)
7 - Água de Nagasáqui, de Domingos Carvalho da Silva (5 pontos)
8 - Assassinando o tempo, de Cristina Lasaitis (5 pontos)
9 - Cão de lata ao rabo, de Braulio Tavares (5 pontos)
10 - Um braço na quarta dimensão, de Jerônymo Monteiro (5 pontos)
O artigo com as conclusões de Bras será publicado na edição de março do jornal literário Rascunho.
Ainda que tenha sido uma pesquisa informal, o levantamento é válido e pode ser comparado com uma votação similar realizada em 1998 pelo fanzine Megalon. Mesmo levando em conta que nessa votação valia votar também na ficção longa, o resultado revela que muita coisa mudou na opinião dos fãs. As 10 primeiras posições então eram:
1 - A ética da traição, de Gerson Lodi-Ribeiro
2 - A mãe do sonho, de Ivanir Calado (romance)
3 - Demônios, de Aluísio de Azevedo
4 - A escuridão, de André Carneiro
5 - Padrões de contato, de Jorge Luiz Calife (romance)
6 - O vampiro de Nova Holanda, de Gerson Lodi-Ribeiro
7 - O príncipe da sombras, de Baulio Tavares
8 - O 31.o peregrino, de Rubens Teixeira Scavone
9 - A nuvem, de Ricardo Teixeira
10 - A chave do tamanho, de Monteiro Lobato (romance)
Participei de ambas as votações e, para dizer a verdade, discordo do resultado de ambas. Por pura diversão, resolvi definir os 10 melhores contos da FCB – sem considerar romances – na minha opinião. O resultado foi:
1 - A escuridão, de André Carneiro
2 - Tuj, de Walter Martins
3 - Um braço na quarta dimensão, de Jerônymo Monteiro
4 - O 31.o peregrino, Rubens T. Scavone
5 - Da mayor speriencia, de Nilson Martello
6 - O último artilheiro, de Levy Menezes
7 - A última publicidade do hebefrênico Alfredo, Ivan Carlos Regina
8 - O altar de nossos corações, de Ivanir Calado
9 - Aí vem o sol, de José dos Santos Fernandes
10 - Mestre-de-armas, de Braulio Tavares.
É claro que o resultado de qualquer votação vai variar conforme o grupo de votantes e a época em que a dinâmica for realizada, devido aos grupos de consulta serem geralmente muito pequenos e a uma série de outras influências imponderáveis. A FCB ainda carece de muito estudo para determinar, com precisão, um cânone legítimo de si mesma. Mas dinâmicas como esta sempre servem para fazer avançar um pouco mais a noção que o gênero faz de si mesmo.
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