O que é mais legal nos clássicos da literatura é que eles estão por toda parte. São baratos e fáceis de encontrar, porque estão em domínio público e todo mundo parece querer tirar uma casquinha. Afinal, não precisar pagar o autor é uma vantagem e tanto. Por isso, volta e meia surge uma nova edição, às vezes mais luxuosa, às vezes em formato econômico. E, às vezes, em quadrinhos.
Acho que a primeira editora brasileira a perceber o potencial das adaptações literárias em quadrinhos foi a EBAL, do Rio de Janeiro, que nos anos 1950 e 1960 era provavelmente a maior editora de quadrinhos do país. Sua Coleção Maravilhosa era dedicada a publicar quadrinhizações da literatura nacional e estrangeira. Algumas adaptações dessa coleção são únicas.
Nos anos 1980 a americana DC criou uma linda coleção de adaptações em quadrinhos de alguns romances clássicos, ilustradas por desenhistas de primeiro time. A coleção teve tradução o Brasil pela editora Abril, com acabamento luxuoso similar ao da coleção americana.
Recentemente, muitas editoras brasileiras descobriram que dá pé publicar adaptações em quadrinhos de clássicos da literatura brasileira, porque os governos parecem interessados em comprar esse tipo de material para as bibliotecas escolares. É uma pena que tenha sido preciso mamar na verba pública, mas se não for assim, o que há de ser do quadrinho brasileiro? Está valendo, tanto que tem ganhado até prêmio Jabuti.
Agora é a vez da editora On Line investir na coleção Clássicos em Quadrinhos. Na verdade, não é um lançamento recente — o primeiro número saiu em janeiro —, mas só agora reparei com o lançamento de mais dois números. Trata-se da tradução da coleção Classic Fiction publicada originalmente pela editora americana Stone Arch Books.
O já citado primeiro número foi O médico e o monstro, de Robert L. Stevenson, adaptado por Carl Bowen, e Daniel Perez. O volume 2 trouxe O corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo, adaptado por L. L. Owens e Greg Rebis. E o volume 3, A máquina do tempo, de H. G. Wells, por Terry Davis e José Alfonso Ocampo Ruiz.
A coleção original, da Stone Arch, ainda tem adaptações de O homem invisível, Tom Sawyer, Pinóquio, O livro da selva, 20.000 léguas submarinas, As viagens de Gulliver e muitas outras que talvez cheguem ao Brasil na sequência.
O trabalho é de boa qualidade, mas não tem nada de mais. Os desenhos tendem para um certo estilo oriental, que está na moda, mas simplificado demais, eu diria um tanto apressado. Deu saudades das edições da Abril. Seria oportuno se a editora On Line, ao invés de comprar esses enlatados, providenciasse as adaptações com artistas brasileiros que, com certeza, fariam um trabalho mais vistoso. Talvez nem ficasse mais caro, já que as obras estão em domínio público mesmo.
As edições da coleção Clássicos em Quadrinhos tem formato americano, 72 páginas em cores, e custam R$8,90 cada.
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