quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O retrato de Dorian Gray

Não é segredo para ninguém que o que tem sustentado o mercado de quadrinhos no Brasil são adaptações da literatura canônica. Dezenas de títulos foram publicados por diversas editoras, cada uma delas tentando abocanhar uma fatia da verba pública que sustenta esse nicho, uma vez que o Estado é o principal comprador de quadrinhos atualmente.
Mas nem aí os autores brasileiros têm vida fácil, pois começam a desembarcar por aqui trabalhos estrangeiros com adaptações de textos da literatura mundial, como é o caso de O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, ilustrado por Stanislas Gros, traduzido pelo selo Quadrinhos na Cia da Companhia das Letras.
A obra adapta para a arte sequencial o clássico romance de horror no qual um belo jovem vive desregradamente enquanto um quadro pintado com a sua fisionomia envelhece em seu lugar.
O romance, originalmente publicado em 1891, é o único escrito por Wilde e escandalizou a sociedade vitoriana à época.
O álbum tem 72 páginas coloridas e um trecho pode ser lido aqui.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Asterios Polyp

David Mazzucchelli tem uma história interessante. Como a maior parte dos desenhistas de quadrinhos americanos de sucesso, ele iniciou sua carreira produzindo histórias de super-heróis. Passou pela Marvel, onde ilustrou uma das melhores fases do Daredevil, em parceria com Frank Miller. Depois foi para a concorrente, DC, e lá ilustrou uma das mais respeitadas histórias da mitologia do vigilante de Gothan City, Batman Ano Um, publicada em 1987. Já dava para perceber que alguma coisa estava acontecendo com Mazzucchelli, que se distanciava cada vez mais dos estereótipos dos super heróis, focando personagens coadjuvantes e um Batman ainda sem uniforme.
Então, para a surpresa de todos, Mazzucchelli afastou-se da Meca dos quadrinhos, exatamente quando seu nome já estava entre os grandes ilustradores americanos.
Mas Mazzucchelli não abandonou os quadrinhos, apenas mudou o modo com que queria se relacionar com a arte, passando a investir em seus projetos pessoais, como a revista Rubber Blanket. Anos depois, em 2004, apareceria quase irreconhecível aos seus fãs, na excelente adaptação do romance de Paul Auster Cidade de vidro (City of glass), publicada no Brasil em 1998 pela editora Via Lettera. Mazzuccelli estava muito diferente. Seu desenho era mais livre, quase um cartum, e a história delirante de Auster deixava tudo ainda mais estranho aos leitores.
Desde então, não tivemos mais contato com David Mazzucchelli. Até agora.
Acaba de sair, pelo selo Quadrinhos na Cia, da Companhia das Letras, o álbum Asterios Polyp, um livro de 344 páginas que pode ser classificado como quadrinho-design, devido ao surpreendente trabalho gráfico que Mazzucchelli imprimiu à obra, com cores improváveis e muito experimentalismo gráfico.
Conta a história de um arquiteto excêntrico que entra em crise existencial depois que sua casa é destruída por um incêndio. Confuso, ele parte para uma viagem pelos EUA, onde vai se deparar com uma realidade que não conhecia. A narrativa também é incomum, sendo que o narrador da história é o irmão gêmeo de Asterios que, veja só, morreu antes de nascer.
O tradutor Daniel Pellizzari fez milagres na versão da obra para o português, repleta de termos intraduzíveis. O resultado é uma história aberta, tão rica em interpretações quanto em sua estética pós-tudo.
Publicada originalmente em 2009 pela Pantheon Books, Asterios Polyp ganhou o prêmio Los Angeles Times Book Prize Graphic Novel e recebeu quatro indicações para o Prêmio Eisner, ganhando nas categorias Melhor Álbum Novo, Melhor Autor/Ilustrador e Melhor Letrista. Também ganhou três categorias do Prêmio Harvey 2010.
Uma amostra do trabalho pode ser vista no saite da Companhia das Letras, aqui. Um excelente investimento para o décimo-terceiro.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

QI 112

Quadrinhos Independentes, fanzine editado por Edgard Guimarães, completa mais um ano de edição regular e ininterrupta. A edição 112 segue no formato e conteúdo tradicionais, com as seções fixas "Mistérios do colecionismo", na qual o editor comenta as curiosidades editoriais dos quadrinhos, "Memória do Fanzine Brasileiro", com um depoimento do editor Wallace Vianna, "Fórum", com as cartas dos leitores, e "Edições Independentes", com um levantamento das publicações alternativas do bimestre.
Também publica quadrinhos e ilustrações de Luiz Claudio Lopes Faria, Anjos, Bira, Expedicto Figueiredo, Beto e do próprio editor, além de um poema de Cássio Aquino e o primeiro de uma série de artigos de Carlos Gonçalves sobre Tintin em Portugal. Encarta ainda a cédula de votação para o 28º Prêmio Angelo Agostini. A capa é ilustrada por um trabalho de Guimarães.
Sendo esta a última edição do ano, é justamente a hora para o leitor interessado fazer ou renovar sua assinatura, único meio pelo qual o fanzine é distribuído. Para assinar, informe-se pelo email edgard@ita.br.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

É Natal!

Naquela noite bendita, a criança nasceu.
Imediatamente, toda a criação soube, os anjos cantaram e as estrelas fulguraram ainda mais. A natureza rejubilou-se porque algo maravilhoso aconteceu.
Pela infinita Graça de Deus, o Rei veio ao mundo.
Vivamos esse tempo. Alegremo-nos. O Nosso Senhor chegou e estará conosco para sempre.
Tenham todos um Feliz Natal!
Amém.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Selvagens Cadáveres de Guerra

Antes de encerrar 2011, surge mais um ebook de terror.
Os Selvagens Cães Cadáveres de Guerra é uma antologia com sete contos organizada por Rochett Tavares (autor do romance Anakagawea, também publicado em 2011).
A ídeia foi misturar elementos das histórias de guerra, especialmente aquelas acontecidas durante a Segunda Guerra Mundial, com histórias de terror sobrenatural. Algo como o divertidíssimo filme Dead Snow, que comentei há algum tempo aqui.
Diz o editorial: "Experimentos ocorridos em laboratórios cuja localização, ainda neste século, permanece envolta na bruma das lendas; Combates sangrentos e o horror vivenciado por homens simples que empunharam suas armas movidos à fleuma de ideais utilizados por seus líderes apenas para manipulá-los e fazer deles a massa através da qual conquistariam seus torpes objetivos. Imaginem se tais pesquisas, a busca pela arma definitiva, de fato houvesse saído ao controle e gerado horrores inomináveis! Imaginem se o “soldado perfeito” houvesse sido um retumbante fracasso, voltando-se contra seus mestres!"
Além do próprio organizador, estão presentes na antologia os escritores Alastair Dias, Celly Monteiro, Marcelo Augusto Claro, Eric Musashi, Monica Krupp e C. R. Gondim.
O volume foi publicado através do Projeto Livro Grátis e pode ser baixado aqui.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Somnium blogando

Nos anos 1980, quando o escuridão cobria o Brasil, o boletim do Clube de Leitores de Ficção Científica, o Somnium, manteve acesa a pequena tocha que insistia iluminar a produção de FC nacional. Junto a ele, outros fanzines surgiram e, ao longo dos anos 1990, construíram o gérmen do fandom brasileiro que hoje conhecemos. Nos anos 2000, os fanzines perderam sua importância e, um a um, foram desaparecendo. O Hiperespaço, por exemplo, foi cancelado em 2004, e o Somnium teve sua última edição, de número 100, publicada em setembro de 2007. O CLFC até tentou virtualizá-lo, mas apenas uma única edição foi publicada, em 2008, cuja capa ilustra este post. Até o saite do Clube entrou em recesso, depois de várias encarnações sem expressão.
Hoje, com uma nova e animada diretoria, o Somnium renasce de cinzas. O CLFC acaba de anunciar a reestreia do boletim agora na forma de um blogue, editado por Daniel Borba e Fábio San Juan.
Nesta primeira investida, o boletim apresenta algumas resenhas, contos de Cesar Alcazar, Álvaro Domingues e Duda Falcão, e um longo artigo de Marcello Simão Branco contando a história do CLFC.
É acanhado, se comparado a outras iniciativas que rolam na internet, ainda mais quando lembramos a importância que o Somnium teve para a FC brasileira. Mas, depois de tantos anos inativo, é um avanço que merece minhas congratulações.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Juvenatrix 132

Está disponível aos interessados a nova edição do periódico de horror e ficção científica Juvenatrix, um dos últimos sobreviventes do era de ouro dos fanzines no Brasil.
Editado por Renato Rosatti, este número entrevista o cineasta independente Joel Caetano, publica contos de Dalila Rocha Sousa e Rita Maria Felix da Silva, e resenhas os filmes Os monstros da noite (1966), O último mundo dos canibais (1977) e Planeta dos macacos: A origem (2011), além de divulgar produções alternativas e bandas de Metal extremo. A capa traz uma ilustração de Rafael Tavares.
Para solicitar uma cópia em formato PDF, envie um e-mail para renatorosatti@yahoo.com.br

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Green death: Ecoterrorismo licantrópico

Mais um título chega para rechear as noites insones dos fãs de histórias de terror. Trata-se Green death: Ecoterrorismo licantrópico, Volume zero, antologia virtual com contos sobre lobisomens, organizada pelo escritor Alfer Medeiros.
O volume traz textos de Alastair Dias, Amanda Reznor, Carolina Mancini, Celly Monteiro, Diego Alves, Gerson Balione, Iam Godoy, Marcelo Claro, Mariana Albuquerque, Rosana Raven, Susy Ramone e Tânia Souza, além de uma galeria de ilustrações em cores.
A antologia faz parte de um projeto que engloba o livro Fúria Lupina, de autoria de Medeiros, e a ideia é que se usem as histórias do livro como sugestão de aventuras passadas no Brasil para serem adaptadas em jogos de representação.
Diz o organizador na apresentação do volume: "Green Death faz parte do universo da série Fúria Lupina, onde lobisomens vivem e atuam em um contexto histórico/cultural real. Assim como na nossa realidade, os lobisomens são tidos como um mito. Isso quer dizer que é da preferência dos homens lobo que as coisas permaneçam assim, ou seja, as ações do grupo são planejadas de modo a não deixar pistas da existência de tais seres. Aparições em público dos licantropos são evitadas a todo custo".
O livro é gratuito e pode ser baixado aqui.

O jogo no tabuleiro sai do papel

A escritora gaúcha Simone Saueressig mandou-me esta notícia curiosa, sobre uma inesperada repercussão de seu romance O jogo no tabuleiro, publicado em 2010 pelo Clube dos Autores:
"Fui a uma costumeira visita a escolas, pensando que seria um dia como outro. Mas tive uma surpresa muito legal, que queria compartilhar contigo: uma das turmas de oitava série baixou da rede o primeiro volume de O jogo no tabuleiro e o trabalhou em sala de aula! As fotos anexas são do grande tabuleiro que os alunos criaram".
Pois aqui estão as fotos. A garotada realmente se empolgou com o romance, que é mesmo muito bom.
Para quem leu, a aranha amarela é de arrepiar. Senti falta do grande dragão, mas é porque ele está está aqui no meu próprio tabuleiro.
Parabéns Simone.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Páginas do futuro

E para não deixar pedra sobre pedra, Braulio Tavares ainda guardava mais uma carta na manga. Acaba de ser anunciado o lançamento da antologia Páginas do futuro, organizado por Tavares com doze contos de literatura fantástica escritos por autores brasileiros escolhidos dentro do cânone nacional, como atestam alguns do nomes selecionados: Rachel de Queiroz, Rubem Fonseca e Joaquim Manuel de Macedo, entre outros.
Diz o relise: "Nesta edição estão representadas épocas sucessivas do conto de ficção científica, passando por narrativas épicas, fantásticas e aventurosas que incluem histórias de seres sobrenaturais, deuses, monstros, artefatos mágicos, cidades encantadas, excursões a outros mundos, mitos de criação do mundo e dos seres. Uma literatura na tênue fronteira entre o real e o imaginário, indo dos romances científicos até a literatura pulp, passando pela especulação filosófica e pela projeção dos avanços científicos de criogenia, robótica e informática".
O livro tem 152 páginas e é uma publicação da editora Casa da Palavra.

Amor e sexo

O escritor e jornalista paraibano Braulio Tavares investiu, um dia, em uma carreira de autor. Publicou duas coletâneas (A espinha dorsal da memória, 1989, e Mundo fantasmo, 1986) e um romance (A máquina voadora, 1994), todos de excelente qualidade literária. Porém, o que deu certo mesmo foram as antologias. Há alguns anos, Tavares mantém boa regularidade editorial organizando antologias de literatura fantástica que foram muito bem recebidas pelo mercado. Títulos como Páginas de sombra: Contos fantásticos brasileiros (2003); Contos fantásticos no labirinto de Borges (2005); Freud e o estranho: Contos fantásticos do inconsciente (2007) e Contos obscuros de Edgar Allan Poe (2010), todas publicadas pela editora Casa da Palavra.
Agora, Tavares está lançando, pela Imã Editoral, a antologia Contos fantásticos: Amor e sexo, reunindo textos de ficção científica de Samuel R. Delany, Robert Silverberg, John Crowley, Ruth Rendell, Greg Egan, Fausto Cunha, Honoré de Balzac, Conan Doyle, William A. Lee e Edgar Allan Poe. Sem dúvida um grupo seletíssimo, com alguns autores pouco publicados no Brasil.
Diz o relise: "Escritores do século 18 ao 20, entre clássicos e renovadores da Ficção Científica, criam contos em que o amor e o sexo vencem os limites do tempo e da morte e onde máquinas estendem para além do imaginável as paixões e os prazeres".
O livro tem 230 páginas e uma amostra pode ser vista aqui.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Antes das grafic novels

Em 1974, surgiu na França uma publicação que abalou o cânone das histórias em quadrinhos. Era a revista Metal Hurlant, publicação da Les Humanoides Associés, editora formada pela união dos quadrinhistas Jean Giraud (Mœbius), Philippe Druillet e o escritor Jean-Pierre Dionnet, que apresentaram uma nova e perturbadora forma de ver a arte sequencial, investindo em temas como a ficção científica, a fantasia e o absurdismo, com muita violência, sexo e bizarrias.
Três anos depois, surgiria a sua versão americana, Heavy Metal, editada pela National Lampoon, que, além de traduzir algumas das histórias da matriz europeia, apresentava artistas americanos na mesma linha editorial. O impacto combinado dessas duas publicações na arte mundial foi avassalador e, ainda hoje, décadas depois do cancelamento de ambas, a influência se faz sentir.
As grandes editoras americanas reagiram a isso de formas diferenciadas, mas a Marvel Comics, que tinha sua grade editorial dominada por séries de aventuras para adolescentes, principalmente com super-heróis, investiu na publicação de uma revista similar a Heavy Metal, chamada Epic Illustrated, lançada em 1980. Nela, os artistas da casa tinham liberdade para criar narrativas exóticas e mais apimentadas daquelas que predominavam nas revistas de linha. Uma das histórias publicadas ali foi "Metamorphosis odyssey", de autoria de Jim Starling, tradicional criador de super-heróis. Seus trabalhos principais na Marvel haviam sido, até então, as primeiras histórias de Shang Shi e o épico de fantasia espacial do Capitão Mar-Vell, conhecido como "A saga de Thanos".
"Metamorphosys" conta a história de Vanth Dreadstar, um drama de space opera na mesma linha de Mar-Vell. A arte algo histérica de Starling tornou-se uma chancela da Epic, ilustrada com pinturas de cores vivas que ficam mais berrantes com o passar da história, uma assinatura lisérgica que predomina nos quadrinhos dos anos 1980.
As histórias de Dreadstar tiveram sequência na revista Epic Marvel, que chegou ao Brasil ainda nos anos 1980 publicada pela editora Abril. Contudo, o material publicado pela Epic Illustrated em suas 36 edições – a revista foi cancelada em 1986 – continuava inédito no Brasil até que, há algumas semanas, a Devir Editorial publicou, num único volume, a história completa de "Metamorphosys odyssey" sob o título de Dreadstar: A odisseia da metamorfose.
Diz o relise: "Durante milênios, os Orsirosianos foram a raça mais avançada da Via Láctea, além de terem sido os ancestrais de toda a vida humanóide da galáxia. Sua supremacia, entretanto, chegou ao fim com o surgimento dos Zygoteanos, uma raça impiedosa que parece querer conquistar e destruir todo o Universo… Aknaton, um místico imortal Orsirosiano, deve colocar em prática um plano devastador que dará fim à ameaça desses invasores e trará consequências cataclísmicas! No entanto, para que esse estratagema se concretize, ele deverá reunir um grupo de pessoas especiais. Entre elas está Vanth Dreadstar, um guerreiro implacável e astuto de enorme poder".
Dreadstar: A odisseia da metamorfose tem 128 páginas coloridas e custa R$53,00.

Barba Negra e o novo quadrinho

A editora Barba Negra, que se tornou o selo de quadrinhos da Editora Leya, distribuiu recentemente às livrarias algumas das mais perturbadoras histórias de uma novíssima geração de autores internacionais que, cada vez mais, distanciam-se das aventuras de ação que sempre caracterizaram a arte, enveredando por dramas mais realistas e existenciais.
Koko Be Good é o trabalho de estreia da ilustradora americana Jen Wang, publicado originalmente em 2010, com uma personagem anteriormente vista na internet. Sucesso no seu país de origem, conta a história de um casal de jovens tentando organizar suas vidas em Los Angeles, entre encontros e desencontros, confusões e um pouquinho de romance. O desenho é bastante movimentado, com uma colorização diferenciada em tons neutros. Apresentado na forma de um livro, tem 304 páginas e custa R$29,90.
Lucille, do francês Ludovic Debeurme é uma grafic novel de 544 páginas que também conta a história de um casal de jovens adolescentes, estes de uma aldeia no litoral da França, que fogem juntos para uma aventura pela Europa, em busca de suas próprias identidades. A narrativa ágil e repleta de flashbacks é ilustrada com desenhos simples, lineares e sem requadros. Lançado originalmente em 2006, o trabalho foi vencedor dos prêmios René Goscinny e da La Nouvelle Republique, além de ter sido destaque no Festival de Angoulême. A edição brasileira custa R$54,90.
Mas ainda há algum espaço para a fantasia. Pequeno Pirata (Roi Rose), do francês David B., é baseado num conto de Pierre Mac Orlan e soa como uma mistura de O livro do cemitério e Piratas do Caribe. Com um belo trabalho de arte visual totalmente em cores, conta a história de um bebê que é adotado pelos fantasmas do amaldiçoado navio Holandês Voador. Originalmente publicado em 2009, foi indicado ao Eisner Awards 2011. O álbum tem 48 páginas e custa R$29,90.
Ótimas opções para presentear neste Natal.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O rebuliço apaixonante dos fanzines

Tudo começou timidamente em 1965, quando Edson Rontani publicou em Piracicaba o boletim Ficção. Mas só partir do final dos anos 1970 começaram a girar no Brasil as engrenagens de um movimento que iria explodir nos anos 1980: a publicação de fanzines.
A mania ganhou força quando o movimento punk desembarcou por aqui, e com a popularização das copiadoras eletrostáticas que facilitaram a produção, surgiram fanzines por todos os lados.
Em 1990, Henrique Magalhães foi o primeiro acadêmico a perceber o significado sociológico dos fanzines, e elaborou um estudo sobre eles em sua dissertação de Mestrado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Em 1993, parte desse trabalho foi publicado no livro O que é fanzine, na Coleção Primeiros Passos da editora Brasiliense. Dez anos depois, Magalhães publicou ele mesmo, pela editora alternativa Marca de Fantasia em parceria com a Editora Universitária da UFPB, a versão integral dessa dissertação, com o título de O rebuliço apaixonante dos fanzines.
Com ambas edições esgotadas, o estudo volta a estar disponível em forma de ebook. O rebuliço apaixonante dos fanzines agora é o número 27 da Série Quiosque da Editora Marca de Fantasia, com duas grandes vantagens sobre as edições anteriores: ferramentas de navegação e ilustrações coloridas.
Diz o relise: "Além da história dos fanzines, que Henrique descreve em seus vários momentos de esplendor e crise, até a incansável busca de perspectivas e saídas para a produção, o livro traz uma introdução que dá um referencial teórico à pesquisa, com a definição de imprensa alternativa".
O rebuliço apaixonante dos fanzines tem 165 páginas e custa apenas R$5,00.
Uma amostra do livro pode ser vista aqui.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mundo monstro

Lançado no final de novembro, Mundo monstro: O estranho caso do vampiro assassino é uma divertida história de fantasia que usa de humor para falar a leitores de todas as idades sobre os mais diversos mitos da cultura brasileira. Seu autor é o escritor Gian Danton, conhecido como um dos melhores roteiristas brasileiros de quadrinhos, já premiado com o HQ Mix e o Angelo Agostini. O trabalho foi publicado em foma de ebook pela Editora Infinitum, que tem oferecido títulos muito interessantes em seu catálogo.
Diz o relise: "Numa cidade perdida, humanos e monstros convivem pacificamente. Mapinguaris conversam com duendes, canibais são garçons, dragões trabalham em restaurantes e a fênix faz um show de exibicionismo. Mas esse equilíbrio pode ser quebrado a qualquer momento por um assassinato. Para impedir que isso aconteça, um detetive lobisomem e seu pupilo devem desvendar esse mistério".
O desenho da capa de Mundo monstro é do excelente ilustrador curitibano Antônio Eder, e uma pequena amostra pode ser apreciada aqui.
Apesar das brincadeiras do relise, não é segredo que Gian Danton é pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira, que atualmente é professor da Universidade Federal do Amapá. O selo Hiperespaço já publicou dois livros de sua autoria: Spaceballs (Coleção Fantástica volume 6, 2000) e O anjo da morte (2002), além de diversos contos na fase em que o 'Hiper' foi um fanzine de papel.
Ivan Carlo mantém os blogues Idéias do Jeca Tatu, e Exploradores do Desconhecido, já comentado aqui.

Um cartum

Não costumo publicar muitos dos meus trabalhos neste blogue, sempre prefiro priorizar à divulgação de livros e revistas. Mas não dava para deixar passar este.
Depois das notícias da queda de mais um ministro do governo federal, decidi publicar este cartum, feito por encomenda para uma revista e que acabou não sendo publicado. Isso já faz uns dois meses, mas o cartum ainda não perdeu a atualidade. E, pelo jeito, não perderá por um bom tempo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Ação Magazine 1

Divulgada na internet em janeiro de 2011 e lançada em julho, no 14º Festival do Japão, finalmente chegou às bancas de São Paulo a revista Ação Magazine, da Editora Lancaster.
Anunciada como efusividade no ambiente dos fãs, principalmente através da internet, a editora prometia implementar no Brasil o mesmo sistema editorial usado no Japão, que investe na publicação de semanários volumosos, com vários seriados em cada edição e ampla relação com os leitores.
A edição 1 é ousada, com 160 páginas, muitas das quais em cores e papel especial. O conteúdo é de boa qualidade, com três histórias de 45 páginas cada, todas muito bem feitas. "Madenka", aventura de fantasia com toques de mitologia brasileira, é desenhada e escrita por Will Walbr; "Jairo", com histórias sobre lutas, tem roteiros de Michele Lys e Renato Csar, e desenhos de Altair Messias; e "Tunado", de Maurílio DNA e Victor Strang, trata do mundo dos carros envenenados. Especialmente esta última é de uma originalidade bem vinda, com os desenhos caprichados de automóveis que podem ser reconhecidos pelos brasileiros. A revista ainda publica artigos curtos sobre games, literatura, internet e tecnologia. O preço de capa é R$9,99.
Antologias de quadrinhos não são uma novidade por aqui. Revistas como a Vertigo, da Editora Panini, por exemplo, fazem isso há algum tempo. Nem mesmo com "mangaijim" a ideia é nova, uma vez que, em 1999, a Editora Escala distribuiu uma publicação similar, a Manga X, com ótimas histórias de veteranos na arte dos quadrinhos, cancelada na terceira edição.
Ao que tudo indica, o projeto da Ação Magazine não decolou como se pretendia. Afinal, um periódico lançado em agosto não pode demorar quatro meses para chegar às bancas de São Paulo. Mas isso era previsível. Produzir uma revista dessas a cada mês é, por si, um desafio hercúleo para o desanimado mercado brasileiro de quadrinhos; períodos tão estreitos quanto os praticados no Japão são impraticáveis aqui.
É bom lembrar que o Japão está fazendo isso há décadas e o modelo está sedimentado no imaginário popular japonês. Além disso, os artistas japoneses sabem que, se o sucesso vier, ganharão muito dinheiro com a produção de animes, brinquedos e jogos eletrônicos, algo que aqui não tem muita chance de acontecer.
Difícil elaborar um diagnóstico dessa aventura editorial, mas está claro que, sem um capital avantajado à mão, não dá para fazer funcionar o modelo japonês por aqui. Seriam necessárias tantas correções e adaptações que, no final das contas, o resultado seria completamente diferente. Talvez uma revista menor e mais barata, com histórias mais curtas e mais variedade, mas realmente não dá para ter certeza de nada.
A editora Lancaster anunciou em seu twitter o lançamento da segunda edição em 30 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro. Também lamentou problemas enfrentados com a distribuição: é o Custo Brasil, que derruba qualquer planejamento, por melhor que ele seja.
De qualquer forma, vale a pena conferir a edição 1 que está nas bancas e dar uma olhada também no número zero, disponibilizado virtualmente aqui.

Resenha: Curtas e escabrosas

A ideia básica de uma antologia é a compilação de trabalhos previamente publicados, uma seleta de obras que se destacaram dentro de um segmento ou um tema. Quando as peças são de um mesmo autor, chamamos de coletânea.
No Brasil, tanto nas antologias como nas coletâneas predomina o material inédito. Isso porque faltam os periódicos nos quais os autores brasileiros se exercitem. Nos quadrinhos não é diferente, mas não foi sempre assim. Num passado recente, havia várias publicações nas bancas que traziam histórias de autores variados, como Animal, Canalha, Circo, Chiclete com Banana, Lúcifer, Porrada, Pau Brasil, Metal Pesado etc. Essa prática editorial garantiu o desenvolvimento de uma geração talentosa de artistas, entre os quais se destacou o  André Toral que, em setembro último, lançou uma legítima coletânea, o álbum Curtas & Escabrosas, comentado aqui.
Trata-se da reunião de boa parte da produção curta de Toral: 23 histórias, que têm de duas a cinco páginas cada, muitas publicadas originalmente na revista Brasileiros.
São narrativas independentes com personagens diversos, todos brasileiros, passadas desde o descobrimento até os dias atuais. Contudo, dois personagens são recorrentes: Paulão, um motoqueiro que nunca tira o capacete, e o Carrasco da Moóca, um ex-boxeador que trabalha como leão de chácara em boates.
A maior parte das histórias é pintada com uma elegante técnica de aquarela — uma das paixões de Toral — enquanto outras são em preto em branco, da fase em que o artista desafiou-se a fazer quadrinhos "normais". Ainda bem que ele nunca conseguiu. As histórias de Toral têm o DNA dos grandes contistas: são poderosas, agudas e fazem um estrago enorme. O título do álbum é absolutamente perfeito.
Toral não publicou aqui suas histórias de guerra, que ainda aguardam uma oportunidade particular.
O talento desproporcional de Toral tem explicação genética. Paulistano, ele é filho do prestigiado artista plástico chileno Mário Toral e da acadêmica de história da arte Aracy A. Amaral. Desde criança, viveu rodeado pela arte. Contudo, sua primeira opção profissional foi a sociologia.
Graduado em Ciências Sociais pela USP, com Mestrado em Antropologia Social pela UFRJ, André Toral tornou-se antropólogo e trabalhou muitos anos como indigenista. Seu envolvimento com os quadrinhos começou justamente com as histórias curtas, no final dos anos 1980. Seu álbum de estréia foi O Negócio do Sertão: Como Descolar uma Grana no Século XVII (1992, Dealer), premiado com o HQ Mix. Outro grande momento do autor é o álbum Adeus Chamigo Brasileiro (1999, Companhia das Letras), também ganhador do Prêmio HQ Mix. Ainda é de sua autoria o álbum Os Brasileiros (2009, Conrad). Hoje com 53 anos, André Toral é professor de História da Arte na FAAP.
Curtas & Escabrosas tem 72 páginas em cores e é uma publicação da Livraria Devir. Altamente recomendável.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quadrinhos em história

Acaba de ser lançada Quadrinhos em história, a primeira antologia de histórias em quadrinhos publicada pela Editora Multifoco. Organizado pela escritora Jana Lauxen e pelo editor da revista Café Espacial, Sergio Chaves, o álbum inaugura o selo Literarte, que pretende publicar obras de autores novos não exclusivamente literárias, como ilustrações, quadrinhos e fotografias.
Treze trabalhos foram selecionados para a edição: "Um novo começo" (Alberto Pessoa), "Cecília" (Alex Mir e Elthz), "Coelho branco" (Bräo), "Maria da Penha" (Brenno Dias e Denis Mello), "Olho de peixe" (Daniel Magalhães), "12 problemas bucais de Hércules" (Denny Chang), "A carona" (Eliezer França); "Tobias e o boi da cara preta" (Lederly Mendonça), "Bacana people" (Murilo Souza), "Infância" (Rafael Pereira), "Chuvas negras" (Renato Gaion e Marcelo Capanema), "O evangelho do infanticida" (Valter do Carmo Moreira e Francisco Elber) e "Covardia" (Zé Wellington e André Pinheiro). O álbum tem 96 páginas em preto e branco, formato 14x21 cm, e a capa é assinada por Salu Santos.
O lançamento aconteceu no dia 19 de novembro, no Espaço Multifoco, em São Paulo, mas o álbum ainda não aparece no catálogo online da editora. Para adquirir um exemplar, contate um dos autores ou informe-se com a editora Jana Lauxen pelo email jana.lauxen@hotmail.com. O preço anunciado é de R$30,00.

Tune 8

Lançada há poucos dias no Rio Comicon, Tune 8 - Parte 1 é uma revista independente, do excelente ilustrador portoalegrense Rafael Albuquerque. Conta a história de um crononauta que se perde no continuum espaço-tempo e é resgatado por um grupo de homens que acredita ser ele uma espécie de messias. O trabalho de arte é primoroso e o enredo é promissor. A revista traz ainda uma série de esboços e o making-of dos personagens.
Rafael Albuquerque nasceu em 1981 e iniciou sua carreira como ilustrador publicitário. Atualmente trabalha para o mercado norte-americano de quadrinhos, como desenhista da série Vampiro americano, escrita por Scott Snyder e Stephen King, ganhadora do Prêmio Will Eisner 2011.
Tune 8 tem 32 páginas coloridas e custa R$ 12,00. A história também pode ser acompanhada gratuitamente no portal IG Jovem, em capítulos semanais de uma página.

Picles

Há algum tempo a Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP) retomou algumas de suas atividades, além da organização do Prêmio Ângelo Agostini. O produto mais concreto desta nova fase foi a primeira edição da revista de humor gráfico Picles, cujo número zero foi publicado em 2010 em edição virtual.
Agora, a publicação chega ao formato real. O número 1 da Picles acaba de sair do forno e será lançado nesta quinta-feira, dia 1 de dezembro, a partir das 18h30 na Livraria Comix Boop Shop (Alameda Jaú, 1998, São Paulo).
A edição tem 52 páginas coloridas de cartuns, charges, quadrinhos e caricaturas sobre a Presidenta Dilma, de artistas novos e consagrados. Participam da edição os cartunistas Alisson Affonso, Antônio Amâncio, Bira Dantas, Bruno Aziz, Douglas Fernandes, Eder Santos, Eduardo Simch, Fabiano Carriero, Fabrício Manohead, Fernandes, Fernando dos Santos, Flávio Luiz, Fred Ozanan, Nei Lima, Ohi, Renato Stegun, Rice Araújo, Ronaldo Cunha, Santiago, Sergio Morettini, Siqueira, William MR, Xalberto e Zilson Costa. Muitos deles estarão presentes no evento.
Picles 1 é uma publicação da Editora Laços e custa R$8,90.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Falta de sorte

Está nas bancas uma nova revista com as histórias do pistoleiro mais feio, sujo e malvado do oeste. Trata-se de Jonah Hex volume 5: Falta de sorte, que apresenta a tradução dos números 25 a 30 da série original, publicada nos EUA pela DC.
A edição tem 148 páginas em cores, com histórias de Justin Gray e Jimmy Palmiotti e desenhos de Jordi Bernet, Russ Heath, Rafa Garres, Giuseppe Camuncoli e John Higgins. Uma revista para quem gosta de histórias movimentadas e bem feitas. Só a arte estilosa de Bernet já justifica plenamente o investimento.
Jonah Hex volume 5: Falta de sorte é uma publicação da Editora Panini e custa R$14,90

Heróis zumbis

Depois de aparecer como série coadjuvante na extinta revista Marvel Max, uma das mais interessantes idéias da Marvel dos últimos tempos está agora numa edição quase própria. A revista Marvel Terror apresenta, em sua terceira edição, a compilação dos cinco números da série Marvel Zombies Return, com os heróis desmortos de uma dimensão paralela onde aconteceu um holocausto zumbi, conseguindo passar para a nossa dimensão. Muita violência, sangue e vísceras deve ser o prato principal dessa história, literalmente falando.
Marvel Terror 3 é complementada com uma história de Legion of Monsters: Morbius, com a participação de ninguém menos que o nosso dentuço preferido, o Conde Drácula.
Com edição da Panini, Marvel Terror 3  tem 156 páginas, custa R$18,90.

Na trilha do Oregon

Está nas bancas a 25.a edição de Tex Edição Gigante, a mais importante série de quadrinhos de faroeste em publicação no Brasil. Trata-se da tradução da série italiana Tex Albo Speciale, carinhosamente chamada de Texone, publicada pelo prestigioso estúdio Sergio Bonelli com o ranger Tex, personagem criado em 1948, muito popular tanto na Itália quanto no Brasil.
Tex é um homem da lei nos Estados Unidos do século XIX, que, ao lados de seus amigos, se envolve em todo tipo de ação, dentro e fora do país. O personagem conta com várias séries de revistas nas bancas brasileiras, sendo que Tex Gigante é a mais sofisticada artisticamente. Publicando apenas uma edição inédita por ano num formato diferenciado, a série conta com ilustradores convidados que fazem toda a diferença, além de ter textos dos melhores escritores da casa.
"Na trilha do Oregon" ("Verso l'Oregon", no original) tem a história creditada a Gianfranco Manfredi, autor da ótima coleção Mágico Vento, e desenhos do ilustrador argentino Carlos Gomez. Ambos são apresentados ao leitor em ótimos artigos que prefaciam a edição.
Diz o relise: "Tex e Carson estão na caça de um assassino serial psicopata que já fez diversas vítimas no Texas sem motivo aparente. As últimas notícias dão conta que ele fugiu em direção ao Oregon. Enquanto buscam o assassino, os dois rangers se deparam com uma caravana em dificuldades: algumas mulheres estão se dirigindo a Oregon City, onde deverão encontrar seus futuros maridos, que conheceram por correspondência, através de uma estranha agência de matrimônios. Propondo-se a serem guias e protetores das noivas, nossos heróis encontrarão inúmeras dificuldades: trilhas nunca antes percorridas, rios em cheia, desastres naturais e ataque de índios rebeldes. Mas é apenas em Oregon City que todos os pecados serão pagos".
A edição brasileira, da Editora Mythos, tem 240 páginas e custa R$19,90; sem dúvida uma excelente relação custo-benefício.

sábado, 26 de novembro de 2011

6º Cinefantasy

Já começou, mas ainda dá tempo.
Até o dia 4 de dezembro está em curso a sexta edição do Festival Internacional de Cinema Fantástico — Cinefantasy, o maior evento do gênero do Brasil.
Serão exibidos nada menos que 130 filmes, entre longas e curtas metragens, tanto nas mostras competitivas como em exibições especiais. Também rolam oficinas, workshops e paletras, além da participação do cultuado diretor italiano Ruggero Deodato, se é que você me entende.
Muitos filmes estrangeiros estão programados, de países como México, Singapura, Coreia do Sul, Grécia, Croácia, Polônia, Espanha, entre outros.
O evento acontece no Centro Cultural São Paulo (R. Vergueiro, 1000), no CineSESC (R. Augusta, 2075) e na sala Luiz Sérgio Person da Biblioteca Viriato Correa (R. Sena Madureira, 298). O preço dos ingressos varia entre R$1,00 e R$8,00, sendo muitas seções totalmente gratuitas.
Para mais informações, visite o saite do Cinefantasy, que dispõe da programação completa.
O projeto é realizado com apoio do Programa de Apoio à Cultura (Proac).

domingo, 20 de novembro de 2011

SBAF toy

No primeiro semestre de 2011 fiz um curso de moldagem de toys de resina, quando produzi miniaturas dos ícones do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica.
Nas últimas semanas, dei continuidade ao trabalho modelando um toy inspirado no tamanduá astronauta, símbolo da Sociedade Brasileira de Arte Fantástica - SBAF, grupo não oficial através do qual, aos longo dos anos 1990, foram realizados vários eventos em São Paulo, bem como boa parte das atividades do Prêmio Nova, que depois foi substituído pelo Prêmio SBAF.
Criei esse logo do tamanduá por volta de 1990 e o símbolo chancelou várias publicações, principalmente fanzines publicados por pessoas simpáticas ao trabalho daquela comunidade de fãs.
Aos poucos, a SBAF foi perdendo utilidade e praticamente desapareceu depois que o Anuário passou a ser publicado por editoras comerciais, em 2008. Mas o tamanduá astronauta é uma ideia muito boa para ser perdida. Ele faz parte de um conjunto de personagens que eu criei há muitos anos para fazer uma HQ que nunca saiu dos primeiros esboços, mas ainda me parece ter um bom apelo.
Por enquanto, só o tamanduá ganhou uma versão real, cujo protótipo modelado em clay pode ser apreciado na foto. O boneco tem aproximadamente 15 cm de altura e, apesar de ter feito muitas simplificações para adequar o design à moldagem artesanal, será necessário cuidado na hora de desenformar. De qualquer forma,  estou animado com o resultado.
A produção do molde está em curso e espero ter, em algumas semanas, os primeiros modelos brutos em resina.

sábado, 19 de novembro de 2011

Metadimensão

A publicação de livros virtuais não é novidade no Brasil, há muito tempo que arquivos de textos são disponibilizados na rede para serem lidos gratuitamente. A princípio em html mesmo, embutidos em saites, e em formatos de processadores de texto comuns para serem baixados e lidos offline. Depois vieram os arquivos em formato pdf, para serem lidos no Acrobat Reader e outros programas compatíveis. As vantagens eram tantas e tão promissoras que ainda nos anos 1990 muita gente vaticinava o fim dos livros em papel antes da virada do milênio. Porém, as facilidades em se publicar em papel ampliaram e os ebooks entraram no novo milênio sendo uma boa ideia que não vingava.
O surgimento de dispositivos de leitura mais amigáveis, como os tablets por exemplo, pode ser o que faltava para ebooks ganharam algum apelo junto aos leitores. Contudo, os tais dispositivos de leitura ainda são caros e não inspiram muita confiança no consumidor brasileiro, e a tão esperada revolução do livro digital não desembarcou no Brasil. Mas, ainda que lentamente, é inevitável que isso aconteça.
É nessa confiança que os autores começam a novamente prestar atenção na publicação virtual. O escritor Rynaldo Papoy, visto frequentemente nas páginas do fanzine Juvenatrix, acaba de lançar pela Smashwords a coletânea Metadimensão, com contos de ficção fantástica.
Papoy informa que o livro pode ser baixado em qualquer formato, inclusive pdf e epub, e o preço é decidido pelo leitor, que pode até fazê-lo gratuitamente. Apesar do saite ser estrangeiro, o livro está em português.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lançamento múltiplo

Está marcado para o próximo dia 26 de novembro o lançamento de um pacote de novos livros da Andross Editora. Entre os títulos que serão apresentados no evento, alguns podem interessar aos fãs de literatura fantástica.
Anno Domini Volume II: Manuscritos Medievais. organizado por Sérgio Pereira Couto, conforme já revela o título, apresenta contos ambientados na Idade Média. Estão na edição, além do próprio organizador, os escritores Áquila Nogueira, Brenno Dias, Debora Gimenes, Diógenes Sobrinho, L. E. Haubert, M. R. Lins, Manuel Patrício, Marcos Lopes, Meline Hoch, N. Otávio, O. A. Secatto, Rafael Leoni, Rafael Machado Costa, Rodolfo Santos, Roxane Norris e Taiane Gonçalves Dias.
O final dos tempos é o tema da antologia Dias contados: Contos sobre o fim do mundo volume II, organizada por Alex Mir, que seleccionou para o volume textos de Alexandre Matheus Bliska, Ander Navarro, Anderson S. Costa, Bruno Pinto, Diego "Drugue" Queiros, Eddy Khaos, Gabriel Valeriolete, L. E. Haubert, Leandro Lorusso, Lipe Ralf, Marcel Colombo, NikaSanc, O. A. Secatto, Paulo Cilas, Paulo França, Paulo Romão, Ricardo Biazotto, Victor Lorandi e Victor Vargas.
Tratado secreto de magia: Contos de magia, feitiçaria e bruxaria, volume II, também dá continuidade ao tema que teve o primeiro volume publicado em 2010.
Organizada por Chico Anes & Ricardo Ragazzo, a antologia apresenta trabalhos de Ariel Paiva, Artur R. Soares, Bruno Anselmi Matangrano, Carla Witch Princess, Carlos Henrique M. Abbud, Cecília Torres Nogueira, Flora Finamor Pfeifer, Gabriel L. Souza, Julia Fernandes, Kathia Brienza, L. E. Haubert, Leticia Carvalho Bárrio, Lhaisa Andria, Lívia Stevaux, Lucas Arienti, Luiz Carlos Dias, M. C. Dadalt, Merari Tavares, Nicole Siebel, O. A. Secatto, Paula Vendramini, Ramon de Souza, Raquel Pagno, Roberta Spindler, Rodolfo Santos, Taiane Gonçalves Dias, Thiago Suniga, Victor Vargas e Wellington Hoh.
Os meus destaques nesse enorme grupo de autores novos abrigados pela Andross são Victor Vargas, filho do ilustrador Vagner Vargas, que está entrando firme na área infantojuvenil, e Taiane Gonçaves Dias, escritora de São Bernardo do Campo que já apareceu em outras antologias do gênero.
Os lançamentos acontecem no China Trade Center (Rua Pamplona, 518, São Paulo) e, na oportunidade, cada exemplar será vendido ao preço promocional de R$19,00. Também poderão ser adquiridos outros livros publicados pela Andross a preços ainda mais convidativos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A onda dos clássicos

A republicação de literatura em domínio público nunca esteve tão na moda. Além das proto-ficções científicas de Verne e Sheley, a cada ano mais autores entram na lista daqueles que podem ser publicados sem licenciamento comercial formal. Lovecraft e Howard já estão na lista e muitos outros devem engrossar as fileiras da FC&F em breve, conforme forem completando os 70 anos de suas mortes.
A caprichosa Editora Zahar lançou uma edição especialíssima de 20 mil léguas submarinas, de Jules Verne, clássico da FC de 1870, a qual apresenta como Edição Definitiva, Ilustrada e Comentada. O livro tem 456 páginas, traz notas explicativas e 70 gravuras da época. A apresentação de Rodrigo Lacerda pode ser vista aqui, e a tradução, que não é de domínio público, é de André Telles.
A Hedra é outra editora que tem publicado muitos textos de domínio público. Sempre com ótimas escolhas, lançou três títulos em novo formato, maior e mais vistoso.
O estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde é o mais clássico deles, obra do escocês Robert Louis Stevenson, geralmente traduzido como O médico e o monstro. O volume tem 176 páginas e a tradução é do escritor Braulio Tavares.
Outro título importante na história da literatura fantástica é Bola de sebo e outros contos, do francês Guy de Maupassant. Com tradução de Plínio Augusto Coelho, tem 158 páginas e reúne textos publicados entre 1880 e 1887, entre os quais os significativos "O horla" e "Bola de sebo".
Finalmente, mais um título da ótima coleção de H. P. Lovecraft: A sombra vinda do tempo, com 118 páginas e tradução de Guilherme da Silva Braga. A exemplo das outras edições de Lovecraft pela editora, o volume também publica alguns ensaios do autor, inéditos no Brasil.
São todos textos obrigatórios. Quem ainda não leu deve aproveitar esta oportunidade de ouro.


Juvenatrix 131

Renato Rosatti está distribuindo a nova edição de seu fanzine eletrônico Juvenatrix, de número 131. Trata-se do mais regular dos fanzines brasileiros e o último sobrevivente da Segunda Onda do fandom.
Dedicado ao terror e à ficção científica, Juvenatrix 131 traz contos de Matheus Ferraz, Emanuel R. Marques, Dalila Rocha Sousa e Rita Maria Felix da Silva; resenhas dos filmes Premonição 5, por Gabriel Paixão e Marcelo Milici, Romântico defensor (1948), O retorno dos vermes malditos (2010), A casa que pingava sangue (1970), A casa dos sonhos (2011), Super 8 (2011) e Uma noite no museu (2006), por Rosatti, além de notícias e divulgação da cena alternativa. A ótima ilustração da capa, que vem ser tornando uma atração à parte no fanzine, é assinada por Rafael Tavares.
Para obter uma cópia, basta solicitar ao editor através do email renatorosatti@yahoo.com.br

terça-feira, 15 de novembro de 2011

QI 111

Chegou esta semana a cabalística edição 111 do fanzine Quadrinhos Independentes, editado por Edgard Guimarães. Cabalística porque é o número 111, publicado em 11/2011. Dã! Apesar da coincidência esquisita, trata-se da melhor edição do ano, com textos muito interessantes.
O destaque vai para o artigo sobre os livros de História do Brasil de Julierme de Abreu e Castro, ilustrados por mestres da HQB, como Rodolfo Zalla e Eugênio Colonnese, que faziam com que as aulas do ensino secundário nos anos de chumbo ficassem menos pesadas. Eu estudei com esses livros e sinto não tê-los conservado, eram ótimas peças de referências pictográficas.
Os demais artigos também são bacanas, como a homenagem a Joacy Jamys e "Mistérios do colecionismo", ambos do editor, além de textos de A. B. Cassal, Carlos Gonçalves e Worney Almeida de Souza. Compõe ainda a edição, HQs de Paulo Anjos e Guimarães e as seções de cartas e lançamentos do bimestre. Geralmente é Guimarães que ilustra as capas do QI, mas a desta edição traz um desenho de Lancelott com quatro super heróis da HQB. Uma bem vinda novidade.
O QI é distribuído por assinaturas e este é o penúltimo número do pacote deste ano. Informações com o editor pelo email edgard@ita.br

Em busca do templo perdido

Chegou há poucos dias a nova antologia poética do poeta e cronista José Ronaldo Viega Alves, de Sant'Ana do Livramento/RS. Em busca do templo perdido é uma homenagem do autor à sétima arte, especialmente aos espaços onde ela acontece: as salas de cinema. A maior parte dos textos é nostálgica, sobre como eram esses locais de entretenimento no século 20, com grandes teatros, galerias, telas gigantes e detalhes que não fazem mais parte das salas modernas. Também fala sobre filmes, personagens, atores, atrizes e muitas outras coisas ligadas ao cinema.
Diz o autor no prólogo: "Desde a primeira sessão de cinema acontecida em Paris no distante ano de 1895, o encantamento ainda permanece. Dos meus recortes de jornais amarelecidos pelo tempo versando sobre Cinema, das minhas lembranças das tardes edulcoradas das matinês de antigamente, da verdadeira adoração aos ídolos e monstros sagrados da Sétima Arte, e até das pálidas imagens das cópias desgastadas do Cinema Mudo, é que faço verter a minha poesia nesta pequena obra. Na realidade, o Cinema é pura invenção. Na invenção, o Cinema é pura realidade. E magia, sempre".
Sendo o autor um apreciador de FC&F, a fantasia transpira pelos versos, que devem agradar os fãs do gênero.
Publicado pela Editora Opção2, o volume tem 66 páginas e pode ser adquirido com o autor. Mais informações pelo email ronaldoviega@hotmail.com.

sábado, 12 de novembro de 2011

Vá Ler Um Livro

Convidado pela editora Tatiany Leite, estreei há alguns dias como resenhista de quadrinhos no saite de cultura Vá Ler Um Livro, com a resenha de Zeladores, que publiquei também aqui cerca de uma semana depois.
No que se refere aos quadrinhos, vou dar prioridade para o Vá Ler Um Livro, de forma que os posts aparerecerão lá antes do que aqui. Contudo, neste início de trabalho, mandei alguns textos recentes já publicados e essa dinâmica ainda não está inteiramente aplicada, mas chegarei lá.
Como não pretendo que os seguidores do Mensagens do Hiperespaço migrem de mala e cuia para Vá Ler Um Livro, os posts de literatura, brinquedos e tudo mais, continuam aparecendo exclusivamente aqui.
Mas recomendo a visita regular ao Vá Ler Um Livro, pois há muitas coisas bacanas por lá. É, por exemplo, um saite bastante ágil quando se trata de chiclit, sendo minha fonte principal nesse assunto. Divirta-se.

Resenha: Zeladores

Um dos derradeiros recursos dos quadrinhos no Brasil é o financiamento estatal. Já não é de hoje que as Secretarias de Cultura de diversos Estados dedicam recursos públicos para socorrer a cada vez menor publicação de quadrinhos brasileiros. Em São Paulo, o programa mais em voga é o Proac que, a cada ano, seleciona através de um burocrático edital, um punhado de projetos que julga merecedores da verba, que atrai o interesse das editoras.
Foi o caso do álbum Zeladores, publicado em 2010 pela Devir Livraria, baseado numa série publicada na internet, disponível  aqui.
O desenho de Mr. Gouache (Anderson Almeida) é moderno e de cores vibrantes, com uma estilização forte e angulosa. O argumento, do espanhol Nathan Cornes, tem contornos míticos e cosmológicos de textura lovecraftiana, lembrando imediatamente Hellboy, personagem de aventuras tenebrosas do norte americano Mike Mignola, com elementos dramáticos que também remetem aos romances do britânico Neil Gaiman, Os filhos de Anansi (Conrad, 2006) e Deuses americanos (Conrad, 2002).
O herói da história é a entidade sobrenatural Zé Pilintra, protetor da cidade de São Paolo (com "o" mesmo). Pilintra detém uma bengala que lhe dá força espiritual para cuidar da cidade.
Ramalho, um ex-traficante de escravos que adquiriu a imortalidade e, para variar, quer dominar o mundo, pretende libertar o deus Anhagá, aprisionado em um lugar desconhecido. Para localizá-lo e libertá-lo, Ramalho precisa da bengala. Ele já teve a bengala uma vez, quando conseguiu a façanha de matar Zé Pilintra, e agora ambos terão de se confrontar novamente para um tirateima.
Um aspecto que enfraquece a história é que o teoricamente astuto Zé Pilintra demonstra não ter força e habilidade suficientes para enfrentar o medíocre e falastrão Ramalho, e até precisa da ajuda de outras entidades para não morrer outra vez.
A história até começa bem e assim vai até mais ou menos a metade, quando a narrativa perde o fôlego. Falta-lhe o aspecto humano: o leitor não se identifica com qualquer dos personagens, todos entidades sobrenaturais impiedosas, verdadeiros monstros. Também falha na tentativa de fazer humor negro, descambando para a paródia e comprometendo a frágil credibilidade da trama.
O que resgata o trabalho do simples pastiche são as citações à mitologia brasileira de fundo africano e indígena, que deve ser o que garantiu a simpatia da Secretaria da Cultura para aprovar o financiamento da obra. Mas poderia ser melhor.

Papercrafts nas bancas. Ou quase.

Há um bom tempo que não aparecem publicações de modelos de papel nas bancas brasileiras. As últimas delas foram algumas edições da revista Art Attack, que trouxe peças toyarte muito bacanas, comentadas aqui. Mas as coisas parecem estar mudando.
Em setembro, a Editora Abril lançou o álbum de figurinhas Princesas para Sempre que, além do álbum em si e dos cromos colecionáveis, vendidos à parte, entregou como brinde um castelo encantado, como aqueles que costumamos ver nos contos de fadas.
O modelo é parcial e serve como diorama, onde se podem dispor figuras 3D que também fazem parte da coleção. Branca de Neve, Bela Adormecida, Cinderela, Pequena Sereia, Rapunzel são algumas das personagens retratadas. A coleção faz parte da franquia Disney, o que é garantia de qualidade. O álbum com o castelo custa a bagatela de R$6,95, e cada envelope, com quatro figurinhas e um card 3D, custa R$1,00.

Outra editora que está investindo nesse segmento é a On Line, que anunciou duas edições da revista Diversão com Brinquedos de Papel. A primeira delas também é um castelo de contos de fadas, este porém é genérico, sem nenhuma marca associada. O castelo tem 36 peças destacáveis para serem montadas sem cola.
A segunda edição é para os meninos, pois as 70 peças que compõe o kit formam a van do popular personagem dos desenhos animados Ben 10. Cada revista custa R$14,99.
Infelizmente, parece que as editoras brasileiras ainda pensam que papercraft é coisa só para crianças. Mas sejamos otimistas, quem sabe este seja apenas o início de uma coleção de modelos bem mais interessantes.