sexta-feira, 31 de agosto de 2012

As horas com Júlio Verne

A dica vai para aqueles que são fanáticos por este escritor francês que é considerado o pai da ficção científica. Trata-se de um elegante relógio de bolso que homenageia Júlio Verne, distribuído junto ao segundo volume da coleção Relógios Históricos, da Editora Planeta De Agostini, neste momento nas bancas de revistas de São Paulo.
Além do relógio, o fascículo apresenta um estudo sobre o design da peça e sobre o escritor homenageado, com uma vantagem valiosa: o relógio vem acompanhado de uma corrente com o grampo de fixação. Um bom retorno para o custo de R$ 29,99.
Além de Verne, a coleção prevê relógios em homenagem a Edgar Allan Poe, Charles Darwin, Oscar Wilde, Isaac Newton, Lord Byron, Buffalo Bill, Napoleão Bonaparte, Abraham Lincoln e muitas outras importantes personalidades da história do mundo. Maiores informações no saite da coleção, aqui.

Quentinhos na estante

A editora Novo Século divulgou diversos lançamentos recentes e alguns dos títulos podem interessar ao leitor de fantasia e horror.
Entre os livros de autores estrangeiros, aparecem os romances Febre de Sangue (Feverblood), de Karen Marie Moning, e Caçadores de zumbis 2: A ameaça continua (The zombie chasers: Undead ahead), de John Kloepfer.
Febre de Sangue é o primeiro volume da série Darkfever, que conta a história de uma jovem que é arrastada para um perigoso mundo de feitiçaria e tem que lutar para sobreviver. Ela terá de encontrar o misterioso livro de um milhão de anos enquanto resiste aos encantos de seus perigosos companheiros de aventura. Febre de Sangue tem a tradução de Sérgio Marcondes.
Caçadores de zumbis 2: A ameaça continua, dá continuidade a série juvenil iniciada em 2011, na qual um grupo de estudantes enfrentam um apocalipse zumbi. A tradução é de Caio Pereira.
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De autores brasileiros, chegam às livrarias Sohuen, de L. E. Haubert, e Sereias: O segredo das fadas, de Mirella Ferraz.
Sohuen é o segundo volume da Trilogia da Meia Noite, série de fantasia iniciada com Calisto em 2012. Conta a luta de Draco, Lucas e Kalí para livrar o mundo de Arrarock dos ataques dos demônios ancestrais. 

Finalmente, Sereias: O segredo das águas conta a história de Coral, uma jovem encantada e dividida entre sua natureza e seu amor.
Ambos os títulos fazem parte da coleção Novos Telentos da Literatura Brasileira.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Fanzinada em Sampa

Marque na sua agenda: no próximo dia 15 de setembro, a partir das 15 horas, acontece mais uma edição do encontro de editores independentes Fanzinada, organizado por Thina Curtis na livraria HQ Mix. O evento abrigará, além dos esperados lançamentos, troca e venda de fanzines, uma série de outras atividades, como as exposições de Simone Sapienza Siss, Luana Cajado, André Gomes, Cledson Bauhaus, Goo Me, Rafael Lucena e Ravens House Brasil, o lançamento do livro Autobiografia não autorizada, de Luiz Carlos Cichetto, as oficinas de desenho e grafite com Dedot e Marcio Ficko, e um debate sobre a criação do Dia Nacional do Fanzine, promovido pelo acadêmico e fanzineiro Gazy Andraus.
A Livraria HQ Mix fica na Rua Tinhorão, 124, em São Paulo. Mais informações no saite do evento, aqui.

QI 116

Um dos últimos fanzines brasileiros sobre quadrinhos entregou aos assinantes uma nova edição nesta semana, com uma série de artigos interessantes que, aos poucos, vão reconstruindo a nova identidade da publicação.
Editado por Edgard Guimarães, um dos mais ferrenhos fanzineiros do país, o QI tem passado por mudanças desde o número 101, reduzindo o espaço de catalogação de publicações alternativas e investindo mais em artigos sobre obras e artistas.
Nesta edição, "Mistérios do colecionismo", "Heróis brasileiros: Juvêncio", "Quase quadrinhos", "Quadrinhos brasileiros bissextos: Bingo", "Tirando o chapéu: Sam e Silo", "Considerações sobre o QI" e "O fim dos fanzines" – todos de autoria do editor –, mais "Mantendo contato", por Worney Almeida de Sousa, e a resenha da antologia de caricaturas Brasil do bem (Virgo, 2012), por Érico San Juan. Completam a edição as colunas "Fórum", "Memória do fanzine brasileiro", "Edições independentes" e mais um trecho da longa série de quadrinhos sem nome de Guimarães, uma homenagem aos personagens Disney.
Junto ao QI, vieram ainda a capa e duas páginas da revista colecionável Cotidiano alterado, mais uma ideia inusitada de Guimarães, exclusiva para os assinantes do fanzine.
QI 116 tem 28 páginas e uma ilustração de Lancelott na capa.
Mais informações podem ser obtidas com o editor pelo email edgard@ita.br.

Titio Creepy está de volta!

Em 2011, a editora Mythos lançou dois volumes do álbum Cripta, compilando histórias publicadas nos anos 1970 na extinta revista Kripta, então editada pela Rio Gráfica Editorial, hoje Globo.
Agora esse mesmo material chega diretamente de sua fonte original, a revista americana Creepy, publicada nos EUA entre os anos 1960 e 1980 pela Warren Comics. Trata-se do álbum Creepy: Contos Clássicos de Terror – Volume Um, compilação originalmente realizada pela Dark Horse, traduzida no Brasil pela Devir Livraria, com quadrinhos de horror de altíssimo nível, assinados por feras como Joe Orlando, Alex Toth, Wallace Wood, Gray Morrow, Al Williamson, Frank Frazetta e muitos outros, introduzidos pelo tétrico mestre de cerimônias Titio Creepy, o mascote da revista. Diz ele:
"Bem-vindo, fã do horror, à clássica compilação de quadrinhos que você estava morrendo de vontade de segurar com essas suas mãozinhas encardidas: a antologia histórica produzida pela Dark Horse/Devir da mítica revista Creepy! Eu andei escarafunchando meu calabouço bolorento para encontrar cada pérfida edição da série original, e agora meu árduo trabalho rendeu belos frutos. Este tomo horripilante desenterra todas as histórias da Creepy dos números um ao cinco, e as reimprime com requinte para que você não perca nenhum detalhe diabólico de qualquer um dos seus contos favoritos de terror. Pode crer, meu amigo! Eu disse todas as histórias! Isso significa que este volume reúne alguns dos quadrinhos de terror mais idolatrados de todos os tempos. Você se lembra do 'Lobisomem', de Frank Frazetta? Pois ele está à sua espera aqui dentro! Você já deu uma espiada no 'Guarda-Roupa de Monstros'? Bem, eis aqui a sua chance de experimentar algo do seu tamanho! E que tal um pouco de 'Vodu' para animar as coisas? É claro que EU também trouxe isso comigo.
Agora, não se esqueça de trancar todas as portas e janelas na hora de ler este livro, seja você humano ou alguma alma penada... Nunca se sabe quem pode aparecer rastejando no meio de uma leitura da Creepy!"
O álbum tem 256 páginas luxuosas no preto e branco original, e uma introdução assinada pelo especialista em revistas Warren, Jon B. Cooke. Além disso, reproduz alguns dos anúncios publicados nas revistas da época, com os mais malucos produtos relacionados ao gênero. Uma verdadeira viagem no tempo!

Anuário de fanzines para baixar!

As primeiras edições do Anuário brasileiro de literatura fantástica também abordavam as publicações periódicas e os fanzines, reais e virtuais. Isso porque, tanto eu quanto o professor Marcello Simão Branco – o outro autor do Anuário – éramos fanzineiros históricos e o próprio Anuário não passava, de fato, de um fanzine muito volumoso. Mas depois de algum tempo, e com muito pesar, decidimos parar de acompanhar a cena alternativa porque a produção de ficção do gênero migrara completamente para os livros e os periódicos de fc&f estavam em uma angustiante decadência.
Então, é com grande satisfação que eu encaro o trabalho de Douglas Utescher, Flávio Grão e Márcio Snod, editores do Anuário de fanzines, zines e publicações alternativas, uma publicação da Ugra Press que chegou a segunda edição em 2012.
Trata-se de uma publicação caprichada, com um levantamento bastante amplo sobre a cena editorial alternativa brasileira, com 62 páginas, mais de 160 resenhas, 19 entrevistas com editores e autores, artigos sobre os fanzines nas bibliotecas e universidades, além de orientações para o fanzineiro ampliar a relevância e penetração de seu trabalho.
O 2º Anuário de fanzines, zines e publicações alternativas foi lançado há alguns meses em formato impresso e produção artesanal, mas seus editores decidiram liberar a edição também em formato digital, que pode ser baixado gratuitamente aqui.
A versão impressa continua disponível e pode ser adquirida por R$15,00, mais despesas de frete.

sábado, 25 de agosto de 2012

Space opera 2: a missão

Em 2011 a editora Draco apresentou a antologia de contos e novelas de ficção científica Space opera: Odisseias fantásticas além da fronteira final, organizada por Hugo Vera e Larissa Caruso, com contos e noveletas que buscavam recriar na moderna ficção científica brasileira as clássicas aventuras no espaço sideral que andavam meio esquecidas depois de uma exploração intensiva no período pulp do gênero.
O livro parece ter sido suficientemente bem recebido pois, poucos meses depois, gerou um segundo volume, o recém publicado Space opera: Jornadas inimagináveis em uma galáxia não muito distante, pelos mesmos organizadores e editora.
Apresentada durante a 22ª Bienal do Livro de São Paulo, a antologia reúne, em suas 384 páginas, textos inéditos de Carlos Orsi, Fábio Fernandes, Lidia Zuin, Roberto de Sousa Causo, Marcelo Augusto Galvão, Octavio Aragão e Tibor Moricz, além dos próprios organizadores.
O livro terá lançamento exclusivo no próximo dia 1 de setembro, a partir das 15hs, na livraria Martins Fontes, Av. Paulista, 509, em São Paulo, com a realização de uma mesa redonda com os autores.
Mais informações sobre o livro no saite da Editora Draco, aqui.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Desafio Alien

Já que as editoras e os autores brasileiros não se dedicam a produzir de ficção cientifica para crianças, o futuro do mercado do gênero depende exclusivamente de iniciativas de outros setores. É o caso, por exemplo, das revistas de atividades que ainda têm algum espaço nas bancas de revistas e atingem em cheio aos jovens leitores, como a revista Recreio, que entra frequentemente na seara com propostas lúdicas e divertidas.
Já está nas bancas das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, encartado nessa tradicional revista infantil, a coleção Desafio Alien, um jogo inspirado nos esportes olímpicos, porém com uma abordagem futurista.
A coleção é formada por cenários tridimensionais, livrinhos de curiosidades e um conjunto de miniaturas plásticas de alienígenas engraçadinhos, cada um deles dotado de algum tipo de movimento. O primeiro é o alienígena Lorde Bork, um lançador de discos.
A editora Abril, que publica a Recreio, promete distribuir a coleção nas demais regiões do país a partir de outubro.

Harry Harrison (1925-2012)

Henry Maxwell Harrison nasceu em 12 de março de 1925 na cidade de Stamford, Connecticut, EUA. Serviu na Força Aérea durante a Segunda Guerra e, quando foi dispensado, decidiu que queria ser ilustrador. Estudou com artistas importantes como John Blomshield e Burne Hogarth, fez amizade com Wallace Wood e com ele montou um estúdio de ilustrações e histórias em quadrinhos.
Harrison publicou em revistas como Weird Fantasy e Weird Science, da EC Comics, e entre suas criações está a série Rick Random Space Detective. Certo dia em que não conseguia desenhar por causa de uma gripe, sentou-se à máquina de escrever e redigiu seu primeiro conto, “Rock diver”, que acabou por ser publicado na revista Worlds Beyond, em 1951. Começava ali sua bem sucedida carreira de escritor. Contudo, Harrison continuou a fazer quadrinhos e chegou a ser o principal roteirista das tiras de Flash Gordon ao longo dos anos 1960.
Seu romance de estréia foi Deathworld (1960), que se tornaria uma trilogia. Seus maiores sucessos foram a série de aventuras iniciada com o romance The stainless steel rat (1961), o romance West of Eden (1984), que teve duas seqüências, e a distopia Make room! Make room! (1966), que foi base para o longa metragem No mundo de 2020 (Soylente green, 1973), de Richard Fleischer, filme ganhador dos Prêmios Nebula e Saturn.
Em sua carreira como autor e editor, Harrison usou vários pseudônimos, como Felix Boyd, Leslie Cárteres, Hank Dempsey, Wade Kaempfert e Philip St. John, e manteve uma produtiva parceria com Brian Aldiss, com quem organizou diversas antologias importantes. Em 2009, Harrison recebeu o título de Grande Mestre da Science Fiction and Fantasy Writers of America.
Foi somente graças às editoras lusitanas que pudemos apreciar alguns dos livros de Harrison em português, pois no Brasil o autor teve apenas um único título traduzido, o romance Bill, o herói galáctico (Bill, the galactic hero, 1965), uma rasgada sátira ao subgênero space opera. Fora isso, teve alguns contos em antologias e revistas, principalmente no Magazine de Ficção Científica, da editora Globo, de Porto Alegre. Muito pouco para um autor que esteve entre os principais convidados do pioneiro Simpósio de FC realizado em 1969 no Rio de Janeiro.
Harrison morreu no dia último dia 15 de agosto, em sua residência, em Brighton, Inglaterra. Seu último livro foi The stainless steel rat returns, publicado em 2010.

sábado, 18 de agosto de 2012

Montando Pérola Negra

A editora Salvat acaba de distribuir nas bancas da São Paulo o primeiro número da coleção de fascículos Piratas do Caribe: Navegando em águas misteriosas, que vai proporcionar ao colecionador todas as peças para a montagem de uma réplica do navio pirata mais famoso do cinema, o Pérola Negra.
O modelo é exclusivo, todo em madeira e com muitas peças em metal. Quando pronto, terá 80cm de comprimento, 70 de altura e 32 de largura, reproduzindo em escala todos os detalhes do barco original. O fascículo traz instruções passo a passo para a montagem do modelo, além de muitas imagens e informações  sobre a série, incluindo posters gigantes dos personagens.
A coleção terá 100 edições semanais: o primeiro número tem o preço promocional de R$2,90, o segundo custará R$9,90 e os demais, R$26,90.

Armageddon 2419 DC

Na década de 1920, a ficção científica dava os primeiros passos em direção a formar um gênero estabelecido no mercado editorial. Rolava a euforia pós-guerra regada com promessas de redenção pela tecnologia, que dava ao gênero uma boa perspectiva. O que ninguém imaginava é que o mundo estava caminhado para um gigantesco desastre financeiro, que seria justamente um dos fatores mais importantes para transformar aquela literatura, inspirada em Jules Verne e H. G. Wells, numa das mais lucrativas formas de escapismo para uma legião de vítimas de uma crise econômica mundial.
A novela "Armageddon 2419 DC", de autoria do escritor Philip Francis Nowlan (1888-1940) e publicada em 1928 na revista Amazing Stories, antecipava o clima daquela situação dramática. Contudo, a novela não fez nenhum sucesso e teria passado despercebida se não tivesse sido base para uma outra criação do autor, a série de tiras de quadrinhos Buck Rogers, que estreou nos jornais em 1929 com desenhos de Dick Calkins (1895-1962), e tornou-se um sucesso instantâneo no mundo inteiro, inclusive no cinema. Apesar disso, a novela original não teve a mesma sorte. Relegada à condição de mera curiosidade para os fãs do personagem, nunca havia sido publicada no Brasil. Até agora.
Animada pelo crescimento do gênero fantástico no mercado nacional, a editora Dracaena decidiu investir na tradução dessa novela, que chega às livrarias num volume de 116 páginas e uma capa bastante chamativa, apesar do engano no nome do autor. Conta a história de Anthony Rogers, ex-piloto da Primeira Guerra que, preso numa caverna, adormece por centenas de anos para acordar no século 25, num mundo cientificamente avançado mas ainda vítima dos mesmos problemas do seu próprio tempo, como a guerra que ainda grassa entre as cidades-estado de mundo arruinado.
A história de Armageddon 2419 DC é ingênua como a maior parte da fc escrita nos primeiros tempos da literatura pulp, mas apresenta ideias originais, como mochilas-foguete, cintos anti-gravidades, pulseiras de comunicação, armas de raios e outras engenhocas que iriam tornar-se marcas registradas do gênero.
Mesmo que continue sendo apenas uma curiosidade, vale a pena dar uma olhada neste clássico que deve ser tão divertido quanto sua versão desenhada.

Megalon 6

O escaner de Marcello Simão Branco continua a todo o vapor, digitalizando as edições do seu fanzine Megalon que, entre 1988 e 2004, foi uma das principais publicações brasileiras sobre ficção científica e horror.
Está agora disponível a edição número 6, originalmente publicada em setembro de 1989 que, em suas 30 páginas, trouxe ficções de Laerte Lemmi e Eder Scarrot, uma hq de Antonio Sena, artigos e ensaios sobre literatura e cinema, além de um registro dos acontecimentos mais importantes da fc&f no Brasil e no mundo. A capa tem uma ilustração do Cerito.
Para obter uma cópia gratuita só é necessário solicitar pelo email marcellobranco@ig.com.br.

Superposição

O escritor Ronald Rahal anuncia que já está disponível, pela Agbook, seu novo romance de ficção científica Superposição.
Diz Rahal sobre seu trabalho: "O tema recorre ao comportamento quântico e o Multiverso. Uma criança pode colapsar dando início a uma reação que extinguirá a humanidade. Envolve dinossauros inteligentes que aqui chegam através de discos voadores vindos de outro Universo. Um policial, pai da menina, recebe a ajuda de uma IA de outro Universo evitando a invasão."
O volume tem 310 páginas e conta com um prefácio assinado pelo escritor Miguel Carqueija.

Crônicas do cárcere

No início do século, a editora Escala lançou nas bancas uma ótima coleção de revistas em quadrinhos, em formatinho, chamada Grafic Talents. Cada número apresentava um personagem diferente, criado por um artista brasileiro. Entre histórias de humor, ação e aventura, uma delas se destacou: Carcereiros, criação de Nestablo Ramos Neto e Eduardo Miranda, publicada em 2002 no número 14 da coleção.
Assim comentei a edição no Hiperespaço Notícias & Opinião, nº51, setembro 2002: "Carcereiros é a melhor hq publicada na coleção toda. Tanto o roteiro como os desenhos de Nestablo Ramos Neto são bem feitos, as cores de Eduardo Miranda são simples e eficientes, sem os exageros que parecem maravilhar os amantes dos quadrinhos americanos de super-heróis. Talvez seja porque Carcereiros não é uma aventura de super-heróis, mas uma história de mistério, suspense e horror, na linha de Arquivo X e Millenium, sobre uma sociedade secreta de vigilantes que têm a habilidade de localizar e enfrentar demônios disfarçados entre os humanos."
Pois o trabalho volta agora no álbum Carcereiros: Crônicas do Cárcere, com a história original remodelada e acrescida de duas aventuras inéditas, com prefácio do escritor e roteirista Gian Danton e pinups de Humberto Yashima, Eduardo Schloesser e James Figueiredo, além da ilustração da capa original de 2002.
Carcereiros: Crônicas do Cárcere tem 88 páginas, é uma publicação da Editora HQM e custa R$29,90.

Brincando de folclore

Está nas bancas de São Paulo a primeira edição de Turma da Mônica Brincando de Folclore, uma coleção de livros em que a turminha mais famosa do Brasil interage com os personagens do folclore nacional, tais como Curupira, Boto Rosa, Iara, Mula sem Cabeça e Lobisomem, entre outros.
Os livros, de capa dura, são do tipo pop-up, com estruturas embutidas de papel cartão que, quando abertas, formam cenários tridimensionais, numa interação divertida com os leitores.
A coleção terá 50 exemplares semanais, mas será quinzenal nas primeiras onze edições. Cada uma delas é acompanhada por um livrinho de atividades com parlendas, provérbios, adivinhas, jogos, músicas e pegadinhas, e também adesivos para colar onde quiser. Além de tudo isso, quem optar por fazer uma assinatura receberá brindes exclusivos ao longo das entregas.
Saci Pererê é o personagem apresentado na primeira edição, que tem o preço promocional de R$4,99.
Maiores informações no saite da editora Planeta de Agostini.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Joe Kubert (1926-2012)

Todo mundo tem seus heróis. Alguns são astros de cinema, como Tom Mix e John Wayne, outros são personagens, como Superman e Batman. Mas os meus heróis sempre foram os desenhistas de quadrinhos. Os primeiros que elegi como modelos de excelência foram Russ Manning, Neal Adams e Gil Kane, artistas americanos que me mostraram como pode ser emocionante o trabalho linear. Mas foi com Joe Kubert que eu aprendi a admirar o estilo volumétrico, de traços relaxados e cheios de movimento e expressão. Passei a buscar por todos os trabalhos dele, como Tarzan, Sargento Rock, Gavião Negro, Tor e Tomahawk, do qual ele fazia as maravilhosas capas. Chegou, afinal, a vez de dar o definitivo adeus a este talentoso e produtivo artista.
Joseph Kubert nasceu em 18 de setembro de 1926, na Polônia, em Jezierzany (atualmente em território ucraniano), filho de Etta e Jacob Kubert, que emigraram para os Estados Unidos ainda no mesmo ano, levando o pequeno Joe com apenas dois meses de idade. Kubert começou a desenhar ainda na infância, com o apoio dos pais.
Estudou na Manhattan's High School of Music and Art, onde conheceu muitos editores e colegas de traço. Conseguiu seu primeiro trabalho como desenhista aos 11 anos de idade e logo estava artefinalizando Archie, de Bob Montana. Começou a desenhar para a DC Comics em 1943, produzindo histórias para várias revistas da editora, especialmente o Gavião Negro, com o qual trabalhou por muitos anos. Foi um dos primeiros artistas a produzir hqs no processo 3D, em 1953. No mesmo ano, estreou seu próprio personagem, o homem pré-histórico Tor, escrito por Norman Maurer, e também produziu histórias avulsas para a Eclipse e a Marvel. A partir de 1955, fez para a DC histórias para O Príncipe Viking, Sargento Rock e O Tanque Assombrado.
Entre 1967 e 1976, ganhou grande notoriedade ao revitalizar para a DC o personagem Tarzan, criado nos livros por Edgar Rice Burrougs, que anos antes havia tido grande sucesso nos traços de Hal Foster e Brune Hoggart. Ainda nos anos 1960, fundou a The Kubert School, em Dover, New Jersey, onde instruiu seus filhos David, Danny, Lisa, Adam e Andy na arte do desenho. Adam e Andy tornaram-se também nomes importantes no campo dos quadrinhos. Por sua escola também passaram muitos artistas importantes, com Frank Thorne, Stephen Bissette, Thomas Yeates e Rick Veitch, entre outros.
Nos últimos anos, Kubert dedicou-se a trabalhos autorais, como Fax from Sarajevo (1996), ganhador dos prêmios Eisner e Harvey, Yossel: April 19, 1943 (2003), Jew Gangster (2005) e especial boneliano Tex: The Lonesome Rider, com roteiro de Claudio Nizzi, publicado com 2005.
Em 2006, voltou a trabalhar com Sargento Rock na minissérie Sgt. Rock: The Prophecy, escrita por Brian Azarello, e na minissérie Tor: A prehistoric Odyssey, publicada em 2008 pela DC. Também ilustrou, em 2001, o volume referente a Batman na minssérie Just Imagine, em que o gênio da Marvel, Stan Lee, recriou os personagens da DC.
Kubert esteve no Brasil pelo menos uma vez, em 1994, participando da Super-Hero ComicCon, um evento acadêmico em São Paulo, acompanhado de vários artistas dos quadrinhos, como Will Eisner e Howard Chaykin, entre outros.
Joe Kubert faleceu no dia 12 de agosto de 2012, aos 85 anos, em decorrência de um mieloma múltiplo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Amazing Stories ontem e hoje

Antes da Amazing Stories não havia ficção científica. E isso não é apenas uma frase de efeito, porque foi o seu editor, o lendário Hugo Gernsback que cunhou o termo e deu corpo não só ao gênero, mas a todo o fandom.
Lançada em 1926, a Amazing Stories ajudou a construir a cultura pulp e, apesar de ter se mantido no mercado por 80 anos, muita gente só sabe dela de ouvir falar.

Se você é um dos malucos por fc que sonha em reviver aqueles tempos românticos de exploração e conquista, seus problemas acabaram. O fã norte-americano Steve Davidson está promovendo a retomada da Amazing, agora em formato digital.
As edições podem ser adquiridas na Amazon, mas o editor também faz distribuições por email de cópias grátis, em formato pdf, para quem argumentar bem em favor de seus próprios direitos por uma delas. Antes, porém, visite o saite da revista aqui, e aproveite para conhecer o arquivo que dispõe de diversas edições originais da Amazing, desde o histórico número 1 de 1926, para baixar gratuitamente, em diversos formatos.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Kaori e o samurai sem braço

Depois de um período produtivo investindo em ficção curta, muitas das quais vistas nas coletâneas Luar de vampiros (2003), Vampiros no espelho & Outros seres obscuros (2004) e A dama morcega (2006), a escritora paulista Giulia Moon está agora devotada aos romances, especialmente à série Kaori, iniciada em 2009 com o romance Perfume de vampira, seguido de Coração de vampira em 2011, ambos publicados pela Giz Editorial e bem recebidos pelos leitores.
Agora é a vez de Kaori e o samurai sem braço, terceiro volume da série com a vampira nipobrasileira que, antes dos romances, havia sido vista em alguns contos.
Como a protagonista tem centenas de anos de idade, as histórias se espalham em diversos períodos históricos, não necessariamente lineares. Tanto que este novo título está situado entre os dois romances anteriores, unindo duas tragédias naturais que assolaram o Japão, os terremotos de 2011 e de 1782, quando Kaori conheceu Migite-no-Kitarô, o lendário samurai sem braço, e sua companheira Omitsu, a mulher-raposa. Diz o relise: "O objetivo do trio é exterminar um terrível monstro devorador de almas, mas essa missão os levará ao mais arriscado dos confrontos: o desafio de enfrentar a si mesmo, às próprias fraquezas e arrependimentos, numa luta de vida ou morte!"
A história não exige a leitura prévia dos demais volumes para ser compreendida e traz uma bem vinda novidade: dezoito ótimas ilustrações da própria autora, que assina também a capa da edição.
Outra particularidade é a decisão da autora em transferir 2% dos lucros obtidos com a primeira tiragem de Kaori e o samurai sem braço à entidades assistenciais para auxiliar as vítimas de catástrofes naturais, como os ocorridos no Japão em 2011.
O livro será lançado durante a 22ª Bienal do Livro de São Paulo, no dia 18 de agosto às 18 horas, no estande da Giz Editorial, M-79.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sozinho no deserto extremo

Com uma produção volumosa e relevante, o escritor Luiz Bras aprofunda-se em sua proposta conceitual de desenvolver no Brasil uma literatura de ficção fantástica de alto nível artístico e temático. A qualidade técnica já está mais do que garantida conforme pode ser percebido pelos seus trabalhos anteriores, como a coletânea de contos Paraíso líquido (Terracota, 2010) e o romance Poeira: Demônios e maldições (Língua Geral, 2010), ganhador do prêmio Casa de las Americas, o qual o autor assinou ainda como Nelson de Oliveira.
Em Poeira: Demônios e Maldições, já se afigurava o desejo do autor em enveredar pela ficção fantástica, à moda de Murilo Rubião e José J. Veiga, mas foi como Luiz Bras que as coisa realmente deslancharam. Além da coletânea de contos, Bras publicou as novelas Babel Hotel (Scipione, 2009) e o romance Sonho, sombras e super-heróis (Ciranda das letras, 2011), ambas ficções de gênero dirigidas ao público juvenil.
Com o romance Sozinho no deserto extremo, que chega agora pela editora Prumo, Bras volta-se ao leitor adulto, com uma história de profundas implicações filosóficas e simbólicas, embora o contexto cenográfico seja bastante concreto. Trata-se da história de um publicitário cansado de seu cotidiano que, um belo dia, desperta num mundo absolutamente vazio, sem nenhum outro ser humano vivo além dele mesmo. O que a princípio parece responder a um desejo secreto do personagem, vai se revelando uma tragédia na medida em que a loucura se instala.
Assumidamente inspirado nos romances Só a terra permanece, de George R. Stewart, e Eu sou a lenda, de Richard Matheson, Bras monta um diálogo ousado pois ambos os títulos são clássicos da ficção científica internacional. Vale lembrar que o tema também foi abordada por outros autores brasileiros com ótimos resultados, como o conto "O último artilheiro", de Levy Menezes, e o romance Blecaute, de Marcelo Rubens Paiva.
O livro, que tem 320 páginas, terá lançamentos exclusivos em São Paulo, no da 21 de agosto, às 18h30 na Livraria Cultura (Av. Paulista, 2073), e no Rio de Janeiro, dia 3 de setembro na Livraria Travessa (R. Visconde de Pairajá, 572).
Mais informações no saite do autor, aqui.
Luiz Bras nasceu na mítica cidade de Cobra Norato/MS, é doutor em Letras pela USP e colabora regularmente com o jornal literário Rascunho, na coluna "Ruído branco".

Maquetes e Miniaturas

Como, desde criança, sou entusiasta do maquetismo, chamou muito a minha atenção o livro Maquetes e miniaturas: Técnicas de montagem passo-a-passo, de Regina Mazzocato Nacca, publicado pela editora Giz em 2007, uma edição rara pois há pouquíssima literatura a respeito publicada no Brasil. A maior parte dos livros sérios sobre o assunto, em língua portuguesa, são publicações lusitanas. Ainda mais porque, por aqui, o assunto é geralmente tratado como curiosidade, embora tenha função extremamente técnica no ramo da arquitetura, sendo especialmente importante na área comercial.
Agora, a autora volta ao tema com um novo título. Trata-se de Maquetes e miniaturas: Monte sua minicidade, com uma proposta diferenciada em relação ao primeiro volume da coleção. Desta vez, Regina propõe atividades lúdicas e educativas dirigidas a professores e estudantes do ensino fundamental, aproveitando material descartável como caixas de papelão e embalagens em geral, além do papel, isopor e outros materiais, para construir edifícios, veículos, figuras humanas, ruas, vegetação e outros elementos urbanos.
O volume foi lançado na 22ª Bienal do Livro de São Paulo e também é publicação da Editora Giz. Mais informações sobre o trabalho de Regina podem ser obtidas no saite da autora, aqui.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Megalon 5

Mais uma edição histórica do fanzine Megalon volta em formato digital. Trata-se do número 5, originalmente publicado em julho de 1989.
A edição tem 34 páginas e apresenta contos de Eder Scarrot e Miguel Carqueija, uma hq de Cerito, artigos sobre ciência, cinema e literatura assinados pelos editores Marcello Simão Branco e Renato Rossati, além de Jorge Luiz Calife, Jeremias Moranu, Gilberto Schoreder e Roberto de Susa Causo, que também assina a ilustração da capa.
Esta verdadeira cápsula do tempo pode ser obtida gratuitamente pelo e-mail  marcellobranco@ig.com.br.

Renato Rosatti em três tempos

O incansável editor alternativo Renato Rosatti foi pauta da edição 33 do NFL Zine, uma das mais tradicionais publicações alternativas do Brasil, sobrevivente do tempo dos fanzines em xerox, agora em formato tablóide. Rosatti aparece numa entrevista na qual conta detalhes sobre sua atividade como editor, a histórias de seus fanzines e sua paixão por metal extremo. 
Rosatti também distribuiu a edição 138 do fanzine de terror e ficção científica Juvenatrix, que sustenta rigorosa periodicidade desde os tempos em que ainda era publicado em papel. O editor comentou comigo que a publicação está de vento em popa e que nunca teve tantos leitores como agora – efeito direto da virtualidade. Tanto que reduziu a quantidade de páginas por edição só para acelerar a produção e chegar mais rápido aos leitores com as notícias ainda frescas.
A nova edição traz em suas 20 páginas um conto de Dalila Rocha Sousa, resenhas dos filmes A queda da casa de Usher (1982), O homem dos olhos de raio-x (1963) e A fera deve morrer (1974), artigos sobre bandas de meta extremo, além de notícias e divulgação de produções alternativas. A capa tem uma ilustração impressionante de Erik Muller Thurm.
E como, obviamente, não basta, Rosatti também distribuiu o Espantomania 3: O Martelo do Horror, informativo com a programação do festival Espantomania 3 que acontece entre 10 e 12 de agosto na Biblioteca Viriato Corrêa, em São Paulo.
Para solicitar cópias, em formato PDF, tanto do Juvenatrix como do informativo Espantomania 3, basta enviar um e-mail para renatorosatti@yahoo.com.br.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Lovecraft em quadrinhos no Brasil

Em domínio público, o escritor americano Howard Phillips Lovecraft volta aos quadrinhos no Brasil. Ainda não é exatamente uma adaptação da obra do cavalheiro de Providence, que chegou a ter algumas histórias publicadas aqui nos tempos da saudosa revista Kripta – título que teve duas edições especiais em 2011 pela Editora Mythos e está em vias de voltar pela Devir Livraria – mas vale uma boa olhada devido aos artistas envolvidos.
A primeira delas já está nas livrarias. Trata-se de O incrível Cabeça de Parafuso e outros objetos curiosos, álbum de histórias inéditas de Mike Mignola, mais conhecido como o criador de Hellboy, que nunca escondeu seu fascínio pela cosmologia criada por Lovecraft. Publicado originalmente pela Dark Horse, o trabalho chega ao Brasil pela Editora Autêntica através do selo Nemo. Traz cinco histórias de Mignola, duas delas premiadas, em 104 páginas em cores e encadernação em capa dura.
O outro título que justifica expectativa é Neonomicon, álbum com a minissérie completa originalmente publicada nos EUA pela Avatar Press. Com roteiro de Alan Moore e desenhos de Jacen Burrows, apresenta uma história original inspirada na tenebrosa mitologia lovecraftiana, mais uma história avulsa escrita por Antony Johnston, esta sim adaptando um conto de Lovecraft. O álbum, de 188 páginas e capas em cartão, é uma publicação da Editora Panini e será distribuído nas bancas.

Ga-Rei: edição final

Há algumas semanas, o escritor Miguel Carqueija remeteu o volume 12 do mangá Ga-Rei – último da série publicada integralmente no Brasil pela Editora JBC –, com o pedido que eu o resenhasse neste blogue. Entusiasta dos mangás shojo, ou seja, histórias em quadrinhos dirigidas às leitoras adolescentes, Carqueija elogiou várias vezes as sutilezas de enredo, personagens e arte desse trabalho, assinado por Hajime Segawa, originalmente publicado a partir de 2005 na revista Shonen Ace, da editora japonesa Kadokawa Shoten, com grande sucesso.
Alguns dos conceitos básicos da obra eu só soube através do próprio Carqueija, pois a única parte que efetivamente li dessa hq foi mesmo a edição final, em que a história se encerra num clímax catastrófico que envolve todo o planeta. Explico: Ga-Rei fala sobre a relação entre duas garotas, Tsuchimiya Kagura e Isayama Yomi, irmãs de criação e estudantes de uma escola de magia, mais ou menos ao estilo de Harry Potter. Durante a história, Kagura e Yomi vão desenvolvendo seus poderes, que acabam por se revelar faces antagônicas de uma mesma energia que, desequilibrada pelos sofrimentos das meninas, pode levar o mundo à destruição total.
Pela leitura de seu final, Ga-Rei parece resumir-se fundamentalmente a essas duas personagens. Os demais são meros coadjuvantes, que se esforçam por ajudar, mas mal conseguem sobreviver em meio às forças avassaladoras liberadas pelas garotas.
Sempre impressiona a facilidade como os autores dos mangás conseguem evocar forças apocalípticas que estremecem as bases da realidade cósmica, e Ga-Rei não é diferente. Aqueles que apreciam esse tipo de narrativa vão certamente se deliciar com as cenas de destruição em massa explicitadas pela arte de Segawa. Contudo, a recorrência desse recurso já não surpreende mais. Histórias clássicas como Akira e A morte do demônio foram bem mais fundo e mais longe no processo, da mesma forma que o embate entre dois pólos opostos e igualmente poderosos já foi melhor explorado em histórias como Death Note e Blood Plus, por exemplo.
O que chama a atenção em Ga-Rei é a fauna de seres mágicos curiosíssimos, que perecem ter mais a oferecer do que o pouco que pode ser visto no volume final, bem como as gigantescas manifestações do "Miasma da Naraku", um tipo de energia da natureza que toma formas diversas conforme a região, como, por exemplo, um guerreiro de três faces e seis braços em Tokio, um Ganexa obeso na Índia e uma deformada Estátua da Liberdade em Washington, entre outros.
A princípio, a história parece sugerir ao leitor ocidental que Kagura seja um tipo de redentora da humanidade, uma alegoria das tradições judaico-cristãs, mas o desfecho revela que não se trata absolutamente disso, mas sim de uma releitura da própria filosofia oriental, na qual não falta inclusive o recorrente símbolo do yin-yang, na forma de duas raposas entrelaçadas, uma negra e outra branca que, por sua vez, remete a outra recorrente figura japonesa, a mítica raposa de nove caudas.
Ga-Rei esforça-se em estabelecer o conceito de que não há um Deus no controle das coisas e que a vida é apenas uma concessão da natureza e, se não estiver equilibrada, pode levar o mundo à catástrofe. Também acena com a ideia de que a decisão e empenho de um único indivíduo pode fazer a diferença nos momentos de exceção. Ainda que se reconheça a dedicação de Segawa em evocar valores morais como amizade, candura e fidelidade, Ga-Rei é uma história de pretenções doutrinárias, ainda que bastante diluídas em um cenário de fantasia, ação e aventura, o que não deixa de ser uma característica dos mangás de forma geral. O sucesso dessa arte entre os jovens brasileiros ansiosos por acreditar em alguma coisa, deve ter muito a ver com isso.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Nueva Literatura Fantástica

As vezes temos a impressão que só o Brasil tem produção de fc&f fora do eixo anglo-americano, mas o fato é que todos os países do mundo têm seus fandons, mais ou menos ativos, e especialmente a América Latina é bastante produtiva no gênero.
Da Argentina recebi a notícia da publicação da 25ª edição da revista digital NM - La Nueva Literatura Fantástica, publicação especializada em ficção científica, fantasia e horror escritas originalmente em espanhol.
A edição comemora seu sexto aniversário, tem 64 páginas e traz contos de Mira de Echeverría, Lucio Palacio, Neri Osorio, Echeverría, Arrakena e Domínguez Nimo. A capa é assinada por Carper. As edições anteriores estão também disponíveis aqui, para leitura online e offline, inclusive em versão especial para ser impressa.

O coda do Terrorzine

Depois de 27 edições, Ademir Pascale anunciou no seu blogue o encerramento da publicação do Terrorzine, publicação digital de horror que, ao longo de quatro anos, investiu principalmente na publicação de minicontos de novos autores brasileiros. A primeira edição, foi publicada em setembro de 2008 e por quase dois anos seguiu firme, em periodicidade mensal, mas desde meados de 2010 já não tinha mais o mesmo vigor, passando longas temporadas ausente da internet.
Mesmo assim, publicou edições temáticas interessantes como Folclore, lendas e mitos (nº6), Viagens no tempo (nº24) e O gato preto (nº27), algumas delas ainda estão disponíveis para download gratuito. Mas todas as edições podem ser obtidas com o editor, bastando uma solicitação através dos emails ademir@cranik.com e amigosdocranik@ig.com.br.
Acredito que, ativo como é, Pascale não vai deixar isso barato e essa decisão deve indicar que alguma coisa maior à vista. Fazer o quê, sou um otimista. Adeus, Terrorzine, sua história não será esquecida.

E por falar em Anuário...

Está no prelo a nova edição do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2011, com um levantamento do estado do mercado editorial da literatura de gênero no país.

O conteúdo passou por algumas reformulações para ganhar agilidade, mas ainda investe em informação e memória, agora com mais resenhas. A edição homenageia, com uma longa entrevista, o legendário editor Gumercindo Rocha Dorea, da GRD, que ao longo da segunda metade do século 20, e ainda hoje, construiu um valioso catálogo nos gêneros fantásticos. A capa recebe uma ilustração belíssima de Rogério Vilela.
O livro estará disponível em algumas semanas no saite da Devir Livraria.

A arte de Silvio Ribeiro

O artista que assinou a capa do Anuário 2010 anuncia que está aceitando reservas para o livro Arte digital, que demonstra o seu método na produção de ilustrações digitais.
O livro terá 48 páginas em papel cuchê 300g em formato 28 x 21 cm, e seu preço deverá ficar entre R$25,00 e R$30,00, mais as despesas de frete.
Por enquanto, não é preciso enviar qualquer pagamento, basta fazer a reserva. Maiores informações no saite de Silvio Ribeiro, aqui.