segunda-feira, 31 de julho de 2023

Lançamento: Os que sobem à noite

Há pouco dias, a Editora Avec, de Porto Alegre, colocou em pré-venda Os que sobem à noite, romance de horror com 208 páginas de autoria de Thuder Dellú, que é autor de Tumular: A sete palmos do inferno, publicado em 2021 também pela Avec. 
Diz o texto de apresentação: "Uma morte inexplicável ocorre no topo da Pedra do Baú, um gigantesco monumento natural situado na Serra da Mantiqueira, interior de São Paulo. O evento sem precedentes assombra a bucólica cidade de São Bento do Sapucaí, colocando em jogo sua história, suas tradições e, principalmente, a vida dos seus moradores. A partir daí, três jovens, dois idosos, dois religiosos e um garoto começam a seguir seus instintos e medos mais íntimos, na tentativa de destrinchar um mistério que mostra desenhos, detalhes e características muito mais complexas do que os belos tapetes do dia de 'Corpus Christi' que enfeitam as ruas da cidade nos meses frios de junho."
Para mais informações sobre os livros citados, basta clicar nos títulos, que levam às respectivas páginas no saite da Avec.

domingo, 30 de julho de 2023

Lançamento: Mestre dos djinns

A editora Companhia das Letras, através do selo Suma, colocou em pré-venda Mestre dos djinns (A master of djinn), romance de fantasia steampunk do escritor novaiorquino P. Djèlí Clark, obra ganhadora dos Nebula e Locus, entre outros prêmios. 
Diz o texto de divulgação: "Cairo, 1912. Fatma el-Sha’arawi é a mais jovem mulher a trabalhar para o Ministério de Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Mas ela certamente não é nenhuma novata, ainda mais depois de ter impedido a destruição do universo no último verão. Após um assassinato envolvendo os membros da Sociedade Hermética de Al-Jahiz, irmandade secreta dedicada ao homem mais famoso da história, a agente é convocada para investigar o caso. Quarenta anos antes, al-Jahiz abriu o véu que isolava o mundo mágico ― trazendo os djinns, ou gênios, para a realidade humana ― e desapareceu sem deixar vestígios. Agora, o assassino alega ser o próprio al-Jahiz, que voltou para punir a sociedade moderna por suas injustiças sociais. Na companhia de Hadia, sua nova assistente, e de Siti, sua namorada e devota dos antigos deuses egípcios, Fatma precisará desvendar a identidade do impostor ― se é que ele é mesmo um impostor ― para reestabelecer a paz."
Com tradução de Solaine Chioro, o romance tem 352 páginas e tem lançamento previsto para 22 de agosto de 2023.

sábado, 29 de julho de 2023

Lançamento: Ânima

A editora Avec, de Porto Alegre, acaba de colocar em pré-venda o romance Ânima: Ameaça virtualsuspense de ficção científica de 192 páginas, de autoria de Carol Vidal, Ricardo Santos e Mariana Madelinn, que se passa num futuro próximo na diade de Salvador. Diz o texto de apresentação: "Ânima é um metaverso 100% brasileiro que se tornou um fenômeno global. Mas uma série de estranhos acontecimentos extrapola o mundo on-line, gerando perigos mortais em nossa realidade. Para piorar, Kelly Hashimoto, a co-criadora do Ânima, desaparece misteriosamente. Muitos acreditam que ela é a chave para pôr fim ao caos. Dá-se início a uma busca por seu paradeiro, dentro e fora do Ânima. Vagner, um agente secreto do governo, Lia, uma ex-operadora de telemarketing desempregada, e Niara, a namorada de Kelly, se veem no meio de uma trama cheia de segredos sombrios e identidades falsas."
Para mais informações, basta clicar no link do título que leva à página respectiva no saite da Avec.

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Resenha do Almanaque: Coisas frágeis, Neil Gaiman

Coisas frágeis
(Fragile things), Neil Gaiman. 208 páginas. Tradução se Micheli de Aguiar Vartuni. São Paulo: Conrad, 2008.

Na edição de 2008 da Festa Literária Internacional de Parati, a participação do escritor e roteirista britânico Neil Gaiman surpreendeu a todos, centralizando o assédio da imprensa e dos fãs, que formavam filas imensas para conseguir um autógrafo do escritor. Gaiman chegou a ficar mais de cinco horas numa seção de autógrafos.
Houve alguma ciumeira quanto a isso, afinal a maior parte dos fãs de Gaiman eram então leitores de histórias em quadrinhos, um tipo de literatura não muito bem visto nos meios mais eruditos e até bem pouco tempo, os roteiristas de quadrinhos e os escritores de livros viviam em universos bem diferentes. Gardner Fox, que durante anos escreveu roteiros para a editora de quadrinhos DC, publicou muitos romances de gênero, e um e outro escritores ficaram mais conhecidos pelas adaptações de seus livros à nona arte, como os americanos Robert E. Howard (de Conan, o bárbaro) e Edgar Rice Burrougs (de Tarzan dos macacos).
Essa história começou a mudar depois que o roteirista inglês Alan Moore estreou nos EUA escrevendo para a revista O monstro do pântano. O grande sucesso de Moore motivou a editora DC a contratar seu colega Neil Gaiman, escritor nascido em 1960 em Portchester, Inglaterra, para reformular a personagem Orquídea Negra, que resultou numa minissérie ilustrada por seu parceiro de projetos anteriores, o também inglês Dave McKean.
Em seguida, Gaiman recebeu da DC a missão de reformular Sandman, super-herói de pouca profundidade e quase nenhum apelo. Ao longo da série, publicada entre 1988 e 1996, Gaiman elaborou uma narrativa cheia de drama e mistério com doses maciças de referências literárias, e tornou a revista no maior sucesso dos quadrinhos em todo o mundo. As histórias tinham um tom fantástico e melancólico que agradava leitores de todas as idades e sexos – tanto que Sandman é ainda hoje uma das histórias em quadrinhos mais lidas entre as mulheres. Em 1991, Gaiman ganhou o prêmio literário Fantasy World com o roteiro de Sandman “Sonhos de uma noite de verão”.
A primeira experiência literária de Gaiman foi o romance Belas maldições (Good omens), escrito em parceria com Terry Pratchett (1948-2015) e publicado em 1990, uma sátira às histórias de horror escatológico. Em 1999, publicou a minissérie em quadrinhos Livros de Magia, que muitos acreditam ser precussor de Harry Potter, da também britânica J. K. Rowling.
Gaiman escrevia roteiros cada vez mais literários para o mercado de quadrinhos, ficando na periferia da literatura, como Stardust, ilustrado por Charles Vess, e Sandman: Os caçadores de sonhos, ilustrado por Yoshitaka Amano. Em 1996, novelizou a série de TV britânica Lugar nenhum (Neverwhere).
Em 2002, Gaiman finalmente entrou pela porta da frente do mercado literário com o romance Deuses americanos (American gods), agraciado com os prêmios Hugo e Nebula. No ano seguinte repetiu a dose com a novela infantil Coraline.  Em 2005 publicou o romance Os filhos de Anansi (Anansi boys) e, no ano seguinte, a antologia Fumaça e espelhos (Smoke and mirrors). Enfim, em 2008, foi publicada no Brasil a coletânea Coisas frágeis (Fragile things), que é objeto desta resenha. 
Publicada em 2006 na Inglaterra e premiada com o Locus 2007, Coisas frágeis contava originalmente com trinta e dois textos, entre contos, noveletas e poemas, entre eles um miniconto na apresentação. Gaiman declarou não ter gostado do tratamento que a editora Conrad deu a coletânea, pois a edição brasileira traduziu apenas nove textos, ignorando o restante não se sabe por quais motivos. Entre os textos cortados, havia dois contos também premiados com o Locus: "Forbidden brides of the faceless slaves in the secret house of the night of dread desire" (2005) e "Closing time" (2004). Por aí já imaginamos o que perdemos os leitores brasileiros.*
Mas antes pouco do que nada. Os nove contos publicados nessa edição têm todos excelente qualidade e muitos dialogam com outros trabalhos de Gaiman e com obras de outros autores. A começar pela noveleta "Um estudo em esmeralda" ("A study in emerald") escrita sob encomenda para uma antologia temática. Trata-se de uma ficção alternativa envolvendo Sherlock Holmes - a famosa personagem de Sir Arthur Conan Doyle - e a cosmologia mística de H. P. Lovecraft. O detetive e seu assistente-narrador são chamados pela polícia de Londres para investigar o assassinato de um membro da realeza européia que visitava a cidade. A rainha estava especialmente interessada na solução desse caso politicamente constrangedor. As investigações levam a dupla a um teatro, onde encontram entre os atores os suspeitos do crime, ativistas políticos que combatem a monarquia britânica e mundial, uma vez que a Terra dessa realidade não pertence mais aos homens. Trata-se de uma raras histórias inteligentes de final surpresa, em que tudo o que se viu revela não ser de fato o que se pensava. A moldura lovecraftiana dá um ar moderno à peça, que pode ser perfeitamente alinhada a onda steampunk. O trabalho ganhou merecidamente o prêmio Hugo para melhor noveleta em 2004.
"A vez de Outubro" ("October in the chair") foi escrito para a antologia Conjunctions, de Peter Straub, e recebeu o prêmio Locus de melhor conto em 2003. Os meses do ano encontram-se anualmente numa floresta para contarem suas experiências. Há alguma confusão, já que os meses não se entendem muito bem quanto a ordem de apresentação. Alguns são expansivos e falastrões, outros introspectivos e melancólicos, e cada um vai contando a sua história. Outubro conta sobre um menino que, oprimido pela presença superior de seu irmão gêmeo, decide fugir de casa. Alguns quilômetros de caminhada e logo depois do pôr-do-sol, ele encontra um vilarejo arruinado e ali conhece o fantasma de um outro garoto. Ambos passam a noite se divertindo entre as ruínas e, quando chega o dia e a hora de dizer adeus, o jovem terá de tomar a mais importante decisão da sua vida. Um conto suave e de aparência singela, mas extremamente assustador, como caberia à Ray Bradbury a quem Gaiman dedicou o conto.
"Lembranças e tesouros" ("Keepsakes and treasures")  foi escrita originalmente para uma antologia de histórias em quadrinhos e é a história mais barra-pesada do livro. Quem conta a história é Smith, leão de chácara de um figurão do submundo londrino chamado Sr. Alice, que está negociando a compra do lendário Tesouro dos Shahinai por um valor astronômico em diamantes e não quer que nada dê errado, pois os vendedores são gente perigosa e desconfiada. A compra sigilosa é realizada num prédio antigo e labiríntico em que paira um clima de irrealidade. O tesouro é o homem mais lindo do mundo, um jovem perfeito criado especialmente para esse fim, o qual o Sr. Alice pretende usar como seu preciso objeto sexual.
"Os fatos no caso da partida da senhorita Finch" ("The facts in the case of the departure of Miss Finch") é mais divertido, embora tenha uma boa carga de horror. Escrito sob inspiração de um desenho de Frank Frazetta – a famosa ilustração em que uma jovem belíssima caminha entre dois tigres dentes-de-sabre  – o conto é narrado por um homem que foi convidado a acompanhar um casal de amigos a uma peça de teatro circense experimental, cuja única seção será apresentada nos subterrâneos de Londres. Ele deve acompanhar a esquisita senhorita Finch, uma intelectual retraída, especialista em biogeologia, na presença da qual ninguém fica muito a vontade. O espetáculo desloca-se por vários salões decrépitos e mal iluminados, com a apresentação de números estranhos e perigosos, nem sempre bem sucedidos. O público acredita que tratam-se de truques e segue se divertindo na medida do possível. Já no fim do espetáculo, a senhorita Finch é convidada para participar de um dos números que propõe realizar seu maior sonho, porém o maior sonho da biogeóloga está extinto há alguns milhares de anos.
"O problema de Susan" ("The problem of Susan") tem um fundo metalingüístico elegante e bem armado, pois toda a história se desenrola durante uma entrevista que uma jornalista faz com uma velha senhora especialista em livros infantis. Por outro lado, trata-se também de uma ficção alternativa, uma vez que Gaiman toma emprestado aqui a personagem Susan de As crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis. Enquanto a conversa segue, a envelhecida Susan retoma de alguma maneira sua aventura no guarda-roupa e reencontra a feiticeira e o leão. Mas eles agora estão ali para selar o seu destino, depois que ela cresceu e continuou.
"Golias" ("Goliath") foi escrito sob encomenda para o site do filme Matrix, antes que ele estreasse. Gaiman diz que leu o roteiro do filme e então escreveu esta história, em que um homem tem sua vida de fracasso reconstruída pela Matrix, uma vida que agora ele goza plenamente e na qual realiza todos os seus sonhos, mas cujo objetivo é que ele se sacrifique pelo planeta quando chegar a hora. E ela chegou.
"Como conversar com garotas em festas" (How to talk to girls at parties) foi publicado primeiro nesta antologia e indicado ao prêmio Hugo 2007 de melhor conto. Narra a aventura de dois adolescentes – um tímido e outro despachado – que vão a uma festa que eles não sabem exatamente onde acontece. No caminho, o jovem despachado instrui o seu colega tímido em como se aproximar das garotas. Quando estão na região da festa, escutam o sons de música e imediatamente concluem ser ali o lugar que procuram. Logo estão paquerando as garotas, o despachado avançando o sinal enquanto o tímido faz tentativas com várias meninas. Mas a paquera dos garotos vai ficando cada vez mais estranha porque aquela não era exatamente a festa que eles estavam procurando.
"Pássaro-do-Sol" ("Sunbird") ganhou o prêmio Locus 2006 de melhor conto. Gaiman confessa que tentou emular o estilo do escritor americano R. A Lafferty, pouco publicado em língua portuguesa. Esta divertida história trata de um grupo de gourmets que formam uma sociedade secreta dedicada a devorar toda a espécie de comida. Depois de muito anos de experiências bizarras, parece tudo já foi deglutido e não há mais nenhum prato novo no cardápio. Então um deles, justamente o mais pobre – na verdade, um mendigo – propõe que eles comam o lendário pássaro do sol da Cidade de Sol, no Cairo. Por absurda que soasse a sugestão, ela acaba aceita pelo grupo, que monta uma custosa expedição ao Egito em busca da iguaria, que o mendigo conhece muito bem por motivos que serão explicados na altura devida.
Em "O monarca do vale" ("The monarch of the glen"), Gaiman retoma Shadow, o personagem de seu romance Deuses americanos, ao lado de Smith e o Sr. Alice, vistos em "Lembranças e tesouros", para recontar a luta de Beowulf e Greendel no seu cenário original, as regiões remotas da Escócia. Shadow está vagando pela região e seu tamanho e habilidade são notados por um aldeão, que o convida para trabalhar de segurança numa festa de ricaços que vai acontecer num castelo ali por perto. Ele é alertado por uma funcionária do hotel para que não aceite o serviço, que é muito mais perigoso do que parece, mas Shadow está sem dinheiro e acaba aceitando. Quando chega o dia do evento e Shadow comparece para o serviço, é aceito com muita cortesia e instruído nas normas de conduta de uma festa dessa natureza. Mas suas funções ali vão muito além de simplesmente proteger os ricaços da antipatia dos aldeões. Trata-se do trabalho mais longo da coletânea.
Em todas as peças Gaiman demostra habilidade plena nas ferramentas narrativas e nos protocolos dos gêneros. Os contos dialogam com peças importantes da fantasia mundial, dando-lhes um especial toque contemporâneo.
O carisma de Neil Gaiman emana das reais e palpáveis qualidade e sinceridade de seu trabalho. Mas é impossível não comparar a ficção de Gaiman com a de Ray Bradbury – pra quem o autor dedicou o volume, juntamente com Harlan Ellison e Robert Sheckley – com a significativa diferença que Bradbury trata do meio-oeste americano e Gaiman fixa-se nos cenários britânicos que são o seu berço.
Gaiman caminha a passos largos para se tornar o grande nome da literatura de fantasia nos próximos anos, mesmo sem contar com uma heptalogia adaptada para o cinema, embora já tenha algumas de suas histórias filmadas, como o romance infantil Coraline (2009) e a hq Stardust (2007), o roteiro para a animação Beowulf, dirigida por Robert Zemeckis, enquanto Deuses americanos, Belas maldições e, recentemente, Sandman, tornaram-se séries de televisão. 

* Em 2010, a editora Conrad publicou os textos cortados em um segundo volume, Coisas frágeis II.

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Limit e Vitamin

Ensaio crítico dos mangás Limit (2010) e Vitamin (2001), ambos de Keiko Suenobu, Miguel Carqueija escreveu as resenhas dos seis volumes de Limit e do volume único de Vitamin, enquanto Aparecida Ramos colabora com o ensaio "Bullying". 
O tema se justifica porque é o foco de ambas as obras, publicadas no Brasil em 2015. Diz o texto de divulgação: "estes mangás de Keiko Suenobu abordam de maneira corajosa a triste questão das perseguições escolares, o sinistro 'bullying'. Em Limit, cinco meninas adolescentes (Konno, Morishige, Usui, Kamiya e Haru) se veem perdidas num imenso boqueirão lutando pela sobrevivência, e os conflitos entre elas vão surgindo em consequência de uma situação anterior na escola. Em Vitamin a situação se concentra em Sawako, garota que tinha suas amizades no colégio mas todas se voltam contra ela ao ser flagrada em situação constrangedora".
O volume pode ser baixado gratuitamente aqui, em formato texto.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Os mistérios do Mundo Negro

"Alice Chantecler, a vidente dos cabelos cor de fogo, é chamada pelo administrador do satélite misterioso conhecido como o Mundo Negro, ou seja, Buckley Elizondo, e sua esposa Carmen, para tratar de novo problema relacionado com o Necronomicon. Carmen, aparentemente, mexeu com forças que não deveria ter perturbado. E agora uma terrível ameaça sobrenatural encontra-se à solta no Mundo Negro. Diante do inimigo que se apresenta, serão suficientes as habilidades de Alice?"
O escritor carioca Miguel Carqueija, que foi um dos mais freqüentes colaboradores do Hiperespaço enquanto fanzine, publicou pelo selo Hiperespaço uma série de novelas em formato de livros de bolso, sendo uma delas Os mistérios do Mundo Negro, escrita com a colaboração de Gabriel Coelho. A ilustração deste post foi justamente a capa dessa edição. 
Trata-se de uma aventura de ficção científica mística e muito bem humorada, com toques lovecraftianos, no mesmo universo de As luzes de Alice, outra das novelas publicadas pelo Hiperespaço, mas que pode ser lida independentemente sem qualquer prejuízo.
A novela está agora disponível gratuitamente para download aqui.

terça-feira, 25 de julho de 2023

Lançamento: Mulheres que os homens não veem

O trabalho de James Tiptree Jr. (1915-1987) sempre foi elogiado no fandom brasileiro, apesar de não haver muito o que se ler de sua autoria em português. Excetuando-se os contos "A Terra age tal como uma serpente renascida", publicado na Isaac Asimov Magazine 10 (Record, 1991) e "Os falsáurios", presente na antologia Dinossauros (Aleph, 1993), talvez só houvessem textos publicados em Portugal, mesmo assim não muitos. Mas o que chamava a atenção dos fãs era o fato de James Tiptree Jr. ser o pseudônimo masculino da escritora Alice Bradley Sheldon, que o usava muito provavelmente para ampliar suas chances num meio editorial sabidamente dominado por homens. Essa atitude de Tiptree/Sheldon influenciou autoras brasileiras de ficção científica a adotar, pelos mesmos motivos, um expediente similar por aqui, se não com um pseudônimo, pelo menos com uma assinatura ambígua como A. B. Maciel e M. R. Olivieri, por exemplo.
Tiptree/Sheldon foi reconhecida pelos fãs com diversos prêmios Hugo e Nebula. Contudo, o fim trágico de sua vida, num pacto suicida com o marido, causo tanta polêmica no ambiente reacionário que dominou o fandom internacional nos últimos anos, que o prêmio que levava o seu nome acabou mudado em 2019 para Otherwise Award.
O lançamento de Mulheres que os homens não veem, pela editora Imã, vem corrigir essa ausência sentida, com uma coletânea com três novelas de ficção científica da autora. Diz o texto de divulgação: "Alice Bradley Sheldon ― a escritora por trás do renomado e misterioso 'James Tiptree Jr.' ― inova com abordagem feminista no gênero, em tramas ousadas e instigantes. Neste livro, uma garota transforma-se num anúncio publicitário vivo; mulheres preferem invasores alienígenas a continuar no mundo dos homens e uma epidemia religiosa provoca femicídios em massa."
O livro, que tem 212 páginas e tradução de Braulio Tavares, está em pré-venda no saite da editora, aqui. Os envios estão prometidos para a partir do dia 5 de agosto. 

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Convergência cósmica

"Convergência Cósmica: Explorando e aprendendo com os universos fantásticos" é um congresso voltado à apresentação de projetos bem sucedidos ligados à ficção fantástica, que acontecerá no dia 2 de setembro, das 9 às 18 horas, num espaço com capacidade para cem lugares no sexto andar da Rua Augusta, 1917, em São Paulo, capital, com trasmissão online exclusiva para os participantes. 
O objetivo do evento é de fomentar a criação e o desenvolvimento de novos projetos, e estão programadas palestras com o Prof. Marco Antônio Correa Collares (Mitos e lendas da era Hiboriana), o editor Diego Bassinello (Editora Luz Negra), o escritor Haeckel Almeida (Axioma Vetiti), o Prof. Doutor Alexander Meireles da Silva (Fantasticursos), o blogueiro O Explorador (Explorando Segredos e Mistérios) e o livreiro Cid Vale Ferreira (Biblioteca Lovecraftiana).
Mais informações na página de financiamento do projeto, aqui.  

domingo, 23 de julho de 2023

Resenha do Almanaque: O par, uma novela amazônica, Roberto de Sousa Causo

O par: uma novela amazônica
, Roberto de Sousa Causo. 140 páginas. São Paulo: Humanitas, 2008.

Novela de ficção científica do escritor paulista Roberto de Sousa Causo, premiado no concurso Projeto Nascente II promovido pela Universidade de São Paulo em 2001.
Conta a história do soldado Feitosa, desertor de uma força especial do Exército Brasileiro na selva Amazônica, nos anos 30 do século XXI. Depois de um pequeno desentendimento entre Feitosa e seus colegas, a tropa é enviada para as fronteiras de uma área isolada sob o assédio de forças estrangeiras, onde ocorrem fenômenos bizarros protagonizados por objetos voadores não identificados, possivelmente alienígenas. Quando o soldado se vê sozinho contra seus desafetos, há um confronto violento e, depois do tiroteio, Feitosa embrenha-se no território desconhecido.
Na mata profunda, depois de testemunhar a aparição de um esquadrão de OVNIs, o soldado desenvolve um abcesso na perna esquerda. Quando se defronta com um bando de caçadores ilegais, do qual apenas ele mesmo sobrevive, cai num sono pesado e, quando acorda, está acompanhado de uma jovem que em tudo lembra-lhe a falecida esposa; no local do abcesso resta apenas uma depressão cicatrizada. A mulher passa a acompanhá-lo em sua peregrinação pela mata fechada e surge entre eles uma ligação íntima, telepática e simbiótica. Deslocando-se sempre em direção ao norte e pretendendo se refugiar na Venezuela, o casal encontra uma aldeia de traficantes e tem de mais uma vez que entrar em combate para garantir sua sobrevivência.
Os meses passam e o soldado e seu par – que Feitosa já reconhece como uma criação dos alienígenas através de sua própria carne, embora ainda não saiba o por quê –, encontram-se com muitos outros pares, todos indo, sem saber o motivo, para um grande encontro com o destino próximo ao Pico da Neblina.
O trabalho retoma alguns dos temas preferidos do autor, como o ambiente da floresta Amazônica e seus povos nativos – vistos em Terra verde (Cone Sul, 2000) e A sombra dos homens (Devir, 2004) –, do soldado desgarrado – visto em "O infiltrado" (Dança das sombras, Caminho, 1999) e diversos outros contos do autor – e do contato com inteligências extraterrestres – mais uma vez, em Terra Verde e na novela Voo sobre o mar da loucura (M&C, 1998).
Causo faz o texto dialogar também com uma quantidade de referências não explícitas, como o romance O coração das trevas, de Joseph Conrad, os longa-metragens Contatos imediatos do terceiro grau, de Steven Spielberg, e O segredo do abismo, de James Cameron, e livros da ficção científica brasileira que têm na guerra pela posse da Amazônia um tema recorrente, como A guerra da Amazônia, de Carlos Bornhofen (Novo Século, 2004) e A ira da águia, de Humberto Loureiro (Literalis, 2007).
O isolamento da gigantesca floresta a coloca em pé de igualdade, como elemento dramático, aos espaços extremos da natureza, como a Antártida, as fossas abissais e o espaço sideral. Neste aspecto, é um lugar mais que adequado à aparição dos OVNIs.
A narrativa de Causo é consistente e o personagem principal é sólido, embora os demais sejam bastante simples, uma vez que entram e saem da trama em uns poucos parágrafos, quase sempre de forma violenta. Aliás, a violência é um parâmetro regulador na aventura do soldado Feitosa, que ora é vítima, ora é um algoz de frieza admirável. Para ele não importa a ética, desde que se sobreviva, e é este mesmo critério que vai determinar o destino do casal em seu último conflito.
Feitosa, transformado em caboclo, toma o destino nas próprias mãos e rejeita o estado e as forças da civilização, quase sempre mais ameaçadoras que a selva, por mais insalubre que seja.
De acordo com Marcello Simão Branco, “há uma simbiose temática entre o estranhamento do contato alienígena e das forças da Natureza, com uma crítica sociopolítica importante à situação hipócrita pela qual o Estado brasileiro – e boa parte da sociedade –, encara a chamada ‘questão amazônica’, no contexto das prioridades ambientais e econômicas do país”. (Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2005)
Isso porque as lideranças políticas e a opinião pública do Brasil parecem recear, como num pesadelo recorrente, perder a autoridade política sobre a Amazônia, ao mesmo tempo que nada fazem para ajudar, sequer compreender, as necessidades da floresta e sua gente, muitas vezes abandonados à própria sorte a partir de um discurso pseudo-preservacionista feito sob medida para justificar essa incompetência histórica.
Desse modo, O par cumpre, de forma brilhante, um dos fundamentos da ficção científica ao levantar uma das mais delicadas polêmicas nacionais e, ainda que não tenha a pretensão de apontar as soluções, apresentar uma visão crua das várias forças envolvidas nessa questão, que não deve, nem pode, ser preterida pelos brasileiros.

sábado, 22 de julho de 2023

Prêmio Odisseia anuncia finalistas

Criado em 2019, o Prêmio Odisseia de Literatura Fantástica é extensão do congresso de ficção fantástica Odisseia e homenageia autores e obras publicadas no ano anterior especificamente inscritas para o certame. Há poucos dias, a organização do evento divulgou as listas tríplices dos finalistas da edição 2023. São eles: 
Projeto gráfico: 
Ian Fraser por A vida e as mortes de Severino Olho de Dendê, Intrínseca.
Roberto Campos Pellanda por Terceiro saber, Avec.
Tiago Carvalho por Caçadores de Ezória: A semente do amanhã, Pendragon.
Quadrinho fantástico: 
Fábio Yabu & Fred Rubim por Os sussurros do caos rastejante, Jambô.
Felipe Castilho & Monaramis por Guarás: A outra margem, Independente.
Kiko Garcia por Terra roxa, Kikomics.
Narrativa longa juvenil: 
Clinton Davisson por Baluartes: Terra Sombria, Avec.
Fabiola Eichenbrenner por Sete monstros, Cartola.
Lucas de Melo Bonez pot A morte e a vida dos meninos lobos, Boaventura.
Narrativa curta horror: 
Juliana Cunha por "A devoradora", Notívagas, O Grifo.
Oscar Nestarez por O breu povoado, Avec.
Talita Grass por Canção para um anfíbio, DarkSide.
Narrativa curta fantasia: 
Carol Façanha por O sibilar de outrora, Independente.
Jadna Alana por Se tu me quisesse, Independente.
João Mendes por "Serra minguante", Mafagafo 5-1, Mafagafo.
Narrativa curta  ficção científica: 
Juliane Vicente por "Sankofa", Anuário Rocket Pages 2022, Rocket.
Simone Saueressig por "O cuco de Sumaúma", Multiverso Pulp 5, Avec.
Zé Wellington por "Quinze minutos", Assombros, Draco.
Narrativa longa  horror: 
Cirilo Lemos por Estação das moscas, Draco.
Everaldo Rodrigues por Kiumba,  Independente.
Larissa Brasil por Irebu, Independente.
Narrativa longa  fantasia: 
Alvaro Senra por Éden, 7 Letras.
Bruno Anselmi Matangrano por Ebálidas de Pseudo-Outis, Arte e Letra.
Leonardo Oliveira por A rainha do pôr do sol, Independente.
Narrativa longa ficção científica: 
Alexei Dodsworth por Paradoxo de Theséus, Draco.
Gabriel Teixeira Canduri por Urubu rei, Astrolábio.
Matheus Borges por Mil placebos, Uboro Lopes.
Artigo fantástico:
Ana Resende & Caroline Façanha por "Pilhas de corpos grotescos: o gótico contemporâneo em Mariana Enríquez e Patrícia Melo", Abusões 19, UERJ.
Júlio França & Oscar Nestarez por "Uma tradição obscura", Tênebra: Narrativas de horror brasileiras [1839-1899], Fósforo
Rafael Eisinger Guimarães por "Pode a inteligência ser artificial? O que nos ensinam os robôs de Isaac Asimov", Leitura, curiosidade e imaginação: Refletindo sobre inteligência artificial, Pontes.
O anúncio dos vencedores acontecerá durante o congresso que ocorrerá presencialmente nos dias 7 e 8 de outubro de 2023 na Biblioteca do Estado do Rio Grande do Sul. Mais informações serão divulgadas oportunamente no saite do Odisseia, aqui.


sexta-feira, 21 de julho de 2023

Avenger: Guia de Episódios

Análise crítica produzida por Miguel Carqueija dos treze episódios da ficção científica Avenger, série original de animação produzida em 2003 pelo Estúdio Beetrain/Xebec com direção de Koichi Mashimo. 
Diz o texto de apresentação: "Num futuro distante, a colonização de Marte chegou a um beco sem saída. A sociedade tornou-se medieval e dirigida por 'avatares', os sobreviventes dos 'Doze Originais' que chegaram ao planeta. Quase não existem recursos naturais, o povo vive em geral na miséria e as cidades promovem torneios de luta pelo poder. Uma estranha garota de nome Layla, que quase não fala, percorre os caminhos áridos acompanhada por Speedy, mestre consertador de bonecas, e pela boneca ou robota Nei, num mundo onde pequenos robôs substituem as crianças e, há dez anos, não nascem crianças. Layla participa dos torneios, mas seu objetivo é Volk, o sinistro ditador de Marte, com quem tem contas a ajustar."
O Guia, em formato de arquivo de texto, pode ser baixado gratuitamente aqui.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Gothic Station

Um dos mais longevos movimentos organizados ligados a arte fantástica é o da cultura gótica, que já foi inclusive tema de telenovela. Apesar de não estar mais sob os holofotes da mídia, seus praticantes mantêm atividades interessantes e sofisticadas em várias artes, a ponto de sustentar um periódico especializado, a revista Gothic Station
Lançada em 2017, a publicação distribuiu seu número 7 ainda em 2022, com 84 páginas bem diagramadas e profusamente ilustradas, trazendo artigos sobre música, cinema, quadrinhos, artes plásticas, dança, literatura e moda, sempre sob o viés da cultura gótica, é claro. 
Todas as edições da Gothic Station, entre outras publicações, podem ser baixadas gratuitamente na aba "Downloads gratuitos" do saite Gothic Station, aqui

quarta-feira, 19 de julho de 2023

I Jornada de Estudos Insólitos

No dia 11 de agosto de 2023, no prédio de Letras da USP, acontecerá a I Jornada de Estudos Insólitos da Universidade de São Paulo, congresso acadêmico voltado aos estudos sobre ficção fantástica, organizada pelos Grupos de pesquisa Produções Culturais e Literárias para Crianças e Jovens (FFLCH-USP) e Nós do Insólito: vertentes da ficção, da teoria e da crítica (UERJ).
O evento, que terá o tema "Fronteiras do insólito: Gêneros, modos, estéticas e seus hibridismos", terá participação de muitos pesquisadores da área, como Maria Zilda Cunha, Lígia Menna, Paulo César Ribeiro Filho, Ricardo Iannace, Oscar Nestarez, Carol Chiovatto, George Amaral, Renata Philippov, Roberto De Sousa Causo, Ana Rüsche, Nathália Xavier Thomaz, Sandra Trabucco Valenzuela e Bruno Anselmi Matangrano. 
A programação completa das atividades pode ser conferida aqui
As inscrição já estão esgotadas, mas heverá transmissão pelo canal do Youtube da FFLCH-USP para quem quiser acompanhar à distância.

terça-feira, 18 de julho de 2023

Canaan: Guia de episódios

Redigido e publicado por Miguel Carqueija, o Guia de edisódios de Canaan faz um levantamento crítico deste seriado japonês de animação dirigido por Masahiro Ando em 2009 para o Estúdio PAWoorks. A história é uma dramatização do jogo MMORPG de mesmo nome, desenvolvido pela XPEC Entertainment. 
Diz o texto de apresentação: "Canaan é uma jovem de cabelos albinos, órfã de guerra numa região do Oriente Médio, criada junto com outra menina por um mercenário e guerrilheiro chamado Siam. A irmã de criação de Canaan, Alphard, trai Siam, o mata e assume a direção da organização terrorista conhecida como Cobra. A partir daí os caminhos de Canaan e Alphard separam-se e elas se tornam inimigas mortais. Acostumada a um mundo de violência e insegurança, Canaan suaviza seu caráter de matadora ao conhecer a jovem e inocente fotógrafa Oosawa Maria, que lhe passa os valores da compaixão. Todavia, não será possível evitar o confronto com Alphard".
Os treze episódios de Canaan são comentados um a um no Guia, que pode ser baixado gratuitamente aqui.

segunda-feira, 17 de julho de 2023

VI Prêmio LeBlanc

No dia 14 de julho, em evento presencial no Sesc São João de Meriti, no Rio de Janeiro, foram anunciados os vencedores da edição de 2023 do Prêmio Le Blanc, voltado a apontar os melhores do ano anterior em animação, jogos, histórias em quadrinhos e literatura fantástica. 
A apuração foi realizada em duas etapas: uma consulta popular pela internet indicou três finalistas em cada categoria, dentre os quais o ganhador foi definido por um juri de especialistas. 
São eles: 
Romance: A roda de Deus, Leonel Caldela, Jambô.
Coletânea: Assombros, Zé Wellington, Draco.
História em quadrinhos independente: Ovelha negra, Carlos Felipe Figueiras & B. Horn, Tapas.
História em quadrinhos: Sussurros do caos rastejante, Fábio Yabu & Fred Rubim, Jambô.
Série de tiras: Edifício Celeste, Thiago Krening.
Série de animação: Turma da Mônica, Cartoon Network, Mauricio de Sousa Produções & Split Studio.
Curta animado: Coelhitos e gambazitas, Thomas Larson.
Curta animado independente: Eu nunca contei a ninguém, Douglas Duan.
Longa animado: A lasanha assassina, Ale McHaddo.
Animação publicitária: Abertura de novela Cara e Coragem, Leonardo Fleury & Luciana Jordão.
Game eletrônico: Fobia – St. Dinfna hotel, Pulsatrix Studios.
RPG: O cordel do reino do sol encantado, Pedro Borges, New Order.
Criado em 2018, o Prêmio Le Blanc é organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas (PPGMC) da Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e pela Universidade Federal Fluminense (UFF). 
O nome é uma homenagem à André LeBlanc (1921-1998), haitiano radicado no Brasil com uma extensa e importante obra no campo da ilustração editorial.
A relação com todos os finalistas de cada categoria pode ser conferida aqui.

domingo, 16 de julho de 2023

Resenha do Almanaque: FCdoB: Ficção Científica Brasileira - Panorama 2006/2007

FCdoB: Ficção científica brasileira - Panorama 2006/2007, Fernando Murillo Bettencourt & Maria S. Cavalcante, orgs. 228 páginas. Rio de Janeiro: Corifeu, 2008.

Antologia montada a partir de um concurso de contos promovido pela BHB – Eventos Culturais. Realizado pela internet entre 2006 e 2007, o concurso recebeu quase duzentos trabalhos que foram julgados por uma comissão formada pela doutora em direitos humanos Cristina Amich Elias, pela pedagoga Sônia Regina Malardé e pelos escritores Alexis Bernardo de Lemos e Ivan Carlos Regina. Foram escolhidos vinte e sete contos, cujo prêmio era justamente fazer parte deste volume, que propõe ser um recorte da ficção científica praticada no Brasil naquele período. O livro tem prefácio da brasilianista Elisabeth Ginway e apresentação das orelhas assinada por Marcello Simão Branco.
FCdoB repete a estratégia das antologias do saudoso Clube de Ficção Científica Antares que, na década de 1980, revelou alguns dos melhores autores da fc&f brasileira. O livro apresenta uma leva de autores novos, todos com textos bastante curtos, entre 750 e 6000 palavras. A seguir, resumo e comentários sobre os contos que formam o volume.
“Nos pântanos de Hansu”, Aguinaldo Inácio Peres. Piratas aproveitam a ingenuidade dos autóctones de um planeta alienígena para roubar deles uma matéria-prima valiosa.
“Solidão”, Alexandre Sant’Ana. Num tempo em que a clonagem humana é prosaica, mulher abandonada executa um plano mirabolante para recuperar a confiança de seu homem. Ideia razoável com desfecho eficiente.
“Sete dias”, Alexandre Santos Lobão. Universitário registra suas memórias recentes na tentativa de entender o que está acontecendo com seus colegas que começaram a manifestar habilidades que levarão ao fim do mundo.
“Sociedade Kabuki”, Alexandre Veloso de Abreu. Numa sociedade em que todos vivem nus e usam máscaras, uma prostituta tem um dia ruim.
“Planetas obliterados”, Alex de Sousa. Em tom de crônica histórica, conta como uma máquina automática tripulada por golfinhos causa um desastre ecológico num planeta florestal.
“Julieta do quarto livro”, Carlos Abreu. Excêntrico escritor de ficção científica é abordado por uma jornalista interessada em debater o quarto romance de sua série que, entretanto, nunca foi escrito. Texto muito divertido, com um leve toque metalinguístico.
“Alberto 2.0”, Cristiano Tavares. Um chefe de família decide submeter-se a uma cirurgia de implantes que lhe devolverão a empregabilidade perdida, mas que também vão destruir seu casamento. Boa ideia que guarda bem-vindos vínculos com a realidade.
“Assassinando o tempo”, Cristina Lasaitis. Cientista brasileira confirma a teoria da sua vida num acelerador de partículas construído em pleno sertão nordestino. A melhor virtude do conto é o contraste proposto entre o agreste e o ambiente futurista do acelerador.
“O visitante”, Daniel Brasil. Pesquisadores universitários inventam a máquina do tempo e, por acidente, trazem Ludwig van Beethoven para o presente.
“Connectville”, Davi Menossi Gonzáles. Morador de uma pacata cidade interiorana narra a instalação de uma estranha estrutura nos arredores de sua casa e como ela foi destruída pelo ataque de um disco voador. Um relato intrigante na tradição ufológica que caracteriza a ficção científica brasileira.
“Crepúsculo escarlate”, Denis Winston Brum. Explorador solitário em Marte tem contato imediato com alienígenas diáfanos, evoluídos e benevolentes.
“Os ovos”, Dóris Fleury. Cientista cinquentona entra em crise existencial depois de passar anos chocando ovos alienígenas. No saite A Escrevinhadora podem ser lidos outros de seus contos. Uma das melhores revelações dos últimos anos, embora não tenha seguido adiante no gênero.
“Super homem”, Edmundo Pacheco. Viajante espacial movido pela expectativa de ser o primeiro a pisar num mundo de outra galáxia, chega ao seu objetivo apenas para descobrir que, enquanto viajava, a humanidade desenvolveu-se ao ponto de lá chegar antes dele.
“O ato de Bangladesh”, Felipe Tazzo. Um coletor de lixo apresenta seus problemas, seus companheiros de trabalho e sua família, construindo um intrigante recorte de uma sociedade futurista. A história é simples porém extremamente bem redigida. Os personagens vívidos e interessantes têm potencial e merecem ser retomados numa obra de mais fôlego. O melhor trabalho da antologia.
“Mar negro”, Gabriel Boz. Depois que uma praga desconhecida e implacável devastou a vida no planeta, o último homem sobre a Terra cumpre o derradeiro desejo de sua recém-falecida esposa levando o cadáver para a beira do mar. Ao longo do caminho, um mundo devastado e, na praia, um encontro inesperado. Gabriel Boz, um dos editores do extinto fanzine Scarium, mostra um texto correto e feliz na escolha do tema, que sempre rende boas histórias.
“Mente S/A”, Augusto Guimarães. Jovem que passou por um tratamento de correção de personalidade tem problemas para se adaptar à nova estrutura mental. A ideia dialoga com o clássico da ficção científica A laranja mecânica, de Antony Burgess.
“Crimideia”, Gustavo Benitez Ribeiro. Pessoas recém-falecidas têm suas personalidades gravadas numa máquina, de forma que continuem a conversar com os vivos. A opinião pública é manipulada pelos políticos para aprovar o uso da máquina nos processos jurídicos, visto que as vítimas de assassinato podem apontar os criminosos.
“A biblioteca de Titã”, Joana Belarmino. Mulher passa algumas semanas na lua de Saturno, pesquisando uma biblioteca que tem todos os livros do universo. Sem qualquer conflito, o conto é apenas uma justa homenagem a Jorge Luiz Borges.
“Como se fosse essa noite a última vez”, João Paulo Vaz. Um homem tenta uma última noite de prazer com sua fogosa amante, sabendo que, no dia seguinte, perderá o seu implante peniano de alta tecnologia. Uma boa discussão sobre o sexismo exacerbado de nossos tempos.
“O bloco”, Jurandir Araguaia. Moradores de uma pequena cidade interiorana surpreendem-se com um bloco de pedra que surgiu repentinamente na praça principal. Um leve toque no objeto torna as pessoas felizes e isso transforma a cidade. Trabalho claro e despretensioso, forte em simbolismos.
“Caieiro e Alberta”, Leandro Malósi. Casal que joga sexo virtual pela internet decide se encontrar pessoalmente para dar números finais ao placar.
“A idade do lobo”, Leandro Carrion. Num futuro em que as mulheres foram quase extintas por uma doença incurável, um jovem jornalista, que sonha ser selecionado para reprodutor, envolve-se com um grupo terrorista que lhe dá um harém.
“O casal mais discreto de Malibu”, Leonardo Siviotti. O conto tem dois tempos distintos: a princípio, um casal conversa amenidades durante o café da manhã; depois, o narrador explica o resto da história.
“Memórias roubadas”, Maria Helena Bandeira. Preso num manicômio, jovem hacker que roubou as memórias de um figurão passa por uma egotrip durante uma entrevista terapêutica. Narrativa sincopada, com trechos da entrevista misturadas às memórias roubadas.
“Depois do homem”, Maria Teresa. Uma civilização de mutantes sucede o homem no domínio da Terra, mas sua sociedade sofre dos mesmos erros e vícios de seus antecessores. Em meio a intrigas, os pesquisadores descobrem nas ruínas da civilização humana as pistas da sua própria existência.
“Mãos grandes”, Paulo Virgílio D'Auria. Num futuro escravocrata no qual os trabalhadores especializados são projetados geneticamente, uma enfermeira apaixonada desafia a sociedade para viver uma história de amor.
“Lembranças”, Valentim S. Pereira. Um homem submete-se a experiência de mapeamento de memória e, por uma falha no procedimento, perde-se entre muitas identidades armazenadas em seu cérebro.
O resultado geral de FCdoB é irregular, natural nesse tipo de dinâmica editorial. A maior parte dos trabalhos não ousa ir além do já visto, o que confirma o pouco tráfego destes novos autores na ficção científica. A exceção da experiente Maria Helena Bandeira (falecida em 2013), a ausência dos nomes mais destacados da fc&f nacional refletia o desinteresse destes pelas promoções do fandom*. Uma seleção mais rigorosa, com menos contos, teria resultado numa antologia mais significativa no panorama fc&f brasileira, mas vale o registro dos movimento inicias do que é hoje chamado de Terceira Onda da ficção científica brasileira.

*A época da publicação, Cristina Lasaitis, hoje uma autora reconhecida, era recém-chegada ao ambiente da literatura fantástica.

sábado, 15 de julho de 2023

Táquion 2

Publicado em julho de 2023, este é o segundo número da revista digital Táquion, inteiramente dedicada ao gênero da ficção científica, com editoria de Renato A. Azevedo para o Clube Brasileiro de Ficção Científica. 
A edição tem 74 páginas e traz contos de Ralph Luiz Solera, J. Alexandre, Silvio César, Roberto Fiori e João Oliveira Cony, além de artigos, resenhas e uma entrevista com a ilustradora Girleyne Costa, a Giih, que produziu a imagem da capa.
O número de estreia foi lançado em novembro de 2022 e as duas edições, disponíveis nos formatos pdf, epub e mobi, podem ser baixadas gratuitamente aqui.

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Lançamento: Espero que eu não me apaixone por você

Cesar Alcázar, um dos fundadores da editora Argonautas, que entre 2010 e 2015 publicou uma série de livros de ficção fantástica através dos quais revelou dezenas de novos nomes na arte, tem desenvolvido nos últimos anos uma bem sucedida carreira solo como escritor, com livros como A culpa é da noite (2019, Arte & Letra) e Aos que habitam a escuridão (2021, Avec). 
Espero que eu não me apaixone por você é seu novo romance, novamente pela Avec, uma história de mistério nas franjas da fantasia que se inspira nas canções e na pessoa do compositor americano Tom Waits.
Diz o texto de divulgação: "O detetive Spero é um homem melancólico, atormentado pela lembrança de Martha, seu amor do passado. Ele tem fobia de palhaços e aliterações, lutou contra os fascistas na Guerra Civil Espanhola, gosta de uma boa cerveja, e anda um tanto distraído ultimamente (ou nos últimos vinte anos?). Certa noite, Spero é contratado por Matilda, a mulher barbada do Gran Circus Tempus, para investigar a morte suspeita de seu marido, Chang, o atirador de facas, amante de Rosie, a incrível mulher mais tatuada do mundo, por sua vez casada com Baltazar, o acordeonista. Trabalhando no caso entre uma cerveja e outra, Spero pensa se deve procurar Martha, ao mesmo tempo em que se encanta por uma figura misteriosa que vê em seu bar preferido todas as noites. Porém, a trama é mais complicada e perigosa do que o detetive esperava, o que pode colocar em risco sua sanidade, além da própria vida".
O livro tem 120 páginas e está em pré venda no saite da editora, aqui.

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Alt Toys 2023

Alt Toys é um evento promovido pela loja e editora independente Ugra Press, voltado à exposição e venda de toyart, jogos independentes, bootleg toys e handmade toys, que acontecerá no dia 22 de julho de 2023, sábado, das 11 às 19h, na Galeria Ouro Velho (Rua Augusta, 1371) em São Paulo, Capital.
Diz o texto de divulgação: "serão mais de trinta expositores de diversas partes do país com jogos e toys produzidos de maneira independente e em pequenas quantidades, com muita imaginação e carinho, de fã para fã. Dos mais fofos aos mais esquisitos, dos deliciosamente lúdicos aos completamente bizarros – seja qual for a preferência do colecionador, estarão todos na Alt Toys". Também haverá cursos, workshops e oficinas na programação do Ugralab.
O acesso ao local é bem facilitado, estando a apenas três quadras da estação Consolação do Metrô.

quarta-feira, 12 de julho de 2023

SteamCon Paranapiacaba

A histórica vila ferroviária de Paranapiaca em Santo André/SP receberá, nos dias 19 e 20 de agosto de 2023, a SteamCon Paranapiacaba, edição comemorativa de dez anos deste congresso cultural voltado para os fãs do steampunk.
Promovido pelo Conselho Steampunk, o evento tratará de literatura, música, jogos, cinema e quadrinhos em palestras, exposições, concurso de steamplay (vestimentas steampunk) e também contará com o Mercado Anacrônico, com stands de produtos ligados a esse subgênero do fantástico.
O acesso ao evento é possível a partir do Expresso Turístico da CPTM que, aos sábados e domingos, que faz o percuso da Luz até Paranapiacaba. Em outros horários, o acesso é viabilizado por linhas de ônibus que saem do centro da cidade vizinha de Rio Grande da Serra, também acessível pelos trens da linha 10 da CPTM.

terça-feira, 11 de julho de 2023

Lançamento: Glossário da literatura brasileira para leitores estrangeiros

Organizada por Alexandre Pilati e Bárbara Pessoa, e publicado pelo Instituto Guimarães Rosa e pela Editora FUNAG (Fundação Alexandre de Gusmão), o Glossário da literatura brasileira para leitores estrangeiros é destinado, como diz o título, ao ensino de literatura brasileira para estrangeiros. 
Em 321 páginas, traz quarenta e dois verbetes classificados nas seções "Autores", "Movimentos e tendências", "Personagens emblemáticos" e "Temas transversais", sendo cada verbete redigido por um especialista diferente e introduzido por belas aquarelas do ilustrador Rodrigo Rosa. 
Alguns dos verbetes podem interessar aos fãs da literatura fantástica, como "Literatura fantástica brasileira", "Literatura infantojuvenil", "Surrealismo na literatura brasileira" e, principalmente, "Ficção científica brasileira", verbete este redigido por Naiara Sales Araújo, professora do Departamento de Letras e do Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Federal do Maranhão. O verbete é ligeiro, com cerca de mil palavras, contudo é abrangente, citando muitos nomes de escritores e escritoras organizados no conceito de ondas que, apesar de bem aceito no ambiente dos autores fãs, não tem rigor suficiente para sustentar um texto acadêmico, o que resultou num verbete pouco profundo e com sentidas ausências. 
Ainda assim, a presença desse verbete num glossário oficial denota que a fc brasileira está bem avaliada no ambiente acadêmico, pelo menos no que se refere ao sua representatividade no estrangeiro. Desde a publicação, em 1992, de Fantastic, fantasy and science fiction literatura catálog, organizado por Braulio Tavares para a Fundação Biblioteca Nacional, que a fc brasileira não recebia tal atenção do poder público. 
O volume está disponível para download gratuito no saite da Biblioteca Digital da FUNAG, aqui, em formatos pdf, mobi e epub. A versão impressa também está disponível.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Lançamento: Entornos do gótico e do fantástico

Entornos do gótico e do fantástico, volume 1: Comunicações do evento Halloween Harry 7
é uma antologia com onze ensaios acadêmicos sobre o gótico e do fantástico em diversas mídias, organizada pelo professor Cido Rossi (Unesp), com apoio dos pesquisadores Jonathan Eliã de Almeida Nunes, Laís Rodrigues Alves Martins e Stéfano Stainle, publicado pela Editora Pedro & João, de São Carlos/SP. 
Em 288 páginas, Lígia de Medeiros Nogueira, Yago José Cipoleta, João Vitor Batistute, Stéfano Stainle, Nathalia Sorgon Scotuzzi, Laís Rodrigues Alves Martins, Frederico Negrini Silva, Samuel Renato Siqueira Sant’Ana, Pedro Fuscaldo Barreto de Figueiredo, Luís Guilherme Comar Freza e o próprio Rossi discutem "spin-offs de Harry Potter, a literatura de Neil Gaiman, o RPG, o unheimlich, o terror cósmico, as máquinas e monstros de Virginia Woolf, as origens góticas da ficção científica e Neon-Genesis Evangelion, 2001: Uma Odisseia no Espaço, a espetacularização do monstro no filme Nope, o cinema de M. Night Shyamalan e a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts."
O livro está disponível aqui para leitura e download gratuitos.

sábado, 8 de julho de 2023

Psycho pass: Guia de episódios

Guia de episódios escrito por Miguel Carqueija dando conta da primeira temporada de Psycho pass (Saiko pasu no original japonês), série de animação japonesa produzida entre 2012 e 2013 sob direção de Katsuyuki Motohiro. 
Diz a sinopse de divulgação: "Num futuro indeterminado e altamente tecnológico, o Sistema Sybil criou uma distopia na qual a população se sente em segurança e goza de aparente liberdade, mas é controlada de forma permanente. Os drones e outros aparelhos medem o 'psycho pass' (senha psíquica) ou coeficiente criminal das pessoas, identificando criminosos em potencial. Os que forem considerados assassinos em potencial podem até ser mortos pela polícia e seus 'cães de caça' ou coatores (criminosos em potencial que trabalham para a polícia e fazem o serviço sujo), dependendo do 'julgamento' da arma 'dominator'. Um dia chega à Divisão 1 da polícia de Tóquio a nova inspetora, Tsunemori Akane, que se apresenta ao Inspetor Ginoza. Sensível e com elevado senso de justiça, recusando-se a matar sem dar uma chance, Akane logo entra em atrito com Ginoza, frio e legalista, que despreza os coatores. Entretanto, na luta contra psicopatas, logo fica claro que um super-criminoso manipula outros psicopatas, visando desestabilizar o sistema. O coator Kougami tem contas a ajustar com esse gênio do crime."
O guia está disponível para download gratuito aqui, na forma de arquivo de texto.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Pulp fiction à lusitana

Há alguns meses, deliciei-me com uma entrevista que o escritor português Luís Filipe Silva cedeu à revista Bang sobre a pulp fiction lusitana que foi foco da antologia Os anos de ouro da pulp fiction portuguesa, por ele organizada e publicada em 2011 pela editora Saída de Emergência.
Tudo levava a crer que se tratava de um profundo estudo historiográfico sobre os insondáveis primórdios da fc&f lusófona, recheado de imagens de periódiocos obscuros, entre outros documentos de época, assim como diversos contos ao estilo da ficção pulpesca do início do século XX, incluindo textos lovecraftianos, de piratas, de cowboys etc.
Hoje, ouvindo o segundo episódio da série 20 anos - 20 livros, do Bangcast, tive uma segunda leitura dessa entrevista ainda mais surpreendente: nada daquilo é factual. 
Todos os contos, imagens, autores e suas biografias citados na antologia são fakes criados pelo organizador e por colaboradores, num exercício de história alternativa que não foi informado a princípio aos leitores e chegou a causar algum tumulto no ambiente da fc&f lusitana. Incluindo o tal brasileiro Marcelo Augustro Galvão, criador do faroeste "Maxwell Gun", também uma criação ficcional para o volume.
Me pegaram nessa. E eu adorei.

Quarenta anos no Hiperespaço - volume 1

Em outubro próximo, o fanzine Hiperespaço completa quarenta anos do lançamento de seu primeiro número, em 1983, que inspirou uma série de novas publicações de ficção científica lançadas nos anos seguintes, formando aquilo que hoje chamamos de Segunda Onda da ficção científica brasileira.
Na época de seu lançamento, os editores promoveram a distribuição gratuita do primeiro número, enviando-o pelo correio a uma enorme relação de nomes e endereços compilada ao longo de anos de relacionamento postal dos editores com fãs de fc, cinema e quadrinhos. Foram distribuídos mais de duzentos exemplares dessa edição, a partir do que foi implementado um sistema de assinaturas que sustentou a publicação até o número 52 (publicado em 2003), quando o fanzine foi descontinuado, substituído por ações como a Coleção Fantástica, que publicou novelas inéditas de fc&f nacional em formato de livros de bolso, o Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica, com artigos, entrevistas, ensaios e levantamentos estatísticos sobre a fc&f no Brasil, e este blogue, que assumiu o conteúdo noticioso do fanzine.
Nunca tive intenção de digitalizar o Hiperespaço mas, em 2013, fiz edições fac-similadas dos dois primeiros números, que foram distribuídas entre os participantes de uma das edições do festival Fanzinada, justamente para assinalar os trinta anos da data. Como não possuo mais as matrizes, tive de escanear diretamente dos exemplares originais remanescentes, que são de baixíssima qualidade – infelizmente, esse era o tipo de impressão disponível na época.
Tanto trabalho merecia ser melhor aproveitado, então disponibilizei aqui, em 2018 – quando o Hiperespaço completou trinta e cinco anos – versões digitalizadas dos quatro primeiros números, que formam o primeiro ano de publicação, com imagens tratadas da melhor forma possível, embora não tenha logrado obter a qualidade ideal.
E, para marcar os quarenta anos de publicação, recuperarei esses posts, iniciando, é claro, pelo primeiro número, que traz dez páginas de artigos sobre modelismo e cinema de fc. A capa tem um desenho de José Carlos Neves (artefinalizada por Cerito), obviamente inspirada no space jockey de Alien: O oitavo passageiro. O arquivo está disponível para leitura online e download. Os números seguintes também serão recuperados.
Parabéns prá nós! Aproveite o presente.

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Obook 1

Está disponível a primeira edição da revista digital Obook, periódico corporativo da Editora Obook, de São Bernardo do Campo, editada por Fernando Lima, dedicada a divulgação de novos escritores. 
O catálogo da editora comporta grande quantidade de títulos de horror, fantasia e ficção científica, portanto a ficção fantástica se reflete também na revista. 
Este número inaugural tem 63 páginas com contos, poemas, resenhas, entrevistas e artigos de um grande número de colaboradores, entre os quais estão Amanda Kraft, Carlos H. F. Gomes, Raik, Roberto Schima, Elcio Antonio Pizani, J. Isaac, Luiz Antonio Pinto e Condessa da Escuridão. 
A Revista Obook pode ser baixada gratuitamente aqui em formato pdf, e também pode ser obtida em formato para leitores Kindle e em edição impressa.

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Viva Sci-Fi

Viva Sci-Fi
é um bom podcast sobre ficção científica hospedado no agregador Spotify, produzido e apresentado pelos especialistas no gênero Thiago Meira e Fábio Fernandes. 
Iniciado em julho de 2020, conta hoje com 68 episódios disponíveis, que trafegam pelo gênero especialmente na literatura, tratando de livros, revistas e prêmios nacionais e estrangeiros, e suas implicações políticas, filosóficas e culturais, mas não se furta a tratar do gênero em outras mídias, especialmente o cinema, mais presente nos episódios iniciais. Também recebe convidados ligados à arte literária, que são entrevistados pelos apresentadores.
Para acessar todos os episódios, basta acessar o repositório, aqui. Recomendado.

terça-feira, 4 de julho de 2023

Lançamento: Steampunk, histórias extraordinárias

Promovido através de um projeto na plataforma de autopublicação Cartarse, Steampunk: Histórias extraordinárias é uma coletânea de três noveletas de autoria do escritor paulista Gianpaolo Celli, anteriormente vistas em antologias temáticas. 
Ao lado de Richard Diegues, Celli foi um dos fundadores da extinta Editora Tarja, de São Paulo, que nos primeiros anos do século XX desenvolveu um importante trabalho no campo da ficção fantástica brasileira, embora tenha também publicado ótimos títulos de autores estrangeiros. 
Diz o texto de divulgação: "Em 'Jack Mesmerick', você mergulhará em uma aventura policial liderada por uma investigadora obstinada, enquanto ela busca desvendar um misterioso assassinato envolvendo uma importante figura da tecnologia a vapor. 'Perpetuum mobile' gira em torno de três inventores obcecados em criar uma máquina capaz de gerar energia infinita e nos desafios que os mesmos enfrentam para realizar esse objetivo. Já em 'O assalto ao trem pagador', um grupo de frateres de sociedades secretas se une no ousado roubo a um trem pagador em um esforço para evitar a Guerra Franco-Prussiana".
"Jack Mesmerick" foi publicado na antologia Retrofuturismo (Tarja, 2013), "Perpetuum Mobile" apareceu na antologia Criminal (Dragonfly, 2016) e "O Assalto ao trem pagador" foi publicado na antologia Steampunk (Tarja, 2009). 
O livro tem 148 páginas e está disponível aqui em versão impressa pela Editora UICLAP. 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Lançamento: Não ficções e Um estranho tão familiar

Ainda dá tempo para apoiar o projeto da Editora Bandeirola no Catarse, que propõe a edição de dois livros de não ficção que discutem os aspectos, caminhos e valores da ficção científica. São eles, Não ficções, de Braulio Tavares, e Um estranho tão familiar, de George Amaral.
É importante dar uma olhada nesses títulos, primeiro porque são publicações raras com estudos importantes sobre o campo literário e suas especificidades no que se refere ao gênero da ficção científica – que muita gente boa diz que não é gênero, e eu concordo, mas essa é uma discussão para os dois autores desenvolverem.
Além disso, os autores são pessoas muito sérias com carreiras ligadas ao gênero. Braulio Tavares é jornalista, compositor, escritor e organizador com muitos títulos do gênero publicados, e George Amaral é um psicalista e escritor, mestre e doutorando no curso de Teoria literária e literatura comparada pela USP. 
Com prefácio do jornalista e escritor André Cáceres, Não ficções é composto de vinte e cinco ensaios de Tavares, que passam por Jorge Luis Borges, Malba Tahan, Guimarães Rosa, Ray Bradbury, Colin Wilson, Carlos Drummond de Andrade, Augusto dos Anjos, Tim Powers, Jerônymo Monteiro e Emilia Freitas, entre outros. 
Um estranho tão familiar  analiza a história do estranhamento na literatura, do século XIX até a contemporaneidade, tratando o gênero a partir da filosofia, psicologia, psiquiatria e semiótica. O acadêmico Alexander Meirelles da Silva assina o seu prefácio.
Os volumes dão início a uma coleção, que promete para o futuro títulos de Roberto de Sousa Causo, Elizabeth 'Libby' Ginway e Bruno Matangrano. 
Mais informações estão disponíveis na página do projeto, através da qual é possível conferir as alternativas de apoio propostas e suas respectivas recompensas. 

sábado, 1 de julho de 2023

Conexão 97

Está disponível a edição de julho do periódico eletrônico Conexão Literatura, editado por Ademir Pascale, dedicado à divulgação e publicidade de novos autores e obras da literatura brasileira. 
A edição tem 130 páginas e destaca a importância das histórias em quadrinhos como dispositivo de formação de leitores, em artigos assinados pelo jornalista e cartunista José Alberto Lovetro (JAL), e pelos professores Cida Simka e Sérgio Simka.
Também traz contos de Luiz Haimi, Ney Alencar, Gilmar Duarte Rocha, Idicampos, Iraci Marin, Roberto Schima e Míriam Santiago, além de entrevistas com artistas, poemas, crônicas, resenhas e artigos de assuntos variados.
A revista tem distribuição gratuita e esta edição pode ser baixada aqui. Números anteriores também estão disponíveis.