terça-feira, 25 de maio de 2010

FunHouse 16


E a metralhadora giratória não para. Hoje chegou o a edição 16 de Fun House Xtreme,
editada por Iam Godoy e dedicada aos singelos lobisomens. Os bichinhos são homenageados nos artigos, numa relação de filmes com os lobinhos, na entrevista com o escritor e filmmaker André Bozzetto Jr, no artigo sobre o cineasta Paul Naschy, em causos e curiosidades, além de muita divulgação da cena lupina.
Eu que o diga: no prédio em que trabalho arrumaram um lobo que assusta todo mundo. Não é um cachorro grande não, é um lobo cinzento mesmo! Qualquer dia, alguém aqui vira lobisomem.
Enquanto o pior não acontece, vamos curtir o bichinho na ficção, que é mais seguro.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Novidades do horror


Parece que agora, quase no meio do ano, as coisas estão realmente começando a se aquecer no fandom, com mais fanzines pipocando na internet. Depois das revistas e zines lançados nos últimos dias, agora é a vez da nova edição de Flores do lado de Cima, fanzine de terror editado por Rosana Raven. A edição anterior, de número doze, havia sido distribuída em fevereiro.
Nesta edição, que homenageia as mulheres, entrevista com Angela Oiticica, conto de Georgette Silen, uma penca de fichas biográficas de escritoras brasileiras de horror, artigos sobre Mary Shelley e sobre as bandas Femina e Vernate, além de alguns poemas que fecham a edição. A leitura é rápida, muito informativa e revela a fisionomia das autoras que, geralmente, só conhecemos pelo nome.
Outro lançamento que agita o ambiente do horror é a nova edição da revista em quadrinhos Boca do Inferno.com, publicada pela alternativa Jupiter II. São 32 páginas em preto e branco com quatro histórias, assinadas por Marcos Franco & Jáder Correia, Gian Danton & E. Thomaz, Marcos Valério Alves David e José Menezes adaptando um conto de Marcel Proust. Ainda publica ilustrações de José Nogueira e um artigo de Renato Rosatti sobre o filme O castelo do pavor. A capa traz uma ilustração em cores de Jáder Correia. A revista é real, em papel, e não está nas bancas, mas pode ser encontrada aqui.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Fantástica


Como eu dizia no último post, parece que a mais nova estratégia da FC&F nacional é mesmo investir em material promocional, já que se depender das editoras não vai rolar nada mesmo.
Acaba de ser publicada mais uma revista que se apresenta dedicada à literatura fantástica e, não por acaso, chamada exatamente Fantástica. Trata-se, de fato, de um saite com interface de revista, que podemos manipular através do mesmo engine usado por outra revista digital que comentei aqui há poucos dias, a mainstream Machado.
Fantástica é uma publicação de boa aparência, ainda que com um indisfarçável toque amadorístico na edição de arte. Mesmo assim, eu ficaria bastante feliz se ela tivesse sido publicada em papel, mas sei que isso seria impossível.
Editada por Luiz Ehlers, Felipe Pierantoni e Dhyan Shanasa, tem 86 páginas em cores, com resenhas de alguns livros (coincidentemente, dos próprios editores), entrevistas e artigos sobre o estado da arte fantástica. Alguns autores destacados são Nelson Magrini, André Vianco e Victor Maduro, entre outros.
Confesso que fiquei um pouco constrangido com a seção "E se fosse filme", em que a revista sugere um elenco de atores reais para uma imaginária versão filmada do romance Filhos de Galagah, de Leandro Reis, mais ou menos como a extinta revista Wizard fazia com os super-heróis.
Contudo, a grande falha da revista é não tratar o ambiente editorial com isenção. Percebe-se claramente a intenção de estabelecer um perímetro defensivo, fixado num grupo de influência bem específico, uma óbvia estratégia de mercado para se fazer visível num fandom que tem hoje, se muito, dois mil consumidores regulares e não consegue absorver a expansão voluptuosa de títulos lançados nos últimos dois anos.
Apesar de todos dizerem que isso é natural e que o próprio mercado vai separar o joio do trigo, coisa e tal, ninguém quer arriscar ficar no lado perdedor. Então, podemos nos preparar para a estreia de outras revistas nos próximos meses, cada uma erguendo suas próprias bandeiras.
Não é a primeira vez que isso acontece. Há alguns anos, duas editoras nacionais disputaram nas bancas os leitores de FC&F, um mercado que sequer existia, e o resultado dessa briga foi o desaparecimento instantâneo das duas propostas, seguido de um longo período de decadência geral do fandom. Tomara que, desta vez, as coisas sejam realizadas com mais responsabilidade.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

De fanvistas e rezines



O frenesi autoral dos escritores brasileiros de literatura fantástica continua rendendo itens. A bola da vez são as revistas virtuais, que estão pipocando aqui e ali, retomando uma atividade que em 2009 esteve praticamente interrompida. Entre algumas promessas que são esperadas para as próximas semanas, já foi disponibilizado o primeiro número de R.I.P. - Read In Peace, revista literária editada por M. D. Amado e patrocinada pelo página Estronho, cujo objetivo assumido no editorial é proporcionar ao internauta uma interface mais confortável que a do próprio saite. Mas é claro que a publicação serve também como peça promocional para a coleção Extraneus, uma série de antologias temáticas que o Estronho pretende publicar a partir de 2010. R.I.P. apresenta ficções curtas de Camila Fernandes, Glaucia Piazzi, Luciana Fátima, M. D. Amado, Richard Diegues, Rita Maria Felix, Shirlei Massapust e Marius Arthorius, além de causos e lendas publicadas no saite e uma promoção com prêmio em livros. A revista é bem feitinha, simples e sem firulas, mas não descola do formato de fanzine de terror. De fato, é mesmo um fanzine.

Não que isso seja ruim, fanzines são ótimos, mas parece que a ideia era dar um tom profissional na coisa, mais mainstream, digamos assim. Não deu, ainda falta estofo para que a ficção fantástica brasileira consiga escapar da forte influência gravitacional do fandom, além do que não há nenhuma garantia de que isso vá realmente gerar resultados melhores. Mas é uma tentativa muito bem vinda.
Flores do Lado de Cima, editado por Rosana Raven, mergulha de cabeça fanzinagem sem medo de ser feliz. A nova edição é um número especial dedicado a publicar os primeiros colocados no 2º Concurso de Minicontos do Estronho e Esquésito, vencido por Luiz Ehlers com "Sou eu o monstro?". O visual do fanzine é meio pesado, por conta de uns frisos que se apresentam em todas as páginas, emoldurando as três dezenas de minicontos publicadas mas, já que é um fanzine de terror, tem tudo a ver.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Alvíssaras!


Ainda que os autores brasileiros de FC já estejam comemorando, há algum tempo, os bons ventos editoriais, finalmente as editoras começam a pensar também nos leitores.
Depois de um festival de republicações nos últimos anos, ficção estrangeira inédita escrita por grandes autores começa a desembarcar no Brasil. As novidades que chegam são meio antigas, mas isso é o de menos. Se começaram a chegar, talvez agora não parem mais.
Já recebemos, em 2009, Anno Drácula (Anno Dracula), de Kim Newman e Guerra sem fim (Forever war), de Joe Haldeman. Agora é a vez de mais dois clássicos inéditos no Brasil.
A princesa de Marte (A princess of Mars) é uma aventura pulp originalmente publicada em 1917, escrita por Edgard Rice Burrougs, autor dos populares romances de Tarzan. John Carter, veterano da guerra civil americana, adormece em uma caverna e desperta em Marte - ou Barsoon como é lá chamado - mundo estranho e violento, habitado por ameaçadores seres de seis membros e mulheres lindíssimas, como a Dejah Thoris, princesa de uma nação beligerante por quem Carter se apaixona. Burrougs foi muito influente na história da ficção científica e da fantasia, mas seus romances de FC estavam inacreditavelmente inéditos em língua portuguesa. Uma princesa de Marte está cotado para se tornar longa metragem no cinema, o que deve ter sido o motivo de sua tradução. Talvez com a publicação deste romance as portas se abram para os demais trabalhos de ficção científica que Burrougs escreveu.
Xenocídeo (Xenocide!), do escritor americano Orson Scott Card, é o terceiro volume da saga de Ender, iniciado com O jogo do exterminador (Ender´s game) e Orador dos mortos (Speaker for the dead), ambos ganhadores dos prêmios Hugo e Nebula, publicados ainda nos anos 1980 pela editora Aleph e recentemente republicados pela própria Devir Livraria.
Quando a Devir anunciou o relançamento dos volumes anteriores, eu fui um dos que torceu o nariz. Afinal de contas, com tantos títulos inéditos à mão, eu considerava uma perda de tempo publicar títulos já lançados. Ainda bem que o mercado absorveu bem esses relançamentos e permitiu, finalmente, a chegada do volume inédito.
Nos episódios anteriores, o jovem Ender tornou-se, a contra gosto, o assassino de toda uma civilização alienígena e sua culpa o levou a se tornar um peregrino, o Orador dos Mortos. Lusitânia, um planeta onde diversas raças sensientes convivem, torna-se um risco de saúde pública para a civilização galáctica, por isso uma frota de extermínio foi enviada para varrer a vida nele, e mais um doloroso xenocído (genocídio alienígena) pode ter lugar na galáxia.
As editoras nacionais já estão, há alguns anos, suprindo o mercado com clássicos e novidades de fantasia e horror, mas a FC ficou abandonada por muito tempo. O que está chegando agora ainda é pouco frente a enorme defasagem entre o que se publica no mercado angloamericano de FC e o que se traduz aqui. Décadas de silêncio que escondem muitos clássicos premiados. Vamos ver até onde a gente chega agora.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Drácula


Dias desses eu encontrei numa banca de revistas um álbum interessante para os fãs de quadrinhos nacionais de horror. Trata-se de A hora do terror - Drácula - Bram Stoker, republicação de uma clássica HQ do saudoso ilustrador Eugênio Colonesse, editada há cerca de dez anos em forma de minissérie pela editora Marfe, agora encadernada em álbum pela editora Escala.
A edição tem 114 páginas, é totalmente em cores e custa R$14,90. Uma bela peça de coleção com um dos grandes momentos das histórias em quadrinhos no Brasil. Infelizmente, a capa não faz justiça ao material publicado.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

TerrorZine 19


Está disponível para download a nova edição de TerrorZine fanzine digital editado por Ademir Pascale e Elenir Alves para o site Cranik, dedicado a publicação de minicontos, 16 só nesta edição, que também homenageia o recentemente falecido ilustrador norteamericano Frank Frazetta, aproveitando o ensejo para entrevistar o ilustrador brasileiro Celso Mathias, tiete confesso do saudoso mestre.
Também são estrevistados os escritores Ronaldo Luiz Souza, Carlos Orsi e Rafael Lima, além de uma seção de divulgação de livros e sites.
O fanzine está aberto a colaborações, quem quiser participar, acesse aqui.

Dragões




Está nas bancas o número 1 da coleção de fascículos Dragões e criaturas fantásticas, da editora Planeta DeAgostini. A coleção apresenta uma série de miniaturas em chumbo, pintadas em prata, com figuras de dragões de vários tipos, cada um identificado com alguma mitologia. O primeiro número entrega a miniatura de Ládon, o dragão da história de Hércules, pela bagatela de R$7,90, e promete o Basilisco na segunda edição, que não deve manter o mesmo custo, contudo. O site da editora relaciona o total de 35 edições quinzenais e oferece um serviço de assinatura, que dá ao assinante o direito a uma base de exposição para as figuras.
Se você é fã desses meigos bicharocos, esta é a chance de se tornar um verdadeiro dragonólogo, como sugere a editora: "A mitologia, as lendas medievais ou os contos populares... Nos fascículos você poderá explorar todos esses mundos e decifrar, por meio da arte, da ciência e da história das civilizações, a simbologia e os poderes excepcionais dessas criaturas fantásticas que há milhares de anos fascinam o homem." Legal!

Machado


Já faz alguns dias que está disponível na grande rede o número zero da revista eletrônica Machado, da Paradoxo Editorial, uma iniciativa curiosa que parece ter potencial para ir longe. Trata-se de uma revista digital eclética, de visual jovem e textos de verve sofisticada. Tem de tudo um pouco: turismo, história, artes plásticas, poesia, literatura, crônicas, quadrinhos, política e mais alguma coisa que me escapou agora. Entre o batalhão de colaboradores, nomes conhecidos do fandom como Octávio Aragão e Tibor Moricz, e nos quadrinhos, André Leal (com direito a foto da musa Fernanda Breta), S. Lobo e Caco. Apesar da imagem da capa, não se engane: não é uma publicação de FC&F. Mas de repente, pode até abrigar o gênero. Afinal, espaço não falta. Esta primeira edição tem nada menos que 180 páginas.
Não há informação na revista sobre quem é o editor ou como entrar em contato com a redação, mas eu sei que quem tiver interesse vai encontrar um jeito. Dê uma olhada: não paga nada e a interface funciona muito bem.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Brasil nas Locus


O escritor e ensaista Roberto de Sousa Causo acabou de me enviar, por e-mail, imagens das páginas de sua coluna "Science fiction in Brazil" na edição de maio da revista americana Locus, especializada em ficção científica. Decidi compartilhar o arquivo, que está aqui, porque quase todo o fandom brasileiro de FC&F foi citado no artigo e muitos devem ter interesse de guardar uma cópia senão, pelo menos, ler o que a Locus publicou.
Também há uma boa quantidade de fotos e algumas capas de livros reproduzidas. O artigo ocupa duas páginas e são citados, em detalhes, as antologias nacionais Rumo a fantasia, Galeria do sobrenatural, Contos imediatos, Cartas do fim do mundo, FCdoB 2008-2009, Imaginários, Invasão, A ira dos dragões, Steampunk, e os romances Xochiquetzal, Os dias da peste, Anjo de dor, O olho que tudo vê e Tempo das caçadoras, além de vários títulos estrangeiros traduzidos por aqui recentemente.
Ainda bem que a Locus mantém a estrutura criada por Charles N. Brown, seu ex-editor, falecido em 2009. Sempre foi por interesse dele que essa e outras colunas sobre a FC pelo mundo se sustentaram na Locus, e eu realmente temia que, com uma nova editoria, elas fossem canceladas. Os leitores americanos da revista sempre reivindicaram seu cancelamento, pois acham que são um desperdício de um espaço editorial que poderia ser dedicado a mais resenhas de livros americanos. Faz sentido, acredito que nós mesmos, brasileiros, se tivéssemos uma revista assim por aqui não estaríamos muito interessados em ler relatórios sobre as atividades editoriais da FC no Chile ou no Marrocos, por exemplo.
Então, aproveite enquanto a brincadeira não acaba, pois nada obriga a nova editora, Liza Groen Trombi, a prosseguir com a coluna por muito mais tempo.
Ah, e obrigado pela força, Causo!

Lançamento de Zumbis


Post rapidinho, quase um twitt, só para avisar que o lançamento da antologia Zumbis, organizada por Ademir Pascale para a editora All Print e cujo prefácio eu assinei, está com o lançamento marcado para o dia 6 de junho, a partir das 17 horas na Ludus Luderia, Bar e Café, Rua 13 de Maio, 972, Bela Vista, em São Paulo. O convite é público e espera-se a presença de vários dos autores selecionados. Vamos nessa!


terça-feira, 11 de maio de 2010

Frank Frazetta (1928-2010)

Nesta segunda feira, dia 10 de maio, o mundo da fantasia perdeu um de seus mais expressivos talentos. Frank Frazetta mostrou a pelo menos quatro gerações como enxergar o gênero a partir de uma interpretação selvagem, romântica e surrealista.

Frazetta nasceu em Nova York em 9 de fevereiro de 1948 e iniciou sua carreira aos 16 anos como assistente no estúdio de John Giunta e Bernard Bailey. Fez muitos quadrinhos de humor com desenhos caricatos, mas se especializou em um estilo realista, de contornos precisos e contrastes dramáticos. Nos quadrinhos, desenhou histórias de romance, ficção científica e aventura, sendo famosas as suas pranchas para Shining Knight, White Indian, Buck Rogers e Johnny Comet, este último de sua criação.
Antes da fama, Frazetta foi ghost de Dan Barry nas tiras de jornais de Flash Gordon, e trabalhou no estúdio do lendário cartunista All Capp, desenhando as histórias de Li'l Abner (Ferdinando). Nos anos 1960 trabalhou com a editora Warren, fazendo capas para as revistas Eerie e Creepy, que lhe abriram as portas para o mercado editorial.
Suas ilustrações passaram a ser requisitadas para capas livros de fantasia, como as edições de Edgar Rice Burrougs e Robert E. Howard, entre outras. Frazetta também fazia belíssimos bicos de pena para ilustrar páginas internas, num estilo despojado e expressionista. Todos esses originais são hoje muito valorizados no mercado de arte.
Aprendi a gostar de Frazetta ainda garoto, nos anos 1970, nos portfólios importados que chegavam ao Brasil a peso de ouro. Gostaria de dizer que seu traço elegante e detalhista me influenciou, mas eu acho que o que aproveitei dele não foi o estilo de desenho, mas sim os temas e enfoques, de cenários épicos, poses heróicas, mulheres voluptuosas e grandes animais ferozes e elegantes. Seu traço mais visível eram as fisionomias algo orientais das mulheres e a delicadeza na composição das cores.
As imagens de Frazetta foram também adotadas por algumas bandas de heavy metal e apareceram nas capas de vários álbuns. Ainda guardo na minha estante, por saudosismo, uns poucos LPs em vinil, entre eles está o primeiro disco do Mollyhatchet, Flirting' with disaster, com uma de suas ilustrações mais conhecidas.
Um pouco de sua arte pode ser apreciada na deliciosa animação Fire and Ice (1983), de Ralph Bakshy, uma das melhores transposições da arte do mestre em formato audiovisual. Um documentário raro sobre suas técnicas é Frazetta: Paintig with fire (2003).
Frazeta estava com 82 anos, debilitado depois de vários derrames, sendo também um AVC a causa de sua morte. Seu legado é, além das milhares de pranchas e telas que estarão para sempre associadas a construção do imaginário de FC&F, a forte influência sobre as gerações seguintes de artistas que certamente vão continuar explorando as trilhas abertas pelo mestre.

Quebra Queixo 3


A Devir Livraria acaba de publicar um novo volume da série de histórias em quadrinhos Quebra Queixo Technorama, com o personagem de ficção científica criado por Marcelo Campos que estreou nos anos 1980, se não me engano, na revista Porrada Especial. O jeitão de super-heroi foi se sofisticando aos poucos, ganhando contornos new-weird cada vez mais originais, que ficaram ainda mais expressivos quando Campos decidiu compartilhar a sua criação com outros autores.
Este terceiro volume continua nessa estratégia, com Campos coordenando o trabalho de Octavio Cariello, Roger Cruz, Fati Gomes, Jefferson Costa, Arthur Fujita e Eduardo Ferigato.
Marcelo Campos assina um texto de apresentação, no qual relaciona uma infinidade de influências literárias e quadrinhísticas, talvez até um pouco exageradas. E conclui o texto assim: "Todos os prêmios que ganhei estão ligados a ele... Alguns dizem que ele sou eu, e talvez eu quisesse ser... Ter esse jeito simples, direto e burro... Acho que as coisas são mais fáceis assim. Mas acho que estou mais para o Sapão. De qualquer maneira estou grato a ele por todos estes anos. E esta, talvez, não seja uma despedida."
Ou seja, parece que este álbum representa um tipo de encerramento, pelo menos de uma fase na vida do personagem. De qualquer forma, vale muito a pena. As histórias são interessantes e os desenhos, ótimos.
O lançamento de Quebra Queixo Technorama Volume 3 acontece nesta terça-feira, 11 de maio, a partir das 19:00 na Fnac Paulista, que fica na Av. Paulista, 901, em São Paulo. As edições anteriores também estão disponíveis no site da editora.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Mushishi


Algumas ideias das histórias fantásticas são tão absurdas que é necessário que o autor use técnicas narrativas especiais para manter o interesse do expectador/ leitor. Entretanto, algumas poucas encontram uma abordagem tão naturalista e emotiva que nos pegamos desejando que aquilo fosse real.
É o caso de Mushishi, série em desenho animado exibida pela TV a cabo Animax, que se destaca na programação por ser uma história singela e não violenta, de estilo adulto e sem aqueles personagens "zoiúdos" que caracterizam os animes.
Trata-se uma fantasia eminentemente pastoral, que conta as histórias de Ginko, uma espécie de médico andarilho que ajuda as pessoas do Japão antigo em questões relacionadas a um tipo de ser vivo invisível, nem vegetal nem animal, conhecido como mushi.
Os mushis compartilham o mundo com os homens e animais, mas geralmente não interagem conosco. Ocupam um plano intermediário e mal notam a nossa existência. Não são maus mas, como todos os seres vivos, farão o que for preciso para sobreviver e muitas vezes isso significa interferir na vida dos homens, geralmente de forma imprevisível e essa intervenção pode ser perigosa e até mortal. É justamente nos casos mais

graves que Ginko revela sua utilidade.
Desde muito jovem, Ginko demonstrou ter afinidade com os mushis, que pode enxergar facilmente, por isso os conhece muito bem. Não pode ficar muito num mesmo lugar porque alguma coisa nele atrai os mushis. Então, Ginko se tornou um mestre dos mushis peregrino, sempre movendo-se de aldeia em aldeia, ajudando os que têm problemas com os bichinhos.
A história da vida de Ginko também é um mistério revelado aos poucos. Sua aparência anacrônica, com cabelos alvos e olhos muito verdes, contrasta com o tipo físico dos japoneses. Suas roupas algo modernas também parecem deslocadas naquele universo rural.
A violência física, tão comum nos animes, é algo que não tem lugar em Mushishi. Ela eventualmente se apresenta sim, mas de forma velada, em preconceitos, desprezo e autoritarismo; armas, nem mesmo uma espada.
As histórias são calmas e suaves, traduzindo um verdadeiro espírito zen budista. A natureza é parte importante da trama e muitas vezes é a intervenção dos homens nela que causa problemas com os mushis, que dependem muito do equilíbrio ambiental.
A abertura do desenho tem uma poética toda especial, com uma trilha sonora no estilo folk norte americano.

Como a natureza dos mushis está além do espaço e do tempo, a interação dos homens com eles pode criar singularidades estranhas, o que permite histórias de diversos gêneros. Embora seja fundamentalmente um seriado de fantasia, algumas histórias chegam as franjas da ficção científica e do horror.
O seriado é baseado na história em quadrinhos homônima criada por Yuki Urushibara e publicada originalmente na revista Afternoon. Tem 26 episódios ao todo e um bem produzido longa metragem em live-action, exibido em 2007 e dirigido por ninguém menos que Katsuhiro Otomo, mais conhecido entre os brasileiros pela HQ Akira.
A Animax exibe Mushishi, agora em novo horário, aos domingos às 13h.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Antologias florescem


Há alguns dias eu falei das antologias temáticas que já foram publicadas em 2010, mas foi só a ponta de um iceberg. Há muitas mais no prelo, em diversas fases de elaboração. Algumas estão prontas para serem impressas, mas muitas ainda estão aceitando textos para avaliação. Na maior parte são antologias abertas, cuja seleção é feita em cima de originais inéditos submetidos pelos autores, não raro com alguma cláusula de reciprocidade financeira (as conhecidas antologias pagas). Os organizadores divulgam os editais de recrutamento já com a imagem das capas, para motivar os autores, e esperam os interessados se manifestarem. Geralmente, o prazo de seleção é reduzido e exige dos autores verdadeiros malabarismos para adequarem seus escritos aos temas propostos.
Apenas uma ou outra editora trabalha com antologias "fechadas", em que os organizadores convidam nominalmente os autores que desejam ter na antologia, muitas vezes encomendando o texto ou selecionando algum já publicado. Este segundo formato costuma surtir resultados algo mais qualificados. Contudo, muitas vezes uma antologia aberta apresenta pérolas que fazem valer a leitura, textos de autores estreantes, mas talentosos, que talvez demorassem a ter uma oportunidade numa antologia dita "fechada", ainda mais nos dias de hoje, em que não se publicam mais fanzines. Com certeza, será nas antologias abertas que estes organizadores irão buscar os textos para futuras antologias "fechadas".
A Cidadela Editorial tem em sua lista de lançamentos futuros a antologia Histórias fantásticas, organizada por Georgette Silen, e a Coleção Extraneus, organizada por M. D. Amado, que pretende ser uma série de livros, iniciadas pelos títulos Medieval Sci-Fi, Quase inocentes e Em nome de Deus.
A editora AllPrint vem com três títulos organizados por Ademir Pascale. Zumbis já está pronta e deve ser lançada em junho. Sobrenatural e Draculea: O retorno dos vampiros - Vol. II ainda estão abertas.
A editora Literata está trabalhando com UFO: contos não identificados e Espectra, organizadas por Georgette Silen; Kukl - A assembléia das bruxas, organizada por Dimitry Uziel & Adriana Bernardo, e Letras aos corvos, organizada por Ana Carolina Giorgion & M. D. Amado.
A novíssima editora Draco anunciou todo a sua grade de lançamentos desde o início do ano. Entre os títulos estavam as seguintes antologias: Gastronomia phantástica, organizada por Ana C. Rodrigues, Vaporpunk, organizada por Gerson Lodi-Ribeiro, Brinquedos mortais, organizada por St.Clair Stocker & Tibor Moricz, O grande livro da magia, organizada por Janaína A. Corral, e os volumes 3 e 4 da coleção Imaginários, organizada por Erick Santos.
A editora Andross apresentou os editais de Moedas para o barqueiro, com organização de Cristiana Gimenes, e Tratado secreto de magia, organizada por Helena Gomes.
A editora Multifoco divulga a antologia sobre piratas Bandeira negra, organizada por Lino França Jr. e Frodo Oliveira.
Finalmente, a Tarja Editorial tem optado por uma organização mais fechada de suas antologias, com uma pequena abertura a submissões de grupos determinados, anunciou este ano as antologias Cyberpunk - Histórias de um futuro extraordinário, Alternativas – Histórias de realidades extraordinárias, Outros mundos, Fantástica urbana e Em meio, sem esquecer da coleção Paradigmas, que já lançou quatro edições. Não identifiquei quem são os organizadores, mas possivelmente devem ser os próprios editores, Gianpaolo Celli e Richard Diegues.
Ainda há uma forte tendência a temas ligados ao horror, mas a ficção científica e a fantasia também têm seus títulos nesta safra. Quem quiser se candidatar a alguma delas, pode acionar os links e ler as condições que cada uma das editoras determina em suas publicações.