sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

30 de janeiro: Dia do Quadrinho Brasileiro


Dia 30 de janeiro é o dia das histórias em quadrinhos brasileiras e já faz alguns anos que a data foi estabelecida por influência da Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo e o Prêmio Angelo Agostini, que tem sido religiosamente apurado todos os anos desde a sua criação em 1984.
A data foi escolhida para homenagear o patrono das HQs brasileiras, o piemontês naturalizado brasileiro Angelo Agostini (1843-1910) que nesse dia, em 1869, iniciou a publicação da série de ilustrações "As aventuras de Nhô Quim ou Impressões de uma viagem à corte" que viria a ser identificada como a primeira manifestação da nona arte em território brasileiro, e uma das primeiras do mundo.
Muitas atividades são promovidas por quadinhistas, cartunistas e editores pelo país para marcar a data, como o encontro de cartunistas divulgado abaixo. Mas, sem dúvida, a mais significativa será a entrega do Prêmio Angelo Agostini para os melhores das HQs brasileiras em 2009.
Em sua 26ª edição, espera-se a presença de grande números de profissionais para a cerimônia que acontece dia 27 de fevereiro no Senac Lapa Faustuolo (Rua Faustolo, 1347, São Paulo). Além disso, haverá exibição do filme Deu no New York Times (roteirizado e encenado pelo soudoso Henfil), palestras, bate-papos e lançamentos de revistas.
Os vencedores, apurados em votação direta pelos fãs de quadrinhos, foram: desenhista – Adauto Silva; roteirista – Laudo Ferreira Junior; cartunista – Sivanildo Sill; lançamento – Roko-LokoHey Ho, Let´s Go! (Editora Rock Brigade) e fanzineQI (Edgard Guimarães).
Ainda será entregue o Troféu Jayme Cortez para o editor José Salles (Editora Júpiter II) e homenageados os veteranos Franco de Rosa, Henrique Magalhães e Rodval Mathias como Mestres do Quadrinho Nacional.
Meus parabéns a todos os ganhadores.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

100 anos sem Angelo Agostini


Já está marcado: dia 30 de janeiro, das 15h às 20h, acontece o Encontro dos Cartunistas de ABC versão 2010, evento que já assume uma certa tradição entre os profissionais da região, pois vem sendo realizado sem falta há oito anos.
Como sempre, vão acontecer diversas atividades paralelas,
como seções de autógrafos, produção caricaturas ao vivo, análises de portfólios, uma exposição-relâmpago com o tema "Nosso políticos e as promessas não cumpridas" e uma homenagem ao pioneiro dos quadrinhos Angelo Agostini.
O evento acontece no Fran's Café Portugal, na Avenida Portugal, 1126, em Santo André. O restaurante é aberto ao público, mas pede-se aos visitantes que comparecerem ao evento que doem um gibi que será encaminhado pelo evento para alguma instituição.
A realização do encontro é iniciativa de Editora Virgo e organizada por Mario Mastrotti, telefone 7032-4902.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

2010 quente


Estão rolando muitos comentários animados sobre os lançamentos de livros e periódicos e tudo leva a crer que o ambiente continuará aquecido ao longo de 2010.
Já podemos curtir o volume 5 da revista em quadrinhos Boca do Inferno.Com, da editora independente Júpiter II. A revista traz histórias de Walter Jr., José Salles e Valmar Oliveira, mais a republicação do clássico "A roupa do mendigo" de Hélio do Soveral e José Menezes. Complementa a edição um artigo de Renato Rosatti sobre o cultmovie Teenagers from outer space (1959).
Ainda podemos participar do batepapo com alguns dos autores presentes no novo número "Fundação" do periódico Portal, organizado por Nelson de Oliveira, publicado no finalzinho de 2009. O encontro acontece no próximo sábado, dia 23 de janeiro, no Café Flores na Varanda, rua Camilo 455, V. Romana, São Paulo/SP, a partir das 16 horas. Espera-se para o evento os escritores Ataíde Tartari, Brontops Baruq, Giulia Moon, Laura Fuentes, Leandro Leite Leocádio, Luiz Brás, Luiz Roberto Guedes, Marco Antônio de Araújo Bueno, Ricardo Martins, Roberto de Sousa Causo, Roberto Melfra e Rodrigo Novaes de Almeida. O convite está aqui.
No dia 20 de fevereiro, das 14h30 às 17h30 na Livraria Cultura Shopping Bourbon, em São Paulo, acontece um outro batepapo, desta vez com o tema ficção científica. Promovido pelo Aumanak, espera-se a presença de escritores e editores atuantes, tais como Alan Uemura, Renato Azevedo, Cristina Lasaitis, Nelson Magrini, Gianpaollo Celli, Adriano Piazzi, Rodrigo Coube e o advogado especialista em direito autoral Marcus Vinicius.
Finalmente, conforme prometi informar, o romance de estreia de Ademir Pascale, O desejo de Lilith, será lançado em conjunto com a antologia Poe 200 Anos, organizada pelo mesmo, ou seja, dia 20 de fevereiro no Bardo Batata, rua Bela Cintra, 1333, em São Paulo/SP. O convite pode ser visto aqui.
Como o clima na capital não está ajudando muito, recomendo que os interessados em comparecer a essas atividades o façam munidos de guarda-chuva ou capa. Mas, para uma tranquilidade plena, colete salva-vidas e bote inflável devem fazer parte do pacote.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Bokurano


Um grupo de estudantes em férias, oito meninos e sete meninas, encontram uma caverna na praia. Dentro dela, um programador de computadores meio louco que propõe a eles uma boa diversão: participar de um novo jogo que ele criou, para o qual são necessários 15 jogadores. Como as crianças estão entediadas, decidem aceitar. Para isso são levadas a "assinar" um contrato, colocando a palma da mão numa espécie de leitor ótico.
Depois disso, as crianças desmaiam e acordam na praia, achando que tudo não passou de um sonho. Até que começa a aparecer um robô gigantesco no mar e as 15 crianças são teletransportadas para seu interior. Lá eles reencontram o programador e ficam sabendo que uma das regras do jogo é que cada um deles pilote o robô em uma luta mortal contra um outro robô gigante. E que, como o robô usa a energia do piloto, este morre depois da luta.
Mas há segredos ainda mais tenebrosos por detrás do jogo, que envolvem inclusive a existência de todo o universo.
Bokurano é uma história de ficção científica de dimensões cósmicas, criada por Mohiro Kitoh, publicada originalmente no Japão em uma série de história em quadrinhos entre 2003 e 2009. Chegou ao Brasil na forma de uma série de desenhos animados, exibida pela emissora a cabo Animax em 24 episódios semanais.
Apesar da aparência inicial de uma aventura infanto-juvenil, Bokurano é uma história extremamente dramática e realista, sendo que o único ponto de fantasia é a existência dos tais robôs gigantes, que são realmente enormes. Com centenas de metros de altura, destroem cidades inteiras durante os combates.
A escolha do piloto é aleatória e ninguém sabe quem será o próximo. A criança escolhida é marcada com uma estranha tatuagem, um elemento de horror na vida delas. Enquanto o governo tenta descobrir o que está acontecendo, o que é aquele monstro e o que as crianças tem a ver com ele, estas têm de administrar suas vidas, coisa que não é fácil para nenhuma delas, cada qual com seus próprios problemas pessoais e familiares.
Mas, afinal, o que é aquele jogo? É real ou só uma simulação? E de onde vêm aqueles robôs? E por que eles lutam?
Estas respostas serão dadas aos poucos por um bizarro avatar de nome Koyemshi que, apesar da aparência simpática, é um cretino de marca maior.
O seriado já foi totalmente exibido e a partir desta semana começa a ser reprisado. Ele pode ser visto aos domingos em vários horários, o mais acessível é às 13h30.
Outros animes exibidos pela emissora também valem ser observados e tratarei deles oportunamente.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Vampire Wars


Há algum tempo, finalmente decidi montar um perfil na rede de relacionamento Facebook, para ver se rolava alguma coisa diferente. O serviço é interessante e me agradou mais que o Orkut, do qual me afastei gradualmente, embora ainda mantenha por lá uma comunidade do Hiperespaço.
Não tenho muita utilidade para redes de relacionamento de forma geral, mas o Facebook tem um serviço de games bem curioso, dos quais a FarmVille é o mais popular. Eu mesmo tenho uma fazendinha bem bonita, cuidadosamente administrada pela minha esposa.
Mas eu quero falar aqui de um outro jogo que acabei experimentando: Vampire Wars, um RPG que, contra todos os prognósticos, é bem emocionante. Isso porque é um jogo exclusivamente mental, sem interfaces animadas, como um jogo de cartas.

O usuário se cadastra no aplicativo e monta um um avatar, um vampiro que deve formar um clã e realizar missões para ganhar itens e poderes, de forma a enfrentar outros vampiros em lutas mortais. A cada missão cumprida, o avatar ganha pontos e vai assim subindo de nível. Um bom clã pode ser muito útil nas lutas e nas missões, uma vez que é possível pedir-lhes auxílio. Meu avatar é Thomas, o bonitão aí ao lado.
No inicio é muito fácil e dá para subir muitos níveis em poucas horas, mas vai ficando cada vez mais difícil. As missões vão se complicando, bem como os adversários a enfrentar - sempre do mesmo nível. As lutas também contam pontos e assim vai se estabelecendo um ranking, que muda a cada luta. O vitorioso ganha pontos e sangue, enquanto os derrotados, obviamente os perdem e podem até morrer. As lutas acontecem a qualquer momento, inclusive quando não se está conectado. Por isso, é bom manter o avatar em forma.
Para manter os poderes ativos, o vampiro tem que contar com um constante suprimento de sangue, que pode ser obtido no cumprimento das missões e com o domínio de escravos. O sangue é a moeda corrente no jogo, para dominar escravos, comprar habilidades ou melhorá-las.
Eventualmente, o jogador pode encontrar itens secretos de poder que são acrescentados ao seu portfólio. Além disso, há muitas interfaces de relacionamento, em que se pode mandar mensagens a outros vampiros, votar neles e participar de sorteios e premiações. Eventualmente, o jogo dá acesso a outros cenários, com missões especiais que distribuem itens exclusivos. A conquista de novos usuários para o aplicativo também é premiada e, eventualmente, o jogo inaugura missões especiais que valem itens raríssimos caso o jogador as cumpra.
Ou seja, apesar de paradão, é um jogo muito legal mesmo.
Bola dentro do Facebook que já influenciou a criação de uma fazendinha similar no Orkut.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Death Zine Z

Sapiando nos blogs que acompanho, encontrei no Infernotícias este zine de quadrinhos, que tem uma linha editorial bem divertida. Trata-se de Death Zine Z, editado por Rafael Dantas, que distribuiu seu número 1 em 2009. O conteúdo principal é composto por histórias em quadrinhos, criadas pelo cartunista n-Rod, com lutas improváveis entre personagens famosos dos quadrinhos.

O zine também reproduz notícias tiradas do site UniversoHQ e divulgações de bandas de rock. Dantas, que é ilustrador, também usa o fanzine para mostrar seus portfólios, que evoluem a olhos vistos. O mais curioso, contudo, é o formato com que o zine é distribuído, em arquivos com imagens jpg, que podem ser abertos nos visualizadores de imagens. A edição 1 pode ser baixada aqui, e a 2, aqui.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

As moradas da utopia


Já me disseram que toda a ficção científica é poesia, mas o formato em si é coisa rara na literatura fantástica. São poucos os autores que se arriscam nele e, quando o fazem, é de maneira rápida, a serviço de algum efeito dramático em sua prosa, ou então como uma prática à parte, sem envolvimento com a FC&F. Mas isso tem mudado.
Especialmente em 2009, foram publicados várias coletâneas poéticas de FC&F, tais como Bicho de sete cabeças e outros seres fantásticos, de Eucanaã Ferraz, Antropophagya, de Marius Arthorius, Sete sombras e uma vela, Alexandre de Souza e Momentos noturnos, de Adriano Siqueira. Mas estava sentido falta de um lançamento em 2009 do meu amigo José Ronaldo Viega Alves, poeta e contista de Sant'Ana do Livramento, que há tempos vem publicando, sem falta, pelo menos um título ao ano, sempre pela editora Opção2. São 18 títulos no total e já tenho uma pequena coleção deles, a maior parte com poesias do autor, eventualmente crônicas.
E José Ronaldo não me decepcionou: recebi há pouco As moradas da utopia, coletânea poética com 58 páginas publicada em 2009, na qual o autor explora, como nas edições anteriores, suas memórias, os espaços de sua cidade natal, referências da cultura pop etc. Nem todas são explicitamante fantásticas, mas sempre há alguma referência. Por exemplo:

Cidade-universo
por José Ronaldo Viega Alves

Toda cidade é um universo
onde a cidade do passado
vive se entrelaçando
com a cidade do presente.
Sobretudo aquela
que cada vez mais
se perde na distância,
a cidade encantada
da nossa infância.

As poesias são cândidas, positivistas e construtivas, sem experimentalismos gráficos, brutalismo e outras pós-modernidades. Poesias ingênuas e saudosistas que se lê com prazer, completadas com alguns haikais nas últimas páginas.
O autor não está na internet, mas pode ser encontrado na Rua Hugolino Andrade, 941, Centro, Sant'Ana do Livramento/RS, CEP 97574-010. A editora Opção2 pode ser contatada pelo e-mail arthur.goju@bol.com.br.

Distrito 9


Não tenho sido muito frequente nos cinemas, então raramente me abalo a enfrentar o ritual que um espetáculo cinematográfico exige, mesmo quando um filme parece merecer. Mas não resisti aos apelos de Distrito 9 (District 9), produção de Peter Jackson, dirigida pelo sul africano Neill Blomkamp a partir de um curta-metragem do diretor. Isso porque o contexto me parecia totalmente inusitado - como deveriam ser sempre os filme de FC.
Uma espaçonave monstruosa surge do nada sobre a cidade de Joanesburgo e durante três meses nada acontece. Mortificados de curiosidade, equipes de resgate invadem a espaçonave perfurando seu casco e lá encontram uma grande contingente de alienígenas humanóides em situação desesperadora. Debilitados e doentes, eles são levados para o solo e abrigados à sombra do gigantesco disco voador, isolados do contato com a população humana no que ficou conhecido como Distrito 9. Aos poucos, a área transforma-se num gueto, degenerando num tipo de favela - na verdade, mais um lixão.
Toda esta apresentação é contada em flashback, vinte anos depois, através trechos de depoimentos de técnicos e reportagens da época, motivados por novos desdobramentos da história.
Vinte anos depois do desembarque, a empresa de tecnologia MNU, responsável pela administração do "problema alienígena", pretende transferir para outra região - o Distrito 10 - toda a população alienígena, popularmente chamada de "camarões", com cerca de 1 milhão de indivíduos. Mas ao longo do tempo, os alienígenas apegaram-se ao local e não parecem dispostos a deixá-lo sem alguma resistência.

Uma força-tarefa militar é montada para fazer cumprir a decisão e Wikus Van De Merwe, um tecnocrata com panca de laranja, é nomeado para supervisonar as operações. Mas ele sofre um acidente e começa a apresentar mutações estranhas que despertam o interesse da MNU. Explica-se: a tecnologia alienígena não funciona em mão humanas e talvez as mutações que atacaram o infeliz tecnocrata possam revelar um segredo muito lucrativo.
Levado a força para o centro tecnológico da MNU, Wikus foge e inicia-se uma violenta caçada humana pelas veredas pútridas do Distrito 9. As coisas pioram a cada minuto, visto que a mutação é progressiva, e complicam-se ainda mais quando a máfia nigeriana, que negocia com o alienígenas trocando comida de gato por armas, é envolvida no conflito.
A moral mais superficial da história é, obviamente, a intolerância. Imagine só, se um tema como esse é o mais superficial até onde ela vai. Outro ponto alto da produção é a fotografia, que tem uma palheta de cores incomum, muito afeita a que estamos acostumados a ver no cinema brasileiro, pelo qual Blomkamp confessou ter sido influenciado.
Há muitos filmes e romances com os quais Distrito 9 dialoga. Os que mais imediatamente vêm a minha memória são Inimigo meu (o filme), Tropas estelares (o livro) e Alien nation (a série de TV). Mas, no fim das contas, Distrito 9 é de fato uma grande releitura do clássico da literatura A metamorfose, de Franz Kafka. A cena final, em que o alinígena monta delicadas flores coloridas a partir do lixo é de uma poética emocionante e vale, por si só, o filme inteiro.
Mas nem tudo são flores em Distrito 9. Uma questão em especial soou muito estranha: de onde diabos os alienígenas tiravam tantas armas para trocar com os nigerianos? Eles não tinham acesso a espaçonave e, quando do resgate, foram todos desembarcados com helicópteros. De repente, aparecem até com um robô enorme - que inclusive tem uma participação importante na trama. Parece que todo o bom filme tem que ter um calcanhar de Aquiles.
De qualquer forma, Distrito 9 é certamente um dos melhores filmes de FC que eu assisti nos últimos anos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Primeirão!


A virada do calendário não arrefeceu o furor editorial dos fãs de horror, e já temos "em mãos" e edição 17 do TerrorZine, de Ademir Pascale e Elenir Alves, que pode ser baixada gratuitamente aqui.
O fanzine mantém a pegada de suas edições anteriores, com 13 minicontos de diversos autores, dicas de livros e entrevistas com os escritores Dione Mara Souto da Rosa (O sétimo portal, O segredo da rosa), Tatiana Ades (Homens que amam demais) e Marcello Salvaggio (O elo, A chave da harmonia).
O fanzine está continuamente aberto a publicação de textos, quem tiver interesse em colaborar com a próxima edição, pode se informar aqui.
Os editores avisam que a antologia Poe 200 Anos – organizada por Pascale para a editora AllPrint com contos nacionais inspirados no trabalho do poeta norteamericano cujo nascimento completou dois séculos em 2009 – já está com a data de lançamento marcada. Será no próximo dia 20 de fevereiro, à partir das 18h30, na rua Bela Cintra, 1333, na capital paulista, com a presença de alguns dos autores participantes.
E ainda, que já está no prelo o primeiro romance de Pascale, O desejo de Lilith, pela editora Draco, ainda sem data de lançamento definida. Voltarei ao assunto quando tiver mais detalhes.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ano novo, vida nova.


Ou nem tanto.
Debruçado nas leituras para fazer os textos do Anuário 2009, ainda estou intensamente vinculado ao ano que passou e vou ficar ligado a ele por ainda muitas semanas antes de entrar em 2010. Mas, em matéria de periódicos, já posso considerar o ano encerrado. Afinal, desta vez não haverá a análise desse mercado no Anuário.
Como eu não deixei de acompanhá-lo, vou fazer aqui mesmo um estudo rápido do que aconteceu nesse ambiente em 2009.
Já falei um bocado aqui dos periódicos digitais publicados em 2009, quase todos eles podem ser encontrados através dos links disponibilizados na coluna ao lado.
Dois foram os lançamentos: Gorehouse (nº1) e Soturna (nº1 a 3), e sete títulos continuaram suas histórias: Juvenatrix (nº115 a 119), TerrorZine (nº5 a 16), Funhouse (nº8 a 14), Flores do Lado de Cima (nº6 a 11), Adorável Noite (nº29 a 33), Alpha Centaury (nº2) e Black Rocket (nº3). Ao todo nove títulos, sendo sete de horror e dois de ficção científica.
No ambiente real das publicações em papel, os lançamentos foram cinco: a revista Lama (nº1), o fanzine FantastiCon News (s/nº) e as séries de antologias Solarium (nº1 e 2), Imaginários (nº1 e 2) e Paradigmas (nº1 a 3). Continuaram suas carreiras a veterana Sci-Fi News (nº131 a 142), a série de antologias Portal (Stalker e Fundação), os fanzines Scarium Megazine (nº25), Hurray Mister S3 (nº13), FicZine (nº7) e Notícias do Fim do Nada (nº80, 81 e 82), e as séries de antologias Ficção de Polpa (nº3) e FCdoB (nº2). 13 títulos no total, sendo seis de FC, cinco de fantasia e dois de horror.
No total geral, somando reais e virtuais, foram 22 títulos, sendo oito de FC, cinco de fantasia e nove de horror.
O equilíbrio entre FC e horror é aparente, pois se equiparam tão somente no número de títulos. Na volume editorial, as publicações de horror predominam por conta da volúpia dos fanzines virtuais. Contudo, o horror ainda não tem uma presença significativa em publicações reais, pois lançou apenas duas edições, sendo que a bem produzida revista Lama ainda terá que lutar por sua estabilidade ao longo de 2010.
A fantasia teve uma participação discreta, apoiada nas séries de antologias Paradigmas, Ficção de Polpa e Imaginários, e nos fanzines FantastiCon News e Scarium; este, depois de um bom desempenho em 2008, publicou apenas uma edição em 2009. Pouco para o gênero que sabemos dominar francamente o mercado livreiro.
Não dá para comparar com objetividade o desempenho editorial de 2009 com o registrado no Anuário 2008, porque então eu considerei também os sites, que não estou contando agora. Mesmo assim, dá para concluir que houve uma queda acentuada, pelo menos do ponto de vista numérico. No que se refere aos publicações reais, em que os sites nem são computados, o volume caiu de 36 títulos publicados em 2008 para somente 13 em 2009. Um recuo considerável, que talvez tenha sido reflexo da crise econômica que se abateu sobre o mundo em 2009, com reflexos em todas as áreas, incluindo a amadora. Se o fã fica desempregado ou tem que trabalhar mais para compensar a queda de renda, suas atividades não-lucrativas ficam comprometidas.
Talvez tenha sido o que aconteceu com o editor-fã Michael Kiss, de Minas Gerais, que desde 2007 vinha publicando um grande número de fanzines e inflacionou os levantamentos. Em 2009 ele esteve fora de ação e pelo menos metade dessa queda se deve a sua ausência.
Mesmo assim, ainda houve uma redução significativa. Vários títulos descontinuaram em 2009, como Fabulário, Kalíopes, Samizdat, Terra Incognita, Somnium, IS Magazine, COVA, Crash, Overlock e Astaroth, sem contar os inúmeros títulos de Michael Kiss.
Para mais detalhes sobre o desempenho da FC&F nacional em 2009, incluindo livros e sites, recomendo o oportuno levantamento feito por Ana Cristina Rodrigues, disponível aqui , com diversos links para uma visão ampla do ambiente fantástico no período.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Vampiros


Não é tão novidade, mas é legal citar.
Os salgadinhos da Elma Chips já há alguns anos têm distribuído todo tipo de brindes colecionáveis. Começou com os Tazos, com personagens do Looney Tunes, depois dos Pokémons, várias coleções de super heróis e outras coisas mais ou menos interessantes.
Agora é a vez de um curioso cardgame Vampiros, com monstrengos e feitiços em cards ilustrados de formatos especiais bem criativos: alguns têm a forma um caixão, outros de lápide, outros ainda de cruzes, etc. Também há cards especiais, de plástico, para serem usadas como reforço nas jogadas. Chamados lentes, têm um filtro que permite visualizar informações secretas nas outras cartas.
Os cards são numerados, e cada embalagem traz apenas um. Por isso, é muito difícil montar a coleção completa só comendo salgadinhos. É preciso trocar os cards repetidos com outros colecionadores e parece que a brincadeira está atraindo os consumidores: já é possível encontrar cards a venda na internet. Mas não é fundamental ter a coleção completa. Da mesma forma que os cardgames convencionais, o jogador pode montar seu baralho com cartas repetidas que determinem algum tipo de estratégia. Enfim, é uma bricadeira que exige algum esforço de raciocínio. De minha parte, que sou colecionador compulsivo, bastam as cartas: as ilustrações são muito bonitas e inspiradoras.

Piratas


Todo princípio de mês, eu passo na minha banca de revistas favorita para pegar os lançamentos do mês e ver as novidades. Fazem parte de minha cesta básica os títulos Full Metal Alchemyst, Mágico Vento, Trigun, Vertigo, Torre Negra e as edições especiais de Tex. Enquanto esperava o vendedor fazer as contas, percebi no alto da estante um livrão de capa preta, lacrado, com o expressivo título Piratas, uma história secreta. Não é exatamente o meu tipo de literatura preferida, mas a capa clamava pela minha atenção.
Ao pegar para dar uma olhada, a grande surpresa: era um livro do meu velho amigo Fernando Moretti, jornalista, tradutor, cartunista, roteirista e escritor que já tive o prazer de trabalhar diversas vezes, tanto como quadrinhista quanto como escritor. Como editor, publiquei-o em vários fanzines e na antologia Vinte anos no hiperespaço, em 2003.
Conheci Moretti nos anos 1970, na Livraria do Gibi do Ademário, na Brigadeiro Luiz Antônio. Na época ele fazia parceria com o ilustrador Nicoletti na produção da série de quadrinhos "Os bandeirantes", na Folhinha. Logo fizemos amizade e foi através dele que eu tive meu primeiro contato com a lengendária coleção portuguesa Argonauta, da qual ele tinha diversos números. Também foi ele quem me apresentou a então recém lançada revista francesa Metal Hurlant, que estava revolucionando a arte dos quadrinhos na Europa e, mais tarde, no mundo inteiro.
Entre 2007 e 2008, período em que Moretti residiu em São Bernardo do Campo, trabalhamos juntos na redação da revista Casual. Na época, ele escreveu diversos artigos curtos para a revista, como por exemplo sociedades secretas e os piratas mais famosos. Moretti disse-me que estava trabalhando num texto longo sobre os piratas, mas que ainda não havia previsão de lançamento.
Então, foi com muita alegria que desembolsei a bagatela de R$19,90 por essa magnífica publicação assinada pela editora Livros Escala. E é uma bagatela mesmo! No formato 22x27cm, com capa plastificada e 176 páginas em papel especial com cores bem impressas, o volume traz diversas pinturas vivíssimas de Rodofo Zalla e de muitos artistas estrangeiros, como Alex Raymond, Howard Pyle e muitos outros, a maioria sem crédito. A parte histórica é a mais longa e interessante, mas também traz seções dedicadas aos piratas no cinema, com muitas fotos da série Piratas do Caribe, e nos quadrinhos.
Não consegui descobrir se o livro já é de 2010 ou ainda de 2009, mas não faz mal. O que interessa é que Fernando Moretti realmente consegue fazer a gente desejar reencontar esses velhos bandoleiros do mar, que ainda são um dos mais expressivos símbolos do homem livre e de sua sua coragem e habilidade em dominar a fúria da natureza.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Hurray Mister S3!


Ainda em 2009, desembarcou em minha residência, via correio, o volume 13 da série de ficção científica radiofônica Hurray Mister S3!, projeto criado e produzido pelo escritor paulista Rudyard Canesin Leão, publicado de forma independente através do Espaço Cultural Emanuel Leão.
Este episódio, chamado "Luz de Carpion", dá seguimento a história do Agente S3 do Conselho Monetário Galáctico, que investiga a produção de uma substância psicotrópica no planeta Craton.
A publicação é composta por dois elementos distintos, mas integrados: um fanzine em papel, com 56 páginas, que publica o roteiro do episódio, e um CD que traz a sua leitura dramática em áudio digital no formato MP3, com aproximadamente 30 minutos de duração. A narração, realizada pelo próprio autor, é algo similar a de um audio-book, mas a trilha sonora invasiva e os filtros de distorção aplicados a voz do narrador prejudicam o claro entendimento, exigindo que o ouvinte acompanhe a história com a versão impressa em mãos. O fanzine ainda traz elementos interativos na forma de figurinhas adesivas com ilustrações de Iris Jaen, que devem ser coladas nos espaços indicados no fanzine.
Enfim, trata-se de um projeto experimental de contornos impressionistas, quase abstratos, que tem grande valor por ser o único do gênero que tenho notícia. Para saber mais sobre Hurray Mister S3!, que está sendo publicado desde 1997, escreva para rudyardl@uol.com.br.