quarta-feira, 31 de março de 2010

Pequeno irmão


Se você quer ler algo da ficção científica norte-americana que não foi publicado originalmente há mais de vinte anos, aproveite. Desde o dia 27 de março está disponível gratuitamente aqui, na íntegra, em português, o romance Pequeno irmão (Little Brother) do canadense Cory Doctorow, traduzido e publicado pelo ótimo blogue Capacitor Fantástico, em 21 capítulos (mais introdução e epílogo) distribuídos ao longo dos últimos meses.
Doctorow é um dos maiores defensores da política do copyleft, o direito livre de conteúdo literário na internet. Ele mesmo libera seus escritos para quem quiser ler e autorizou pessoalmente a tradução para o português e sua distribuição.
O romance é uma espécie de pós-cyberpunk flertando com o new-weird. Vale a pena ler também os demais textos de Doctorow presentes no blogue, que contextualizam muito bem o ideário desse autor.
O romance no inglês original também pode ser lido gratuitamente aqui.

terça-feira, 30 de março de 2010

Exploradores do desconhecido


Há cerca de dois anos, o escritor e roteirista Gian Danton (pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira) disponibilizou na internet, através do blogue Exploradores do Desconhecido, os primeiros capítulos da história em quadrinhos de ficção científica "Operação salto quântico", uma space ópera claramente inspirada na franquia Star Trek, com os excelentes desenhos de Jean Okada que remetem aos luxuosos álbuns europeus.
Nela, os tripulantes da espaçonave Pioneer, Garry Rolland, Jean-Jacques Giraudeau, Mia Sasaki, Jaime Muniz e Helga Voltz, depois de uma experiência com um novo sistema de propulsão hiperespacial, descobrem-se orbitando um planeta Terra de outra dimensão. Ao desembarcarem, são recebidos com festa por um estranho imperador mundial, mas são traídos e aprisionados. A série foi bem recebida pelos leitores, mas depois de uns poucos capítulos, deixou de ter atualizações e acabou esquecida.

Finalmente, a história voltou a receber novas sequências, agora com os desenhos finalizados em tons de cinza. Apesar de menos impressionantes do que os coloridos das sequências iniciais, ressaltam ainda mais a qualidade das ilustrações de Okada que, em muito momentos, lembram as de ilustradores festejados como Russ Manning e Dave Gibbons, não por acaso dois dos meus quadrinhistas favoritos. Jean Okada faz quadrinhos no início dos anos 1990, com passagens pela Phênix Editorial, Editora Abril e Metal Pesado.
O blogue também disponibiliza o ebook Amanhã é ontem, com uma outra aventura dos tripulantes da Pioneer – desta vez em texto – envolvidos com o loop temporal.
Gian Danton é roteirista de quadrinhos desde 1989. Sua HQ mais famosa é a premiada novela gráfica Manticore. Atualmente reside em Macapá, onde é professor universitário. O escritor mantém ainda o blogue pessoal Ideias do Jeca Tatu que também vale a pena acompanhar.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Dagon


Há poucos dias eu comentei sobre a nova edição da revista Bang! que, depois de um início em papel, migrou para a internet e voltou para a edição real. Parece que isso está se tornando uma tendência, pelo menos no mercado europeu.
A também portuguesa revista Dagon, organizada por Roberto Mendes para a editora Edita-me, distribuiu em agosto de 2009 o seu número zero, em formato virtual, com nada menos que 188 páginas, 80% delas dedicadas a literatura, sendo o restante voltado para o cinema e a música, sempre focando os gêneros fantásticos.
Em janeiro de 2010, foi publicada a edição número 1 da revista e, desta vez, nada de versão eletrônica, como pode ser comprovado no site da editora, aqui.
Para obter o primeiro número da Dagon, o leitor tem de desembolsar oito euros. Não há informação clara se existe facilidade para um brasileiro adquirir a revista.
Para saber se vale a pena arriscar, leia a resenha dessa edição que o escritor português Rogério Ribeiro fez aqui.
Será que a desvalorização que o euro sofreu depois da crise monetária de 2009 tem alguma coisa a ver com isso? Será que a epidemia vai desembarcar também no Brasil?
Mistérios...

É só outro blogue


Tibor Moricz é um dos mais promissores autores de ficção científica surgido nos últimos anos, identificado com um grupo que adotou o título de Terceira Onda da ficção fantástica brasileira.
Seu romance de estreia foi Sindrome de Cérbero (2007, JR Editora), seguido pelo "fix-up" Fome, publicado em 2008 pela Tarja Editorial.
Em julho de 2009, Moricz inaugurou seu blogue pessoal, em que publica contos, resenhas e artigos sobre FC&F, além de informar seus leitores sobre as suas atividades no meio editorial, como autor e organizador de antologias.

Mas o que tem realmente chamado a atenção no blogue é a coluna "De bar em bar", uma série de entrevistas que Moricz tem realizado com pessoas do fandom. Além de atrair o interesse pelo nome de seus entrevistados, a coluna tem uma personalidade única que, até onde eu saiba, não tem paralelo.
Moricz aproveita seus dotes de ficcionista e insere as entrevistas em mundos de fantasia, que podem ser criações originais ou homenagens a livros, séries de TV e filmes de cinema, para os quais ele e seus entrevistados são levados por um equipamento eletrônico pouco confiável. Entrevistado e entrevistador interagem com o ambiente, geralmente perigoso e imprevisível.
Na entrevista mais recente, com o escritor e jornalista Jorge Luiz Calife (autor da trilogia Padrões de Contato, republicada em 2009 pela Devir), ambos encontram-se numa estação espacial pirata, a beira de um buraco negro. A entrevista rola nos intervalos da ação quando, geralmente, os interlocutores são abordados por monstrengos alienígenas de intenções nada amistosas.
Além da entrevista com Calife, as demais entrevistas disponíveis são:

André Vianco (autor de Os sete e Bento)
Roberto de Sousa Causo (autor de Anjo de dor e O par)
Cristina Lasaitis (autor de Fábulas do tempo e da eternidade)
Erick Santos (editor da Draco)
Antônio Xerxenesky (autor de Areia nos dentes)
Adriano Fromer Piazzi (editor da Aleph)

Vale a pena acompanhar o blogue de Moricz que, além de informativo, não se incomoda em ser polêmico. Diversão garantida.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Juvenatrix 121


Já está disponível com o editor Renato Rosatti a nova edição do tradicional fanzine de horror Juvenatrix, distribuído em formato digital.
A edição tem 27 páginas com notícias e divulgação de eventos, bandas e publicações de interesse aos fã do gênero, contos de Mario Carlos Carneiro Junior, Matheus Ferraz e Rodrigo Souza e artigos de Marcelo Milici, André Bozzetto Junior, Matheus Ferraz e do próprio editor. A ilustração da capa é de Walter Junior.
Para solicitar uma cópia, envie um e-mail para renatorosatti@yahoo.com.br. E acompanhe as novidades do horror nos blogues Infernotícias e Juvenatrix.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Selva Brasil


A editora Draco anunciou o breve lançamento da novela Selva Brasil, do escritor paulista Roberto de Sousa Causo. O livro segue a temática de dramas militares na Amazônia, que caracterizam parte da obra desse autor, como em Terra verde (2000, Cone Sul) e O par (2008, Humanitas).
Desta vez, a narrativa se dá numa linha histórica variante, na qual o Brasil, durante o governo de Jânio Quadros, ousou invadir as Guianas. O revide de uma coalizão entre França, Holanda, Inglaterra e Estados Unidos empurraram as forças brasileiras de volta e ocupam uma parte da Amazônia. Desde então, uma guerra é travada nas florestas do norte do país, mudando completamente os rumos da história na América Latina.
Diz o relise da editora:
"Selva Brasil acompanha um grupo de soldados que – ao seguir para um ponto anônimo do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, onde devem substituir uma outra unidade do Exército Brasileiro – se depara com desertores e com um plano secreto para romper as regras de engajamento que limitam o conflito na região. Ao mesmo tempo, esses homens são confrontados com um estranho experimento militar que, indo além dos parâmetros do seu projeto, pode ter aberto um portal entre essa realidade paralela e a nossa".
Ou seja, a novela não é apenas um exercício de história alternativa, mas também mergulha no ficção científica, introduzindo o contato entre as realidades, mais ou menos como no romance seminal de Phlip K. Dick, O homem do castelo alto.
Roberto de Sousa Causo é autor, entre outros, de Anjo de dor (2009), A corrida do rinoceronte (2006), A sombra dos homens (2004), todos publicados pela Devir. Selva Brasil, seu primeiro livro pela Draco, terá 112 páginas e preço de capa de R$26,90.
A editora disponibilizou um wallpaper com a inspiradora imagem da capa do livro, aqui.

terça-feira, 23 de março de 2010

Esquadrão Ford - Eternos


A década de 1980 foi pródiga em iniciativas dos fãs. Havia dúzias de fanzines e diversos fã-clubes dedicados a todo tipo de objetivos, com as mais criativas dinâmicas. Um dos mais curiosos era o Esquadrão FORD, fã-clube dedicado ao ator Harrison Ford, que na época estava em dez entre dez filmões de Hollywood. A princípio, era um clube basicamente feminino, mas como o ator era muito identificado então com a ficção científica, principalmente por conta dos filmes da franquia Star Wars, muitos garotos também se uniram ao grupo, incluindo eu, que conhecia a maior parte das meninas, que então eram assinantes do Hiperespaço.
Cada novo associado devia preencher um cadastro no qual tinha que definir um codinome, uma função e uma espaçonave. Como eu sabia que não seria lá muito ativo no Clube, escolhi a função de pirata e o codinome Donal Graeme de Dorsai, inspirado num romance de Gordon Dickson que lera recentemente. Não recordo o nome da minha nave, infelizmente.
Logo, o Esquadrão FORD lançou um fanzine homônimo, que veiculava histórias em quadrinhos bem divertidas com os personagens criados pelos membros do clube. Mas, como todos os fã-clubes criados naqueles tempos, o Esquadrão também desapareceu no limbo cibernético da internet, em meados dos anos 1990.
Mas uma parte do pessoal continuou ativo. Além de um blogue do Esquadrão FORD, um dos principais membros do clube, Anderson Siqueira, responsável pelas criativas quadrinhizações do fanzine, desenvolveu através de seu estúdio o curioso e surpreendente desenho animado Esquadrão FORD - Eternos. A sinopse do filme é a seguinte:
"No futuro... o planeta Terra está em guerra contra Eridano, e os Eridianos buscam se apoderar de uma pedra mística, capaz de dar vida eterna e de gerar energia suficiente para destruir planetas. Para impedi-los, é acionado um grupo de soldados de elite da Defesa Terrestre, o Esquadrão FORD (Força Organizada de Reconhecimento e Defesa) mas antes de enfrentar o inimigo, o Esquadrão terá que enfrentar seus próprios segredos".
O filme tem cerca de uma hora de duração, disponibilizada na internet pelo site de filmes YouTube, em 24 episódios de 3 minutos, em média. O filme foi finalizado em 2009 e tem uma trilha sonora original, criação do próprio Anderson e de seu irmão, o escritor Adriano Siqueira. As vozes dos personagens são de Anderson Siqueira, Ana Paula Medeiros, Arlete Dias Corrêa e Gabriel Medeiros.
Para ver o filme inteiro clique, na ordem, em cada um dos links a seguir.
Eu gostei. O estilo do desenho lembra as gravuras psicodélicas de Andy Warhol, com recursos de animação 3D nas cenas com espaçonaves. Há muitas referências e homenagens a filmes e histórias em quadrinhos para divertir os fãs. O ritmo é truncado, o que fica mais patente pelo fato de ser exibido em trechos tão pequenos, mas frente ao mérito da realização, isso é irrelevante.
Na parte 24, que conclui o filme, os créditos reproduzem a lista completa dos codinomes dos sócios (nem Donal Graeme foi esquecido). Veja até o final porque, depois dos créditos, há mais algumas cenas reveladoras.
Mais informações sobre o filme, bem como contato com o autor, no blogue Quadro a Quadro.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Simone Saueressig no NH Online


Este post é apenas para colocar a cerejinha na torta.
O romance de Simone Saueressig A estrela de Iemanjá (Cortez, 2009), comentado aqui, foi escolhido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil para, junto a outros 210 títulos, representar o Brasil na Feira do Livro Infantil de Bolonha 2010, onde editores, escritores, ilustradores, estudiosos do setor estarão trocando ideias e conhecendo novas propostas literárias.
É a primeira vez que a autora de Novo Hamburgo tem um de seus livros selecionados para a mostra.
O Jornal NH Online fez uma rápida entrevista com a autora, que pode ser vista aqui.
Parabéns à Simone, que merece o reconhecimento à qualidade do trabalho que lhe é característica. Boa sorte!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Torre Negra - Até aqui tudo bem


Acabei de ler o terceiro volume da heptalogia de Stephen King, subtitulado As terras devastadas (The waste lands). King não nega, pelo contrário, afirma peremptoriamente que se inspirou em O senhor dos aneis para desenvolver sua obra prima. Também não cansa de citar o poema “Childe Roland to the Dark Tower came”, de Robert Browning, como a base de toda a história.
No primeiro volume, O pistoleiro (The gunslinger), somos apresentados ao Mundo Médio, mistura de medievalismo, faroeste e pós-apocalipse, onde Roland Deschain, um pistoleiro juramentado do extinto baronato de Gilead, persegue o misterioso Walter, o homem de preto, através de um deserto interminável. Ele pretende obrigar Walter a lhe revelar como chegar à mítica Torre Negra, onde Roland acredita poder recolocar seu mundo nos eixos.
Lá pelas tantas, Roland encontra um garoto meio morto, Jake Chambers, que diz ter sido atropelado em Nova York e depois aparecido nesse lugar. Roland e Jake seguem juntos na pista do estranho homem que vai adiante, entram por um metrô em ruínas repleto de mutantes perigosos em direção ao confronto final.
No segundo volume, A escolha dos três (The drawing of the three), Roland está novamente sozinho. Ele chega a uma praia dessa terra moribunda e ali é vítimado por uma espécie de crustáceo carnívoro, que lhe devora parte da mão direita, causando uma infecção mortal. Ferido e febril, o pistoleiro caminha pela orla, onde encontra portas que levam a outras realidades. A primeira o leva para o interior da mente de Eddie Dean, um viciado em heroína que está prestes a ser capturado pela polícia. A presença de espírito de Roland salva Dean de vários problemas e, no final, acaba por levá-lo também para seu mundo.
Ambos seguem pela praia até uma segunda porta, que desta vez leva Roland a mente de Odetta Holmes, uma negra rica, paraplégica e esquizofrênica. Cada vez mais doente e fraco, Roland também resgata Odetta para sua realidade, mas ainda há uma terceira porta, que vai colocá-lo na mente do covarde assassino Jack Mort, cujas ações se desdobram para o passado e para o futuro dos escolhidos... mas, afinal quem é o terceiro escolhido? E escolhido para quê?
Estas perguntas começam a ser respondidas em As terras devastadas.
Algo muito estranho aconteceu com Roland quando esteve na mente de Jack. Ainda que curado da dura infecção que o acometeu ao longo do volume anterior, sua intervenção na pele do assassino impediu que Jake, o menino do primeiro livro, fosse atropelado. Dessa forma, agora Roland tem a memória de dois passados: um em que Jake o acompanhou no deserto, e outra em que ele caminhou sozinho. E isso o está enlouquecendo. Eddie e Odetta, agora chamada Susannah, não sabem o que fazer, mas Eddie tem sonhos estranhos com a Torre Negra que parecem algo premonitórios. Em outra linha narrativa, o agora salvo Jake também está com problemas. Sua mente está confusa e ele sente que deve ir embora dali, voltar para um lugar de onde ele nunca devia ter saído. Ao longo da primeira metade do volume, vamos ver como Roland e Jack vão recuperar suas sanidades.
A segunda metade do romance leva Roland, Eddie, Susannah, Jake e Oi, uma espécie de cão falante que adotou o grupo como seu bando, à cidade de Lud, uma monstruosa ruína ainda habitada por homens em uma guerra sem fim e sem sentido. Lá, o grupo pretende pegar uma carona com Blaine, um monotrilho supersônico com inteligência artificial que é uma das maravilhas remanescente do mítico tempo dos Grandes Antigos. Ele é provavelmente o único que pode levá-los para mais perto da Torre Negra. Porém, Blaine não é um cara muito legal...
Dessa forma, vemos que a saga de Roland é uma salada mista de gêneros. O primeiro volume é uma dark fantasy mesclada com faroeste. O segundo uma fantasia urbana, bem mais aproximada ao tipo de horror que Stephen King costuma contar. A primeira parte de As terras devastadas volta a ser uma dark fantasy pastoral na linha narrativa do Mundo Médio, mas continua sendo uma fantasia urbana na linha narrativa de Jake, em Nova York. E a segunda parte é claramente uma ficção científica pós-apocalíptica, com toda a tecnologia que tem direito, além de ser o trecho mais acelerado e emocionante de toda a história até o momento, com revelações vertiginosas sobre a natureza do Mundo Médio. Este terceiro volume termina algo inconclusivo, e o próprio King faz comentários a esse respeito no posfácio.
O quarto volume, Mago e vidro (Wizard and glass), já está em minhas mãos. Estou lendo a saga ao ritmo de um volume por ano, mas acho que não vou conseguir esperar para ler este, que é o mais volumoso dos quatro primeiros livros. Diz, quem já leu os sete volumes, que um deles é um tanto acessório e tenho impressão que se trata exatamente deste quarto volume, que conta o passado de Roland. Tudo bem, vou ler do mesmo jeito.
Também estou sabendo de um episódio avulso de A torre negra que se encontra na antologia Tudo é eventual (Everything is eventual), chamado "As irmazinhas de Eluria", muito bem recomendado por sinal. Está na minha alça de mira.
Enfim, A Torre Negra é um daqueles eventos literários que vale a pena experimentar. Eu não estou nada arrependido de ter embarcado nessa viagem com Roland e seus amigos. Portanto, não poderia dizer outra coisa: recomendo!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Eventos à vista


Chegou esta semana o convite para o lançamento da nova antologia organizado pelo agitador cultural Ademir Pascale, No mundo dos cavaleiros e dragões, publicado pela editora All Print.
O volume reúne contos assinados por Alicia Azevedo, Almir Pascale, André Schuck Paim, Bethânia Pires Amaro, Cesar Alcázar, Dione Mara Souto da Rosa, Duda Flacão, Edmar Sousa Júnior, Evandro Guerra, Felipe Pierantoni, F. Fernandes, Hugo Venancio, Joyce de Freitas Ramos, Leandro Reis, Luiz Ehlers, Mariana Albuquerque, Miriam Santiago, O. A. Secatto, Pedro Moreno, Rafael Azeredo, Rober Pinheiro, Simone O. Marques e Vinicius Carlos Vieira. O prefácio é de Regina Drummond.
Diz o texto da contracapa do livro: "No mundo dos cavaleiros e dragões é uma coletânea de contos épicos e contemporâneos, uma reunião com alguns dos melhores contistas brasileiros. Magos, bruxas, reis, princesas, cavaleiros, incríveis dragões, batalhas, duelos, aventuras e muito mais é o que o leitor encontrará nestas páginas. Faça parte deste mundo e aventure-se conosco".

O lançamento acontece dia 10 de abril, a partir das 18h30 no Bardo Batata, Rua Bela Cintra, 1333, São Paulo, SP. Pascale promete a presença de vários dos autores da antologia.
Pascale também está comemorando a segunda impressão de seu recém-lançado romance de horror, O desejo de Lilith (Editora Draco), que tem sido um sucesso de aceitação. Sempre inovando, o autor produziu um spot sobre o livro, para ser veiculado nas rádios.
No dia 20 de março, às 15h, na Livraria Cultura do Shopping Market Place (Av. Dr. Chucri Zaidan, 902, São Paulo), Pascale participará da palestra "O desejo de Lilith e a controvérsia entre a realidade e a ficção", ao lado dos escritores Nelson Magrini, Adriano Siqueira, Rober Pinheiro e o editor Erick Santos. Uma ótima oportunidade para quem quiser conhecer o pessoal e adquirir os livros no ato.
Além das livrarias, O desejo de Lilith e outros livros editados por Ademir Pascale podem ser adquiridos com o próprio, pelo e-mail ademir@cranik.com.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Bang! 7


Há alguns meses comentei aqui o lançamento da edição 6 da revista Bang!, da editora portuguesa Saída de Emergência, dedicada totalmente à ficção fantástica.
A revista, que começou em papel e migrou para a internet a partir da edição 3, volta agora ao formato real, em tamanho ofício com 72 páginas, ao custo de 5 euros (preço de capa, sem contar o porte). A edição, recentemente publicada, está divulgada no site da editora, aqui.
Quem se deu ao trabalho de baixar as edições que ainda estão disponíveis em pdf aqui, conhece a qualidade do material e vai lamentar que essa edição não vá circular no Brasil.
Só para dar um gostinho, veja só a lista dos autores das ficções presentes na edição: Richard Matheson, Vasco Curado, Valéria Rizzi, Alfred Tenyson, Renato Carreira e o brasileiro Gerson Lodi-Ribeiro, este com o mesmo conto visto na antologia Como era gostosa a minha alienígena. Assinam os artigos da edição: Octávio dos Santos, David Soares, José Carlos Gil, António de Macedo, Nuno Fonseca, Ricardo Venâncio e João Barreiros. Uma resenha detalhada da edição pode ser lida aqui.
Intrigante que a editora tenha abandonado o ambiente virtual num momento em que boa parte dos editores comerciais admite que os dias do livro em papel estão contados. É certo que a Saída de Emergência trabalha com produtos reais e deve obter seus lucros assim, mas abrir mão da divulgação ampla da versão virtual em favor de uns mirrados 150 exemplares em papel, me pareceu uma decisão algo contestável. Certo é que não faço a menor ideia de quanta gente em Portugal baixou os arquivos digitais e o quanto isso foi comercialmente vantajoso, mas não acredito que tenha sido pior que o resultado da publicação em papel das primeiras edições que, naquele momento, levaram a editora a optar pelo virtual.
Vamos aguardar, quem sabe depois que a tiragem se esgotar, a editora disponibilize o arquivo em seu site. Fiquemos de olho.

terça-feira, 16 de março de 2010

Walter Martins (1932-2010)




Há alguns dias, eu lia a coluna de Roberto de Sousa Causo no Terra Magazine e me deparei com a notícia da morte, aos 77 anos, do escritor brasileiro Walter Martins, que o próprio articulista confessou ter lhe pegado de surpresa pois, apesar da coluna ter sido publicada em 27 de fevereiro, o passamento havia se dado semanas antes, mais exatamente em 12 de janeiro, sem que nada tivesse aparecido na imprensa. Mesmo hoje, buscando por mais informações sobre Martins, nada encontrei além do artigo de Causo. Walter Martins certamente merece bem mais que isso.
Não posso, contudo, ser mais detalhado que Causo foi, pois ele esteve mais próximo de Martins, relacionou-se com ele em vida e até herdou dele alguns documentos importantes sobre a história do fandom brasileiro.
Então, o que posso dizer é o que tenho de mais caro a respeito do trabalho de Martins, a sua noveleta "Tuj", publicada na antologia Além do tempo e do espaço, da editora Edart.

A história conta sobre um cientista envolvido com experimentos nucleares que, durante um deles, vê-se transportado para uma dimensão estranha, um terreno árido abrasado pro três sois, repleto de árvores secas e espinhosas e um povo desgraçado e desesperançado. Depois de algum tempo, durante o qual aprendeu-lhes a língua, o homem veio a saber que eram marcianos, igualmente perdidos naquele lugar depois de uma experiência com viagens no tempo. A maior parte do conto é dedicada à um diálogo revelador entre o homem e um desses marcianos, que lhe conta o seu drama e a incontornável natureza daquele lugar.
Quando li este texto pela primeira vez, experimentei uma intensa epifania literária, que deixou-me profundamente perturbado. Até hoje, é uma de minhas histórias prediletas na FC brasileira.
Além desse conto de Martins, li apenas mais dois: "A volta de Adalbeu" publicado no Magazine de Ficção Científica, da Editora Globo e "De trunfas e fanfruinhas", publicado pelo Terra Magazine.
Na minha opinião, a antologia da Edart é uma das melhores da história da FC nacional e bem merece ser republicada. Mas enquanto ninguém se interessa em fazê-lo, o blogue O Sebo Digital, de Carlos Rela, que digitaliza livros e revistas de FC&F fora de catálogo, coloca a disposição dos interessados as duas publicações citadas neste texto.
Aproveite e lamente comigo que este grande escritor tenha produzido tão pouco na ficção fantástica.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Galácticos


Enquanto as editoras livreiras embaçam seus lançamentos, talvez esperando pela Bienal do Livro de São Paulo, as bancas de revistas vão segurando a onda da ficção fantástica no Brasil.
Agora é a vez da tradicional revista infantil Recreio entrar na seara da ficção científica, com uma nova coleção de fascículos e brinquedos.
Trata-se da coleção "Galácticos", formada por bonecos plásticos articulados que representam robôs e alienígenas. A coleção também traz gibizinhos com histórias dos monstrinhos em aventuras no espaço sideral.
Paralelamente, a revista, que é semanal, distribui em cada edição um caderno do livro de astronomia Missão espaço, com fotos e artigos sobre o universo, viajando por planetas e estrelas. O livro tem a forma surpreendentemente redonda.
A primeira entrega traz o boneco do Guardião do Sol, um gibi, a capa dura e as primeiras páginas de Missão espaço.
A Recreio está na memória de grande parte dos marmanjos de meia-idade (eu no meio) e esta nova geração da revista tem primado pelo cuidado no conteúdo, com textos bacanas, ilustrações de alta qualidade e brindes maravilhosos.
A revista é publicada pela editora Abril e pode ser encontrada nas bancas de todo o país. Mais informações no site da Recreio, aqui.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Clássicos Abril

A editora Abril Coleções volta a investir nos clássicos da literatura universal, com uma nova coleção de livros luxuosos vendidos nas bancas por preços bem acessíveis. Serão 35 volumes ao todo, um por semana, encadernados com capa dura revestida em tecido e traduções revisadas na nova ortografia da língua portuguesa. Cada livro traz um caderno ilustrado com informações sobre o autor e sua obra.
O primeiro título, distribuído em dois volumes pelo preço de um, foi Crime e castigo, de Dostoiévski. Entre os que virão há títulos de interesse para o leitor que aprecia FC&F, veja a lista completa abaixo. O retrato de Dórian Gray já está nas bancas.
Por enquanto, a distribuição está sendo feita apenas em São Paulo e Rio de Janeiro mas, a partir de maio, a coleção será distribuída em outras praças. Quem quiser garantir a coleção inteira, pode fazer uma assinatura, aqui.
Vários desses títulos eu adquiri numa edição anterior, mas terei a chance de comprar alguns que perdi então, ou que nem estavam na coleção anterior. Wilde, Shakespeare, Kafka, James, Pessoa e Conrad estão na minha mira. O preço por volume é de R$14,90.

Clássicos Abril - relação completa
1) Crime e castigo - vol. I, Fiódor Dostoiévski
2) Crime e castigo - vol. II, Fiódor Dostoiévski
3) Madame Bovary, Gustave Flaubert
4) O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
5) Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis
6) A divina comédia – Inferno, Dante Alighieri
7) Os sofrimentos do jovem Werther, J.W. Goethe
8) O engenhoso fidalgo D. Quixote da Mancha - vol. I, Miguel de Cervantes
9) O engenhoso fidalgo D. Quixote da Mancha - vol. II, Miguel de Cervantes
10) Hamlet, Rei Lear e Macbeth, William Shakespeare
11) Ilusões perdidas – vol. I, Honoré de Balzac
12) Ilusões perdidas - vol. II, Honoré de Balzac
13) Orgulho e preconceito, Jane Austen
14) O primo Basílio, Eça de Queirós
15) Moby Dick – vol. I, Herman Melville
16) Moby Dick – vol. II, Herman Melville
17) O falecido Mattia Pascal, Luigi Pirandello
18) O homem que queria ser rei e outras histórias, Rudyard Kipling
19) Os lusíadas, Luís de Camões
20) A metamorfose, Franz Kafka
21) Outra volta do parafuso, Henry James
22) O assassinato e outras histórias, Antón Tchekhov
23) O morro dos ventos uivantes, Emily Brontë
24) Mensagem, Fernando Pessoa
25) Coração das trevas, Joseph Conrad
26) O vermelho e o negro, Stendhal
27) Cândido, Voltaire
28) Os Malavoglia, Giovanni Verga
29) Os sertões – vol. I, Euclides da Cunha
30) Os sertões – vol. II, Euclides da Cunha
31) Contos de amor, de loucura e de morte, Horacio Quiroga
32) Infância, Maksim Górki
33) Grandes esperanças, Charles Dickens
34) No caminho de Swann, Marcel Proust
35) Odisseia, Homero

terça-feira, 9 de março de 2010

Podcast a la carte

Nas últimas semanas, investi algum tempo conferindo dois podcasts brasileiros sobre FC&F disponíveis na net, o Papo na Estante e o Podespecular.
Podcasts são programas de áudio, similares aos exibidos no rádio, disponibilizados na internet em forma de arquivos digitais que o ouvinte pode acessar diretamente on line, ou baixar para escutar off line.
Criados por fãs de ficção fantástica, ambos apresentam mais ou menos o mesmo padrão, centrados em um grupo recorrente de debatedores que conversam sobre assuntos variados, sem direção rigorosa e preocupações técnicas sofisticadas. Geralmente, os participantes do programa não se encontram no mesmo lugar e o papo é realizado através de conferência remota.

Papo na Estante estreou em janeiro de 2009, a partir da iniciativa de Thiago Cabello que reuniu os colegas Eric Novello (Dante, o guardião da morte), Ana Carolina Silveira e Ana Cristina Rodrigues (Anacrônicas), e ao longo do ano produziu 23 programas de periodicidade aproximadamente quinzenal, sendo o último deles disponibilizado por volta de novembro de 2009. Cada episódio dedica-se a um tema, que é debatido pelos participantes e eventualmente por convidados especiais, sendo que os melhores episódios são justamente aqueles que contaram com a presença de convidados especialistas no assunto em pauta, como o episódio 18, dedicado a New Weird, com a presença do escritor e editor Jacques Barcia (Terra Incognita), o 21, sobre a jornada do herói, com a presença do escritor Eduardo Spohr (A batalha do apocalipse, Nerdcast) e o episódio 23, sobre cyberpunk, com a participação do tradutor e escritor Fabio Fernandes (Os dias da peste). Os episódios variam em duração, indo de pouco mais de 30 minutos até mais de uma hora, e todos estão disponíveis ao público. Os primeiros episódios também podem ser acessados aqui.

Podespecular estreou em 2010, pela iniciativa do engenheiro Paulo Elache. Por enquanto, apenas três episódios estão disponíveis, um deles experimental com pouco mais de dois minutos de duração. O episódio 2, o mais interessante até o momento, conta com a participação do filósofo Edgar Smaniotto (A fantástica viagem imaginária de Augusto Emílio Zaluar) e é dedicado ao romance Um estranho numa terra estranha, do escritor americano Robert Heinlein. Um novo episódio deve estrear em alguns dias.
A qualidade do som deixa a desejar em ambos os programas, mas isso é irrelevante frente a carência crônica de informação crítica que a ficção fantástica conta no Brasil. Como a maioria dos participantes não é radialista, supreendeu-me a ótima dicção de Ana Cristina Rodrigues, do Papo na Estante: voz firme, clara, grave e suave, que necessitaria de muito poucos ajustes para ser considerada profissional.
Contudo, ambos os programas não escapam do tom professoral, quase doutrinário, com que tratam a ficção fantástica, sempre em busca de parâmetros e definições. Também tendem a apresentar abordagens parciais do fandom, destacando textos e autores com os quais os debatedores se identificam, sendo portanto desejável que outras iniciativas surjam na rede para levar ao expectador um panorama mais completo tanto do gênero quanto do fandom.
Como em todas as ações de fãs, os programas estão carregados de opiniões polêmicas, muitas vezes apoiadas unicamente no gosto pessoal dos debatedores. Mas isso já faz parte da tradição nacional, pois a consciência crítica da FC&F brasileira foi e ainda é realizada principalmente pelos fãs. Inevitáveis deslizes aqui e ali, acabam funcionando como piadas particulares que só quem é participante ativo do fandom consegue perceber.
Ainda que se tenha que dispor de uma certa tolerância à irreverência e à linguagem chula que vaza no calor das discussões, no geral a experiência de ouvir os podcasts é bastante divertida. Recomendo.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Os Melhores do Ano


Depois de muitos anos sem que nenhuma organização oficial se interessasse em realizar um levantamento qualitativo sobre a produção de FC&F no Brasil, a escritora Ana Cristina Rodrigues (Anacrônicas, 2009), aproveitando o levantamento retrospectivo sobre as publicações de ficção fantástica em 2009 que ela mesmo fez e divulgou no blogue FC e Afins, decidiu organizar pessoalmente uma votação aberta entre os internautas para que eles apontem os melhores da FC&F brasileira em 2009.
São 14 categorias: Romance/Novela, Antologia de autor, Coletânea, Conto, Não-ficção, Revista/zine, Ebook, Ezine, Site de contos, Site informativo/resenhas, Resenhista/Colunista/Comentarista, Editor/Organizador, Editora e Capa. A votação é livre e pode ser feita por e-mail ou através de comunidades de relacionamento criadas por Ana Cristina especialmente para esse fim.
O trabalho é hercúleo, sei muito bem disso por conta dos anos que dediquei a organização dos Prêmios Nova, SBAF e Argos, por isso reconheço a coragem da Ana Cristina em se lançar à missão neste momento de efervescência histórica no campo da ficção fantástica.
O processo de votação é muito dinâmico e a organizadora está aparando as arestas conforme elas vão aparecendo.
É sempre muito difícil evitar a ação de lobbies numa votação aberta e livre como essa, mas se bastante gente participar será possível apurar uma opinião popular legítima. Ainda não há informação sobre a data de divulgação dos vencedores ou se haverá algum tipo de cerimônia de premiação, mas o prazo de votação, iniciado em 1 de março, esgota-se em 20 de abril próximo.
Mais informações podem ser obtidas nas comunidades aoLimiar, Orkut e Facebook.
As regras e os links de votação também estão no FC e Afins, aqui.