terça-feira, 26 de setembro de 2023

Múltiplo 84 + Legendas HQ

Está disponível a edição de outubro do fanzine de quadrinhos Múltiplo, editado por André Carim pelo Estúdio Múltiplo, dedicado à produção brasileira independente de quadrinhos de ação e aventura. 
A edição, que tem 80 páginas, traz uma entrevista com o quadrinhista Eduardo Schloesser, autor de Zé Gatão, artigos e resenhas sobre a nona arte, quadrinhos de Omar Viñole, Luiz Iório, Oscar Suyama e do editor, e ilustrações de May Santos, Márcio Sennes Pereira, Paulo Thomsom e Rubens Lima, que também assina a imagem da capa. 
Outra publicação recente distribuída pelo Estúdio Múltiplo é o segundo número de Legendas HQ, revista digital de 48 páginas resultado da combinação de esforços dos fanzines Cabal, Múltiplo, Profecia, Quadritos, QI e Tchê. O primeiro número saiu em 2018 e não está mais disponível, mas a ideia é que cada editor contribua com conteúdo por ele mesmo montado, o que dá à revista a aparência de uma colcha de retalhos. Longe de ser ruim, é uma característica identitária importante que só um fanzine pode proporcionar, além de apresentar aos novos leitores o trabalho desenvolvido nesses outros fanzines. A edição traz quadrinhos, artigos, entrevistas, resenhas e pinups de diversos artistas, incluindo uma HQ de duas páginas do mestre Júlio Shimamoto. A capa é de Ejhozer Evandro. 
Tanto Legendas HQ como Múltiplo podem ser baixados gratuitamente aqui: edições anteriores também estão disponíveis no mesmo repositório.

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Lançamento: A herança dos fantasmas, Rivers Solomon

Está em pré-venda no saite da Editora Aleph a ficção científica A herança dos fantasmas (An unkindness of ghosts, 2017), primeiro romance de Rivers Solomon, pessoa não-binária cuja obra é vinculada ao movimento afrofuturista. O romance, que foi finalista do Prêmio Locus, discute a complexa questão do racismo estrutural em uma nave de gerações, tem 376 páginas e tradução de Thaís Britto. 
Diz o texto de divulgação: "Percebida como excêntrica pelas pessoas ao seu redor, Aster nasceu em uma sociedade em que servidão e obediência religiosa são a norma. A humanidade perdeu seu lar e agora habita, há gerações, a nave Matilda, que tenta levar o que restou dos seres humanos para uma Terra Prometida. Vivendo de modo insalubre em uma comunidade empobrecida no deque inferior da nave, Aster desenvolve seus dotes médicos e cuida de todos em seu convés. Contudo, sua vida muda quando descobre pistas sobre a morte suspeita de sua mãe". 
Uma bela introdução para os leitores brasileiros à produção contemporânea de ficção científica americana e ao trabalho de Solomon, que também conta com a ficção científica The deep (2019) e o drama gótico Sorrowland (2021) em seu currículo, além de alguma ficção curta.

sábado, 23 de setembro de 2023

Conexão Literatura 99

Está disponível a edição de setembro do periódico eletrônico Conexão Literatura, editado por Ademir Pascale, dedicado à divulgação de novos autores e obras da literatura brasileira. 
A edição tem 116 páginas e destaca em entrevista o trabalho de Cesar Bravo, autor do romance Ultra Carnem (Darkside, 2016). Também são entevistados os escritores Paula Pimenta, Elaine Laves Santos, Paulo Tavares e Roberto Ferrari. No contos, trabalhos de Gilmar Dutra Rocha, Idicampos, Iraci Marin, Mirian Santiago, Ney Alencar, Roberto Schima e do próprio editor, além de poemas, crônicas, resenhas e artigos de assuntos variados.
A revista tem distribuição gratuita e esta edição pode ser baixada aqui. Números anteriores também estão disponíveis.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Resenha do Almanaque: O fantasma do apito, Miguel Carqueija

O fantasma do apito, Miguel Carqueija. 118 páginas. Apresentação de Marcello Simão Branco. Coleção Scarium Fantástica, volume 2. Rio de Janeiro: Scarium, 2007.

Debaixo de chuva, três garotas se encontram na porta da escola aonde vão estudar. Elas nunca se viram antes, mas a breve viagem numa espécie de teleférico que leva à porta da escola desperta entre elas uma cumplicidade que será seu principal apoio nestes primeiros dias de aula. Isso porque, mal desembarcam no saguão, são acuadas pelo bedel que é extremamente rude com as estudantes. Tudo porque algum espertinho soprou um apito estridente na densa floresta que circunda a escola e ele acredita que foi uma entre as novas alunas.
Depois da má recepção, as garotas são acomodadas num mesmo quarto e passam a se conhecer melhor. Na hora da refeição, acabam se indispondo com um estudante por causa de uma sopa de tomates, sem maiores repercussões. Porém, durante a noite, o estudante é assassinado e, mais uma vez, a suspeita recai sobre as garotas.
Apesar da animosidade explícita da diretora da escola, as meninas são defendidas pela investigadora de polícia que acompanha o caso. Mais tarde, ela vai revelar ser clarividente e que reconheceu a inocência das meninas, especialmente o potencial de clarividência de uma delas.
Mas os problemas não terminam. Outros assassinatos acontecem, sempre fazendo acreditar que as garotas estão, de alguma forma, envolvidas. Mais policiais entram em cena e a pressão sobre elas fica cada vez maior. Somente as próprias meninas podem resolver o mistério do apito, que tudo indica ser um aviso do assassino antes de cometer os crimes. Um assassino acima de qualquer suspeita.
Esta é a história da novela O fantasma do apito, de autoria do escritor Miguel Carqueija, volume 2 da Coleção Scarium Fantástica. Seguindo a característica que tem dominado seus trabalhos, o autor investe em protagonistas femininas para contar uma história de coragem e amizade no meio de um cenário antagônico e lúgubre. 
Fica clara a influência da série Harry Potter neste trabalho, que procura sustentar o mesmo clima gótico daquela série. Isso exigiu que o autor reinventasse a realidade, instalando a trama numa alternativa em que a história do Brasil caminhou de forma diferente. Apesar de recursos modernos e detalhes tecnológicos próprios do nosso tempo, predominam cenografias do castelo decadente onde a escola se instala, com ambientes escuros e passagens secretas empoeiradas, truques de magia, carruagens, dirigíveis etc.
No aspecto estrutural, a história tem um objetivo claramente infantojuvenil. O vilão, bem como o detetive Anselmo (personagem que cumpre um contraponto cômico) cumprem bem seus papéis esquemáticos apesar de um tanto estereotipados, especialmente o vilão, mas a impressão final é que isso foi um truquezinho do autor para emular o realismo farsesco das histórias em quadrinhos.
Sobre as protagonistas, o autor não se aproveitou bem do fato de ter três pessoas independentes. Em muitos aspectos, as meninas se parecem demasiadamente, falam da mesma maneira e pensam de modo similar. É impossível reconhecê-las apenas pelos diálogos e, ao final de história, ainda não conseguimos identificá-las claramente, mas isso talvez possa ser superado com a leitura de suas sequências, uma vez que o autor voltou ao universo de O fantasma do apito em 2009 na novela Tempo das caçadoras (Scarium), desenvolvendo mais detalhadamente a estrutura histórica alternativa do mesmo.
O volume tem a apresentação de Marcello Simão Branco, que sintetiza brilhantemente o trabalho no trecho reproduzido a seguir:

“Neste novo trabalho ficcional, Carqueija demonstra desenvoltura com a construção do enredo – que se situa entre o suspense e o sobrenatural –, com a criação e aprofundamento das personagens e com o desenrolar da trama. Cheia de reviravoltas e surpresas que prendem o leitor a cada fim de capítulo, no mais tradicional e eficiente recurso do folhetim.”

Branco ainda faz um breve apanhado da carreira do autor e aproveito para lembrar dois dos seus livros mais recentes, publicados por editoras grandes: Farei o meu destino (Giz, 2008) e O estigma do Feiticeiro Negro, com Melanie Evarino (Ornitorrinco, 2012).
Carqueija produz em quantidade e participa com frequência das publicações e editoras dispostas a receber colaborações, sem qualquer preconceito. Embora suas últimas histórias sejam todas mais ou menos do mesmo tipo – aventuras na linha infanto-juvenil com protagonistas femininas envolvidas em eventos de magnitude muito além delas mesmas, que sobrevivem aos percalços por graça da sua integridade destemida – atestam um amadurecimento estilístico que qualifica o autor alguns degraus acima dos muitos contos que publicou nos fanzines brasileiros ao longo dos últimos trinta anos.
Não tenho dúvidas que entre os muitos autores de fc&f atuantes no ambiente dos fãs, Carqueija é aquele que reúne as melhores condições para conquistar bons resultados comerciais. Só lhe falta o que nos falta a todos: o próprio mercado editorial que, nos últimos dez anos, só fez encolher e desprofissonalizar-se, o que é lamentável. 

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Juvenatrix 250

Está disponível a edição de setembro do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti. Publicado desde 1991, o fanzine atinge a expressiva marca de 250 edições publicadas mensalmente, sem falhar um único mês sequer, um feito notável nestes tempos líquidos.
Em vinte páginas, traz um conto de Caio Alexandre Bezarias, resenha de Marcello Simão Branco ao romance de horror Conto de fadas, de Stephen King, e resenhas do editor aos filmes A Torre de Londres (1962), Stranger from Venus (1954), Jesse James contra a filha de Frankenstein (1966), O morcego diabólico (1940), In the year 2889 (1969), O primeiro homem no espaço (1959) e Battle beyond the sun (1959/1962), cujo cartaz ilustra a capa. 
A edição é completada com notícias e divulgação de publicações alternativas e bandas de metal extremo.
Cópias em formato pdf podem ser obtidas pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Literatura X Cinema

A revista Caderno de Letras, publicação quadrimestral do Centro de Letras e Comunicação e do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas-UFPel, publicou no último dia 17 de setembro sua edição número 45, subtitulada O insólito ficcional da tela aos livros, dos livros à tela: Adaptações, recriações, traduções, menções
Organizada pelos pesquisadores Bruno Anselmi Matangrano, Justine Breton e Ramiro Esteban Zó, a publicação traz vinte e um artigos de pesquisadores do Brasil, Portugal, Argentina, México e França, voltados ao estudo do discurso intermidiático, ou seja, de obras que espraiam para além da mídia de origem. 
A maior parte dos textos trata das adaptações audiovisuais de obras literárias, mas também há artigos que tratam de versões filmadas de quadrinhos e games, dentre os quais se destaca o de Maria Clara da Silva Carneiro e Lielson Zeni, que analisa a adaptação de Otto Guerra para as tiras de Os piratas do Tietê, de Laerte Coutinho, o único artigo da seleta dedicado à uma obra brasileira. 
É claro que a revista não pretendia esgotar o tema, que é amplo e problemático mas, pelo menos aparentemente, os artigos publicados não chegam a tratar do fenômeno das novelizações, que são transposições do cinema para a literatura, que sofrem de problemas tão atrozes que beiram ao absurdo, assim como adaptações cuja mídia de chegada sejam quadrinhos, games e até o teatro, cada qual com problemas e protocolos próprios, mas que contam com exemplos que também valem estudos. 
Os artigos podem ser lidos online ou baixados gratuitamente aqui.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Histórias Extraordinárias 7

Está aberta a campanha para a sétima edição da revista Histórias Extraordinárias, periódico literário de ficção fantástica publicado pela Editora Mundo, lançado em 2020 com cada edição viabilizada através de financiamento coletivo direto. 
Editada por Marcus Garrett, Mario Cavalcanti e Paolo Fabrizio Pugno, Histórias Extraordinárias tem formato impresso e uma linha editorial tematicamente vinculada à Golden Age da ficção científica, ou seja, aquela que caracterizou o gênero nos anos 1940 e 1950. 
A edição promete 44 páginas, e os escritores Gilson Cunha, Igor Moraes e Flávio Medeiros Jr. dão boas vindas às primeiras escritoras publicadas na revista, Ursulla Mackenzie e Lu Evans. Os apoiadores ainda recebem, junto a cada edição, cards de escritores clássicos da fc. Neste número, a homenageada é a escritora americana Octavia E. Butler (1947-2006).
É possível adquirir não apenas esta edição, mas todas as anteriores, na página da campanha, aqui