quinta-feira, 26 de abril de 2012

QI 114

Chegou esta semana aos assinantes a 114ª edição do fanzine QI - Quadrinhos Independentes, editado por Edgard Guimarães. QI é um dos mais tradicionais fanzines brasileiros, em publicação dede os anos 1990 e, ao longo dos anos, tornou-se um verdadeiro compêndio sobre as publicações independentes nacionais, especialmente aquelas ligadas às histórias em quadrinhos.
Depois de chegar ao número 100, o editor implementou algumas mudanças no estilo editorial, que investe mais em textos históricos e analíticos, mas ainda guarda muito do que caraterizou a publicação em seus anos iniciais.
Este número apresenta a terceira parte do artigo "Tintim em Portugal" de Carlos Gonçalvez, os artigos "Quadros em sequência", "28º Angelo Agostini" e "Projetos da AQC-ESP", depoimento do fanzineiro Denilson Rosa dos Reis, além das colunas "Mistérios do colecionismo", "Fórum" e "Edições independentes". Complementam a edição, ilustrações de Flávia Andrade e Chagas Lima, tiras de Luiz Cláudio Lopes Faria e mais um capítulo do folhetim "Fazenda de Robôs", de Guimarães. As capas trazem ilustrações do próprio editor.
Para adquirir um exemplar é preciso formalizar a assinatura das seis edições do ano, que sai por R$20,00. Mais informações com o Edgard Guimarães, no email edgard@ita.br.

Odisseia já!

Finalmente, depois de muita expectativa, será inaugurada em Porto Alegre, nesta sexta-feira, a 1ª Odisseia de Literatura Fantástica, evento dedicado ao encontro de leitores, autores e editores de fantasia, ficção científica e horror. Estão programadas as presenças de 80 escritores de oito estados brasileiros e da Argentina, realizando palestras, debates e sessões de autógrafos.
Também está programada a presença de 17 editoras comercializando seus livros diretamente ao consumidor, muitas delas promovendo o lançamento de novos títulos.
O evento foi idealizado pela editora porto-alegrense Argonautas, criada por Duda Falcão e César Alcázar, e pelo escritor norte-americano Christopher Kastensmidt, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.
A abertura será às 19h do dia 27 de abril (sexta-feira) com a palestra "Simões Lopes Neto e o fantástico em Lendas do Sul", com o mestre e doutor em história Cesar Augusto Barcellos Guazelli. O grosso da programação, contudo, rola ao longo de todo o dia 28 (sábado), a partir da 10h30min.
A 1ª Odisseia de Literatura Fantástica e acontece no Memorial do Rio Grande do Sul, Rua Sete de Setembro, 1020, em Porto Alegre. A entrada é franca e a programação completa pode ser obtida aqui.

Fanzinada 2012

Em 2011, aconteceu em Santo André a primeira Fanzinada, encontro de editores alternativos idealizado pela editora Thina Curtis (Spellwork), em homenagem ao Dia Internacional do Fanzine, que se comemora em 29 de abril. Compareci ao evento e conheci toda uma nova geração de fanzines ativos, numa produtividade e variedade que eu não imaginava ainda existir após o advento da internet. Dos editores do século 20, são poucos os que ainda se dedicam à publicar suas revistas em papel, mas a atividade não desapareceu, pelo contrário.
Ao longo de 2011, o evento foi levado a Goiânia e Porto Alegre e, um ano depois, mais exatamente no próximo dia 28 de abril, às 15 horas, acontece mais uma Fanzinada agora sediada em São Paulo, no ateliê Letra Corrida (Rua Vitor Dubugras, 44, Vila Mariana, São Paulo). Haverá exposições, lançamentos e distribuição de fanzines, gibizines e publicações independentes, exibições de vídeos e teatro, e muito mais. Estará à venda o II Anuário de Fanzines produzido pela Ugrapress, e o segundo volume do documentário Fanzineiros do Século Passado, de Márcio Sno. Também é proposta do encontro a instauração do Dia Nacional do Fanzine.
Mais informações poderão ser obtidas no saite da Fanzinada, aqui.

Noite na taverna

2011 foi um ano memorável para os quadrinhos brasileiros. Ainda que as tiragens estejam longe do ideal – o que talvez nunca mais seja possível experimentar – muita coisa excelente foi publicada. A quantidade foi tão grande que ainda hoje continuam surgindo publicações novas daquele ano.
Um desses casos é a adaptação para os quadrinhos de um dos mais emblemáticos textos do romantismo brasileiro, o excelente Noite na taverna, de Álvares de Azevedo (1831-1852). Trata-se de um dos mais bem acabados exemplos daquilo que o quadrinho brasileiro tem de melhor para oferecer.
Apesar da sofisticação gráfica e dos estilos pós-modernos de ilustração que caracterizam as recentes publicações da HQB, Noite na taverna se destaca por ser um trabalho tradicional, em preto e branco e no estilo realista dos quadrinho de horror dos anos 1960 e 1970. Toda a qualidade plástica emana exclusivamente do talento dos artistas envolvidos na produção, sem truques de maquiagem.
Tal como no romance de Azevedo, o álbum é formado por vários episódios independentes, cada um deles ilustrado por uma fera dos quadrinhos brasileiros: Franco de Rosa, Rubens Cordeiro, Arthur Garcia, Sebastião Seabra e Walmir Amaral. Os episódios são amarrados por um arco de fundo ilustrado pelo mestre Rodolfo Zalla, um especialista em histórias sombrias. O roteiro é assinado por Reinaldo Seriacopi e a capa traz uma ilustração do artista mineiro Mozart Couto.
O trabalho levou três anos para ficar pronto e é obviamente dirigido ao mercado didático, mas merecia estar em todas as gibiterias. Apelo comercial é o que não lhe falta.
Noite na taverna é uma publicação da Editora Ática, tem 96 páginas e custa R$28,50.

domingo, 22 de abril de 2012

TerrorZine 26

Ademir Pascale e Elenir Alves retomaram o embalo e lançaram mais uma nova edição de TerrorZine, desta vez com contos curtos sobre discos voadores, um dos temas mais característicos da ficção fantástica brasileira. A produção das capas ficou mais elaborada, com ilustrações que acrescentam personalidade à publicação. A desta edição é assinada por Evandro Guerra.
Os autores publicados são Christian David, Daniel Borba, Daniel Lima, Danny Marks, Estevan Lutz, Gian Danton, Leonardo Brum, Marcelo Bighetti, Maria Helena Bandeira, Mariana Albuquerque, Márson Alquati, Mauricio Montenegro, Miriam Santiago, Octavio Aragão, Renato A. Azevedo, Renato Alves, Ronaldo Luiz Souza, Thiago Luiz Ticchetti e Waldick Garrett. A edição é completada com recomendações de leitura no tema.
TerrorZine 26 tem 28 páginas e está disponível para download gratuito, aqui.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Ralph McQuarrie (1929-2012)

Enquanto pesquisava os obituários da FC&F para o Anuário 2011, esbarrei a notícia triste do passamento do talentosíssimo ilustrador americano Raph McQuarrie, o idealizador da linguagem visual da saga espacial Star Wars, de George Lucas, que teve grande influências obre mim.
McQuarrie trabalhou intensamente na trilogia original e foi responsável pela criação de alguns dos mais icônicos personagens da história do cinema, como Darth Vader, R2D2, C3P0 e Chewbacca, além da concepção da maior parte das naves e veículos vistos nos filmes.
Ralph Angus McQuarrie nasceu em 13 de junho de 1929, em Gary, no estado norte-americano de Indiana. Motivado por seu avô e sua mãe, estudou desenho e pintura durante o colégio e trabalhou para a Kaiser Grafics nos anos 1950. Prestou serviço militar durante a guerra da Coréia, trabalhou como desenhista na indústria de aviação Boing e, em 1965, mudou-se para a Califórnia, onde passou a fazer ilustrações para cartazes de cinema. Seu trabalho tornou-se conhecido nos EUA nos anos 1970 por conta das lindas concepções artísticas que ele produziu para as missões lunares Apolo, da Nasa.
Já era um ilustrador prestigiado quando foi chamado por Lucas em 1975, para desenvolver a concepção de cenas de Star Wars, O Império contra-ataca e O retorno de Jedi. O artista também trabalhou na pré-produção de E.T., Jurassic Park e Cocoon, filme pelo qual recebeu um Oscar de efeitos visuais.
Entre as publicações mais desejadas pelos colecionadores estão os lindos portfólios da saga Star Wars publicados pela Ballantine Books, com pôsteres enormes reproduzindo as pinturas de concepção por ele criadas.
McQuarrie faleceu em Berkeley, na Califórnia, no dia 3 de março de 2012, aos 82 anos, em decorrência de complicações do Mal de Parkinson.

Trilogia Nikopol

A editora Nemo que, desde 2011, tem distribuído alguns dos mais elegantes álbuns de quadrinhos no Brasil, recupera agora para os leitores brasileiros A trilogia Nikopol, obra prima do quadrinhista sérvio Enki Bilal.
O volume reúne a saga completa com A feira dos imortais (La foire aux immortels, 1980), A mulher armadilha (La femme piège, 1986) e a até agora inédita no Brasil, Frio Equador (Froid Équateur, 1992). As duas primeiras partes foram anteriormente vistas no final dos anos 1980 pela editora Martins Fontes, sob os títulos Os imortais e A mulher enigma.
A história mostra uma Europa futurista formada por uma decadente sociedade de pós-humanos e alienígenas, dominada por um governo fascista e corrupto. No céu de Paris, uma pirâmide que é a astronave de alienígenas imortais que já foram tidos como deuses no antigo Egito. Apesar de poderosos, esses seres com corpos de homens e cabeças de animais, precisam da colaboração do governo humano para reabastecer o seu veículo estelar. Enquanto isso, uma antiga cápsula espacial que estava em órbita da Terra há décadas, cai no subúrbio da cidade. Dentro dela está o corpo congelado de Alcide Nikopol, condenado a trinta anos de exílio por desafiar o governo. O corpo é capturado por um dos alienígenas, o sociopata Horus, que tem um plano para mudar as coisas na estagnada hierarquia alienígena. As ações de Horus e Nikopol desencadeiam uma crise que vai revolucionar a situação política da Europa, não necessariamente para melhor.
Bilal desenvolveu o trabalho também para o cinema, dirigindo a adaptação da história de Nikopol no longa metragem Imortal [Immortel (ad vitam), 2004], um cult entre os fãs. E em 2008, a saga também chegou aos videogames com Nikopol: Secrets of the immortals, com roteiro do próprio Bilal, baseado no filme.
A trilogia Nikopol tem 184 páginas totalmente em cores, capas duras e custa R$69,00.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Juvenatrix 134

Está circulando a edição 134 do Juvenatrix, o mais antigo fanzine de FC&F em publicação no Brasil. Em suas 31 páginas, o zine traz contos de Miguel Carqueija, Ronald Rahal, Rynaldo Papoy, Rita Maria Felix da Silva e Dalila Rocha Sousa, e resenhas dos filmes Tropas Estelares (1997), Degraus Para o Passado (1976), Carrasco de Pedra (1967).
A edição é complementada por divulgação das bandas de rock extremo Inquisition (Colômbia/EUA), Sodom (Alemanha), Aborted (Bélgica) e Marduk (Suécia), além de notícias sobre a cena cultural alternativa. A capa é ilustrada por Rafael Tavares.
Para obter uma cópia, em formato pdf, é preciso solicitar ao editor, Renato Rosatti, pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.

sábado, 7 de abril de 2012

Brasil do Bem

Está circulando o livro Brasil do Bem: A Arte da Caricatura Mostrando a Cara da Nação que Faz!, recém-lançada antologia de caricaturas publicada pela Editora Virgo, consequência gráfica de uma exposição homônima realizada no final de 2009, na cidade de São Caetano do Sul/SP.
O livro reúne 27 artistas e cada um deles mostra três caricaturas de personalidades brasileiras, incluindo breve biografia, detalhes das técnicas utilizadas e os motivos para a escolha dos caricaturados.
Os caricaturistas publicados são: Emerson Ferrandini, Alecrim, Renato Stegun, Sandro Melo, Ezê, Rice Araújo, Ricardo Soares, Eder Santos, Fernandes, Humberto Pessoa, Laudo Ferreira Jr., Seri, J.Bosco, Xavi, Hals, Bira Dantas, Jean Pires, DaCosta, Spacca, Gil de Godoy, Siqueira, Antonio Carlos Pires, Zitto, William Medeiros, Mastrotti, Ulisses e Fred. O prefácio é assinado pelo caricaturista Gonzalo Cárcamo e Rice finalizou a capa.
A antologia teve edição cooperada, ou seja, foi financiada pelos próprios artistas, como geralmente são os livros da Virgo, selo que pertence ao ativo cartunista sulcaetanense Mario Mastrotti.
Brasil do Bempode ser adquirido na Livraria HQMix, Rua Tinhorão, 124, São Paulo ou diretamente com os artistas publicados.

Bang! Bang!

Isso é que é uma surpresa agradável.
Estão disponíveis, em download gratuito, duas novas edições da excelente revista digital portuguesa Bang!, publicada pela editora Saída de Emergência.
Esta é a melhor revista periódica de ficção fantástica publicado em língua portuguesa e merece ser lida com toda a satisfação. E nem é preciso fazer força para curtir. Ela publica artigos, resenhas, ensaios e críticas sobre literatura, quadrinhos e cinema fantásticos, e está bem atualizada, uma vez que o mercado lusitano é muito mais bem fornido que o brasileiro.
Além disso, publica ficção, tanto de autores lusófonos quanto de estrangeiros. Na edição 10 (41 páginas), há contos de João Barreiros, Matt Ruff, Philip K. Dick e Kurt Vonnegut; enquanto na edição 11 (45 páginas) encontramos Kelly Link, Luiz Corte Real, Pedro Vicente Pedroso e Cordwainer Smith.
E para quem é fã da saga de fantasia A guerra dos tronos, de George R. R Martin, Bang! dedica amplo espaço, nas duas edições.
Já estou babando nas minhas.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Bombardeiros nas bancas

Como se já não estivesse complicado acompanhar as coleções de fascículos que estão em curso nas bancas, a Editora Planeta De Agostini lançou mais uma de fazer brilhar os olhos de qualquer fã da História e da tecnologia. Trata-se da coleção Bombardeiros das Segunda Guerra Mundial, série em fascículos sobre as maiores fortalezas voadoras já vistas em ação, de todas as procedências e estilos.
Serão 70 edições quinzenais, cada uma com um caderno de informações sobre um avião, acompanhado de uma miniatura em metal e plástico em escala 1:144, bem detalhada, pintada e com expositor.
A primeira edição trouxe o conhecido bombardeiro americano Boing B-17G Flying Fortress, e a segunda o britânico Avro Lancaster B III, ambos com preços promocionais. A terceira edição acaba de chegar às bancas, trazendo o gigante alemão Blohm & Voss BV 222 V-2, de seis motores, agora já no preço regular da coleção. As três edições ainda podem ser encontradas nas bancas.
Para os que preferirem fazer uma assinatura, a editora promete entregar dois modelos exclusivos: o helicóptero Apache e o bombardeiro Arado, que não fazem parte da edição regular.
Maiores informações sobre a obra, com fotos e conteúdos exclusivos, podem ser obtidas no saite da coleção, aqui.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Resenha: O paraíso de Zahra

Publicado em 2011 pela Editora Leya em seu selo de quadrinhos Barba Negra, O paraíso de Zahra, de Amir e Khalil, é um drama político que se insere no mesmo segmento de algumas obras primas da arte sequencial, como Persépolis de Marjane Satrapi, Maus, de Art Spiegelman, Palestina, de Joe Sacco, e Gen: Pés Descalços, de Keiji Nakazawa.
Trata-se de uma história de ficção, mas que se insere num fato verídico, angustiante e assustador, muito familiar aos brasileiros: as manifestações populares que ocorreram em Teerã logo após as suspeitas eleições que elegeram Mahmoud Ahmadinejad presidente do Irã. Fortemente reprimidas pela polícia política iraniana, muitos jovens iranianos foram presos, torturados e mortos nos porões do regime teocrático dos aiatolás.
Há quem goste de usar a situação como argumento anti-religioso, mas o fato é que tudo o que aconteceu e ainda acontece no Irã nada mais é que a nossa muito conhecida ganância humana. É apenas uma questão de poder e dinheiro, como se pode ver no angustiante relado sobre Zahra Alavi, que busca por seu jovem filho Mehdi depois que ele desaparece durante a maior das manifestações acontecidas em Teerã, que reuniu mais de três milhões de pessoas. A história é contada por seu irmão Hassan que, através de um blogue, tenta denunciar ao mundo as arbitrariedades do regime de seu país. A propósito, O paraíso de Zahra foi primeiramente publicado na internet, traduzido para doze línguas e lido por milhões de pessoas no mundo inteiro.
Um trecho curioso é quando um mecânico elogia uma chave de fenda fabricada na Turquia, a que Hassan comenta: "O Irã não consegue nem fazer uma chave de fenda que preste, e o mundo tem medo do programa nuclear iraniano?"
Além do explosivo conteúdo político, O Paraíso de Zahra é uma maravilhosa peça de arte. As ilustrações de Khalil são elegantes e mostram em detalhes as ruas de Teerã e o modo de vida de seu povo.
O livro ainda traz apêndices valiosos, entre os quais um glossário de termos e nomes árabes, muito útil para entender os conceitos políticos, históricos e culturais citados na história, um posfácio sobre as origens da obra, um relato sobre as eleições presidenciais iranianas em 2009, artigos sobre a morte de Neda Agha Soltan – assassinada nas ruas de Teerã pela milícia Basij durante as manifestações de 2009 – e sobre a prisão de Kahrizak, e o "Omid", relação de treze páginas com nomes de milhares de vítimas do governo revolucionário iraniano.
Se metade do que diz O paraíso de Zahra for verdade, o presidente do Irã é um sociopata perigoso do mesmo nível de Pinochet. E eu não tenho dúvida que é verdade.
O paraíso de Zahra tem 272 páginas e é leitura obrigatória para quem quer saber sobre a questão sócio-política iraniana recente.