quarta-feira, 23 de maio de 2012

Terror colonial

Um dos grandes tabus da ficção fantástica brasileira é justamente a ambientação no Brasil, especialmente a regionalista. Há quem o faça, mas geralmente são autores diletantes na ficção folclórica, como Simone Saueressig, ou mais ligados ao mainstream, como José J. Veiga. Contudo, a maior parte da literatura fantástica brasileira é produzida por autores que têm mais que uma real dificuldade com esse cenário: trata-se de preconceito mesmo. O que é lamentável, pois histórias regionalistas costumam ter um sabor especial, personalidade forte e muito apelo, principalmente junto aquele leitor que não se encontra dentro dos muros do fandom.
Por isso, é oportuno registrar os trabalho desse tipo, como é o caso de Danação, romance de estreia do brasiliense Marcus Achiles, recentemente republicado pela Editora Baraúna (o romance foi originalmente publicado em 2008, pela Editora Ícone).
Diz o relise: "Danação vai transportar o leitor até o Brasil Colonial, especificamente a vila de Taubaté, em 1734, onde seus moradores enfrentavam uma ameaça implacável e desconhecida. Uma criatura que percorria as matas nas madrugadas de sexta-feira, deixando em seu caminho corpos queimados e levando colonos à guerra contra as aldeias indígenas próximas. Para os crentes, aquele pedaço de terra e suas três mil almas era uma nova Sodoma, condenada a ser devorada pelas chamas. É nesse pandemônio de fanatismo e fúria que chega a Taubaté Diogo Durão de Meneses. Um senhor de engenho que fez um pacto com o demônio para salvar a família da ruína e é destinado a enfrentar um ser que seria imortalizado no imaginário de um povo."
O plot é empolgante e investe numa barafunda de monstros do folclore brasileiro. Vale uma conferida.
O romance também está disponível em formato virtual, aqui.

2 comentários:

  1. Segue abaixo, trecho de uma mensagem que recebi de Marcus Achiles, a respeito deste post. As retificações que o autor faz são de todo procedentes e só fazem melhorar ainda mais minhas impressões iniciais a respeito do trabalho. Parabéns ao autor pela iniciativa.

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  2. Antes de mais nada, obrigado pelo post sobre meu livro Danação. Com certeza você tem uma boa ideia da dificuldade em lançar romances fantásticos no Brasil, principalmente os ambientados aqui, como é o caso do Danação. Mas queria fazer uma observação.
    Pela impressão que tive você imagina que o livro traz dragões, vampiros e fadas. Estou certo? Se esse for o caso, vai aqui um reparo. A proposta de Danação é justamente a oposta. Acho que pode não ter ficado claro no material de divulgação que a Baraúna mandou, e o release que você recebeu provavelmente não tinha ainda link para o blog. Dê uma olhada no http://folclorefantastico.blogspot.com.br/ e confira.
    Os motes do romance são "Dragões, vampiros, fadas... que tal um pouco de folclore brasileiro?" e "Fantasia à brasileira é possível?"
    Essa é minha tese: uma mula-sem-cabeça, um boitatá, o capelobo, enfim, qualquer das nossas criaturas, não fica nada a dever a ser mitológico algum, de qualquer cultura, de qualquer época.
    Mais uma vez, valeu pelo apoio.
    Qquer coisa, estou à disposição
    Abraços
    Marcus Achiles

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