quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Letras de inverno - Companhia das Letras

Já entramos na primavera, mas vale a pena registrar aqui o que a editora Companhia das Letras e seus múltiplos selos ofereceram aos leitores de ficção fantástica ao longo do inverno de 2016. Por motivos práticos, dividirei este relatório em vários posts, classificados por selo editorial, para mostrar que não é um fenômeno localizado e sim uma proposta sólida da editora.
Pelo seu próprio selo, a Companhia da Letras seleciona obras que atendem as público mais sofisticado, com obras de autores consagrados e bem avaliados pela crítica. Destaco aqui quatro títulos. O primeiro é Atlas de nuvens, romance do escritor britânico David Mitchell, que impactou o público ao ser levado ao cinema em 2013 no longa A viagem. Diz o texto de divulgação: "David Mitchell combina o gosto pela aventura, o amor pelo quebra-cabeça nabokoviano e o talento para a especulação filosófica e científica na linha de Umberto Eco, Haruki Murakami e Philip K. Dick.
Conduzindo o leitor por seis histórias que se conectam no tempo e no espaço — do século XIX no Pacífico ao futuro pós‑apocalíptico e tribal no Havaí —, Mitchell criou um jogo de bonecas russas que explora com maestria questões fundamentais de realidade e identidade.
O segundo título é o inusitado Enclausurado, do também britânico Ian McEwan, autor premiado e prestigiado, que apresenta aqui um romance de mistério que avança no fantástico, ao colocar como narrador um feto: " Enclausurado na barriga da mãe, ele escuta os planos da progenitora para, em conluio com seu amante — que é também tio do bebê —, assassinar o marido.
Apesar do eco evidente nas tragédias de Shakespeare, este livro de McEwan é uma joia do humor e da narrativa fantástica."
A literatura nacional também tem vez no catálogo da Companhia da Letras, que relançou mais um volume do mestre do fantástico brasileiro, José J. Veiga, a coletânea De jogos e festas, "livro vencedor do prêmio Jabuti em 1981, mostra que o extraordinário está nas pequenas coisas.
Com olhar aguçado e sensibilidade para trazer os paradoxos do cotidiano, o autor apresenta três histórias que fogem do banal e trabalham — com humor e inteligência — os efeitos daquilo que nos parece completamente inesperado."
O paulistano Pedro Cesarino é o autor de Rio acima, romance de mistério e horror passado entre os nativos da Amazônia, que vem se somar a muitos outros textos de fc&f nacional que tem nesse ambiente uma tradição bem estabelecida. "Um antropólogo desembarca na Amazônia para estudar os mitos de um povo indígena e a misteriosa história do 'apanhador de pássaros'. Aos poucos, o pesquisador vai se aproximando da descoberta — mas ela pode ter consequências desastrosas." A editora localiza a obra de Cesarino como "um misto de Nove noites, de Bernardo Carvalho, e Coração das trevas, de Joseph Conrad".

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