segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Caravela de O Tico-Tico, 1937

Um dos meus assuntos de interesse, como é possível perceber já no primeiro número do fanzine Hiperespaço publicado no longínquo ano de 1983, são os modelos de armar em papel. A internet hoje supre os modelistas em papel com vantagens, oferecendo praticamente tudo o que se pode esperar do hobby. Mas há poucos pesquisadores dedicados a recuperar os tesouros históricos da arte que repousam esquecidos diante dos milhares de projetos modernos em centenas de saites, blogues e plataformas pela rede mundial de computadores. Contudo, mesmo os mais detalhados projetos contemporâneos não têm a magia e romantismo dos modelos antigos. Ainda guardo boas lembranças dos modelos da revista Recreio, dos anos 1970, hoje absolutamente inacessíveis porque as revistas não foram preservadas, puma vez que os leitores as picotavam para montar os brinquedos (meus exemplares foram todos destruídos pela sanha montadora). Mas, muito antes da Recreio, foi o periódico O Tico-Tico que divulgou essa categoria de entretenimento por aqui. 
O Tico-Tico foi um suplemento de jornal dedicado aos leitores jovens, publicado semenalmente entre 1905 e 1961, que trazia conteúdo de teor educativo ricamente ilustrado, além de muitos quadrinhos e, é claro, modelos de armar. As páginas centrais das edições das últimas semanas de cada ano eram dedicadas a publicar detalhados presépios para armar mas, ao longo do ano, também apareciam modelos de outras categorias e, dentre eles, consegui resgatar esta bela (e enorme) caravela, publicada ao longo de dezesseis semanas do ano de 1937. 
A história desse material é bacana: há mais ou menos trinta anos, fui procurado pela Biblioteca Pública Nair Lacerda, da cidade de Santo André, no ABC paulista, que me ofereceu um lote de materiais antigos, entre jornais e revistas, que não eram possíveis de serem tombados pela instituição. Entre volumes em alemão de Perry Rhodan e Coyote, jazia uma coleção de mais de quatrocentos números de O Tico-Tico, dos anos 1930 e 1940.  Foi nesse material, que ainda estou pesquisando, que encontrei, entre outros modelos, esta bela caravela perfeitamente preservada (infelizmente, nenhum dos presépios sobreviveu).
Cada uma as dezesseis edições do suplemento tem as páginas centrais ocupadas por uma prancha do modelo no tamanho de uma folha de jornal. Escaneei cada uma e compartilho o modelo completo aqui, num arquivo pdf, com as imagens exatamente como estão, sem qualquer restauração. Contudo, elas foram reduzidas proporcionalmente em trinta por cento para permitir a impressão em folhas A4. Ainda assim, continua a ser um modelo grande. Não havia instruções de montagem, apenas observações pontuais espalhadas pelas pranchas e a ilustração do modelo pronto, como referência. Um quebra-cabeças legítimo, portanto.
Ainda não montei a minha caravela, mas um dia chego lá. Quem montar, por gentileza, me envie uma foto do modelo montado, pois estou muito curioso pelo resultado. 
Divirtam-se!

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