Coletivos são revistas que apresentam uma seleção de séries que seguem simultaneamente a cada edição. Em alguns mercados, no Japão por exemplo, esse tipo de estrutura é a base do mercado de quadrinhos, e é nos coletivos que emergem os novos sucessos e talentos. No Brasil não faltaram tentativas, tanto de autores brasileiros quanto de estrangeiros, contudo, o formato nunca foi muito bem. Os coletivos, sofrendo de problemas com distribuição e periodicidade, acabavam cancelados algumas edições depois. Mas pode ser que as coisas estejam mudando.
Desde que a Panini lançou o coletivo Vertigo, em 2009, o formato ganhou respeitabilidade, muito devido ao trabalho editorial que selecionou bons títulos da linha Vertigo da DC Comics. A revista continua sendo publicada regularmente e muitos títulos nela publicados já ganharam edições próprias. De olho nesse mercado, outras editoras estão investindo no mesmo formato.
A editora Mythos, que tem bom espaço nas bancas com as edições italianas da Bonelli (Tex e seus assemelhados), lançou em junho último Juiz Dredd Megazine, baseado no tradicional coletivo britânico 2000 A.D. que, nos anos 1970, conheceu uma versão no País pela Ebal, que só teve 6 edições. Aproveitando o lançamento de um novo filme nos cinemas com o conhecido Juiz Dredd, a revista foca o personagem dando-lhe o nome ao coletivo e destaque às suas histórias, mas a revista tem muito mais a oferecer, como as fantasias históricas "Slaine" e "Áquila", e as ficções científicas "Nikolai Dante" e "Área cinzenta", além de algumas histórias avulsas, todas de qualidade excelente. A maior parte da revista é colorida, e as cores realmente valorizam a arte dos ótimos desenhistas britânicos, mas também há histórias em preto e branco. Juiz Dredd Megazine tem 68 páginas em papel brilhante, e o seu segundo número já está nas bancas, ao preço de R$10,90.
Outro coletivo a debutar nas últimas semanas é X-O Manowar, publicado no Brasil pela editora HQM, com personagens licenciados da editora americana Valiant. O primeiro número vem com 100 páginas totalmente coloridas e três histórias. As duas primeiras são da série que dá nome à revista, uma ficção científica ao estilo space opera. "Harbinger", série de fantasia paranormal, complementa a edição. O editorial explica que tratam-se de reformulações de séries antigas do selo americano, que passou por muitos percalços ao longo de sua carreira editorial. As últimas páginas da revista são ocupadas por pinups, que foram capas das edições originais.
Talvez o mercado esteja mais receptivo a esse modelo editorial e, em se dependendo da qualidade dos trabalhos oferecidos, é possível que essas iniciativas tenham um bom futuro. Mas só o tempo dirá. Portanto, aproveite enquanto pode.
Acho, na verdade, que a maioria das revistas de quadrinhos lançadas nas bancas do país são coletivos. Desde a Turma da Mônica, passando por Disney e chegando às HQs de super-heróis, todas são histórias de vários personagens ou títulos organizados em uma única revista. Só os mangás praticamente não são coletivos. Apesar de recentemente a Abril ter lançado o Gen, com histórias alternativas.
ResponderExcluirSua opinião faz sentido, Lucas. Mas os gibis de superheróis em geral, assim como os da Disney e da Turma da Mônica, pressupõem um mesmo universo coerente e intercomplementar. Nos coletivos citados, cada história tem seu próprio contexto, que nada tem a ver com o das demais. A Bonelli, por exemplo não gosta de coletivos com seus personagens porque eles geralmente não vendem bem. A Mythos fez algumas tentativas, mas nunca foi adiante.
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