segunda-feira, 23 de maio de 2011

Alain Voss (1946-2011)

Mais um dos grandes nomes da HQB se vai. Depois da maior parte dos nossos veteranos ter subido para o andar de cima, é a vez da geração de artistas surgidos nos anos 1970 começar a dependurar os pincéis.
Ao lado de Sérgio Macedo e Leo, Voss era um dos brasileiros mais bem sucedidos no mercado internacional de quadrinhos, tendo seu trabalho ombreado pela crítica a nomes como como Robert Crumb, Paulo Caruso, e Angeli.
Nascido em 1946, na França, veio ainda criança para o Brasil. Nos anos 1960, já estava trabalhando como ilustrador e chegou a desenhar capas para discos de Os Mutantes, de Rita Lee, Sérgio e Arnaldo Batista.

Em 1972, Voss retornou a seu país natal e começou a publicar quadrinhos na importante Metal Hurlant, revista de grande prestígio que mudou o estado da arte das HQs no mundo. Ali, Voss publicou uma série de trabalhos de traço expressivo e sensual, como Heilman, Kar War, Tobiaze, Parodies, Lokyia, Zodiaque e Adrénaline, HQ de FC que lhe valeu o Grand Prix do Festival d'Aix-en-Provence.

Voltou ao Brasil em 1981 e se envolveu com o quadrinho nacional, publicando em revistas alternativas de pouca repercussão, como Monga e Inter Quadrinhos. É dessa época seu trabalho de ilustração para o livro de FC Silicone XXI, de Alfredo Sirkis, publicado pelo Círculo do Livro em 1985. Contudo, da mesma forma com que quase todos os artistas nacionais, Voss não foi valorizado nem pelos editores, nem pelos leitores brasileiros. Praticamente nenhum de seus álbuns foi traduzido e seus poucos trabalhos publicados aqui, como O Careca e O Loco, não são conhecidos. Mesmo assim, recebeu um prêmio HQ Mix em 1988.

Com problemas de saúde advindos de um AVC sofrido em 2008, Voss mudou-se em 2010 para Lisboa, onde realizava trabalhos para publicidade. Sua saúde sofreu uma piora súbita e, internado num hospital público, o talentoso ilustrador deu adeus a vida no dia 13 de maio, às 18 horas, aos 65 anos de idade.
É triste ver talentos verdadeiros como Voss esquecidos aqui enquanto tranqueiras abissais como A Turma da Monica Jovem são tão badalados.
De Gaulle tinha toda a razão: este não é um país sério.
Bon voyage, Alain!

Um comentário:

  1. Excelente matéria Cesar.
    Me interessei tanto em desenhar quadrinhos por causa do Voss e do Moebius.
    Duas grandes perdas num espaço de tempo tão curto...

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