Um dos mais queridos cartunistas brasileiros, Renato Vinícius Canini nasceu em 22 de fevereiro de 1936, na cidade de Paraí, no Rio Grande do Sul. Desde jovem, interessou-se pela arte do traço e, aos 21 anos, já trabalhava como ilustrador na revista infantil Cacique, publicada pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado. Ainda nos anos 1960, participou ativamente da lendária CETPA - Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre, iniciativa que tinha como meta a nacionalização do quadrinho brasileiro e contou com o apoio do então Governador Leonel Brizola. Com roteiros de José Geraldo Barreto, Canini desenhava Zé Candango, um cangaceiro que lutava contras os super heróis estrangeiros.
Canini mudou-se para São Paulo em 1967, para trabalhar na revista infantil Bem-Te-Vi, publicada pela Igreja Metodista. Dois anos depois foi contratado pelo estúdio de quadrinhos da Editora Abril, para ilustrar a revista Recreio.
Logo passou a trabalhar com Zé Carioca, personagem popular criado em 1942 por Walt Disney. Aproveitando-se do controle frouxo que a Disney então mantinha sobre os quadrinhos de sua franquia feitos no País, Canini incorporou diversos aspectos da Cidade Maravilhosa às histórias, bem como trejeitos brasileiros ao personagem. Foram cerca de 135 histórias, produzidas entre 1971 e 1977, amplamente apreciadas pelos leitores brasileiros. Mas esse grande sucesso acabou atraindo a atenção da matriz americana, que desaprovou o trabalho, considerando-o demasiado distante do seu padrão original. Por muito tempo, o trabalho de Canini em Zé Carioca ficou proibido de ser republicado, situação que só mudou em 2005, quando a própria Editora Abril homenageou o artista com um volume da coleção Mestres Disney, equiparando-o assim aos ilustradores Don Rosa, Cavazzano, Gottfredson e Romano Scarpa, vistos nos outros volumes dessa coleção.
Em 1974, Canini criou para a revista Crás a sátira de faroeste "Koka Kid", rebatizada depois pelo editor como Kactus Kid. Inspirado na fisionomia de Kirk Douglas, Kactus Kid era um agente funerário que, quando necessário, transforma-se num pistoleiro elegante e boa-pinta, não sem alguma dificuldade, uma vez que tinha que passar pela picada dolorosa de uma agulha para fazer o indefectível furinho no queixo.
Outra criação importante de Canini é o psicólogo Dr. Fraud que, nos anos 1970, chegou a aparecer em várias edições da revista Patota, da Editora Artenova, e publicado em álbum em 1991 pela editora Sagra-DC Luzatto, sempre envolvido com problemas psicológicos dos mais famosos personagens dos quadrinhos.
Em 1978, criou o indiozinho Tibica para participar de projeto de tiras da Editora Abril, que não foi adiante. O personagem seria enfim publicado em 2010 no álbum Tibica: O defensor da ecologia, pela Editora Formato.
Canini também teve trabalhos publicados nos jornais Correio do Povo, Diário de Notícias, O Pasquim e nas revistas Mad e Pancada, entre outras publicações.
Também são seus os livros infantis Cadê a graça que tava aqui? (1983, Mercado Aberto), Um redondo pode ser quadrado? (2007, Formato) e O cigarro e o formigo (2010, Formato). Em 2012, publicou seu último trabalho, o álbum Pago pra ver (IEL/CORAG), reunindo 250 ilustrações sobre o Rio Grande do Sul e os pampas, realizadas ao longo dos últimos trinta anos.
Casado com a também desenhista Maria de Lourdes, Canini sofreu um mal súbito decorrente de um problema cardíaco e veio a falecer no dia 30 de outubro de 2013, aos 77 anos, sendo sepultado no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, em Pelotas, onde morava.
Entre as muitas homenagens que recebeu ainda em vida, Canini foi agraciado em 2003 com o título de "Grande Mestre" pelo Prêmio HQMix.
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