A editora Companhia das Letras fechou 2016 com os lançamentos de novembro que, desta vez, trouxeram pouco na área do ficção fantástica.
O lançamento mais importante foi Jantar secreto, do escritor carioca Raphael Montes que, tal como em seu livro anterior, O vilarejo (2015) investe no terror ao estilo decadentista. Diz o texto de divulgação: "Um grupo de jovens deixa uma pequena cidade no Paraná para viver no Rio de Janeiro. Eles alugam um apartamento em Copacabana e fazem o possível para pagar a faculdade e manter vivos seus sonhos de sucesso na capital fluminense. Mas o dinheiro está curto e o aluguel está vencido.
Para sair do buraco e manter o apartamento, os amigos adotam uma estratégia heterodoxa: arrecadar fundos por meio de jantares secretos, divulgados pela internet para uma clientela exclusiva da elite carioca. A partir daí, eles se envolvem em uma espiral de crimes, descobrem uma rede de contrabando de corpos, matadouros clandestinos e grã-finos excêntricos, e levam ao limite uma índole perversa que jamais imaginaram existir em cada um deles".
Para a criançada, mas que todos gostam de ler, o selo Companhia das Letrinhas apresentou dois títulos interessantes. O lagarto é um conto de fadas de José Saramago, importante autor português ganhador do Nobel em 1988. O volume é ilustrado pelo cordelista e xilogravador J. Borges, e conta "a história deste lagarto gigante que surgiu de repente no meio da rua, espalhou o caos entre os moradores da cidade".
Saci: A origem é um conto do israelense radicado no Brasil Ilan Brenman, que aborda o conhecido mito nacional: "Todo mundo já ouviu falar do menino de uma perna só, que anda por aí com seu gorro vermelho e um cachimbo pregando peças em todos. Mas como foi que o Saci Pererê surgiu? E como foi que ele perdeu a perna e aprendeu a se locomover usando um redemoinho?" As ilustrações são do espanhol Guridi.
Muito mais nos espera em 2017. Feliz ano novo!
sábado, 31 de dezembro de 2016
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
QI 142
Está circulando o número 142 do fanzine Quadrinhos Independentes-QI, editado por Edgard Guimarães, dedicado ao estudo dos quadrinhos, destacando a produção independente e os fanzines brasileiros.
A edição tem 36 páginas e traz artigo do editor sobre o personagem nacional Hydroman, criado em 1965 por Gedeone Malagola e Momoki Akimoto, sequência do depoimento de José Ruy sobre o periódico português Tintin, mais artigos de E. Figueiredo e Lio Guerra Bocorny, quadrinhos de Chagas Lima, Carlos Rico, Assis Lima, Luiz Cláudio Lopes Faria e do editor. Completam a edição as colunas "Mistérios do colecionismo", "Mantendo contato", "Fórum" e "Edições independentes" divulgando os lançamentos de fanzines do bimestre. A capa tem uma ilustração do editor.
Junto à edição, os assinantes receberam Artigos sobre Histórias em Quadrinhos 4: Buffalo Bill, Os grandes mitos do Oeste, fascículo de 12 páginas, de autoria do colecionador português Carlos Gonçalves, com muitas imagens antológicas.
O QI é distribuído exclusivamente por assinaturas, mas sua versão digital poderá em breve ser encontrada, para download gratuito, no saite da editora Marca de Fantasia, aqui, com a vantagem das imagens em cores. Algumas edições anteriores também estão disponíveis, assim como os fascículos nelas encartados. Mais informações com o editor pelo email edgard@ita.br.
A edição tem 36 páginas e traz artigo do editor sobre o personagem nacional Hydroman, criado em 1965 por Gedeone Malagola e Momoki Akimoto, sequência do depoimento de José Ruy sobre o periódico português Tintin, mais artigos de E. Figueiredo e Lio Guerra Bocorny, quadrinhos de Chagas Lima, Carlos Rico, Assis Lima, Luiz Cláudio Lopes Faria e do editor. Completam a edição as colunas "Mistérios do colecionismo", "Mantendo contato", "Fórum" e "Edições independentes" divulgando os lançamentos de fanzines do bimestre. A capa tem uma ilustração do editor.
Junto à edição, os assinantes receberam Artigos sobre Histórias em Quadrinhos 4: Buffalo Bill, Os grandes mitos do Oeste, fascículo de 12 páginas, de autoria do colecionador português Carlos Gonçalves, com muitas imagens antológicas.
O QI é distribuído exclusivamente por assinaturas, mas sua versão digital poderá em breve ser encontrada, para download gratuito, no saite da editora Marca de Fantasia, aqui, com a vantagem das imagens em cores. Algumas edições anteriores também estão disponíveis, assim como os fascículos nelas encartados. Mais informações com o editor pelo email edgard@ita.br.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
Pau e pedra
Pau e pedra (Sticks and stones), Peter Kuper. 132 páginas. Quadrinhos na Cia, Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2016.
Quadrinho é literatura? Eis a questão. Muita gente concorda que as histórias em quadrinhos são literatura tão sofisticada quanto os livros exclusivamente em texto. Outros defendem que comparar os quadrinhos à literatura é um reducionismo, que tira dos quadrinhos seu próprio espaço na medida em que o constrange frente a uma arte que tem muito mais tempo de desenvolvimento.
Entendo que haja aqui um problema de autoestima dos autores de quadrinhos que, no Brasil, têm muito menores oportunidades de se fazer visíveis, sem falar na luta contra o preconceito que ainda grassa no mainstream. Contudo, em outros mercados, essa síndrome de vira-latas não procede, pois autores de quadrinhos têm, muitos deles, mais visibilidade e fama que muitos escritores tradicionais.
No campo da ficção científica, esse divergência é ainda mais notável. No Brasil, onde o gênero ainda engatinha em busca de personalidade, são raros os quadrinhos que ombreiam a literatura, que, por sua vez, também não é muita. Mas no exterior, esse contorno também não procede. Obras como O eternauta, de Oesterheld e Solano Lopez, Akira, de Katsuhiro Otomo, e Nausicaa do Vale dos Ventos, de Hayao Miyazaki, são usualmente considerados como expoentes da literatura de ficção científica mundial. A estes certamente podemos acrescentar Pau e pedra, de Peter Kuper, uma narrativa que dá um novo conceito ao termo "romance gráfico": a história é contada exclusivamente através de desenhos, sem nenhum texto.
Esse estilo de narrativa, conhecido no Brasil como quadrinho mudo, não é novidade. Nos jornais, as tiras do Reizinho (The little king, de Otto Soglow, 1931) e Pinduca (Henry, de Carl Anderson, 1932) estão entre as mais conhecidas. Mesmo assim, a ausência do textos é um recurso razoavelmente incomum na arte. Mas o norte americano Peter Kuper tem no quadrinho mudo o seu estado natural. Antes de Pau e pedra, publicado originalmente em 2004, Kuper vem exercitado a narrativa sem palavras desde 1997, quando assumiu Spy vs. Spy, série cômica publicada periodicamente na revista Mad, criação do cartunista cubano Antonio Prohias.
Pau e pedra é uma fábula sobre poder e intolerância, contada de forma sensível, mas não menos chocante. Um bebê de pedra é cuspido da boca de um vulcão. Lentamente, enquanto cresce e amadurece, desenvolve habilidades físicas e intelectuais que permitem que ele domine uma população de pequenos seres de pedra que o ajudam a construir sua cidadela. Mas o gigante também desenvolve um caráter dominador, praticamente escravizando seus súditos, que o idolatram como a um deus. Um dia, conduzido por um de seus exploradores, o tirano de pedra descobre, numa área isolada próxima ao seu castelo, uma comunidade de seres de madeira, que vivem em idílio pastoral. O povo de pedra ataca e escraviza o povo de madeira, para levar para sua cidade aquele novo e confortável material. Com os seres de madeira, também encontram pedras preciosas, que se tornam o grande tesouro do gigante. Contudo, entre o povo de pedra, há aqueles que discordam da forma com que o gigante governa, mas isso acaba por fazer com que todos os dissidentes, de pedra e de madeira, sejam aprisionados numa cela no alto das muralhas. Mas a maldade e a ganância não podem durar para sempre.
Os desenhos de Kuper são simples e esquemáticos, com um ótimo tratamento de claro/escuro. Curioso é a interpretação que Kuper dá a narrativa quanto ao espírito da cena: no estado de paz, os desenhos ganham cores vibrantes, contrastando com o cinzento predominante no restante da história.
A edição da Quadrinhos na Cia é elegante, em papel couchê de alta gramatura, que dá ao volume uma dignidade própria dos livros. Mas o formato incomum, praticamente quadrado, destaca a edição tanto entre o padrão dos livros quanto dos álbuns de quadrinhos em geral.
Pau e pedra foi premiado com a medalha de ouro de 2004, pela Society of Illustrators.
Quadrinho é literatura? Eis a questão. Muita gente concorda que as histórias em quadrinhos são literatura tão sofisticada quanto os livros exclusivamente em texto. Outros defendem que comparar os quadrinhos à literatura é um reducionismo, que tira dos quadrinhos seu próprio espaço na medida em que o constrange frente a uma arte que tem muito mais tempo de desenvolvimento.
Entendo que haja aqui um problema de autoestima dos autores de quadrinhos que, no Brasil, têm muito menores oportunidades de se fazer visíveis, sem falar na luta contra o preconceito que ainda grassa no mainstream. Contudo, em outros mercados, essa síndrome de vira-latas não procede, pois autores de quadrinhos têm, muitos deles, mais visibilidade e fama que muitos escritores tradicionais.
No campo da ficção científica, esse divergência é ainda mais notável. No Brasil, onde o gênero ainda engatinha em busca de personalidade, são raros os quadrinhos que ombreiam a literatura, que, por sua vez, também não é muita. Mas no exterior, esse contorno também não procede. Obras como O eternauta, de Oesterheld e Solano Lopez, Akira, de Katsuhiro Otomo, e Nausicaa do Vale dos Ventos, de Hayao Miyazaki, são usualmente considerados como expoentes da literatura de ficção científica mundial. A estes certamente podemos acrescentar Pau e pedra, de Peter Kuper, uma narrativa que dá um novo conceito ao termo "romance gráfico": a história é contada exclusivamente através de desenhos, sem nenhum texto.
Esse estilo de narrativa, conhecido no Brasil como quadrinho mudo, não é novidade. Nos jornais, as tiras do Reizinho (The little king, de Otto Soglow, 1931) e Pinduca (Henry, de Carl Anderson, 1932) estão entre as mais conhecidas. Mesmo assim, a ausência do textos é um recurso razoavelmente incomum na arte. Mas o norte americano Peter Kuper tem no quadrinho mudo o seu estado natural. Antes de Pau e pedra, publicado originalmente em 2004, Kuper vem exercitado a narrativa sem palavras desde 1997, quando assumiu Spy vs. Spy, série cômica publicada periodicamente na revista Mad, criação do cartunista cubano Antonio Prohias.
Pau e pedra é uma fábula sobre poder e intolerância, contada de forma sensível, mas não menos chocante. Um bebê de pedra é cuspido da boca de um vulcão. Lentamente, enquanto cresce e amadurece, desenvolve habilidades físicas e intelectuais que permitem que ele domine uma população de pequenos seres de pedra que o ajudam a construir sua cidadela. Mas o gigante também desenvolve um caráter dominador, praticamente escravizando seus súditos, que o idolatram como a um deus. Um dia, conduzido por um de seus exploradores, o tirano de pedra descobre, numa área isolada próxima ao seu castelo, uma comunidade de seres de madeira, que vivem em idílio pastoral. O povo de pedra ataca e escraviza o povo de madeira, para levar para sua cidade aquele novo e confortável material. Com os seres de madeira, também encontram pedras preciosas, que se tornam o grande tesouro do gigante. Contudo, entre o povo de pedra, há aqueles que discordam da forma com que o gigante governa, mas isso acaba por fazer com que todos os dissidentes, de pedra e de madeira, sejam aprisionados numa cela no alto das muralhas. Mas a maldade e a ganância não podem durar para sempre.
Os desenhos de Kuper são simples e esquemáticos, com um ótimo tratamento de claro/escuro. Curioso é a interpretação que Kuper dá a narrativa quanto ao espírito da cena: no estado de paz, os desenhos ganham cores vibrantes, contrastando com o cinzento predominante no restante da história.
A edição da Quadrinhos na Cia é elegante, em papel couchê de alta gramatura, que dá ao volume uma dignidade própria dos livros. Mas o formato incomum, praticamente quadrado, destaca a edição tanto entre o padrão dos livros quanto dos álbuns de quadrinhos em geral.
Pau e pedra foi premiado com a medalha de ouro de 2004, pela Society of Illustrators.
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
As luzes de Alice
Publicado em 2004 em edição real na coleção Hiperespaço, a novela As luzes de Alice, do ficcionista carioca Miguel Carqueija, foi disponibilizada gratuitamente pelo autor no saite Recanto das Letras. Trata-se de uma aventura de ficção científica com toques de horror lovecraftiano. Diz o texto de apresentação: "Dentro do universo ficcional dos 'Mitos de Cthulhu', criados pelo prestigiado autor norte-americano H. P. Lovecraft (1890-1937) dei início a uma série em torno de Alice Chantecler, uma jovem vidente de cabelos vermelhos. Convido os leitores a adentrarem o ambiente misterioso e opressivo do Mundo Negro, um satélite artificial que orbita a grande distância da Terra e onde sucedem coisas estranhas e terríveis".
O arquivo, em formato de texto, pode ser baixado aqui.
O arquivo, em formato de texto, pode ser baixado aqui.
Sol Negro
O Hiperespaço acaba de entrar em órbita da Sol Negro, editora independente de Natal, Rio Grande do Norte, administrada por Márcio Simões, que tem como foco a poesia e a literatura que está "à margem dos interesses representados pelas grandes editoras e conglomerados de informação", como diz o editor em sua página eletrônica. Dessa forma, sabemos que vamos encontrar material raro e incomum no mercado.
Trabalhando há já alguns anos, a Sol Negro divide seu catálogo nas coleções Cinzas ao Sol (poesias, em edições bilíngues), Os Dentes da Serpente (poesia contemporânea), Caravela Negra (ficção), Hermeneus (ensaios e não ficção), Imago (literatura plástica) e Plaquetas Sol Negro (ficções curtas e poemas em edição única), tudo com novas traduções e acabamento caprichado, a preços bastante acessíveis.
Destaque para as primeiras edições em língua portuguesa (até onde eu saiba) de A cidade da chama cantante e O mundo eterno, de Clark Ashton Smith.
Mas também pode-se encontrar ali a coletânea Paisagens apocalípticas, de H. G. Wells, e a antologia O homem do haxixe e outras histórias de paraísos artificiais, organizada por Camilo Prado com contos de Téophile Gautier, Jean Richepin, Guy de Maupassant, Jean Lorrain, Claude Farrère, Horacio Quiroga, Lord Dunsany, Bernardo Couto Castillo, Théo-Filho e Carlos A. Casotti, além de muitos outros títulos interessantes para quem gosta de literatura invulgar.
Aventure-se no catálogo da Sol Negro, aqui.
Trabalhando há já alguns anos, a Sol Negro divide seu catálogo nas coleções Cinzas ao Sol (poesias, em edições bilíngues), Os Dentes da Serpente (poesia contemporânea), Caravela Negra (ficção), Hermeneus (ensaios e não ficção), Imago (literatura plástica) e Plaquetas Sol Negro (ficções curtas e poemas em edição única), tudo com novas traduções e acabamento caprichado, a preços bastante acessíveis.
Destaque para as primeiras edições em língua portuguesa (até onde eu saiba) de A cidade da chama cantante e O mundo eterno, de Clark Ashton Smith.
Mas também pode-se encontrar ali a coletânea Paisagens apocalípticas, de H. G. Wells, e a antologia O homem do haxixe e outras histórias de paraísos artificiais, organizada por Camilo Prado com contos de Téophile Gautier, Jean Richepin, Guy de Maupassant, Jean Lorrain, Claude Farrère, Horacio Quiroga, Lord Dunsany, Bernardo Couto Castillo, Théo-Filho e Carlos A. Casotti, além de muitos outros títulos interessantes para quem gosta de literatura invulgar.
Aventure-se no catálogo da Sol Negro, aqui.
Juvenatrix 182
Está disponível a edição de dezembro do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti.
A edição tem 14 páginas e traz contos de Rogério Amaral de Vasconcellos e Norton A. Coll, além de resenhas aos filmes 984: Prisioneiro do futuro (984: Prisoner of the future, Canadá, 1982), Os bárbaros invadem a Terra (The mysterians, Japão, 1957), A fuga do terror (Blood bath, EUA, 1976), Pânico no lago: O capitulo final (Lake Placid: The final chapter, EUA, 2012), Os reencarnados/A morta viva (The undead, EUA, 1957) e O vale proibido (The valley of Gwangi, EUA, 1969). A capa traz uma ilustração de Angelo Junior. Divulgação de fanzines, livros, filmes e bandas independentes de rock extremo complementam a edição.
Para obter uma cópia, basta solicitar pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.
A edição tem 14 páginas e traz contos de Rogério Amaral de Vasconcellos e Norton A. Coll, além de resenhas aos filmes 984: Prisioneiro do futuro (984: Prisoner of the future, Canadá, 1982), Os bárbaros invadem a Terra (The mysterians, Japão, 1957), A fuga do terror (Blood bath, EUA, 1976), Pânico no lago: O capitulo final (Lake Placid: The final chapter, EUA, 2012), Os reencarnados/A morta viva (The undead, EUA, 1957) e O vale proibido (The valley of Gwangi, EUA, 1969). A capa traz uma ilustração de Angelo Junior. Divulgação de fanzines, livros, filmes e bandas independentes de rock extremo complementam a edição.
Para obter uma cópia, basta solicitar pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
Na eternidade sempre é domingo
Na eternidade sempre é domingo, Santiago Santos, 144 páginas. Ilustrações de Jean Fhilippe. Editora Carlini & Caniato, Cuiabá, 2016.
O escritor matogrossense Santiago Santos apareceu há poucos anos nas redes sociais com um trabalho a conta gotas apoiado em minicontos surpreendentes, mas logo chamou a atenção por suas tramas envolventes e bizarras. Essas pequenas narrativas, que podem ser vistas no blogue Flash Fiction, revelam um autor maduro e repleto de recursos, que não se embaraça seja no mainstream, seja nos gêneros, que desenvolve sem padrões e protocolos. Cada texto é uma experiência diferente e, muitas vezes, depois dos poucos minutos dedicado à degustação do mesmo, o leitor fica com a vontade de mais.
Na eternidade sempre é domingo vem atender ao desejo desses leitores. Trata-se do que, na tradição anglófona, se convencionou chamar de fix-up, um romance construído a partir de narrativas menores independentes entre si mas que, quando reunidas assim, formam um todo coerente. Os vinte pequenos contos publicados neste livro parecem prometer satisfazer o anseio do leitor, mas, no fim das contas, fiquei querendo mais do mesmo jeito.
O romance, o primeiro do autor, é um relato de um mochilão pelos Andes peruano e boliviano, viagem que Santiago realmente empreendeu em 2014. No primeiro conto, ainda no Brasil, o autor é confrontado por uma entidade mágica que se apresenta como Nipi, um espírito ancestral que, a cada trecho da viagem, revela os segredos fantásticos que diversos personagens escondem em sua aparência cotidiana. Assim, uma senhora insuspeita se revela uma antiga modelista da corte incaica, dois meninos de rua são os filhos imortais de Atahuallpa e Huáscar, e até animais domésticos se elevam a categoria de semidivindades. Todo isso para que a história e a cultura andinas sejam levadas ao mundo e nunca esquecidas.
A jornada nos leva a Cusco, La Paz e diversos vilarejos e pontos turísticos da região, como o Lago Titicaca e Machu-Picchu, com descrições vívidas de suas paisagens e costumes. Cada conto/capítulo é aberto por uma fotografia tirada pelo autor, que ilustra os personagens que irão ali se apresentar.
O autor revela ter feito uma longa e minuciosa pesquisa para escrever os relatos, de forma que a ficção se mistura à realidade e não sabemos exatamente onde termina uma e começa a outra. Para auxilar o entendimento dos muitos termos quíchua que dão título aos contos e surgem a todo tempo em meio à narrativa, há oportunas notas de rodapé e vários apêndices, que também dão aos contos uma sólida consistência histórica.
Mas o que isso tem a ver com nós, brasileiros, que aparentemente não somos em nada participantes dessa cultura? Em tempos de governo golpista que vira as costas para a América Latina, pode mesmo parecer inútil, mas nos faz pensar no porquê disso, que é uma questão que paira sem resposta desde os primeiros tempos do fandom brasileiro de fc&f. Por que não temos um intercâmbio com a produção dos nossos vizinhos? Por que não valorizamos a cultura do subcontinente no qual nos incluímos, desprezando até mesmo nossa própria tradição em favor de modelos de terras muito mais distantes e ainda mais incompreensíveis?
Santiago Santos mostra que é possível construir ficção relevante sem tributar às metrópoles e que a América Latina é um mistério ainda por ser descoberto pelos brasileiros. Porque, afinal, as fronteiras são apenas limitações políticas: a América Latina também está em nós.
A aventura termina como todas as peregrinações: numa última viagem de ônibus de volta para casa. Nipi se despede mas, por certo, continua a espera dos peregrinos, para mostrar outros segredos da rica magia andina.
O volume está disponível em versão digital aqui, mas pode ser obtido em papel no saite da editora ou diretamente com o autor – com direito a autógrafo e dedicatória – através do email contato@flashfiction.com.br.
Uma entrevista em áudio em que Santiago conta a experiência de escrever este livro, pode ser ouvida aqui.
O escritor matogrossense Santiago Santos apareceu há poucos anos nas redes sociais com um trabalho a conta gotas apoiado em minicontos surpreendentes, mas logo chamou a atenção por suas tramas envolventes e bizarras. Essas pequenas narrativas, que podem ser vistas no blogue Flash Fiction, revelam um autor maduro e repleto de recursos, que não se embaraça seja no mainstream, seja nos gêneros, que desenvolve sem padrões e protocolos. Cada texto é uma experiência diferente e, muitas vezes, depois dos poucos minutos dedicado à degustação do mesmo, o leitor fica com a vontade de mais.
Na eternidade sempre é domingo vem atender ao desejo desses leitores. Trata-se do que, na tradição anglófona, se convencionou chamar de fix-up, um romance construído a partir de narrativas menores independentes entre si mas que, quando reunidas assim, formam um todo coerente. Os vinte pequenos contos publicados neste livro parecem prometer satisfazer o anseio do leitor, mas, no fim das contas, fiquei querendo mais do mesmo jeito.
O romance, o primeiro do autor, é um relato de um mochilão pelos Andes peruano e boliviano, viagem que Santiago realmente empreendeu em 2014. No primeiro conto, ainda no Brasil, o autor é confrontado por uma entidade mágica que se apresenta como Nipi, um espírito ancestral que, a cada trecho da viagem, revela os segredos fantásticos que diversos personagens escondem em sua aparência cotidiana. Assim, uma senhora insuspeita se revela uma antiga modelista da corte incaica, dois meninos de rua são os filhos imortais de Atahuallpa e Huáscar, e até animais domésticos se elevam a categoria de semidivindades. Todo isso para que a história e a cultura andinas sejam levadas ao mundo e nunca esquecidas.
A jornada nos leva a Cusco, La Paz e diversos vilarejos e pontos turísticos da região, como o Lago Titicaca e Machu-Picchu, com descrições vívidas de suas paisagens e costumes. Cada conto/capítulo é aberto por uma fotografia tirada pelo autor, que ilustra os personagens que irão ali se apresentar.
O autor revela ter feito uma longa e minuciosa pesquisa para escrever os relatos, de forma que a ficção se mistura à realidade e não sabemos exatamente onde termina uma e começa a outra. Para auxilar o entendimento dos muitos termos quíchua que dão título aos contos e surgem a todo tempo em meio à narrativa, há oportunas notas de rodapé e vários apêndices, que também dão aos contos uma sólida consistência histórica.
Mas o que isso tem a ver com nós, brasileiros, que aparentemente não somos em nada participantes dessa cultura? Em tempos de governo golpista que vira as costas para a América Latina, pode mesmo parecer inútil, mas nos faz pensar no porquê disso, que é uma questão que paira sem resposta desde os primeiros tempos do fandom brasileiro de fc&f. Por que não temos um intercâmbio com a produção dos nossos vizinhos? Por que não valorizamos a cultura do subcontinente no qual nos incluímos, desprezando até mesmo nossa própria tradição em favor de modelos de terras muito mais distantes e ainda mais incompreensíveis?
Santiago Santos mostra que é possível construir ficção relevante sem tributar às metrópoles e que a América Latina é um mistério ainda por ser descoberto pelos brasileiros. Porque, afinal, as fronteiras são apenas limitações políticas: a América Latina também está em nós.
A aventura termina como todas as peregrinações: numa última viagem de ônibus de volta para casa. Nipi se despede mas, por certo, continua a espera dos peregrinos, para mostrar outros segredos da rica magia andina.
O volume está disponível em versão digital aqui, mas pode ser obtido em papel no saite da editora ou diretamente com o autor – com direito a autógrafo e dedicatória – através do email contato@flashfiction.com.br.
Uma entrevista em áudio em que Santiago conta a experiência de escrever este livro, pode ser ouvida aqui.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Atomic 2017
Depois de um 2016 de dificuldades, a Atomic Quadrinhos retoma às atividades editorais a todo o vapor, anunciando o lançamento de cinco novos títulos em várias de suas coleções.
O carro chefe dessa editora gaúcha, coordenada por Marcos Freitas, é o fanzine Quadritos, que chega com sua edição número 13 destacando o trabalho de Elmano, autor de séries que fizeram muito sucesso nos anos 1980 nas páginas da revista Spektro. Traz ainda trabalhos de Mozart Couto, Flávio Calazans, Lafaiete Nascimento, Edgar Franco, Edgard Guimarães, Guabiras, Danielle Barros e Júlio Shimamoto.
A editora também prepara dois álbuns de Flávio Calazans, republicando o que chama de "Guerras calazanísticas": A guerra dos golfinhos e Guerra das ideias, verdadeiros clássicos dos quadrinhos independentes.
A coleção Monstros dos Fanzines recebe sua quarta edição dedicada ao trabalho de Luciano Irrthum, quadrinhista mineiro dono de um traço personalíssimo, premiado com o Nova em 1995.
Para completar, o primeiro número da coleção Atomixxx, dedicada ao quadrinho erótico. Na edição de estreia, Fátima, a mutante, de Emir Ribeiro.
Para uma visão detalhada de cada edição, está disponível aqui o informativo Radioatividade, com 47 páginas e muitas imagens do conteúdo de cada um destes lançamentos. Vale a pena conferir.
O carro chefe dessa editora gaúcha, coordenada por Marcos Freitas, é o fanzine Quadritos, que chega com sua edição número 13 destacando o trabalho de Elmano, autor de séries que fizeram muito sucesso nos anos 1980 nas páginas da revista Spektro. Traz ainda trabalhos de Mozart Couto, Flávio Calazans, Lafaiete Nascimento, Edgar Franco, Edgard Guimarães, Guabiras, Danielle Barros e Júlio Shimamoto.
A editora também prepara dois álbuns de Flávio Calazans, republicando o que chama de "Guerras calazanísticas": A guerra dos golfinhos e Guerra das ideias, verdadeiros clássicos dos quadrinhos independentes.
A coleção Monstros dos Fanzines recebe sua quarta edição dedicada ao trabalho de Luciano Irrthum, quadrinhista mineiro dono de um traço personalíssimo, premiado com o Nova em 1995.
Para completar, o primeiro número da coleção Atomixxx, dedicada ao quadrinho erótico. Na edição de estreia, Fátima, a mutante, de Emir Ribeiro.
Para uma visão detalhada de cada edição, está disponível aqui o informativo Radioatividade, com 47 páginas e muitas imagens do conteúdo de cada um destes lançamentos. Vale a pena conferir.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Argos 2016 em números
O Clube de Leitores de Ficção Científica-CLFC divulgou há poucos dias a planilha final dos votos recebidos para o prêmio Argos 2016, que aponta, na opinião de seus membros, os melhores trabalhos nacionais publicados no Brasil em 2015 nas categorias Romance, Conto e Antologia.
É possível ver a relação sem nenhum filtro, mas é preciso um pouco de atenção para entender o que ela mostra. Interessado que sou pelos números, mais exatamente pelas informações estatísticas ligadas ao fandom, estudar uma planilha como essa revela muitas coisas para além dos escolhidos, conhecidos numa cerimônia de premiação no Rio de Janeiro, no último dia 26 de novembro.
Os vencedores foram, na categoria Romance, O império de diamante, de João Beraldo; "O último caçador branco", de Luiz Felipe Vasques, e Monstros Gigantes: Kaiju, de Luiz Felipe Vasques e Daniel Ribas, levaram os prêmios nas outras duas categorias. A grande vencedora da premiação, contudo, foi a Editora Draco, publicadora de todos os três premiados. Não foi a primeira vez que aconteceu, pois em 2012, quando o Argos tinha apenas as categorias Romance e Conto, isso já havia ocorrido. O que reforçou a hegemonia neste ano foi que o seu editor, Erick Sama, também foi homenageado com um prêmio especial.
Mas vamos aos números.
Houve um total de 48 votantes, e variou muito a composição dos votos. Nenhuma categoria teve participação total e houve uma grande quantidade de votos em branco. Cada categoria pede o voto de dois títulos, em primeira e segunda posições. A contagem dos pontos – se segue os mesmos critérios de 2012 – é de 2 pontos para o voto em primeira posição e 1 ponto para o voto em segunda posição.
A categoria Romances recebeu um total de 62 votos: 34 para 1º, 25 para 2º e 3 votos inválidos (livros de autores estrangeiros que não participam do certame). O vencedor, O império de diamante, recebeu 15 pontos, com seis primeiros lugares. O segundo colocado foi Estação Terra, de Odimer Nogueira (12 pontos, quatro primeiros lugares); o terceiro foi E de extermínio, de Cirilo Lemos (11 pontos, três primeiros lugares); em quarto, empatados Encruzilhada, de Lúcio Manfredi e Estranhos no paraíso, de Gerson Lodi-Ribeiro (9 pontos, quatro primeiros lugares cada). Outros 20 títulos aparecem na sequência. Percebe a ausência dos grandes nomes do gênero, embora Eduardo Spohr e Leonel Caldela tenham sido lembrados em posições de fundo.
A categoria Contos foi a mais concorrida: recebeu 64 indicações, sendo 33 para primeira colocação, 28 para a segunda e 3 votos inválidos (um texto de 2016, um romance e um texto estrangeiro). O vencedor, "O último caçador branco", recebeu 14 pontos (seis primeiros lugares). Em segundo, Diamante truncado, de Carlos Orsi (8 pontos, três primeiros lugares); em terceiro A invasora, de Fabio Barreto (6 pontos e três primeiros lugares); em quarto lugar, "Lolipop", de Claudia Duguin (5 pontos, um primeiro lugar), e em quinto, empatados, "Fita de Moebius", de Valter Cardoso, "A noiva diminuta", de Clara Madrigano, "Cruzeiro do Sol", de Edgar Smaniotto, O tesouro de mares gelados, de Ana Lucia Merege e "Dandara, rainha guerreira de Palmares", de Newton Nitro (todos com 3 pontos e um primeiro lugar). Aqui cabe uma observação: apesar do empate quíntuplo, apenas "Fita de Moebius" e O tesouro de mares gelados figuraram entre os finalistas divulgados antecipadamente. Talvez houvesse alguma invalidade nos demais títulos ou este contador incompetente tenha errado nos cálculos. De qualquer forma, isso não mudaria o resultado pois a votação já estava encerrada. Seguem-se mais 28 títulos, que denotam uma pulverização bem maior que na categoria Romances. Ana Lúcia Merege, Edgar Smaniotto, Sid Castro e Gilson Cunha foram lembrados com dois títulos cada.
A categoria Antologias foi a menos votada: recebeu apenas 45 indicações, 23 em primeiro lugar, 16 em segundo e 6 votos inválidos (uma hq, um conto e três livros publicados em outros anos). O vencedor foi Monstros gigantes: Kaiju (22 pontos, dez primeiros lugares), sendo de longe a maior unanimidade do certame. Em segundo vem Estranhas histórias de seres normais (6 pontos, três primeiros lugares); em terceiro Space Opera 3 (6 pontos, dois primeiros lugares), em quarto Samurais e ninjas (6 pontos, nenhum primeiro lugar). Na quinta posição, Herdeiros de Dagon (4 pontos, dois primeiros lugares). Na sexta posição, empatados, Tempos de fúria, de Carlos Orsi, e o periódico Imaginários 6. Apesar do empate, Tempos de fúria, única coletânea (seleta de um único autor) citada na categoria, não figurou entre os finalistas divulgados antecipadamente, porque a organização contabilizou um voto inválido para Imaginários 6 (esse voto foi dado nominalmente para o volume número 2). Seguem mais sete títulos, revelando que os leitores de hoje, apesar de ainda darem atenção especial à categoria Contos, não parecem tão interessados em antologias como em outros tempos.
É claro que não podemos tirar desta pesquisa em um universo limitadíssimo, conclusões para o fandom como um todo. Num ano de ampla variedade de editoras trabalhando a fc&f, inclusive algumas grandes, todos os votos serem conduzidos a uma única casa é algo bastante incomum. Por certo, revela que as pessoas ligadas ao CLFC dão preferência ao que essa editora em especial tem publicado, e não mais do que isso. Afinal, cada editora tem seu público, e acontece da Draco ter no CLFC uma fidelidade incontestável, maior até que a seu próprio veículo, o fanzine Somnium, que não emplacou nenhum conto entre os finalistas.
Para checar estas informações e tecer suas próprias conclusões, visite a planilha aqui.
É possível ver a relação sem nenhum filtro, mas é preciso um pouco de atenção para entender o que ela mostra. Interessado que sou pelos números, mais exatamente pelas informações estatísticas ligadas ao fandom, estudar uma planilha como essa revela muitas coisas para além dos escolhidos, conhecidos numa cerimônia de premiação no Rio de Janeiro, no último dia 26 de novembro.
Os vencedores foram, na categoria Romance, O império de diamante, de João Beraldo; "O último caçador branco", de Luiz Felipe Vasques, e Monstros Gigantes: Kaiju, de Luiz Felipe Vasques e Daniel Ribas, levaram os prêmios nas outras duas categorias. A grande vencedora da premiação, contudo, foi a Editora Draco, publicadora de todos os três premiados. Não foi a primeira vez que aconteceu, pois em 2012, quando o Argos tinha apenas as categorias Romance e Conto, isso já havia ocorrido. O que reforçou a hegemonia neste ano foi que o seu editor, Erick Sama, também foi homenageado com um prêmio especial.
Mas vamos aos números.
Houve um total de 48 votantes, e variou muito a composição dos votos. Nenhuma categoria teve participação total e houve uma grande quantidade de votos em branco. Cada categoria pede o voto de dois títulos, em primeira e segunda posições. A contagem dos pontos – se segue os mesmos critérios de 2012 – é de 2 pontos para o voto em primeira posição e 1 ponto para o voto em segunda posição.
A categoria Romances recebeu um total de 62 votos: 34 para 1º, 25 para 2º e 3 votos inválidos (livros de autores estrangeiros que não participam do certame). O vencedor, O império de diamante, recebeu 15 pontos, com seis primeiros lugares. O segundo colocado foi Estação Terra, de Odimer Nogueira (12 pontos, quatro primeiros lugares); o terceiro foi E de extermínio, de Cirilo Lemos (11 pontos, três primeiros lugares); em quarto, empatados Encruzilhada, de Lúcio Manfredi e Estranhos no paraíso, de Gerson Lodi-Ribeiro (9 pontos, quatro primeiros lugares cada). Outros 20 títulos aparecem na sequência. Percebe a ausência dos grandes nomes do gênero, embora Eduardo Spohr e Leonel Caldela tenham sido lembrados em posições de fundo.
A categoria Contos foi a mais concorrida: recebeu 64 indicações, sendo 33 para primeira colocação, 28 para a segunda e 3 votos inválidos (um texto de 2016, um romance e um texto estrangeiro). O vencedor, "O último caçador branco", recebeu 14 pontos (seis primeiros lugares). Em segundo, Diamante truncado, de Carlos Orsi (8 pontos, três primeiros lugares); em terceiro A invasora, de Fabio Barreto (6 pontos e três primeiros lugares); em quarto lugar, "Lolipop", de Claudia Duguin (5 pontos, um primeiro lugar), e em quinto, empatados, "Fita de Moebius", de Valter Cardoso, "A noiva diminuta", de Clara Madrigano, "Cruzeiro do Sol", de Edgar Smaniotto, O tesouro de mares gelados, de Ana Lucia Merege e "Dandara, rainha guerreira de Palmares", de Newton Nitro (todos com 3 pontos e um primeiro lugar). Aqui cabe uma observação: apesar do empate quíntuplo, apenas "Fita de Moebius" e O tesouro de mares gelados figuraram entre os finalistas divulgados antecipadamente. Talvez houvesse alguma invalidade nos demais títulos ou este contador incompetente tenha errado nos cálculos. De qualquer forma, isso não mudaria o resultado pois a votação já estava encerrada. Seguem-se mais 28 títulos, que denotam uma pulverização bem maior que na categoria Romances. Ana Lúcia Merege, Edgar Smaniotto, Sid Castro e Gilson Cunha foram lembrados com dois títulos cada.
A categoria Antologias foi a menos votada: recebeu apenas 45 indicações, 23 em primeiro lugar, 16 em segundo e 6 votos inválidos (uma hq, um conto e três livros publicados em outros anos). O vencedor foi Monstros gigantes: Kaiju (22 pontos, dez primeiros lugares), sendo de longe a maior unanimidade do certame. Em segundo vem Estranhas histórias de seres normais (6 pontos, três primeiros lugares); em terceiro Space Opera 3 (6 pontos, dois primeiros lugares), em quarto Samurais e ninjas (6 pontos, nenhum primeiro lugar). Na quinta posição, Herdeiros de Dagon (4 pontos, dois primeiros lugares). Na sexta posição, empatados, Tempos de fúria, de Carlos Orsi, e o periódico Imaginários 6. Apesar do empate, Tempos de fúria, única coletânea (seleta de um único autor) citada na categoria, não figurou entre os finalistas divulgados antecipadamente, porque a organização contabilizou um voto inválido para Imaginários 6 (esse voto foi dado nominalmente para o volume número 2). Seguem mais sete títulos, revelando que os leitores de hoje, apesar de ainda darem atenção especial à categoria Contos, não parecem tão interessados em antologias como em outros tempos.
É claro que não podemos tirar desta pesquisa em um universo limitadíssimo, conclusões para o fandom como um todo. Num ano de ampla variedade de editoras trabalhando a fc&f, inclusive algumas grandes, todos os votos serem conduzidos a uma única casa é algo bastante incomum. Por certo, revela que as pessoas ligadas ao CLFC dão preferência ao que essa editora em especial tem publicado, e não mais do que isso. Afinal, cada editora tem seu público, e acontece da Draco ter no CLFC uma fidelidade incontestável, maior até que a seu próprio veículo, o fanzine Somnium, que não emplacou nenhum conto entre os finalistas.
Para checar estas informações e tecer suas próprias conclusões, visite a planilha aqui.
11 de dezembro: Dia da ficção científica brasileira
O próximo dia 11 de dezembro será uma data lembrada para sempre. Pela primeira vez na história, a ficção científica brasileira terá o seu dia. E não é um dia qualquer, escolhido aleatoriamente: trata-se da data de nascimento de Jerônymo Monteiro (1908-1970), considerado pelos fãs do gênero como o pai da ficção científica brasileira, escritor, tradutor, editor e organizador de extrema ousadia, que teve importante papel na construção de uma consciência brasilianista no gênero, numa época em que a fc era desprezada pela intelectualidade.
Monteiro é autor, entre outros livros, do romance Três meses no século 81 (publicado em 1947), foi diretor de redação da Magazine de Ficção Científica, da editora Globo, que, a cada edição, apresentava um autor brasileiro. Também foi um dos primeiros autores brasileiros a enveredar pela literatura policial. Foi fundador do Clube de Ciencificção (1964) e da Associação Brasileira de Ficção Científica-ABFC (1969), os primeiros do gênero no país.
Para fixar essa efeméride, a Biblioteca Pública Viriato Corrêa vai receber um evento especial, quando o ator será lembrado e homenageado nas pessoas de Helio Monteiro e Cris Monteiro Kayatt, filho e neta de Jeronymo Monteiro, num bate papo mediado pelo editor Silvio Alexandre e pelo escritor Luiz Bras. Também sertão expostos objetos, fotos e livros ligados ao escritor.
O evento acontece exatamente no dia 11 de dezembro, das 15 às 17 horas, na Biblioteca Pública Viriato Corrêa (Rua Sena Madureira, 298 - Vila Mariana - São Paulo). A entrada é franca.
Mais informações na fanpage do evento, aqui.
Monteiro é autor, entre outros livros, do romance Três meses no século 81 (publicado em 1947), foi diretor de redação da Magazine de Ficção Científica, da editora Globo, que, a cada edição, apresentava um autor brasileiro. Também foi um dos primeiros autores brasileiros a enveredar pela literatura policial. Foi fundador do Clube de Ciencificção (1964) e da Associação Brasileira de Ficção Científica-ABFC (1969), os primeiros do gênero no país.
Para fixar essa efeméride, a Biblioteca Pública Viriato Corrêa vai receber um evento especial, quando o ator será lembrado e homenageado nas pessoas de Helio Monteiro e Cris Monteiro Kayatt, filho e neta de Jeronymo Monteiro, num bate papo mediado pelo editor Silvio Alexandre e pelo escritor Luiz Bras. Também sertão expostos objetos, fotos e livros ligados ao escritor.
O evento acontece exatamente no dia 11 de dezembro, das 15 às 17 horas, na Biblioteca Pública Viriato Corrêa (Rua Sena Madureira, 298 - Vila Mariana - São Paulo). A entrada é franca.
Mais informações na fanpage do evento, aqui.
Galaxis repaginado
Está de roupa nova o saite Galaxis: Conflito e intriga no século 25, dedicado à obra do escritor sambernardense Roberto de Sousa Causo. Trata-se de um autor que construiu sua carreira explorando o ambiente fantástico, especialmente a ficção científica, que é objeto deste saite, mais especificamente as séries de 'space opera' Shiroma e Lições do Matador, ambas com diversos textos já publicados em livros, revistas e antologias.
O trabalho de recriação visual esteve a cargo do ilustrador paulistano Vagner Vargas, conhecido pelas belas capas que produz para livros de fc&f.
Para quem gosta de apreciar imagens inspiradoras, vale a pena dar uma olhada também no saite de Vargas, que tem muito para mostrar.
O trabalho de recriação visual esteve a cargo do ilustrador paulistano Vagner Vargas, conhecido pelas belas capas que produz para livros de fc&f.
Para quem gosta de apreciar imagens inspiradoras, vale a pena dar uma olhada também no saite de Vargas, que tem muito para mostrar.
Pago
2016 assinalou o centenário da morte de João Simões Lopes Neto (1865-1916), escritor de Pelotas, considerado o mais importante autor regionalista gaúcho. Sua obra inspirou a produtora Epopeia, que está desenvolvendo o jogo eletrônico Pago, no qual um viajante, após muitos anos vivendo na cidade, quer voltar a sua terra natal, mas para isso terá de enfrentar diversas dificuldades nas figuras de personagens do folclore gaúcho.
Recentemente, a Epopeia anunciou a contratação de Christopher Kastensmidt, escritor norte-americano radicado no Brasil, autor da franquia A Bandeira do Elefante e da Arara que, além de conhecedor do nosso folclore, é experiente desenvolvedor de jogos. “A primeira vez que me apresentaram o Pago, me encantei com o projeto. É um game de temática universal e uma linda ambientação regional que vai chamar muita atenção pela originalidade. Tenho certeza que vai ser um sucesso internacional e fico honrado com o convite de fazer parte do time”, destacou Christopher. Sem dúvida, um reforço luxuoso para a equipe.
No momento, a Epopeia está em busca de empresas para financiar o projeto. Aqueles que tiverem interesse em participar terão sua marca vinculada ao jogo e que, por consequência, será levada aos mais diversos eventos que entrarem no calendário de divulgação do material no próximo ano.
Pago deve ser lançado entre 2017 para PCs e, futuramente, para os consoles Playstation e Xbox.
Um vídeo com imagens do jogo pode ser assistido aqui.
Recentemente, a Epopeia anunciou a contratação de Christopher Kastensmidt, escritor norte-americano radicado no Brasil, autor da franquia A Bandeira do Elefante e da Arara que, além de conhecedor do nosso folclore, é experiente desenvolvedor de jogos. “A primeira vez que me apresentaram o Pago, me encantei com o projeto. É um game de temática universal e uma linda ambientação regional que vai chamar muita atenção pela originalidade. Tenho certeza que vai ser um sucesso internacional e fico honrado com o convite de fazer parte do time”, destacou Christopher. Sem dúvida, um reforço luxuoso para a equipe.
No momento, a Epopeia está em busca de empresas para financiar o projeto. Aqueles que tiverem interesse em participar terão sua marca vinculada ao jogo e que, por consequência, será levada aos mais diversos eventos que entrarem no calendário de divulgação do material no próximo ano.
Pago deve ser lançado entre 2017 para PCs e, futuramente, para os consoles Playstation e Xbox.
Um vídeo com imagens do jogo pode ser assistido aqui.
Arthur Machen: O mestre do oculto
Arthur Machen: O mestre do oculto é o novo projeto da editora independente Clock Tower, que reúne textos do escritor galês Arthur Machen (1863-1947), considerado um dos autores clássicos do horror.
Trata-se da mais completa obra do autor no país, com nove textos selecionados, muitos dos quais inéditos em língua portuguesa, incluindo a novela "O grande deus Pã", seu texto mais conhecido.
A edição está sendo viabilizada exclusivamente através de pré-venda; ou seja, depois de encerrada, o livro não será mais comercializado.
Mais informações no saite da editora Clock Tower, aqui.
Trata-se da mais completa obra do autor no país, com nove textos selecionados, muitos dos quais inéditos em língua portuguesa, incluindo a novela "O grande deus Pã", seu texto mais conhecido.
A edição está sendo viabilizada exclusivamente através de pré-venda; ou seja, depois de encerrada, o livro não será mais comercializado.
Mais informações no saite da editora Clock Tower, aqui.
Conexão Literatura 18
Está circulando o número 18 da revista eletrônica Conexão Literatura, editada por Ademir Pascale pela Fábrica de Ebooks.
A edição de 73 páginas destaca o trabalho da escritora Aline Basztabin, autora dos livros A indiscutível forma de amar e A essência da dor. Também são entrevistados os escritores Anderon Câmara, Caio Viana, Daniella Pontes, Francisco Ederaldo Kornalewski, Isidoro Sousa, José Paes, Lou Olivier e Ricardo Netto.
Ainda são publicados contos de Míriam Santiago e Marcelo Garbine, crônicas de Angelo Miranda, Dione Souto Rosa e Misa Ferreira, poemas de Amanda Lonardi e Jack Michel, resenha de Rafael Botter ao livro Chaves: A história oficial ilustrada, além da coluna "Conexão Nerd" comentando os grupos literários nas redes sociais.
A revista é gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.
A edição de 73 páginas destaca o trabalho da escritora Aline Basztabin, autora dos livros A indiscutível forma de amar e A essência da dor. Também são entrevistados os escritores Anderon Câmara, Caio Viana, Daniella Pontes, Francisco Ederaldo Kornalewski, Isidoro Sousa, José Paes, Lou Olivier e Ricardo Netto.
Ainda são publicados contos de Míriam Santiago e Marcelo Garbine, crônicas de Angelo Miranda, Dione Souto Rosa e Misa Ferreira, poemas de Amanda Lonardi e Jack Michel, resenha de Rafael Botter ao livro Chaves: A história oficial ilustrada, além da coluna "Conexão Nerd" comentando os grupos literários nas redes sociais.
A revista é gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
De jogos e festas
De jogos e festas, José J. Veiga. 190 páginas. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2016.
Desde 2015, quando se comemorou o centenário do nascimento do fantasista goiano José J. Veiga (1915-1999), e o catálogo do autor passou a integrar o acervo da Companhia das Letras, que iniciou a republicação de suas obras em uma coleção dedicada ao autor. Foram publicados em 2015 a coletânea Os cavalinhos do Platiplanto e os romances A hora dos ruminantes e Sombras de reis barbudos. Depois de um pequeno hiato, a coleção seguiu em frente em 2016 com o lançamento da coletânea De jogos e festas, publicada originalmente em 1980. O acabamento segue o padrão da coleção, com a capa ilustrada por Deco Frakas, mas sem capas duras desta vez.
Trata-se de uma seleta com apenas três textos, sendo duas novelas e um conto, além de um posfácio assinado por José Castello, em que comenta curiosidades sobre o autor e sua obra, principalmente a amizade com o também escritor João Guimarães Rosa.
Em respeito a opinião do autor, o volume não tem prefácio – o que é explicado por Castello –, e entra de cara na novela que dá nome ao livro e toma quase a metade de suas páginas. Esta é uma história de contornos realistas, em torno do mistério da morte de Vicente, cuja solução passa a ser o obsessão de seu irmão mais novo, Mário, que retornou à cidade natal depois de um período de afastamento. Há uma série de detalhes que o autor tece em torno desse mistério e de suas consequências familiares e sociais, mistérios estes que vão alterando a percepção e o comportamento de Mário que, aos poucos, vai assumindo a personalidade do irmão para tentar entender os motivos e o causador de sua morte, envolvendo-se com seus amigos, e demais pessoas de sue passado. A narrativa tem momentos oníricos característicos das obras de Veiga, mas sem a proposital indefinição do tempo da ação: desta vez, quando é sonho, sabemos que é.
Bem no centro do livro, temos o conto curto "Quando a Terra era redonda", o texto mais fantástico do volume. É escrito em forma de um artigo, como se fosse um texto de estudo acadêmico. Nele, o estudioso comenta, em algum momento do futuro distante, sobre as característica do mundo no tempo em que a Terra era redonda, pois em sua época ela não é mais: tornou-se chata assim com o tudo o que antes era arredondado. Assim, discute como, no passado, deveria ser a percepção de um mundo redondo, algo quase incompreensível para os habitantes do futuro. O texto é divertidíssimo, e dialoga com o clássico da ficção científica Planolâdia, do escritor britânico Edwin A. Abbott (1838-1926).
A segunda metade do volume é ocupada pela novela "O trono no morro", uma espécie de versão veiguiana a Grande Sertão: Veredas, de seu grande amigo Guimarães Rosa. O início do texto tem um tom de fantasia medieval, que vai se justificar ao final da leitura. A história é sobre Quintino que, quando jovem, foi "recrutado" pelo bando de Gumercindo Frade, cangaceiro violento que o inicia na arte da bala. Quintino sonha em voltar a vida pacífica e previsível de agricultor da qual foi sequestrado, mas seu talento com as armas acaba por torná-lo uma referência no grupo cangaceiro. Até o dia em que, depois de uma tocaia à traição que dizimou o bando, Quintino consegue escapar e se torna um pacato comerciante numa cidadezinha esquecida. O rumo da história muda radicalmente, saindo das correrias e tiroteios para uma relação social estável com a comunidade, onde Quintino vai encontrar o amor e a realização pessoal, bem como as tragédias da vida ordinária, que são tão ou mais dolorosas que aquelas enfrentadas no cangaço. Resta a Quintino a fuga para dentro de si mesmo.
Veiga nunca decepciona seus leitores. Trata-se de um verdadeiro gigante da narrativa, que faz emergir o maravilhoso das situações mais corriqueiras. Porque, afinal, a vida é por si só um milagre e cada detalhe dela é, em si, um fato tão fantástico quanto improvável, conforme o ponto de vista. Ponto de vista este que Veiga, como um experiente fotógrafo, é mestre em focalizar.
Desde 2015, quando se comemorou o centenário do nascimento do fantasista goiano José J. Veiga (1915-1999), e o catálogo do autor passou a integrar o acervo da Companhia das Letras, que iniciou a republicação de suas obras em uma coleção dedicada ao autor. Foram publicados em 2015 a coletânea Os cavalinhos do Platiplanto e os romances A hora dos ruminantes e Sombras de reis barbudos. Depois de um pequeno hiato, a coleção seguiu em frente em 2016 com o lançamento da coletânea De jogos e festas, publicada originalmente em 1980. O acabamento segue o padrão da coleção, com a capa ilustrada por Deco Frakas, mas sem capas duras desta vez.
Trata-se de uma seleta com apenas três textos, sendo duas novelas e um conto, além de um posfácio assinado por José Castello, em que comenta curiosidades sobre o autor e sua obra, principalmente a amizade com o também escritor João Guimarães Rosa.
Em respeito a opinião do autor, o volume não tem prefácio – o que é explicado por Castello –, e entra de cara na novela que dá nome ao livro e toma quase a metade de suas páginas. Esta é uma história de contornos realistas, em torno do mistério da morte de Vicente, cuja solução passa a ser o obsessão de seu irmão mais novo, Mário, que retornou à cidade natal depois de um período de afastamento. Há uma série de detalhes que o autor tece em torno desse mistério e de suas consequências familiares e sociais, mistérios estes que vão alterando a percepção e o comportamento de Mário que, aos poucos, vai assumindo a personalidade do irmão para tentar entender os motivos e o causador de sua morte, envolvendo-se com seus amigos, e demais pessoas de sue passado. A narrativa tem momentos oníricos característicos das obras de Veiga, mas sem a proposital indefinição do tempo da ação: desta vez, quando é sonho, sabemos que é.
Bem no centro do livro, temos o conto curto "Quando a Terra era redonda", o texto mais fantástico do volume. É escrito em forma de um artigo, como se fosse um texto de estudo acadêmico. Nele, o estudioso comenta, em algum momento do futuro distante, sobre as característica do mundo no tempo em que a Terra era redonda, pois em sua época ela não é mais: tornou-se chata assim com o tudo o que antes era arredondado. Assim, discute como, no passado, deveria ser a percepção de um mundo redondo, algo quase incompreensível para os habitantes do futuro. O texto é divertidíssimo, e dialoga com o clássico da ficção científica Planolâdia, do escritor britânico Edwin A. Abbott (1838-1926).
A segunda metade do volume é ocupada pela novela "O trono no morro", uma espécie de versão veiguiana a Grande Sertão: Veredas, de seu grande amigo Guimarães Rosa. O início do texto tem um tom de fantasia medieval, que vai se justificar ao final da leitura. A história é sobre Quintino que, quando jovem, foi "recrutado" pelo bando de Gumercindo Frade, cangaceiro violento que o inicia na arte da bala. Quintino sonha em voltar a vida pacífica e previsível de agricultor da qual foi sequestrado, mas seu talento com as armas acaba por torná-lo uma referência no grupo cangaceiro. Até o dia em que, depois de uma tocaia à traição que dizimou o bando, Quintino consegue escapar e se torna um pacato comerciante numa cidadezinha esquecida. O rumo da história muda radicalmente, saindo das correrias e tiroteios para uma relação social estável com a comunidade, onde Quintino vai encontrar o amor e a realização pessoal, bem como as tragédias da vida ordinária, que são tão ou mais dolorosas que aquelas enfrentadas no cangaço. Resta a Quintino a fuga para dentro de si mesmo.
Veiga nunca decepciona seus leitores. Trata-se de um verdadeiro gigante da narrativa, que faz emergir o maravilhoso das situações mais corriqueiras. Porque, afinal, a vida é por si só um milagre e cada detalhe dela é, em si, um fato tão fantástico quanto improvável, conforme o ponto de vista. Ponto de vista este que Veiga, como um experiente fotógrafo, é mestre em focalizar.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
QI 141
Está circulando o número 141 do fanzine Quadrinhos Independentes-QI, editado por Edgard Guimarães, dedicado ao estudo dos quadrinhos, destacando a produção independente e os fanzines brasileiros.
A edição tem 32 páginas e traz mais um depoimento de José Ruy, desta vez sobre o periódico português Tintin, artigo sobre o Homem-Lua (super herói criado em 1965 por Gedeone Malagola), um texto sobre aulas de história em quadrinhos, uma curiosa comparação entre dois formatos de uma tira do Fantasma, as colunas "Mistérios do colecionismo" sobre coleção de álbuns Thorgal, da editora VHD, e "Mantendo contato" com um levantamento bibliográfico de O Morto do Pântano (personagem criado em 1967 por Eugênio Colonnese).
A edição ainda traz quadrinhos de Chagas Lima, Eduardo Marcondes Guimarães, Luiz Cláudio Lopes Faria e do próprio editor, além das seções "Fórum" e "Edições independentes" com os lançamentos de fanzines do bimestre. A capa tem uma ilustração do editor, sem cores desta vez.
Junto ao QI, os assinantes receberam Artigos sobre Histórias em Quadrinhos 3: Ken Parker, Welcome to Springville, fascículo de 12 páginas, de autoria do colecionador português Carlos Gonçalves, comentando estas duas séries italianas de western.
O QI é distribuído exclusivamente por assinaturas, mas sua versão digital pode ser encontrada no saite da editora Marca de Fantasia. Mais informações com o editor pelo email edgard@ita.br.
A edição tem 32 páginas e traz mais um depoimento de José Ruy, desta vez sobre o periódico português Tintin, artigo sobre o Homem-Lua (super herói criado em 1965 por Gedeone Malagola), um texto sobre aulas de história em quadrinhos, uma curiosa comparação entre dois formatos de uma tira do Fantasma, as colunas "Mistérios do colecionismo" sobre coleção de álbuns Thorgal, da editora VHD, e "Mantendo contato" com um levantamento bibliográfico de O Morto do Pântano (personagem criado em 1967 por Eugênio Colonnese).
A edição ainda traz quadrinhos de Chagas Lima, Eduardo Marcondes Guimarães, Luiz Cláudio Lopes Faria e do próprio editor, além das seções "Fórum" e "Edições independentes" com os lançamentos de fanzines do bimestre. A capa tem uma ilustração do editor, sem cores desta vez.
Junto ao QI, os assinantes receberam Artigos sobre Histórias em Quadrinhos 3: Ken Parker, Welcome to Springville, fascículo de 12 páginas, de autoria do colecionador português Carlos Gonçalves, comentando estas duas séries italianas de western.
O QI é distribuído exclusivamente por assinaturas, mas sua versão digital pode ser encontrada no saite da editora Marca de Fantasia. Mais informações com o editor pelo email edgard@ita.br.
terça-feira, 15 de novembro de 2016
Caminhando com o Louco
Guerras do Tarot, Volume 1: O caminho do Louco, Alex Mandarino. 296 páginas. Avec Editora, Porto Alegre, 2016.
Um tema bastante explorado pela ficção de mistério são as sociedades secretas. Elas têm um carisma irresistível tanto entre autores quanto entre leitores, que fantasiam sobre o que acontece por trás das portas fechadas e das cortinas cerradas. Sinais secretos, roupas exóticas, divindades bizarras, rituais macabros, poderes insuspeitos e por aí vai. Uma aventura de James Bond não seria a mesma sem uma sociedade secreta.
Em O caminho do Louco, primeiro volume da série Guerras do Tarot, publicado em 2016 pela Avec Editora, o jornalista e tradutor carioca Alexandre Mandarino apresenta o conflito entre duas dessas sociedades, cada qual dotada de poderes sobrenaturais através dos quais pretendem controlar o mundo.
A história gira em torno de um documento misterioso, cuja simples leitura atrai a atenção de uma horda de assassinos sem alma que perseguem sem descanso o desavisado leitor, até matá-lo. Esses assassinos tenebrosos são tão ferozes quanto invisíveis, pois têm uma aparência de tal forma comum que passam despercebidos da atenção pública. Logo nas primeiras páginas, testemunhamos a ação de um deles quando encontra a sua presa, um padre que leu o que não devia. Mas o documento não estava mais com ele pois, minutos antes de ser atacado numa estação de trem na França, o encaminhara por correio a um importante bispo seu conhecido que, sem saber, vai se tornar o próximo alvo da horda assassina.
Enquanto um casal de ladrões com equipamentos de alta tecnologia invade uma empresa em Munique em busca de um certo documento, e um grupo de homens dotados de poderes sobre humanos rouba uma fortuna em ouro do banco do Vaticano, André Moire, jornalista brasileiro em crise existencial, abandona sua vida regrada e segura para embarcar num mochilão sem destino. Ele não sabe, mas está dando os primeiros passos no Caminho do Louco, que se insinua a ele em sonhos e visões enquanto caminha pelos sertões América. O mistério começa a se revelar quando André é finalmente confrontado, na cidade do México, por um agente do Tarot, sociedade secreta de objetivos incertos que afirma ser ele o novo Louco, o representante vivo desse arcano no baralho adivinhatório. Contudo, para ganhar seus poderes e assumir seu lugar na grande malha que sustenta a realidade, ele terá de cumprir uma peregrinação mística, visitando os avatares de cada um dos demais vinte e um arcanos maiores do Tarot espalhados pelo mundo. Ao longo de uma jornada sem muita convicção, instruído pelos arcanos O Mago, A Sacerdotisa, A Imperatriz e O Imperador, o Louco toma contato com os primeiros segredos dessa sociedade e tentar entender por que ele é tão importante nos planos dela.
Não faltam à história muitas cenas de ação com enfrentamentos violentos, incluindo lutas mortais com mestres em kung fu, parkour nos telhados de Paris e até perseguições de carros a quinhentos quilômetros por hora, tudo temperado com pitadas de super heróis e conspirações religiosas.
Mandarino, que atua como autor de contos desde os anos 1990, ficou mais conhecido no fandom a partir de suas contribuições à franquia Intempol, sendo que seu texto “O rabo da serpente” obteve boa classificação no Prêmio Argos de 2003. Mais recentemente, publicou nas antologias Sherlock Holmes: Aventuras secretas (2012, Draco) e Caminhos do fantástico (2012, Terracota), conto com o qual foi finalista no Argos 2013. Mandarino também foi editor da sofisticada revista eletrônica literária Hyperpulp, publicada entre 2011 e 2012. A redação de O caminho do Louco consumiu muitos anos de trabalho, pois Mandarino revelou que os primeiros esboços da história foram redigidos em 2001.
O autor demonstra grande domínio sobre as cenas de ação, com descrições vívidas e impactantes, próprias de quem vê a narrativa como um filme de cinema, com muitas explosões, correrias e lutas sangrentas, e os capítulos curtos dão bom ritmo à leitura. Há um grande número de personagens em diversas narrativas paralelas, que colabora para uma ampla percepção do mundo criado pelo autor. Contudo, o final do livro é inconclusivo pois, desde o princípio, fica clara a intenção do autor em escrever uma série. Para o bem ou para o mal, fica a garantia ao leitor ser impossível dar spoilers nesta resenha.
Um tema bastante explorado pela ficção de mistério são as sociedades secretas. Elas têm um carisma irresistível tanto entre autores quanto entre leitores, que fantasiam sobre o que acontece por trás das portas fechadas e das cortinas cerradas. Sinais secretos, roupas exóticas, divindades bizarras, rituais macabros, poderes insuspeitos e por aí vai. Uma aventura de James Bond não seria a mesma sem uma sociedade secreta.
Em O caminho do Louco, primeiro volume da série Guerras do Tarot, publicado em 2016 pela Avec Editora, o jornalista e tradutor carioca Alexandre Mandarino apresenta o conflito entre duas dessas sociedades, cada qual dotada de poderes sobrenaturais através dos quais pretendem controlar o mundo.
A história gira em torno de um documento misterioso, cuja simples leitura atrai a atenção de uma horda de assassinos sem alma que perseguem sem descanso o desavisado leitor, até matá-lo. Esses assassinos tenebrosos são tão ferozes quanto invisíveis, pois têm uma aparência de tal forma comum que passam despercebidos da atenção pública. Logo nas primeiras páginas, testemunhamos a ação de um deles quando encontra a sua presa, um padre que leu o que não devia. Mas o documento não estava mais com ele pois, minutos antes de ser atacado numa estação de trem na França, o encaminhara por correio a um importante bispo seu conhecido que, sem saber, vai se tornar o próximo alvo da horda assassina.
Enquanto um casal de ladrões com equipamentos de alta tecnologia invade uma empresa em Munique em busca de um certo documento, e um grupo de homens dotados de poderes sobre humanos rouba uma fortuna em ouro do banco do Vaticano, André Moire, jornalista brasileiro em crise existencial, abandona sua vida regrada e segura para embarcar num mochilão sem destino. Ele não sabe, mas está dando os primeiros passos no Caminho do Louco, que se insinua a ele em sonhos e visões enquanto caminha pelos sertões América. O mistério começa a se revelar quando André é finalmente confrontado, na cidade do México, por um agente do Tarot, sociedade secreta de objetivos incertos que afirma ser ele o novo Louco, o representante vivo desse arcano no baralho adivinhatório. Contudo, para ganhar seus poderes e assumir seu lugar na grande malha que sustenta a realidade, ele terá de cumprir uma peregrinação mística, visitando os avatares de cada um dos demais vinte e um arcanos maiores do Tarot espalhados pelo mundo. Ao longo de uma jornada sem muita convicção, instruído pelos arcanos O Mago, A Sacerdotisa, A Imperatriz e O Imperador, o Louco toma contato com os primeiros segredos dessa sociedade e tentar entender por que ele é tão importante nos planos dela.
Não faltam à história muitas cenas de ação com enfrentamentos violentos, incluindo lutas mortais com mestres em kung fu, parkour nos telhados de Paris e até perseguições de carros a quinhentos quilômetros por hora, tudo temperado com pitadas de super heróis e conspirações religiosas.
Mandarino, que atua como autor de contos desde os anos 1990, ficou mais conhecido no fandom a partir de suas contribuições à franquia Intempol, sendo que seu texto “O rabo da serpente” obteve boa classificação no Prêmio Argos de 2003. Mais recentemente, publicou nas antologias Sherlock Holmes: Aventuras secretas (2012, Draco) e Caminhos do fantástico (2012, Terracota), conto com o qual foi finalista no Argos 2013. Mandarino também foi editor da sofisticada revista eletrônica literária Hyperpulp, publicada entre 2011 e 2012. A redação de O caminho do Louco consumiu muitos anos de trabalho, pois Mandarino revelou que os primeiros esboços da história foram redigidos em 2001.
O autor demonstra grande domínio sobre as cenas de ação, com descrições vívidas e impactantes, próprias de quem vê a narrativa como um filme de cinema, com muitas explosões, correrias e lutas sangrentas, e os capítulos curtos dão bom ritmo à leitura. Há um grande número de personagens em diversas narrativas paralelas, que colabora para uma ampla percepção do mundo criado pelo autor. Contudo, o final do livro é inconclusivo pois, desde o princípio, fica clara a intenção do autor em escrever uma série. Para o bem ou para o mal, fica a garantia ao leitor ser impossível dar spoilers nesta resenha.
Astaroth 68
Está circulando a nova edição da newsletter de horror e ficção científica Astaroth, editada por Renato Rosatti. A edição tem duas páginas com um único artigo sobre o clássico do cinema Metropolis, de Fritz Lang.
O fanzine impresso é distribuído gratuitamente em eventos, mas sua versão em pdf pode ser solicitada através do email renatorosatti@yahoo.com.br.
O fanzine impresso é distribuído gratuitamente em eventos, mas sua versão em pdf pode ser solicitada através do email renatorosatti@yahoo.com.br.
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
Trasgo 12
Está disponível o número 12 da revista eletrônica Trasgo, editada por Rodrigo van Kampen, totalmente dedicada à produção nacional de ficção fantástica.
Trata-se de uma edição especial só com mulheres, organizada por Clara Madrigano. Em 103 páginas traz textos de ficção científica, fantasia e terror escritos por Gabriele Diniz, Anna Martino, Ana Cristina Rodrigues, M.M Drack, Aline Valek e Júlia da Silva, todas também entrevistados na edição, assim como a artista plástica Amanda Duarte, que assina a capa e tem uma galeria de seu trabalho exibida na edição.
Trasgo pode ser lida e baixada gratuitamente aqui, nos formatos epub, mobi e pdf. Edições anteriores também estão disponíveis. A revista aceita submissões e os trabalhos publicados são remunerados.
Trata-se de uma edição especial só com mulheres, organizada por Clara Madrigano. Em 103 páginas traz textos de ficção científica, fantasia e terror escritos por Gabriele Diniz, Anna Martino, Ana Cristina Rodrigues, M.M Drack, Aline Valek e Júlia da Silva, todas também entrevistados na edição, assim como a artista plástica Amanda Duarte, que assina a capa e tem uma galeria de seu trabalho exibida na edição.
Trasgo pode ser lida e baixada gratuitamente aqui, nos formatos epub, mobi e pdf. Edições anteriores também estão disponíveis. A revista aceita submissões e os trabalhos publicados são remunerados.
Conexão Literatura 17
Está disponível o número 17 da revista eletrônica Conexão Literatura, editada por Ademir Pascale pela Fábrica de Ebooks.
A edição de 63 páginas e entrevista Luciana Syuffi, gerente do setor de publicações independentes da Amazon/KDP. Também são entrevistados nesta edição os escritores Itamar Morgado, Taynara Espinosa, Alexandre Sarmento, Lu Ain-Zaila e Dielson Vilela. Na ficção, contos de Ricardo de Lohem, Míriam Santiago e Everton Medeiros da Silveira, crônicas de Dione Souto Rosa, Misa Ferreira e Rafael Botter, além de um artigo sobre o prêmio Nobel 2016 de Literatura, por Daniel Borba, e a importância das hqs para o desenvolvimento de crianças e adolescentes é discutida na coluna "Conexão Nerd", com a participação de Tânia Alexandre Martinelli.
A revista é gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.
A edição de 63 páginas e entrevista Luciana Syuffi, gerente do setor de publicações independentes da Amazon/KDP. Também são entrevistados nesta edição os escritores Itamar Morgado, Taynara Espinosa, Alexandre Sarmento, Lu Ain-Zaila e Dielson Vilela. Na ficção, contos de Ricardo de Lohem, Míriam Santiago e Everton Medeiros da Silveira, crônicas de Dione Souto Rosa, Misa Ferreira e Rafael Botter, além de um artigo sobre o prêmio Nobel 2016 de Literatura, por Daniel Borba, e a importância das hqs para o desenvolvimento de crianças e adolescentes é discutida na coluna "Conexão Nerd", com a participação de Tânia Alexandre Martinelli.
A revista é gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.
terça-feira, 8 de novembro de 2016
Gigantes adormecidos
Gigantes adormecidos (Sleeping giants), Sylvain Neuvel. 308 páginas. Tradução de Michel Teixeira. Editora Companhia das Letras, selo Suma das Letras, São Paulo, 2016.
O acaso levou a pequena Rose a encontrar, numa cratera na mata, um artefato intrigante: uma enorme mão de metal. Passado o susto, a menina seguiu sua vida e tornou-se uma cientista destacada, enquanto a mão gigante foi levada para os porões do governo americano e acabou esquecida, até que uma agência tão secreta que nem se sabe nome dela, comandada por um homem tão misterioso quanto poderoso, volta a se debruçar sobre a escultura. Convocada para prestar esclarecimentos, a agora Dra. Rose Franklin, Ph.D., cientista sênior do Instituto Enrico Fermi da Universidade de Chicago, é convidada para coordenar os trabalhos de pesquisa a respeito do artefato, o que ela acaba aceitando. Além da Dra. Rose, também são recrutados a irascível piloto de helicópteros Kara Resnik, o circunspecto militar Ryan Mitchell e o gênio universitário Vincent Coulture. Juntos, eles passam a estudar profundamente o artefato, assim como outros que são posteriormente encontrados espalhados pelo mundo, que parecem ser partes de uma mesma máquina: um robô gigante em forma de mulher, abandonado na Terra por uma civilização antiga.
É claro que eles vão montar o robô e também que ele vai funcionar. Mas a falta de informações adequadas sobre seus controles, bem como as dificuldades anatômicas para pilotar a máquina, vão causar toda a sorte de tragédias, sem falar nos problemas políticos que a simples existência de tal dispositivo passa a suscitar em todo o mundo. Acrescente-se a receita um perturbado triangulo amoroso, e temos uma bomba muito pior que a atômica prestes a por fogo no mundo.
Esta é a história do romance Gigantes adormecidos, livro de estreia do escritor canadense Sylvain Neuvel, Ph.D, em Linguística pela Universidade de Chicago, que chamou a atenção do fandom americano quando de sua publicação, em abril de 2016. O livro chegou aos brasileiros poucos meses depois, com tradução de Michel Teixeira, pela editora Companhia das Letras no selo Suma das Letras.
Fica claro, já pelo título, que se trata do primeiro episódio de uma série: se são "gigantes adormecidos", certamente há mais de um desses colossos. O outro, ou outros, ficaram para as sequências. Além do mais, a ficha catalográfica revela que se trata do "Livro 1 dos arquivos Têmis", seja lá o que isso for. Ou seja, vem mais por aí.
Apesar de não ser conclusiva, a história deste primeiro volume é bastante movimentada, com fugas e perseguições, resgates perigosos, conflitos internacionais, dramas amorosos e até algum sexo.
Mas o melhor mesmo, que dá sabor à leitura, é o estilo narrativo em forma de entrevistas e depoimentos em que se alternam os personagens, com grandes lapsos entre um e outro, de modo que o leitor tem que estabelecer, por sua própria conta, as relações de causa e consequência entre um e outro capítulos. Mas não há grandes dificuldades de entendimento, pois a história é linear e bastante simples. E não deixe de ler até a última linha, pois lá está o instigante gancho para a segunda parte, Waking gods, cuja publicação nos EUA está prevista para abril de 2017.
Por hora, vale degustar este Gigantes adormecidos, que recoloca o Brasil na rota dos lançamentos recentes da fc americana.
O acaso levou a pequena Rose a encontrar, numa cratera na mata, um artefato intrigante: uma enorme mão de metal. Passado o susto, a menina seguiu sua vida e tornou-se uma cientista destacada, enquanto a mão gigante foi levada para os porões do governo americano e acabou esquecida, até que uma agência tão secreta que nem se sabe nome dela, comandada por um homem tão misterioso quanto poderoso, volta a se debruçar sobre a escultura. Convocada para prestar esclarecimentos, a agora Dra. Rose Franklin, Ph.D., cientista sênior do Instituto Enrico Fermi da Universidade de Chicago, é convidada para coordenar os trabalhos de pesquisa a respeito do artefato, o que ela acaba aceitando. Além da Dra. Rose, também são recrutados a irascível piloto de helicópteros Kara Resnik, o circunspecto militar Ryan Mitchell e o gênio universitário Vincent Coulture. Juntos, eles passam a estudar profundamente o artefato, assim como outros que são posteriormente encontrados espalhados pelo mundo, que parecem ser partes de uma mesma máquina: um robô gigante em forma de mulher, abandonado na Terra por uma civilização antiga.
É claro que eles vão montar o robô e também que ele vai funcionar. Mas a falta de informações adequadas sobre seus controles, bem como as dificuldades anatômicas para pilotar a máquina, vão causar toda a sorte de tragédias, sem falar nos problemas políticos que a simples existência de tal dispositivo passa a suscitar em todo o mundo. Acrescente-se a receita um perturbado triangulo amoroso, e temos uma bomba muito pior que a atômica prestes a por fogo no mundo.
Esta é a história do romance Gigantes adormecidos, livro de estreia do escritor canadense Sylvain Neuvel, Ph.D, em Linguística pela Universidade de Chicago, que chamou a atenção do fandom americano quando de sua publicação, em abril de 2016. O livro chegou aos brasileiros poucos meses depois, com tradução de Michel Teixeira, pela editora Companhia das Letras no selo Suma das Letras.
Fica claro, já pelo título, que se trata do primeiro episódio de uma série: se são "gigantes adormecidos", certamente há mais de um desses colossos. O outro, ou outros, ficaram para as sequências. Além do mais, a ficha catalográfica revela que se trata do "Livro 1 dos arquivos Têmis", seja lá o que isso for. Ou seja, vem mais por aí.
Apesar de não ser conclusiva, a história deste primeiro volume é bastante movimentada, com fugas e perseguições, resgates perigosos, conflitos internacionais, dramas amorosos e até algum sexo.
Mas o melhor mesmo, que dá sabor à leitura, é o estilo narrativo em forma de entrevistas e depoimentos em que se alternam os personagens, com grandes lapsos entre um e outro, de modo que o leitor tem que estabelecer, por sua própria conta, as relações de causa e consequência entre um e outro capítulos. Mas não há grandes dificuldades de entendimento, pois a história é linear e bastante simples. E não deixe de ler até a última linha, pois lá está o instigante gancho para a segunda parte, Waking gods, cuja publicação nos EUA está prevista para abril de 2017.
Por hora, vale degustar este Gigantes adormecidos, que recoloca o Brasil na rota dos lançamentos recentes da fc americana.
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
Letras de outubro
O primeiro mês da primavera veio recheado de novidades ao fã de literatura fantástica. Além de uma sensível retomada da publicação por diversas editoras, a Companhia das Letras mantém o ritmo de seus selos, que por certo manterá o leitor bastante ocupado e satisfeito.
Para começar, pelo selo Seguinte chega a terceira e última parte da série de ficção científica Mundo novo: Nova era, de Chris Weitz, cujas edições anteriores, Mundo novo e Nova ordem foram resenhadas neste blogue. Como vimos anteriormente, o grupo de adolescentes novaiorquinos, sobrevivente de um apocalipse viral, retorna a sua cidade natal para curar os demais sobreviventes naquela cidade arruinada e tomada pela anarquia. Diz o texto de divulgação: "O grupo de Jefferson e Donna está de volta a Nova York, e os planos para distribuir a Cura a todos os adolescentes da ilha não ocorreram como o planejado. Depois de encarar a traição da Resistência, Donna está guiando a Reconstrução pela ilha, enquanto os meninos, Kath e os gêmeos fugiram com a bola de futebol, um aparelho de transmissão que possibilita o lançamento instantâneo de mísseis nucleares em direção a países que costumavam ser inimigos do governo norte-americano antes da Doença. Mas o grupo está sem os códigos de ativação do aparelho, que ficaram com os novos parceiros da Resistência: a tribo da Uptown. Dessa forma, os amigos vão precisar colaborar com os ingleses da Reconstrução para garantir que o mundo não acabe em uma explosão de mísseis nucleares.
Chapeuzinho Esfarrapado e outros contos feministas do folclore mundial é uma coletânea de contos de fadas organizada pelo Mestre em literatura medieval Ethel Johnston Phelps (1914-1984), reconfigurada sob a ótica feminista. Diz o texto de divulgação: "Quem disse que as mulheres nos contos de fadas são sempre donzelas indefesas, esperando para serem salvas pelo príncipe encantado? Esta coletânea reúne narrativas folclóricas do mundo inteiro — do Peru à África do Sul, da Escócia ao Japão — em que as mulheres são as heroínas das histórias e vencem os desafios com esforço, coragem e muita inteligência. O livro é para todo mundo que não se identifica com as princesas típicas dos contos de fadas. É para garotas e garotos, para que todos possam aprender que as maiores virtudes de um herói não são exclusivas a um só gênero. Enriquecida com textos de apoio e ilustrações modernas, esta edição é uma fonte inestimável de heroínas multiculturais — e indispensável para qualquer estante."
Pelo selo Suma das Letras, temos Jogada final, terceira e última parte da série de fantasia de Rezende Evil no mundo de Minecraft, de autoria do yotuber paranaense Pedro Afonso. Diz o texto: "Enquanto Pedro, Rezende e seus amigos seguem as pistas deixadas por Gulov, o mago do vilarejo, eles aos poucos descobrem segredos guardados há séculos. Inimigos poderosos os esperam com um plano maligno que põe todo o universo quadrado em risco. Mais do que nunca, é hora de provar que a união faz a força, pois novos versos da profecia foram revelados e muitas aventuras aguardam Pedro e Rezende neste último livro da saga. Será que o herói duplo estará pronto para fazer sua jogada final?".
Para os fãs de Stephen King, a editora republica Cujo, romance de terror publicado originalmente em 1981, que já teve inclusive adaptação para o cinema. "Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto. Nos limites da cidade, Cujo – um são bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso."
E em matéria de quadrinhos, pelo selo Quadrinhos na Cia, está nas livrarias Repeteco, novo trabalho do canadense Bryan Lee O’Malley, conhecido pelas histórias de Scott Pilgrim contra o mundo. Diz a sinopse: "A vida de Katie vai muito bem. Ela é uma chef talentosa, dona de um restaurante de sucesso e com grandes planos para a vida. De repente, em um único dia ela perde uma grande chance de negócios, sua paquera com um jovem chef azeda, sua melhor garçonete se machuca e um ex-namorado charmoso aparece para complicar ainda mais a situação. Quando tudo parece perdido e Katie já não enxerga mais uma solução, uma misteriosa garota aparece no meio da noite com a receita perfeita para uma segunda chance. E, assim, Katie ganha um repeteco na vida e precisará lidar com as consequências de suas melhores intenções."
Para começar, pelo selo Seguinte chega a terceira e última parte da série de ficção científica Mundo novo: Nova era, de Chris Weitz, cujas edições anteriores, Mundo novo e Nova ordem foram resenhadas neste blogue. Como vimos anteriormente, o grupo de adolescentes novaiorquinos, sobrevivente de um apocalipse viral, retorna a sua cidade natal para curar os demais sobreviventes naquela cidade arruinada e tomada pela anarquia. Diz o texto de divulgação: "O grupo de Jefferson e Donna está de volta a Nova York, e os planos para distribuir a Cura a todos os adolescentes da ilha não ocorreram como o planejado. Depois de encarar a traição da Resistência, Donna está guiando a Reconstrução pela ilha, enquanto os meninos, Kath e os gêmeos fugiram com a bola de futebol, um aparelho de transmissão que possibilita o lançamento instantâneo de mísseis nucleares em direção a países que costumavam ser inimigos do governo norte-americano antes da Doença. Mas o grupo está sem os códigos de ativação do aparelho, que ficaram com os novos parceiros da Resistência: a tribo da Uptown. Dessa forma, os amigos vão precisar colaborar com os ingleses da Reconstrução para garantir que o mundo não acabe em uma explosão de mísseis nucleares.
Chapeuzinho Esfarrapado e outros contos feministas do folclore mundial é uma coletânea de contos de fadas organizada pelo Mestre em literatura medieval Ethel Johnston Phelps (1914-1984), reconfigurada sob a ótica feminista. Diz o texto de divulgação: "Quem disse que as mulheres nos contos de fadas são sempre donzelas indefesas, esperando para serem salvas pelo príncipe encantado? Esta coletânea reúne narrativas folclóricas do mundo inteiro — do Peru à África do Sul, da Escócia ao Japão — em que as mulheres são as heroínas das histórias e vencem os desafios com esforço, coragem e muita inteligência. O livro é para todo mundo que não se identifica com as princesas típicas dos contos de fadas. É para garotas e garotos, para que todos possam aprender que as maiores virtudes de um herói não são exclusivas a um só gênero. Enriquecida com textos de apoio e ilustrações modernas, esta edição é uma fonte inestimável de heroínas multiculturais — e indispensável para qualquer estante."
Pelo selo Suma das Letras, temos Jogada final, terceira e última parte da série de fantasia de Rezende Evil no mundo de Minecraft, de autoria do yotuber paranaense Pedro Afonso. Diz o texto: "Enquanto Pedro, Rezende e seus amigos seguem as pistas deixadas por Gulov, o mago do vilarejo, eles aos poucos descobrem segredos guardados há séculos. Inimigos poderosos os esperam com um plano maligno que põe todo o universo quadrado em risco. Mais do que nunca, é hora de provar que a união faz a força, pois novos versos da profecia foram revelados e muitas aventuras aguardam Pedro e Rezende neste último livro da saga. Será que o herói duplo estará pronto para fazer sua jogada final?".
Para os fãs de Stephen King, a editora republica Cujo, romance de terror publicado originalmente em 1981, que já teve inclusive adaptação para o cinema. "Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto. Nos limites da cidade, Cujo – um são bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso."
E em matéria de quadrinhos, pelo selo Quadrinhos na Cia, está nas livrarias Repeteco, novo trabalho do canadense Bryan Lee O’Malley, conhecido pelas histórias de Scott Pilgrim contra o mundo. Diz a sinopse: "A vida de Katie vai muito bem. Ela é uma chef talentosa, dona de um restaurante de sucesso e com grandes planos para a vida. De repente, em um único dia ela perde uma grande chance de negócios, sua paquera com um jovem chef azeda, sua melhor garçonete se machuca e um ex-namorado charmoso aparece para complicar ainda mais a situação. Quando tudo parece perdido e Katie já não enxerga mais uma solução, uma misteriosa garota aparece no meio da noite com a receita perfeita para uma segunda chance. E, assim, Katie ganha um repeteco na vida e precisará lidar com as consequências de suas melhores intenções."
Boca do Inferno 14
Está circulando uma nova edição dos fanzine de cinema horror Boca do Inferno, publicado por Renato Rosatti e Marcello Milici, representante do saite Boca do Inferno e blogue Infernotícias.
A edição tem duas páginas com artigos sobre os filmes Lágrimas tardias (Too late for tears, 1949) e O monstro de Pedras Brancas (The monster of Piedras Blancas, 1959).
O fanzine tem edição impressa distribuída gratuitamente em eventos, mas cópias em pdf podem ser solicitadas através dos emails marcelomilici@yahoo.com.br e renatorosatti@yahoo.com.br.
A edição tem duas páginas com artigos sobre os filmes Lágrimas tardias (Too late for tears, 1949) e O monstro de Pedras Brancas (The monster of Piedras Blancas, 1959).
O fanzine tem edição impressa distribuída gratuitamente em eventos, mas cópias em pdf podem ser solicitadas através dos emails marcelomilici@yahoo.com.br e renatorosatti@yahoo.com.br.
Autores brasileiros em antologia espanhola
Ainda no primeiro trimestre de 2016, foi publicado pela editora Através, na Galiza, a antologia A voz dos mundos, com contos de ficção científica da Espanha, Portugal e do Brasil.
Entre os autores, aparecem os brasileiros Roberto de Sousa Causo, Paulo Soriano, Tânia Souza e Miguel Carqueija. Também estão na seleta Ramón Caride, Valentim Fagim, Séchu Sende e Ângelo Brea (Galiza), Miguel Santos Vieira e Vítor Lindegaard (Portugal).
O livro foi publicado em galego, mas é perfeitamente legível para o leitor brasileiro, visto que as duas línguas são muito semelhantes. O livro pode ser obtido aqui.
Entre os autores, aparecem os brasileiros Roberto de Sousa Causo, Paulo Soriano, Tânia Souza e Miguel Carqueija. Também estão na seleta Ramón Caride, Valentim Fagim, Séchu Sende e Ângelo Brea (Galiza), Miguel Santos Vieira e Vítor Lindegaard (Portugal).
O livro foi publicado em galego, mas é perfeitamente legível para o leitor brasileiro, visto que as duas línguas são muito semelhantes. O livro pode ser obtido aqui.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Prêmio Argos de Literatura Fantástica 2016
Foi divulgada nas redes sociais a relação dos finalistas do Prêmio Argos 2016, que vai apontar, na opinião dos membros do Clube de Leitores de Ficção Científica, os melhores romance, conto e antologia brasileiros publicados em 2015.
A fase de votações já foi encerrada com um total de 47 votos, mas os vencedores só serão conhecidos na entrega do prêmio, no dia 26 de novembro, às 14 horas, em sessão solene no Boulevard Olímpico, na cidade do Rio de Janeiro. O evento fará parte da feira literária L.E.R.
Pela relação dos finalistas, percebe-se forte rejeição aos best sellers do gênero fantástico brasileiro, que não aparecem em nenhuma das categorias. São estes os finalistas:
Melhor romance
- A encruzilhada, Lucio Manfredi. Editora Draco.
- E de extermínio, Cirilo S. Lemos. Editora Draco.
- Estação Terra, Odimer Nogueira. Editora Chiado
- Estranhos no paraíso, Gerson Lodi-Ribeiro. Editora Draco.
- O império de diamante, João Beraldo. Editora Draco.
- A queda dos deuses, Eduardo Brindizi Simões Silveira. Editora CRV.
Melhor conto
- Diamante truncado, Carlos Orsi. Edição do autor.
- "A fita de Moebius", Valter Cardoso, em Estranhas histórias de seres normais. Editora Aut Paranaense.
- A invasora, Fábio M. Barreto. Editora SOS Hollywood.
- "Lolipop", Claudia Dugim, em Boys love: Sem preconceitos e sem limites. Editora Draco.
- O tesouro dos mares gelados, Ana Lúcia Merege. Editora Draco.
- "O último caçador branco", Luiz Felipe Vasques, em Monstros gigantes. Editora Draco.
Melhor antologia ou coletânea
- Estranhas histórias de seres normais, Mustafá Ali Kanso, org. Editora Aut Paranaense.
- Herdeiros de Dagon, Cesar Alcázar & Duda Falcão, orgs. Editora Argonautas.
- Imaginários, vol. 6, Erick Sama, org. Editora Draco.
- Monstros gigantes: Kaiju, Luiz Felipe Vasques & Daniel Ribas, orgs. Editora Draco.
- Samurais x ninjas, Eduardo Massami Kasse & Erick Sama Cardoso, orgs. Editora Draco.
- Space opera, vol. 3, Hugo Vera e Larissa Caruso, orgs. Editora Draco.
Parabéns a todos.
A fase de votações já foi encerrada com um total de 47 votos, mas os vencedores só serão conhecidos na entrega do prêmio, no dia 26 de novembro, às 14 horas, em sessão solene no Boulevard Olímpico, na cidade do Rio de Janeiro. O evento fará parte da feira literária L.E.R.
Pela relação dos finalistas, percebe-se forte rejeição aos best sellers do gênero fantástico brasileiro, que não aparecem em nenhuma das categorias. São estes os finalistas:
Melhor romance
- A encruzilhada, Lucio Manfredi. Editora Draco.
- E de extermínio, Cirilo S. Lemos. Editora Draco.
- Estação Terra, Odimer Nogueira. Editora Chiado
- Estranhos no paraíso, Gerson Lodi-Ribeiro. Editora Draco.
- O império de diamante, João Beraldo. Editora Draco.
- A queda dos deuses, Eduardo Brindizi Simões Silveira. Editora CRV.
Melhor conto
- Diamante truncado, Carlos Orsi. Edição do autor.
- "A fita de Moebius", Valter Cardoso, em Estranhas histórias de seres normais. Editora Aut Paranaense.
- A invasora, Fábio M. Barreto. Editora SOS Hollywood.
- "Lolipop", Claudia Dugim, em Boys love: Sem preconceitos e sem limites. Editora Draco.
- O tesouro dos mares gelados, Ana Lúcia Merege. Editora Draco.
- "O último caçador branco", Luiz Felipe Vasques, em Monstros gigantes. Editora Draco.
Melhor antologia ou coletânea
- Estranhas histórias de seres normais, Mustafá Ali Kanso, org. Editora Aut Paranaense.
- Herdeiros de Dagon, Cesar Alcázar & Duda Falcão, orgs. Editora Argonautas.
- Imaginários, vol. 6, Erick Sama, org. Editora Draco.
- Monstros gigantes: Kaiju, Luiz Felipe Vasques & Daniel Ribas, orgs. Editora Draco.
- Samurais x ninjas, Eduardo Massami Kasse & Erick Sama Cardoso, orgs. Editora Draco.
- Space opera, vol. 3, Hugo Vera e Larissa Caruso, orgs. Editora Draco.
Parabéns a todos.
Juvenatrix 181
Está disponível mais uma edição do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti.
Este número tem 12 páginas e traz contos de Norton A. Coll, artigo sobre os 30 anos do filme Platoon, e resenhas dos filmes A besta do milhão de olhos (1955), Dia dos independentes (2016), El grito de la muerte (1959), O monstro de pedras brancas (1959) e The hollow (2015). Divulgação de fanzines, livros, filmes e bandas independentes de rock extremo complementam a edição. A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
Para obter uma cópia, basta solicitar pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.
Este número tem 12 páginas e traz contos de Norton A. Coll, artigo sobre os 30 anos do filme Platoon, e resenhas dos filmes A besta do milhão de olhos (1955), Dia dos independentes (2016), El grito de la muerte (1959), O monstro de pedras brancas (1959) e The hollow (2015). Divulgação de fanzines, livros, filmes e bandas independentes de rock extremo complementam a edição. A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
Para obter uma cópia, basta solicitar pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Magda
Magda, Rafa Campos Rocha. 144 páginas. Editora Companhia das Letras, selo Quadrinhos na Cia, São Paulo, 2016.
Por muito tempo restrita ao ambiente amador, publicada em fanzines e edições de autor, a ficção científica agora ocupa espaços bem mais evidentes, em editoras de porte com boa distribuição nas livrarias. Outra prova que o gênero deixou de ser o patinho feio do mercado é a frequência com que o gênero tem sido abordado pelas histórias em quadrinhos, com produções de porte sendo oferecidas com alguma regularidade, inclusive por autores brasileiros, o que há alguns anos era impensável. Isso é decorrente do crescimento do interesse pela arte, mas também do desenvolvimento de uma consciência do gênero entre os autores da nova geração, mais acostumados à tecnologia e aos apelos da cultura pop.
É por isso que temos a chance de ter publicado Magda, de Rafa Campos Rocha, pela editora Companhia das Letras, no selo Quadrinhos na Cia, novela gráfica de ficção científica de grande impacto visual, que trafega também pelas sendas do horror splatter, que é aquele que espirra sangue e vísceras para todos os lados.
Tudo começou quando cientistas brasileiros desenterraram uma rocha, que pensavam ser um meteorito. Ao partirem a pedra, libertaram um vírus poderoso do longínquo passado do planeta que, antes que se dessem conta, escapou do complexo e contaminou a sociedade, transformando pessoas em assassinos furiosos descerebrados literalmente sedentos de sangue humano. Rio de Janeiro e São Paulo se transformam em áreas de contenção, bombardeadas continuamente para evitar que a praga se alastre.
Contudo, não foi apenas o vírus que saiu daquele ovo. Ali também hibernava uma entidade que, ao ser despertada, invadiu o corpo de uma das cientistas - Magda - e com ela estabeleceu uma relação simbiótica. Magda passou a partilhar sua consciência com a invasora, a qual chama de Máquina, que lhe deu uma séria de poderes, mas cobra um preço alto por isso: a fome por sangue e carne humanos.
A história começa num campo de sobreviventes em algum lugar no interior do país, onde a praga dos transformados ainda não se estabeleceu. Os poucos transformados que ali aparecem tornam-se alimento de Magda, que mantém sua condição mutagênica em segredo dos membros da comunidade. Porém, a ausência de incidentes com os transformados chama atenção das forças armadas, que para lá enviam uma força de ocupação que pretende investigar o fenômeno. Instigada pela Máquina, Magda retorna para o local em que as coisas começaram, e o caminho será repleto de confrontos violentos, carnificina e desmembramentos.
Há ecos aqui de várias obras do cinema e da tv, como se pode perceber. A mais evidente é o seriado The walking dead, sucesso dos quadrinhos e da tv, que conta a história de um grupo de sobreviventes depois do apocalipse zumbi, mas também é forte a influência da franquia de videogame e cinema Resident evil, e mais particularmente do filme de cinema Species (A experiência, 2001). Apesar disso, Magda consegue sustentar independência autoral, na medida em que se apoia em cenários e maneirismos brasileiros (como não poderia deixar de ser), no estilo despojado, quase amador, dos traços do autor - que continuamente roubam do leitor a suspensão da incredibilidade - e o também evidente diálogo com "A metamorfose", de Franz Kafka: a máquina tem a aparência de uma barata enorme que muitas vezes assume a forma física da personagem.
Por trás dessa trama por si só subversiva, acontece o drama familiar entre Magda, sua amante e uma jovem que ambas têm como filha, e a velha falácia da maldição hereditária que vai dar tom humano à essa narrativa fantástica e grotesca.
O paulistano Rafa Campos Rocha é um artista experiente, professor de História da Arte, cenógrafo e artista plástico, publicou na Piauí, Folha de S. Paulo, e Vice, entre outros. Magda é seu segundo álbum pela Quadrinhos na Cia; o primeiro foi Deus essa gostosa, de 2012.
Por muito tempo restrita ao ambiente amador, publicada em fanzines e edições de autor, a ficção científica agora ocupa espaços bem mais evidentes, em editoras de porte com boa distribuição nas livrarias. Outra prova que o gênero deixou de ser o patinho feio do mercado é a frequência com que o gênero tem sido abordado pelas histórias em quadrinhos, com produções de porte sendo oferecidas com alguma regularidade, inclusive por autores brasileiros, o que há alguns anos era impensável. Isso é decorrente do crescimento do interesse pela arte, mas também do desenvolvimento de uma consciência do gênero entre os autores da nova geração, mais acostumados à tecnologia e aos apelos da cultura pop.
É por isso que temos a chance de ter publicado Magda, de Rafa Campos Rocha, pela editora Companhia das Letras, no selo Quadrinhos na Cia, novela gráfica de ficção científica de grande impacto visual, que trafega também pelas sendas do horror splatter, que é aquele que espirra sangue e vísceras para todos os lados.
Tudo começou quando cientistas brasileiros desenterraram uma rocha, que pensavam ser um meteorito. Ao partirem a pedra, libertaram um vírus poderoso do longínquo passado do planeta que, antes que se dessem conta, escapou do complexo e contaminou a sociedade, transformando pessoas em assassinos furiosos descerebrados literalmente sedentos de sangue humano. Rio de Janeiro e São Paulo se transformam em áreas de contenção, bombardeadas continuamente para evitar que a praga se alastre.
Contudo, não foi apenas o vírus que saiu daquele ovo. Ali também hibernava uma entidade que, ao ser despertada, invadiu o corpo de uma das cientistas - Magda - e com ela estabeleceu uma relação simbiótica. Magda passou a partilhar sua consciência com a invasora, a qual chama de Máquina, que lhe deu uma séria de poderes, mas cobra um preço alto por isso: a fome por sangue e carne humanos.
A história começa num campo de sobreviventes em algum lugar no interior do país, onde a praga dos transformados ainda não se estabeleceu. Os poucos transformados que ali aparecem tornam-se alimento de Magda, que mantém sua condição mutagênica em segredo dos membros da comunidade. Porém, a ausência de incidentes com os transformados chama atenção das forças armadas, que para lá enviam uma força de ocupação que pretende investigar o fenômeno. Instigada pela Máquina, Magda retorna para o local em que as coisas começaram, e o caminho será repleto de confrontos violentos, carnificina e desmembramentos.
Há ecos aqui de várias obras do cinema e da tv, como se pode perceber. A mais evidente é o seriado The walking dead, sucesso dos quadrinhos e da tv, que conta a história de um grupo de sobreviventes depois do apocalipse zumbi, mas também é forte a influência da franquia de videogame e cinema Resident evil, e mais particularmente do filme de cinema Species (A experiência, 2001). Apesar disso, Magda consegue sustentar independência autoral, na medida em que se apoia em cenários e maneirismos brasileiros (como não poderia deixar de ser), no estilo despojado, quase amador, dos traços do autor - que continuamente roubam do leitor a suspensão da incredibilidade - e o também evidente diálogo com "A metamorfose", de Franz Kafka: a máquina tem a aparência de uma barata enorme que muitas vezes assume a forma física da personagem.
Por trás dessa trama por si só subversiva, acontece o drama familiar entre Magda, sua amante e uma jovem que ambas têm como filha, e a velha falácia da maldição hereditária que vai dar tom humano à essa narrativa fantástica e grotesca.
O paulistano Rafa Campos Rocha é um artista experiente, professor de História da Arte, cenógrafo e artista plástico, publicou na Piauí, Folha de S. Paulo, e Vice, entre outros. Magda é seu segundo álbum pela Quadrinhos na Cia; o primeiro foi Deus essa gostosa, de 2012.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
O caminho do louco
O jornalista, tradutor e compositor Alex Mandarino acaba de publicar seu primeiro romance, Guerras do Tarot, volume 1: O caminho do louco, pela Avec Editora.
O autor diz que se trata de "uma mistura de thriller e fantasia", composto ao longo dos últimos quinze anos: "Comecei a escrever contos no final dos anos 1990 e este romance em meados dos anos 2000. A ideia desse romance me veio em 2001 ainda. Parte dele foi escrita em 2001 e 2002, uma outra parte em 2009/2010 e uma parte menor foi acrescentada pra essa edição, em 2015. Na prática foram uns dois anos escrevendo, interrompidos."
Diz o texto na contracapa: "O brasileiro André Moire deixa tudo para trás para se envolver com um grupo internacional secreto que representa os arcanos do Tarot. Dispostos a elevar a consciência da humanidade e mudar o planeta, eles lançam mão de magia, ciência, arte, técnicas hacker e até mesmo parkour e videogames para enfrentar as forças da conformidade. Conheça o Louco, o Mago, a Sacerdotisa, o Carro, o Sol, a Imperatriz, o Imperador e vários outros arcanos maiores e menores neste thriller conspiratório com toques subversivos e sobrenaturais. Com uma trama sombria e misteriosa que ocorre em locais como Rio de Janeiro, Paris, México, Amazônia, Riviera e Inglaterra, Guerras do Tarot fará você pensar e repensar no que acredita".
Mandarino construiu uma carreira promissora a partir de sua ficção curta, sendo que dois de seus textos foram indicados ao Prêmio Argos 2003 e 2013. Alguns de seus contos podem ser vistos nas antologias Caminhos do fantástico (Terracota) e Sherlock Holmes: Aventuras secretas (Draco). Também edita a revista Hyperpulp, da qual promete uma nova edição ainda para 2016.
O autor diz que se trata de "uma mistura de thriller e fantasia", composto ao longo dos últimos quinze anos: "Comecei a escrever contos no final dos anos 1990 e este romance em meados dos anos 2000. A ideia desse romance me veio em 2001 ainda. Parte dele foi escrita em 2001 e 2002, uma outra parte em 2009/2010 e uma parte menor foi acrescentada pra essa edição, em 2015. Na prática foram uns dois anos escrevendo, interrompidos."
Diz o texto na contracapa: "O brasileiro André Moire deixa tudo para trás para se envolver com um grupo internacional secreto que representa os arcanos do Tarot. Dispostos a elevar a consciência da humanidade e mudar o planeta, eles lançam mão de magia, ciência, arte, técnicas hacker e até mesmo parkour e videogames para enfrentar as forças da conformidade. Conheça o Louco, o Mago, a Sacerdotisa, o Carro, o Sol, a Imperatriz, o Imperador e vários outros arcanos maiores e menores neste thriller conspiratório com toques subversivos e sobrenaturais. Com uma trama sombria e misteriosa que ocorre em locais como Rio de Janeiro, Paris, México, Amazônia, Riviera e Inglaterra, Guerras do Tarot fará você pensar e repensar no que acredita".
Mandarino construiu uma carreira promissora a partir de sua ficção curta, sendo que dois de seus textos foram indicados ao Prêmio Argos 2003 e 2013. Alguns de seus contos podem ser vistos nas antologias Caminhos do fantástico (Terracota) e Sherlock Holmes: Aventuras secretas (Draco). Também edita a revista Hyperpulp, da qual promete uma nova edição ainda para 2016.
Trabalho honesto
Trabalho honesto é o livro de estreia do escritor e editor Rodrigo van Kampen, uma novela cyberpunk que se passa em uma versão futura da cidade paulista de Campinas, e envolve uma série de lendas e mitologias do folclore nacional. Diz o texto de divulgação: "Anos após a abertura dos portais, cucas, unhudos e sacis ainda têm dificuldades em se integrar à civilização humana. Para um lobisomem como Rhalfe, tornar-se braço de Victor Sombrera é uma das poucas opções de trabalho honesto. Dependendo de quão ampla é sua definição de 'honesto'."
Ao longo dos últimos meses, o autor distribuiu o livro a um seleto grupo de leitores, na forma de seis episódios em ebook; agora, o volume com o texto integral está disponível para venda aqui.
Ao longo dos últimos meses, o autor distribuiu o livro a um seleto grupo de leitores, na forma de seis episódios em ebook; agora, o volume com o texto integral está disponível para venda aqui.
Revista Abusões 2
Depois da estreia em janeiro deste ano, está circulando o segundo número da revista virtual Abusões, editada pelos professores Dr. Flavio García e Dr. Júlio França, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ. Trata-se de um periódico semestral acadêmico dedicado ao estudo da ficção gótica, fantástica e insólita de modo geral. A edição tem 299 páginas e apresenta nove artigos e duas resenhas, além de entrevistas com os escritores David Roas e José Viale Moutinho. Destaque para o artigo "A ficção científica de Rachel de Queiroz", de Ramiro Giroldo.
Abusões por ser lida e baixada aqui.
Abusões por ser lida e baixada aqui.
Conexão Literatura 16
Está disponível o número 16 da revista eletrônica Conexão Literatura, editada por Ademir Pascale pela Fábrica de Ebooks.
A edição de 62 páginas e destaca o trabalho de Gustavo Drago, editor da Drago Editorial, entrevistado por Pascale. Também são entrevistados os escritores Luci Watanabe, Sandra Boveto, Rogério Araújo, Lívio Meireles, Déborah Felipe, Pedro Irineu Neto, Mirela Paes, Fathyma Jaguanharo e Eduardo Alves. Na ficção, contos de Sandra Boveto, Ricardo de Lohem, Míriam Santiago e Dione Souto Rosa, além de crônicas de Misa Ferreira e Rogério Araújo, e a coluna "Conexão nerd" sobre o trabalho do fotógrafo Steve McCurry.
A revista é gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.
A edição de 62 páginas e destaca o trabalho de Gustavo Drago, editor da Drago Editorial, entrevistado por Pascale. Também são entrevistados os escritores Luci Watanabe, Sandra Boveto, Rogério Araújo, Lívio Meireles, Déborah Felipe, Pedro Irineu Neto, Mirela Paes, Fathyma Jaguanharo e Eduardo Alves. Na ficção, contos de Sandra Boveto, Ricardo de Lohem, Míriam Santiago e Dione Souto Rosa, além de crônicas de Misa Ferreira e Rogério Araújo, e a coluna "Conexão nerd" sobre o trabalho do fotógrafo Steve McCurry.
A revista é gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.
Novas antologias da Nephelibata
A editora catarinense Nephelibata, comandada pelo editor Camilo Prado, superando as dificuldades que 2016 infligiu a todos nós, finalmente anuncia a publicação de dois novos volumes reunindo os mais incomuns textos da ficção fantástica produzida entre o final do século 19 e as primeiras décadas do século 20, quase tudo em domínio público.
Paris invadida por um flagelo desconhecido: Contos de folhetim francês tem 156 páginas com textos de Jean Rameau, Maurice Leblanc, J. Joseph Renaud, Georges Rouvray, Maurice Level, Gaston-Ch. Richard, André de Lorde, Pierre de La Batut, G. Gustave Toudouze, Gustave Le Rouge e R. A. Fleury. Diz o texto de divulgação: "Foi em nome da Imaginação que esses escritores de folhetim criaram uma literatura que hoje na França chamam de littérature populaire. Arrancaram do mundo da imaginação as coisas mais estranhas, bizarras, assustadoras – e, às vezes, divertidas, por que não? – para com elas povoar o cotidiano dos leitores franceses. Suas plantas carnívoras, seus mortos-vivos, seus mundos misteriosos, seus personagens desvairados, suas descobertas incríveis, suas invenções assustadoras – haverá o leitor de notar –, posteriormente entraram para o universo do cinema. Nessa literatura, o real e o imaginário se mesclam e se confundem de tal maneira que pouco importa os dados históricos, a psicologia dos personagens, a preocupação com o estilo. Importa apenas arrastar o leitor para aventuras distantes, ideias insanas, mundos impensados, enfim, para o reino do 'puramente literário'".
Contos de terror é dedicada ao terror produzido por brasileiros. O livro tem 168 páginas e traz textos de Coelho Netto, Lucilo Varejão, João do Rio, Théo-Filho, Viriato Corrêa, Julia Lopes, Humberto de Campos, Gastão Cruls, Monteiro Lobato, Rodrigo Octavio, Domicio da Gama, Medeiros e Albuquerque, Baptista Junior e Carlos de Vasconcelos. Diz a divulgação: "Sendo o terror na literatura brasileira um gênero bastante desprezado, não é de se surpreender que tenha sido partilhado pelos mesmos desprezados escritores do nosso Decadentismo... Aqui permanecemos dentro dos limites do natural, e do psicologicamente real. E nada há de mais assustador do que a incongruência chamada realidade, e dentro dela, nenhum outro ser mais abominavelmente aterrorizante do que o homem."
Como é padrão da Nephelibata, ambas são edições artesanais muito caprichadas, com tiragem de 70 exemplares numerados cada. Mais informações, bem como vídeos sobre as duas publicações, podem ser vistos aqui.
O catálogo oferece ainda diversos outros títulos de interesse, que vale conhecer aqui.
Paris invadida por um flagelo desconhecido: Contos de folhetim francês tem 156 páginas com textos de Jean Rameau, Maurice Leblanc, J. Joseph Renaud, Georges Rouvray, Maurice Level, Gaston-Ch. Richard, André de Lorde, Pierre de La Batut, G. Gustave Toudouze, Gustave Le Rouge e R. A. Fleury. Diz o texto de divulgação: "Foi em nome da Imaginação que esses escritores de folhetim criaram uma literatura que hoje na França chamam de littérature populaire. Arrancaram do mundo da imaginação as coisas mais estranhas, bizarras, assustadoras – e, às vezes, divertidas, por que não? – para com elas povoar o cotidiano dos leitores franceses. Suas plantas carnívoras, seus mortos-vivos, seus mundos misteriosos, seus personagens desvairados, suas descobertas incríveis, suas invenções assustadoras – haverá o leitor de notar –, posteriormente entraram para o universo do cinema. Nessa literatura, o real e o imaginário se mesclam e se confundem de tal maneira que pouco importa os dados históricos, a psicologia dos personagens, a preocupação com o estilo. Importa apenas arrastar o leitor para aventuras distantes, ideias insanas, mundos impensados, enfim, para o reino do 'puramente literário'".
Contos de terror é dedicada ao terror produzido por brasileiros. O livro tem 168 páginas e traz textos de Coelho Netto, Lucilo Varejão, João do Rio, Théo-Filho, Viriato Corrêa, Julia Lopes, Humberto de Campos, Gastão Cruls, Monteiro Lobato, Rodrigo Octavio, Domicio da Gama, Medeiros e Albuquerque, Baptista Junior e Carlos de Vasconcelos. Diz a divulgação: "Sendo o terror na literatura brasileira um gênero bastante desprezado, não é de se surpreender que tenha sido partilhado pelos mesmos desprezados escritores do nosso Decadentismo... Aqui permanecemos dentro dos limites do natural, e do psicologicamente real. E nada há de mais assustador do que a incongruência chamada realidade, e dentro dela, nenhum outro ser mais abominavelmente aterrorizante do que o homem."
Como é padrão da Nephelibata, ambas são edições artesanais muito caprichadas, com tiragem de 70 exemplares numerados cada. Mais informações, bem como vídeos sobre as duas publicações, podem ser vistos aqui.
O catálogo oferece ainda diversos outros títulos de interesse, que vale conhecer aqui.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Na eternidade sempre é domingo
Santiago Santos, tradutor e jornalista residente em Cuibá, conhecido nas redes sociais pelo trabalho literário desenvolvido adiante do blogue Flash Fiction, lança seu primeiro livro, Na eternidade sempre é domingo, publicado pela editora Carlini & Caniato, contemplado no Edital 2015 de Literatura da Prefeitura de Cuiabá.
Trata-se, em tese, de uma coletânea de contos que explora a mitologia dos povos andinos.
Diz o autor sobre a obra: "Sobre a definição do livro, é uma coisa que eu ainda não tenho certeza. Ele foi classificado como livro de contos no edital e também na ficha catalográfica, e é assim que o apresento, mas fico em dúvida se não é uma novela, ou mesmo um livro fix-up, com o perdão da definição original dos pulps de Bradbury e companhia". Seja como for, não há a menor dúvida sobre a qualidade do conteúdo, que pode ser percebido na leitura dos drops inspirados com que o autor brinda os seguidores de seus escritos na internet.
Há duas datas de lançamento: em Cuibá, no dia 18/10 às 19h na Choperia do Sesc Arsenal (Rua 13 de Junho, S/N, Centro Sul), e em São Paulo no dia 22 de outubro às 19h na Patuscada Livraria, Bar & Café (Rua Luís Murat, 40, Pinheiros).
Um trecho do livro está disponível para degustação no saite Livre Opinião, aqui.
Trata-se, em tese, de uma coletânea de contos que explora a mitologia dos povos andinos.
Diz o autor sobre a obra: "Sobre a definição do livro, é uma coisa que eu ainda não tenho certeza. Ele foi classificado como livro de contos no edital e também na ficha catalográfica, e é assim que o apresento, mas fico em dúvida se não é uma novela, ou mesmo um livro fix-up, com o perdão da definição original dos pulps de Bradbury e companhia". Seja como for, não há a menor dúvida sobre a qualidade do conteúdo, que pode ser percebido na leitura dos drops inspirados com que o autor brinda os seguidores de seus escritos na internet.
Há duas datas de lançamento: em Cuibá, no dia 18/10 às 19h na Choperia do Sesc Arsenal (Rua 13 de Junho, S/N, Centro Sul), e em São Paulo no dia 22 de outubro às 19h na Patuscada Livraria, Bar & Café (Rua Luís Murat, 40, Pinheiros).
Um trecho do livro está disponível para degustação no saite Livre Opinião, aqui.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Letras de inverno - Suma das Letras
O selo Suma das Letras, antes vinculado a editora Objetiva, passou a fazer parte do catálogo da Companhia das Letras quando as duas editoras se fundiram. Desde então, os títulos de fc&f engrossaram ainda mais, e recentemente ganharam destaque por conta da importância dos títulos traduzidos. Como é o caso de O problema dos três corpos, do escritor chinês Cixin Liu, romance de ficção científica vencedor do prestigioso Prêmio Hugo, o mais importante da ficção fantástica mundial, que além dessa recomendação, destaca-se por ter sido o primeiro livro de autor não anglófono a ganhar o prêmio nessa categoria.
Eis a sinopse divulgada pela editora: "China, final dos anos 1960. Enquanto o país inteiro está sendo devastado pela violência da Revolução Cultural, um pequeno grupo de astrofísicos, militares e engenheiros começa um projeto ultrassecreto envolvendo ondas sonoras e seres extraterrestres. Uma decisão tomada por um desses cientistas mudará para sempre o destino da humanidade e, cinquenta anos depois, uma civilização alienígena a beira do colapso planeja uma invasão."
A colônia, livro de estreia do americano Ezekiel Boone, é um romance de ficção científica de horror que segue a linha catástrofe, que sempre fez muito sucesso nos cinemas. "Nas profundezas de uma floresta no Peru, uma massa negra devora um turista americano. Em Mineápolis, nos Estados Unidos, um agente do FBI descobre algo terrível ao investigar a queda de um avião. Na Índia, estranhos padrões sísmicos assustam pesquisadores em um laboratório. Na China, o governo deixa uma bomba nuclear cair “acidentalmente” no próprio território. Enquanto todo tipo de incidente bizarro assola o planeta, um pacote misterioso chega em um laboratório em Washington... E algo está tentando escapar dele. O mundo está à beira de um desastre apocalíptico. Uma espécie ancestral, há muito adormecida, finalmente despertou. E a humanidade pode estar com os dias contados. Uma história aterrorizante sobre uma espécie adormecida há mil anos, que agora voltou para reconquistar o planeta."
O livro da escuridão, do americano John Stephens, é o terceiro e último volume da série Os livros do princípio, antecedido por O atlas esmeralda e A crônica de fogo. Diz a divulgação: "As aventuras dos irmãos Kate, Michael e Emma tomam o rumo final quando eles começam a busca pelo último Livro do Princípio — o Livro da Morte. É a vez de Emma embarcar em uma aventura entre dois mundos, enfrentando inimigos terríveis, monstros e fantasmas, e seus próprios medos mais profundos. Agora, ela deve aprender a dominar os poderes do livro mais perigoso de todos para que, com Kate e Michael, possa salvar o mundo do terrível confronto que Magnus Medonho está planejando: a batalha decisiva entre seres mágicos e pessoas comuns."
Stephen King, que dispensa apresentações, fecha esta seleção com Último turno, final da trilogia de horror iniciada com Mr. Mercedes e Achados e perdidos. "Brady Hartsfield, o diabólico Assassino do Mercedes, está há cinco anos em estado vegetativo em uma clínica de traumatismo cerebral. Mas sob o olhar fixo e a imobilidade, Brady está acordado, e possui agora poderes capazes de criar o caos sem que nem sequer precise deixar a cama de hospital. O detetive aposentado Bill Hodges agora trabalha em uma agência de investigação com Holly Gibney, a mulher que desferiu o golpe em Brady. Quando os dois são chamados a uma cena de suicídio que tem ligação com o Massacre do City Center, logo se veem envolvidos no que pode ser o seu caso mais perigoso até então."
Como se vê por este e pelos últimos quatro posts, não é pouco nem de se desprezar a quantidade de títulos de fc&f por uma única editora, o que revela que as grandes brasileiras ocuparam de vez o nicho – como no passado –, que vai dar mais visibilidade ao gênero nas livrarias, com a vantagem de que agora os autores nacionais também têm vez. Vamos aproveitar.
Eis a sinopse divulgada pela editora: "China, final dos anos 1960. Enquanto o país inteiro está sendo devastado pela violência da Revolução Cultural, um pequeno grupo de astrofísicos, militares e engenheiros começa um projeto ultrassecreto envolvendo ondas sonoras e seres extraterrestres. Uma decisão tomada por um desses cientistas mudará para sempre o destino da humanidade e, cinquenta anos depois, uma civilização alienígena a beira do colapso planeja uma invasão."
A colônia, livro de estreia do americano Ezekiel Boone, é um romance de ficção científica de horror que segue a linha catástrofe, que sempre fez muito sucesso nos cinemas. "Nas profundezas de uma floresta no Peru, uma massa negra devora um turista americano. Em Mineápolis, nos Estados Unidos, um agente do FBI descobre algo terrível ao investigar a queda de um avião. Na Índia, estranhos padrões sísmicos assustam pesquisadores em um laboratório. Na China, o governo deixa uma bomba nuclear cair “acidentalmente” no próprio território. Enquanto todo tipo de incidente bizarro assola o planeta, um pacote misterioso chega em um laboratório em Washington... E algo está tentando escapar dele. O mundo está à beira de um desastre apocalíptico. Uma espécie ancestral, há muito adormecida, finalmente despertou. E a humanidade pode estar com os dias contados. Uma história aterrorizante sobre uma espécie adormecida há mil anos, que agora voltou para reconquistar o planeta."
O livro da escuridão, do americano John Stephens, é o terceiro e último volume da série Os livros do princípio, antecedido por O atlas esmeralda e A crônica de fogo. Diz a divulgação: "As aventuras dos irmãos Kate, Michael e Emma tomam o rumo final quando eles começam a busca pelo último Livro do Princípio — o Livro da Morte. É a vez de Emma embarcar em uma aventura entre dois mundos, enfrentando inimigos terríveis, monstros e fantasmas, e seus próprios medos mais profundos. Agora, ela deve aprender a dominar os poderes do livro mais perigoso de todos para que, com Kate e Michael, possa salvar o mundo do terrível confronto que Magnus Medonho está planejando: a batalha decisiva entre seres mágicos e pessoas comuns."
Stephen King, que dispensa apresentações, fecha esta seleção com Último turno, final da trilogia de horror iniciada com Mr. Mercedes e Achados e perdidos. "Brady Hartsfield, o diabólico Assassino do Mercedes, está há cinco anos em estado vegetativo em uma clínica de traumatismo cerebral. Mas sob o olhar fixo e a imobilidade, Brady está acordado, e possui agora poderes capazes de criar o caos sem que nem sequer precise deixar a cama de hospital. O detetive aposentado Bill Hodges agora trabalha em uma agência de investigação com Holly Gibney, a mulher que desferiu o golpe em Brady. Quando os dois são chamados a uma cena de suicídio que tem ligação com o Massacre do City Center, logo se veem envolvidos no que pode ser o seu caso mais perigoso até então."
Como se vê por este e pelos últimos quatro posts, não é pouco nem de se desprezar a quantidade de títulos de fc&f por uma única editora, o que revela que as grandes brasileiras ocuparam de vez o nicho – como no passado –, que vai dar mais visibilidade ao gênero nas livrarias, com a vantagem de que agora os autores nacionais também têm vez. Vamos aproveitar.